História Antiga Clássica: Grécia.

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1 1 CÁPITULO II: HISTÓRIA ANTIGA Joel Nolasco 1. Devemos lembrar que as divisões temporais estabelecidas para a história da humanidade foram constituídas de forma relativamente arbitrária, a depender dos interesses dos dominantes e da cultura eurocêntrica. Desta forma, particionar a História em Antiga, Média, Moderna e Contemporânea é muito mais do que organizar os fatos dentro de uma linha de tempo é, na verdade, uma questão de poder, que está intimamente ligada à concepção de cultura e desenvolvimento filosófico e científico estabelecidos por meio das verdades Iluministas. O período denominado Antiguidade, que vai aproximadamente de 4000 a.c., momento em que, provavelmente, estabeleceram-se as primeiras formas de escrita e que ocorreu o processo de sedentarizarão, graças a Revolução Agrícola, dando origem as primeiras civilizações, até 476 d.c., com a queda do Império Romano, é o mais longo da História. E está repartido, tradicionalmente, em dois momentos distintos: a Antiguidade Oriental, berço das primeiras civilizações complexas; e, a Antiguidade Clássica, marcada pelo surgimento de sociedades vinculadas a uma forma de pensamento racional e filosófico, o que as conferem o status de berço da Cultura Ocidental contemporânea. História Antiga Clássica: Grécia. AS CIVILIZAÇÕES GREGAS 1 Mestre em História Social, pela UFBA; Especialista em Metodologia e Didática do Ensino Superior, pela Faculdade São Bento da Bahia; e Licenciado e Bacharel em História, pela UFBA. Premiado nacionalmente com Medalhas de Ouro e Bronze na Olimpíadas Nacional de História do Brasil, UNICAMP; e pelo Prémio de Escola Solidária, pelo FAÇA/MEC.

2 2 Geografia e formação da Grécia: A localização geográfica onde se estabeleceu tal civilização possuía, em geral, solo pouco fértil (com exceção da Península do Peloponeso), o que fez do comércio a principal atividade econômica de seus habitantes. Seguindo uma lógica histórica e geográfica, que parte do processo cronológico de ocupação do território, a Grécia Antiga pode ser dividida em cinco regiões: Grécia Continental; Grécia Peninsular ou Península do Peloponeso; Grécia Insular, formada predominantemente pelas ilhas do Mar Egeu; Grécia Asiática, constituída pelo litoral da Ásia Menor; e a Magna Grécia, o litoral das Duas Sicília, no sul da Itália. Em relação à composição étnica, apesar de ser uma região de relevo recortado e montanhoso, o que dificultaria o acesso, sofreu assédio de diversas civilizações. Para além dos Cretenses (aparentemente autóctones ou de origem desconhecida), diversos povos de origem indo-europeia invadiram sucessivamente a região, entre os quais se destacam: Aqueus (Civilização Micênica), Jônios, Eólios e Dórios. Tal complexidade étnica, respaldada em uma diversidade cultural ainda maior, faz surgir um primeiro questionamento: porque chamar todos esses povos de Gregos? Afinal, cada Cidade-Estado tinha sua própria organização política, econômica e social. Primeiro, a Civilização Grega, como nós

3 3 a denominamos atualmente, era vista pelos próprios povos da época como uma civilização interligada, inclusive, tais habitantes se denominavam de Helenos, o que confere alguma unidade indenitária entre eles. Segundo, tal identidade tem suas bases em laços históricos e culturais, pois possuíam tradições em comum, adorando os mesmos deuses, participando de jogos em nome de suas divindades e, sobretudo, falando a mesma língua: o grego. Cidade-Estado: é o termo utilizado para designar toda cidade que se autogoverna, sem estar submetida a um outro centro de poder. No caso das Cidades-Estados da Grécia Antiga, para além da autonomia política, possuíam sua própria estrutura econômica, social e cultural. Outra característica desses povos é seu caráter expansionista, tanto populacional como comercialmente. Quando uma determinada cidade alcançava um determinado nível de crescimento, que dificultava sua organização, era comum o estimulo à emigração, em especial dos habitantes mais pobres. As Clerúquias (Colônias), fora da Ática, foram muito comuns, sendo financiadas pela própria cidade de origem dos primeiros habitantes, com as quais mantinham laços culturais e sociais, apesar de estabelecerem autonomia política efetiva. Desta forma, os gregos expandiam seu território e sua cultura, resolvendo problemas estruturais, como a alta densidade populacional e as disputas econômicas, uma vez que tais camponeses pobres passavam a serem donos das novas terras conquistadas. No que tange à forma de organização social e política no Período Homérico, as civilizações gregas eram baseadas no sistema gentílico. Os Genos eram unidades básicas, nos quais os membros descendiam de um antepassado em comum. As gens, caracterizadas por serem comunidades agrícolas, autossuficientes e politicamente comandadas pelo Pater, geralmente, o homem mais velho e poderoso econômica, política e militarmente. O Patriarca exercia funções religiosas, sendo responsável pelo culto dos antepassados; jurídicas, julgando e punindo os demais na forma das leis - conforme os costumes orais; e, finalmente, comandava os exércitos. Período Homérico: é o segundo período de desenvolvimento da civilização grega, posterior ao período pré-homérico, entre 1150 a.c. a 800 a.c. Seu nome advém do poeta grego Homero, teoricamente, autor dos poemas épicos A Ilíada e a Odisseia, principais fontes sobre a época. O sistema gentílico era, portanto, uma autarquia, por serem as Gens organizações fechadas, autossuficientes e com pouco relacionamento externo. Em tal sistema a propriedade era comunal e o trabalho coletivo. Isso significa que todos os instrumentos indispensáveis à produção e manutenção daquela sociedade: a terra, a moradia, os equipamentos, etc. pertenciam a todos, bem como o trabalho era realizado por todos os habitantes. Contudo, faz-se necessário ressaltar que já existiam escravos imersos nesse sistema, que eram visto como meros instrumentos de produção. Por fim, para além das atividades agropastoris, as guerras eram praticadas não só com objetivos defensivos, mas como meios de ampliação das riquezas e do poder daqueles Gens. Com o tempo o crescimento demográfico das comunidades gentílicas levou a disputas territoriais e por instrumentos, uma vez que, não havia meios de produção disponíveis a todos. Assim, os patriarcas passaram a beneficiar seus parentes mais próximos, preterindo os demais membros da sociedade, o que resultou no surgimento

4 4 de estruturas desiguais e no estabelecimento da propriedade privada. A sociedade comunal foi substituída por uma sociedade hierarquizada e pelo Estado de origem familiar, o que favoreceu a concentração de terras nas mãos de um pequeno grupo social, a oligarquia de origem patriarcal, e aos consequentes conflitos entre os cada vez mais ricos e a maioria dos camponeses empobrecidos. Tais conflitos foram majorados pela instituição da escravidão por dívida e pelas disputas étnicas entre os diversos povos que foram se unindo. Desta maneira, tal estado de guerra provocou a união dos genos mais próximos, no intuito de conquistar novas terras e assim diminuir as pressões sociais oriundas da exclusão da maioria dos indivíduos em relação aos meios de produção. Foi essa nova organização social que fez surgir as chamadas Cidades-Estados, verdadeiras formas de poder organizadas, inicialmente, em torno de uma Oligarquia por nascimento. Sistema Patriarcal: sumariamente, é um sistema de organização social baseado no patriarca, no homem geralmente mais velho e poderoso, que exerce a função de líder, criando a jurisprudência moral que estabelece a estrutura social. Período Arcaico: é o terceiro período de existência da sociedade grega antiga, entre o Homérico e Clássico, em que ocorreu o processo de desenvolvimento cultural, político e social, fazendo surgir as Cidades- Estados. Exercício de Fixação: Questão 01) (Enem-2015) O que implica o sistema da Pólis é uma extraordinária preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos do poder. A palavra constitui o debate contraditório, a discussão, a argumentação é a polêmica. Torna-se a regra do jogo intelectual, assim como do jogo político. VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de janeiro: Bertrand, 1992 (adaptado).. Na configuração política da democracia grega, em especial a ateniense, a ágora tinha por função: a) agregar os cidadãos em torno de reis que governavam em prol da cidade. b) permitir aos homens livres o acesso as decisões do Estado expostas por seus magistrados. c) constituir o lugar onde o corpo de cidadãos se reunia para deliberar sobre as questões da comunidade.. d) reunir os exércitos para decidir em assembleias fechadas os rumos a serem tomados em caso de guerra.. e) congregar a comunidade para eleger representantes com direito a pronunciar-se em assembleias.. Resposta: C. Atenas As Polis, na forma das Cidades- Estados, eram autônomas política e economicamente, possuindo suas próprias práticas culturais, inclusive, religiosas. Seu centro administrativo era construído, em geral, no local mais elevado, que dava origem ao núcleo urbano, a Acrópole. Esse período, de surgimento e solidificação das Cidades- Estados, ficou conhecido como Período Arcaico, no qual duas cidades se destacaram, servindo de exemplo das sociedades típicas da época e para além, no Período Clássico: Atenas e Esparta. Atenas, localizada na península da Ática, no sul da Grécia, à beira do mar, com terras pouco férteis e relevo recortado, voltou-se ao comércio marítimo como principal forma de produção econômica. Inicialmente, ocupada por Aqueus e, depois, por Eólios e Jônios, estabeleceu-se como Cidade-Estado por volta do século X a.c.,

5 5 na forma de uma monarquia, em que o poder estava concentrado na mão do Basileu uma espécie de rei de origem fundiária (um grande proprietário de terras). Com a deposição do último Basileu se estabeleceu um sistema de governo baseado na aristocracia agrária, a Oligarquia, governada pelos arcontes. O Arcontado era o órgão que administrava a política, sendo os arcontes escolhidos para ocupar mandatos anuais, entre os próprios membros da nobreza. Oligarquia: sistema político em que o poder se encontra concentrado nas mãos de um pequeno grupo de pessoas, que pode pertencer ao mesmo setor econômico, a mesma família ou o mesmo partido. Por volta do século VIII a.c., após um período de expansão pelo sul da Itália e pelo Mar Negro, Atenas mergulhou em uma severa crise social. Tal crise foi impulsionada pela concentração de terras e renda, que prejudicou não somente os camponeses desprovidos de propriedades, mas, também, os Demiurgos (os cidadãos urbanos), os comerciantes, os artesãos e os demais trabalhadores livres. As pressões causadas pelos grupos excluídos, sobretudo os de camadas intermediarias da sociedade, colocou em risco os privilégios e até mesmo a posição social da elite aristocrática, o que levou a concessões de direitos em nome dos grupos menos favorecidos. Assim, iniciou-se um logo processo de reformas jurídicas e sociais, que deviam favorecer aos menos abastados, mas que tinham como principal função acalmar os grupos que lideravam as convulsões sociais, sem retirar o poder das elites. O primeiro dos grandes reformistas atenienses foi Dracon (621 a.c.), que transformou as leis orais em escritas. Tal ato transborda o simples fato de escrever as leis, pois, uma vez existindo um código jurídico escrito, a lei passava a ser de conhecimento público e o Estado se tornava o responsável pela sua execução. Assim, apesar de ser um conjunto de leis extremamente duro, a execução das mesmas passava para a esfera pública do Estado, deixando de ser executada pela simples vontade das elites eupátridas. Apesar, deste fato manter esse último grupo social no poder. Eupátridas: podemos dizer que era uma espécie de nobreza da região da Ática, mas especificamente de Atenas, que exercia os cargos mais elevados. Seu nome significa aqueles bem nascidos. Contudo, a escrita do novo código não bastou para resolver os problemas sociais. Desta forma, em 594 a.c., Sólon iniciou um novo projeto de reformas, com o objetivo de diminuir os conflitos. Sua mais famosa medida foi a eliminação da escravidão por dívida, que fora acompanhada pela desvalorização da moeda. O que permitia a compra da liberdade pelos antigos escravos. Sólon ainda alterou radicalmente a forma de organização social, quando estabeleceu um sistema de hierarquização baseado na renda. Desta maneira, não era mais o nascimento que definia sua posição sociopolítica, mas a riqueza, o que consolidava o critério censitário de poder e estabelecia a Plutocracia: o governo dos mais ricos. Ele ainda enfatizou o direito de qualquer um prestar queixas, como meio de corrigir os erros, mesmo em relação aos outros, o que é considerado um elemento favorável para o estabelecimento da justiça. Essas reformas não contentaram os mais poderosos, bem como não conseguiram melhorar de forma efetiva a vida dos menos favorecidos, uma vez que a sonhada reforma agrária não foi levada à frente. As insatisfações das camadas mais pobres abriram espaços a

6 6 diversos golpes de Estado, que deram origem à Tirania. Os Tiranos, inicialmente, estabeleceram governos com forte apoio popular, além de populistas, que favoreceram os mais pobres. O governo de Pisístrato ( a.c.) foi marcado por mudanças nas estruturas sociais que favoreceram a maior parte da população. Foi nesse momento que se estabeleceu um projeto de reformas, baseado nas seguintes mudanças: em uma reforma agrária mais ou menos eficiente; na realização de obras públicas, que favorecessem a coletividade; no incentivo do comércio e da produção agrária, sobretudo da vinha, por meio da concessão de créditos; e na importação do trigo, que seria vendido barato para combater a carestia. Fatos que demonstram o lado positivo desse governo. Porém, os tiranos que o sucederam corromperam o sistema de poder, passando a governar mais em nome de seus interesses, o que favoreceu a um novo período de convulsões sociais e assim a novas reformas. Após a expulsão dos espartanos de Atenas, Clístenes, considerado o pai da Democracia, iniciou suas reformas sociais. A cidade de Atenas passava a ser dividida em Demos, que se estendiam do litoral ao campo e reduziam o poder da aristocracia eupátrida, facilitando a integração da região e a participação dos cidadãos na política. O poder da Bulé e da Heliaea foram majorados, o que favorecia a ampliação dos ditames democráticos nas decisões do Estado. Entre 461 a.c. e 429 a.c., Péricles, o último grande reformista, assumiu a liderança de Atenas, promovendo um conjunto de reformas que aperfeiçoaram a Democracia de Clístenes. Entre essas medidas está o fortalecimento dos poderes da Eclésia, bem como a criação de uma remuneração para os membros da mesma e para os magistrados, o Óbulo e a Mistofória, respectivamente. Assim, pessoas pobres podiam exercer cargos políticos e administrativos. Democracia: nascida em Atenas, é uma forma de governo onde, em teoria, o poder reside na maioria, na base da sociedade, possibilitando a ampla participação política. Contudo, como veremos a Democracia Ateniense era restritiva, excludente. O Governo de Péricles é denominado de o Século de Ouro de Atenas, período de maior expansão da Grécia e das vitórias sobre os Persas. Fatos que marcam o chamado Período Clássico. Período Clássico: também chamado de Hegemonias, devido a alternância de poder entre Atenas e Esparta, ocorreu entre os séculos VI e IV a.c.. Ele é marcado pelo florescimento do pensamento racional, da filosofia e da Democracia grega. O Processo de formação da Democracia Escravista Ateniense O processo de construção do sistema democrático em Atenas não foi algo linear. Como vimos acima, várias foram as convulsões sociais que culminaram em reformas jurídicas, favorecendo ao estabelecimento da Democracia. A expansão territorial e o desenvolvimento econômico de Atenas também foram fundamentais para tanto, uma vez que, com a maior circulação de capital e o acúmulo de riquezas, mais pessoas puderam se dedicar a vida intelectual e política, sem precisar trabalhar para seu próprio sustento. O Sistema Democrático é baseado na ideia da igualdade política, diferentemente do Sistema Oligárquico adotado anteriormente. Contudo, a Democracia ateniense não era tão ampla assim. Estava garantida a participação política apenas para os cidadãos, em geral, os descendentes dos fundadores da

7 7 cidade, os Jônios. Era vedada a participação dos escravos, dos estrangeiros (os Metecos) e das mulheres. Fato que não exclui o avanço desse sistema, no que tange à participação política, uma vez que, independente da renda e da propriedade, todos os cidadãos podiam participar, o que significava que um camponês ou trabalhador da cidade, desde que ateniense e livre, podia votar e decidir sobre a coisa pública, tanto quanto qualquer membro das elites aristocráticas. A Democracia ateniense também era direta, o que significava que não havia votação para escolha de representantes. Qualquer cidadão debatia, votava e decidia diretamente na Eclésia. Por fim, a escolha de cargos públicos também não ocorria da mesma forma que hoje, por meio de votação, mas, em geral, pelo sorteio, com exceção dos cargos de comando militar. Institucionalmente, a Democracia era organizada na Ágora, edificação no centro da Pólis, na qual aconteciam as reuniões da Eclésia. Tal assembleia se reunia para discutir assuntos políticos, problemas diplomáticos, de guerra ou de paz, e questões religiosas e festivas. E para ter o direito de participar da Assembleia era necessário ser ateniense, livre, maior de 18 anos e proprietário, uma vez que se deveria estar liberado das atividades laborais para assim desempenhar as atividades políticas. Eclésia: Assembleia que discutia as questões sociais e políticas e elaborava os projetos de lei. Requisitos para participar: -Ateniense; -Homem e livre; -18 anos ou mais anos; -Proprietário. Outra instituição importante era a Bulé, que servia como uma espécie de conselho de Estado ou Senado, encarregado de analisar os projetos de lei e supervisionar a administração pública, os assuntos militares e diplomáticos. Seus membros eram escolhidos por meio de sorteio entre os cidadãos, desde que esses fossem maiores de 30 anos. Havia, ainda, a Heliae, espécie de tribunal que julgava os casos mais graves; e os magistrados, responsáveis por executar as ordens da assembleia. E, por fim, para garantir a Democracia os atenienses estabeleceram o Ostracismo: uma espécie de banimento, por um período de dez anos, de todo o indivíduo que fosse considerado um perigo ao Sistema Democrático. Bulé: Câmara superior, que analisava e julgava os projeto de lei e supervisionava a administração pública. Requisitos para participar: -Ser Cidadão; -Ter 30 ou mais anos; -Escolhidos por sorteio. Sociedade Ateniense A sociedade ateniense era rigidamente hierarquizada e estava tripartida em: Cidadãos, Metecos e Escravos. Na base da sociedade encontravam-se os últimos citados, os escravos, que exerciam praticamente todas as funções produtivas, sobretudo, agrárias. A larga utilização desse tipo de mão de obra libertava boa parte dos cidadãos dos trabalhos econômicos, autorizando-os à vida pública. Na sociedade grega os escravos podiam ter três origens distintas: por nascimento, quando se era filho do ventre cativo; por dívida; e o troféu de guerra, o prisioneiro derrotado em campo de batalha. Os Metecos eram em sua maioria estrangeiros, que para viverem livremente, desempenhando suas funções produtivas, pagavam impostos à Pólis. Em geral, dedicavam-se às mais variadas tarefas, como: o artesanato, a arte e o comércio. Atividades que

8 8 podiam gerar considerável capacidade de acúmulo de riquezas. Apesar de alcançarem elevado status econômico, não possuíam o direito de participação política nas decisões de Estado. No topo da pirâmide sociopolítica estavam os Cidadãos, que não exerciam funções produtivas e econômicas, além de serem donos da maioria das propriedades fundiárias. Os homens dedicavam-se à vida política, exercendo o poder de Estado. Enquanto as mulheres, apesar de serem cidadãs, não tinham direito à vida política ativa, sendo vedado ainda o direito de uma educação ilustrada, com raras exceções. Costumavam dedicar-se à vida doméstica, tomando conta da casa, do esposo e, principalmente, sendo responsáveis pela educação dos filhos. Exercício de Fixação: Questão 02) (UFSCAR) E muitos a Atenas, para a pátria de geração divina, reconduzi, vendidos que foram - um injustamente, o outro justamente, e outros por imperiosas obrigações exilados, e que nem mais a língua ática falavam, de tantos lugares por que tinham errado, e outros, que aqui mesmo escravidão vergonhosa levavam, apavorados diante dos caprichos dos senhores, livres estabeleci. O texto, um fragmento de um poema de Sólon - arconte ateniense, 594 a.c. -, citado por Aristóteles em "A Constituição de Atenas", refere-se: a) ao fim da tirania. b) à lei que permitia ao injustiçado solicitar reparações. c) à criação da lei que punia aqueles que conspiravam contra a democracia. d) à abolição da escravidão por dívida. e) à instituição da Bulé. Resposta: D Esparta Pintura do Rei Leônidas, antes de partir para enfrentar os Persas. A cidade de Esparta foi fundada entre os séculos XIII e IX a.c. pelos Dórios, na região da Península do Peloponeso, que, diferentemente das outras regiões da Grécia, eram ricas em terras férteis e aráveis. Essa particularidade geográfica fez a economia espartana ter como base, para além do comércio e do artesanato, a agricultura, bem como estar menos suscetível a crises econômicas. Afinal, sua base escravista e coletivista agrária lhe provia maior estabilidade. Os Dórios foram os últimos dos povos indo-europeus a se instalarem na Península grega. Fato que os obrigou a empreender um longo período de guerras com seus demais concorrentes ao processo de conquistas, sobretudo com os Aqueus, que já ocupavam o Peloponeso. Talvez tenha sido devido a esse contexto que os espartanos desenvolveram, como uma de suas principais características o excessivo militarismo, que se tornava ainda mais imperativo em decorrência do grande número de servos, os Hilotas, os quais tinham que manter controlados nos campos por meio do uso da força militar. A Sociedade Espartana Desde muito jovens os Esparciatas eram educados segundo o fim bélico. A educação espartana, dada

9 9 pelo Estado, iniciava aos sete anos e findava aos 30, quando o indivíduo se tornava um cidadão-guerreiro, podendo constituir família e participar da política pública. Fruto do sistema educacional e da própria cultura da cidade, o nacionalismo era outra marca desta sociedade. O espartano era ensinado a amar a cidade acima de sua própria vida, dedicando sua existência a proteger sua cultura. Não era à toa que os Esparciatas diziam que a melhor das mortes era aquela em campo de batalha, pela espada ou lança de um guerreiro ainda melhor do que eles, bem como que as muralhas de Esparta eram os peitos e os braços de seus guerreiros. praticar atividades comerciais, vedadas aos esparciatas. A Hierarquização Social Ao contrário da maioria das cidades gregas, em que as mulheres eram submissas, dedicando-se apenas à vida da casa e da família e com pouca participação política, as mulheres espartanas tinham maior liberdade e direito de ação. Entendia-se que para gerar filhos sadios e valorosos à Esparta era necessário que suas progenitoras assim o fosse, por isso praticavam exercícios físicos, além de participarem mais ativamente da vida política e social, tendo uma educação intelectual mais elevada do que no resto da Grécia. Há, inclusive, casos em que, devido à ausência de seus homens na cidade, durante as campanhas militares, chegaram a exercer a administração da Pólis, da mesma forma que costumavam A população se encontrava dividida em três estratos sociais: os Esparciatas eram constituídos pelos descendentes dos Dórios, sendo a minoria da população, mas exercendo os cargos políticos e militares mais elevados, além de serem os proprietários da maioria das terras férteis; os Periecos eram homens livres e não possuíam direitos políticos efetivos, vivendo, geralmente, fora da cidade e dedicandose às atividades artesanais, comerciais e à pequena produção agrícola. Alguns historiadores acreditam que a maior parte dos Periecos eram oriundos dos antigos Aqueus conquistados, que se transformaram em aliados. Vale ressaltar que, o casamento entre os dois grupos citados era terminantemente proibido e que os últimos podiam exercer alguns cargos inferiores no exército; os Hilotas eram a grande massa da população espartana e estavam submetidos à servidão/escravidão estatal. Trabalhavam nas terras dos espartanos ou em obras públicas, estando presos à terra e devendo pagar tributos. Sua condição de existência em geral era

10 10 precária, além de estarem sujeitos a maus tratos. A posição social dos Hilotas, em termos jurídicos, é muito imprecisa. Apesar de serem considerados como propriedades estatais, na prática se assemelhavam mais aos servos. Eles eram obrigados a trabalhar nas terras dos Esparciatas, utilizando seus próprios instrumentos e dividindo metade da sua produção com os donos das terras. A excessiva exploração a que eram submetidos acabava por favorecer o estourar de revoltas, que eram violentamente reprimidas. Esparciatas: era o cidadão-guerreiro espartano, que tinha direitos políticos e grandes deveres políticos e militares perante o Estado. assumiam funções religiosas e militares, tendo no geral um poder mais simbólico. Contudo, em momentos de guerra, era o rei com função militar que assumia poderes absolutos de Estado. Apela: Câmara baixa, formada por todos os cidadãos, onde se debatia as questões políticas. -Responsável pela Requisitos para participar e características gerais: Eforato: O poder executivo da cidade. Requisitos para participar e características gerais: eleição dos Gerontes; -Responsável por votar as Leis; -Constituída por Cidadãos-Guerreiros; - Maiores de 30 anos. Gerúsia: Câmara alta, de anciões, que elaboravam as leis. Requisitos para participar e características gerais: -Maiores de 60 anos; -Elaboração das leis; -Formada por 28 pessoas. -Funções Executivas; -Governo de um ano; -Formada por 5 membros. A Estrutura Política A política era baseada em uma Oligarquia de origem militar, na qual apenas os esparciatas tinham direito de participação ativa. A principal instituição desse sistema político era a Ápela, constituída por todos os cidadãos, na qual se debatiam as principais questões e se escolhiam a Gerúsia e o Eforato. Os Efóros, em número de cinco, eram o verdadeiro poder executivo da cidade, enquanto a Gerúsia, formada pelos anciões com mais de 60 anos, se responsabilizava pela escrita das leis e por aconselhar o Eforato. Os dois reis, uma vez que Esparta vivia uma Diarquia, As grandes guerras gregas Foto do Filme 300 As principais cidades gregas se envolveram em dois grandes conflitos internacionais, para além de duas grandes guerras internas, de caráter civil e estatal: as Guerras Médicas; a Guerra

11 11 do Peloponeso e as chamadas Guerras intestinas. As Guerras Médicas ou Persas foram uma série de conflitos ocorridos durante o século V a.c.. Resultado do choque imperialista entre as duas civilizações, sobretudo do expansionismo Persa, ocorreram diversos embates pelo predomínio da região do mar Egeu, quando os reis Dário I e depois Xerxes tentaram dominar o território grego. Para enfrentar o mais poderoso Estado da época, o Império Persa, as cidades gregas aceitaram diminuir sua autonomia política, formando a Liga ou Confederação de Delos. Tal liga era, na verdade, uma associação política, financeira e, sobretudo, militar, que arrecadava impostos para a construção de uma poderosa armada e um exército para a Grécia. Depois de sucessivas batalhas os gregos venceram os persas, mas Atenas, que controlava a Liga de Delos, não aceitou a dissolução da mesma, submetendo boa parte das cidades gregas à sua vontade e as obrigando a assumir o sistema político democrático. Esse período fez emergir o que chamamos de imperialismo ateniense, marcando o apogeu da Cultura Clássica, a qual dá origem a outro conflito de enormes proporções. ateniense. Em 431 a.c. estourou a Guerra do Peloponeso, que depois de dez anos de conflitos fora vencida por Esparta. Contudo, novas guerras se estabeleceram de forma contínua, por quase trinta anos, enfraquecendo as cidades gregas e quebrando com o sistema de alianças que as unia, o que possibilitou a conquista da Grécia pelos Macedônicos no século IV a. C. Assim, foram as guerras internas, chamadas de Guerras Intestinas, que destruíram a frágil identidade grega, enfraquecendo as cidades e, desta forma, possibilitando sua derrocada. Exercício de Fixação: Questão 03) (FGVSP-ECON) "Quando diminuiu a ameaça persa, o ódio ao imperialismo ateniense cresceu particularmente entre os espartanos e seus aliados, que criaram (...) uma força militar terrestre, e se decidiram pela guerra por sentirem sua independência ameaçada pelo imperialismo de Atenas. A guerra representou o suicídio na Grécia das Pólis independentes". (Flavio de Campos e Renan Garcia Miranda, "Oficina de História - história integrada") O texto apresenta: a) as Guerras Médicas. b) a Guerra de Troia. c) a Guerra do Peloponeso. d) a Primeira Guerra Púnica. e) a Segunda Diáspora Grega. Resposta: C O Período Helenístico Mapa com as Ligas de Delos e do Peloponeso Algumas cidades gregas não aceitaram se submeter a Atenas e sob a liderança de Esparta formaram a Liga do Peloponeso, que se opôs ao poder Os macedônicos, depois de séculos explorados e escravizados pelos gregos, conseguiram unificar seu reino e iniciaram seu processo de expansão. Alexandre, o Grande, aproveitou a fragilidade das cidades gregas, em

12 12 decorrência das Guerras Intestinas, e as conquistou, entre os séculos III e II a.c.. Tal período de expansão da cultura grega pelo oriente ficou conhecido como Período Helenístico. Alexandre derrotou os diversos reinos do oriente, sobretudo o Persa, alcançando até a Índia, bem como boa parte da Europa, até o que hoje é parte de Portugal. Assim, seu império se tornou o segundo maior da história em expansão territorial e o maior do mundo ocidental. Contudo, seu maior feito foi a criação da Cultura Helênica, que, baseada na cultura grega, mesclou essa com as culturas orientais, dando origem a um rico sistema cultural baseado na mestiçagem física e intelectual. Com a morte de Alexandre seu império se esfacelou sucessivamente entre os seus generais, mas a cultura helênica sobreviveu, sendo a base da cultura ocidental até nossos dias. mesma forma que, entendia que ao fazer filosofia estava produzindo uma forma de saber científico. Nomes como Platão, Sócrates, Aristóteles, Heródoto e Tucídides foram fundamentais para a criação da filosofia e da ciência Clássica, bem como para o desenvolvimento das primeiras técnicas de escrita da história. Assim, a base das culturas e sociedades ocidentais atuais é, sem dúvida grega. A Arquitetura e a Escultura se caracterizaram por suas linhas harmoniosas e proporções equilibradas, que evidenciavam uma visão idealizada e romântica do Homem e da natureza. Os estilos Jônico, Dórico e Coríntio se destacaram em diversas obras, como o Partenon. O Legado Cultural Grego Como qualquer civilização antiga, de início, a grega tinha um pensamento mítico, que buscava explicar o desconhecido por meio de fábulas, muitas de cunho religioso. Com a desestruturação dos genos e o desenvolvimento das cidades o pensamento racional e lógico foi se impondo. A cultura racional, filosófica e intelectual da Grécia via o trabalho manual como indigno aos cidadãos, da Na literatura se destacam a poesia épica e o estilo lírico. As duas mais famosas obras literárias da Grécia se enquadram no primeiro grupo: a Ilíada e a Odisseia, que são atribuídas a Homero, apesar de hoje sabermos que tem uma origem muito mais antiga, na tradição oral. A primeira das obras narra os

13 13 eventos da Guerra de Tróia, enquanto a segunda as aventuras de Odisseu (Ulisses) no seu processo de retorno para casa, depois da guerra. O teatro grego era a forma primordial de educação da época. Era por meio dele que se transmitia saberes sobre a moral e a política. Suas duas formas clássicas foram: a Comédia, de Aristófanes, em As Rãs e As Nuvens; e a Tragédia, de Ésquilos, em Prometeu Acorrentado, e Sófocles, em Édipo Rei e Antígona. A Tragédia teve sua origem ligada às festas rurais e tinham como tema primordial as angústias da alma, enquanto a Comédia se dedicava a satirizar a vida dos homens e as grandes questões ligadas aos costumes, à justiça, à sociedade e, sobretudo, à política. A religião dos primeiros gregos era totêmica e zoomórfica (os deuses tinha forma de animais), da mesma maneira como a dos demais povos. Porém, com o fim do sistema gentílico e o surgimento da Pólis, estabeleceu-se a famosa Mitologia Grega. Os deuses assumiram forma humana, sendo Antropomórfica, possuindo, também, sentimentos e fraquezas humanas. Além de viverem no Monte Olimpo e seguirem uma rígida hierarquização familiar, possuíam funções naturais e sociais específicas, interferindo na vida dos seres humanos. Entre os mais famosos deuses podemos citar: Zeus, Poseidon, Hades, Apolo, Atena, Afrodite, Ares, Hermes etc. Exercício de Fixação: Questão 04) (PUCRS) Para responder à questão, relacione os períodos históricos da civilização grega (coluna A) a suas respectivas características essenciais (coluna B). Coluna A 1. Período Homérico 2. Período Arcaico 3. Período Clássico 4. Período Helenístico Coluna B ( ) Consolidação das estruturas fundamentais da "polis", a mais célebre das instituições gregas. O período é marcado pela expansão territorial e pela intensificação do comércio entre as cidades. ( ) Dissolução da comunidade gentilícia conhecida como "génos", com a formação das cidades-estado. Grande parte do conhecimento sobre o período deve-se às informações fornecidas pelos poemas Ilíada e Odisseia. ( ) Difusão da cultura grega no Oriente, a partir das campanhas militares de Alexandre Magno, levando à fusão do racionalismo grego com o misticismo oriental. Ocorreu, no período, a progressiva ruptura na identificação do cidadão com sua "polis" de origem. ( ) Formação da Confederação de Delos, que consolidava a hegemonia comercial e política de Atenas. Verificou-se, neste período, o máximo desenvolvimento da filosofia, da poesia, das ciências e das artes. A numeração correta na coluna B, de cima para baixo, é: a) b) c) d) e) Resposta: A

14 14 Leitura Complementar LEVI, Peter. A Civilização Grega. [S.l.]: Folio, PLATONOS, Sosso Logiadou. La Civilización minoica. Atenas: [s.n.], GRENIER, Christian. Contos e Lendas dos Heróis da Grécia Antiga. Editora: Companhia das Letras. KAGAN, Donald. A Guerra do Peloponeso - Novas Perspectivas Sobre o Mais Trágico Confronto da Grécia Antiga. Editora: Record. VERNANT, Jean-pierre. Mito e Sociedade na Grécia Antiga. Editora: José Olympio. Indicações de filme Alexandre Magno (1956) Tróia (2004) Helena de Tróia - Paixão e Guerra (2003) Ulisses (1954) A Odisseia (1997) Exercícios de Aprofundamento: Questão 01) (ENEM-2009) No período a. C., a Grécia antiga era composta por cidades-estado, como por exemplo Atenas, Esparta, Tebas, que eram independentes umas das outras, mas partilhavam algumas características culturais, como a língua grega. No centro da Grécia, Delfos era um lugar de culto religioso frequentado por habitantes de todas as cidades-estado. No período d. C., na parte da Amazônia brasileira onde hoje está o Parque Nacional do Xingu, há vestígios de quinze cidades que eram cercadas por muros de madeira e que tinham até dois mil e quinhentos habitantes cada uma. Essas cidades eram ligadas por estradas a centros cerimoniais com grandes praças. Em torno delas havia roças, pomares e tanques para a criação de tartarugas. Aparentemente, epidemias dizimaram grande parte da população que lá vivia. Folha de S. Paulo, ago (adaptado). Apesar das diferenças históricas e geográficas existentes entre as duas civilizações elas são semelhantes pois: a) as ruínas das cidades mencionadas atestam que grandes epidemias dizimaram suas populações. b) as cidades do Xingu desenvolveram a democracia, tal como foi concebida em Tebas. c) as duas civilizações tinham cidades autônomas e independentes entre si. d) os povos do Xingu falavam uma mesma língua, tal como nas cidades-estado da Grécia. e) as cidades do Xingu dedicavam-se à arte e à filosofia tal como na Grécia. Questão 02) Enem compreende-se assim o alcance de uma reivindicação que surge desde o nascimento da cidade na Grécia antiga: a redação das leis. Ao escrevê-las, não se fez mais que assegurarlhes permanência e fixidez. As leis tornam-se bem comum, regra geral, suscetível de ser aplicada a todos da mesma maneira. Para o autor, a reivindicação atendida na Grécia antiga ainda vigente no mundo contemporâneo, buscava garantir o seguinte princípio: A. Isonomia igualdade de tratamento aos cidadãos. B. Transparência acesso às informações governamentais. C. Tripartição separação entre os poderes políticos estatais. D. Equiparação igualdade de gênero na participação política. E. Elegibilidade permissão para candidatura aos cargos públicos. Questão 03) Enem Segundo Aristóteles, na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas. VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade- Estado. São Paulo: Atual, O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania:

15 15 a) possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos de qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar. b) era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade. c) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica. d) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais. e) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham tempo para resolver os problemas da cidade. Questão 04) (FATEC-SP) Para vários autores, a Democracia começou em Atenas, com as reformas promovidas por Clístenes ( a.c.), tendo como princípios básicos: direitos políticos para todos os cidadãos, participação direta dos cidadãos no governo, por comparecimento à Assembleia ou por sorteio, quando se tratava de escolher o ocupante de algum cargo. Quando à participação da mulher e dos estrangeiros, é correto dizer que: a) Clístenes assegurou o direito de participação política das mulheres e dos estrangeiros, mas limitou-o à eleição local do poder dos Demos. b) Clístenes estabeleceu o direito de participação política das mulheres, mas acabou com o direito de participação dos estrangeiros. c) Clístenes acabou com o direito de participação política da mulher, dado por Sólon, mas manteve o direito de participação dos estrangeiros que vivessem em Atenas há pelo menos 10 anos. d) as mulheres e os estrangeiros (metecos) não tinham participação política. e) à mulher era assegurada a participação política desde que subordinada ao marido, os estrangeiros possuíam participação restrita à eleição de seus representantes. Questão 05) (UEPA) Texto XI "A dádiva de Atena não é a oliveira selvagem da Olímpia, mas a oliveira cultivada. Posêidon cria o cavalo, Atena põe-lhe o arreio e constrói o carro. Posêidon provoca as ondas, Atena constrói o barco. Hermes multiplica os rebanhos de ovelhas, Atena ensina a utilizar a lã, até mesmo na guerra não é mais um simples arrojo como foi cristalizada na imagem de Ares -, agora é mais enobrecida de modo peculiar com a dança, a tática e a privação." (FUNARI, Paulo Abreu, FEITOSA, Lourdes Conde e SILVA, Glaydson José da. Amor, desejo, poder na Antiguidade: relações de Gênero e representações do feminino. Campinas (SP): Ed. Unicamp.229.) Além do arcabouço mítico, um dos fatores que favoreceu a consolidação da crença em Palas Atena como principal divindade da cidade de Atenas foi: a) o aumento da produção do azeite utilizado na iluminação e alimentação, provocado pela hegemonia ateniense no Mediterrâneo e o enfraquecimento das cidades-estados persas no eixo marítimo, dominado pelo comércio de produtos agrícolas e artesanais atenienses. b) o desenvolvimento da polis que fez surgir a noção de cidadão e o sentimento comunitário, que trouxe à tona a característica guerreira da deusa Atena, tornando legítima as formas de dominação tanto nas relações de trabalho quanto nas relações internacionais. c) a unidade política autônoma da cidade-estado que incorporava um aglomerado urbano em seu território como partes inseparáveis, sendo que a vida econômica desvinculava-se da religião, permitindo liberdade de comércio e de culto aos cidadãos e estrangeiros que moravam em Atenas. d) a união do campo e da cidade nos festivais, que isolava Atenas das outras cidades da Grécia, reiterando o caráter autônomo da polis, evidenciado pela liberdade de comércio em diferentes mercados do Mediterrâneo e do Egeu, onde estavam as principais rotas marítimas dos gregos. e) a descrença na filosofia estoica, dominada pelo pensamento de estrangeiros que desarticulava as relações entre religião e economia, influenciando os comportamentos e hábitos familiares, ameaçando a permanência de uma cultura grega nos limites do território ateniense.

16 16 Questão 06) (FGVSP) "Ninguém cuidava de atingir um objetivo honesto, pois não se sabia se se ia viver o suficiente para realizá-lo. Ninguém era retido nem pelo temor dos deuses nem pelas leis humanas, não se cuidava mais da piedade do que da impiedade desde que se via todos morrerem indistintamente." Tucídides. In WOLFF, Francis. "Sócrates". São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 31. Sobre a crise provocada pela Guerra do Peloponeso é correto afirmar: a) O final da guerra resultou em um período de florescimento cultural e político, denominado "Século de Péricles". b) Após o tratado de paz assinado por atenienses e espartanos em 421 a.c., a guerra recomeçou com a traição de Péricles. c) A primeira potência hegemônica da guerra foi Esparta, sucedeu-lhe Tebas e, por fim, Atenas. d) A guerra que durou quase trinta anos e provocou uma terrível peste em Atenas, da qual foi vítima o próprio Péricles, criou as condições para a intervenção de Filipe da Macedônia. e) A guerra foi um conflito entre os persas e os gregos e teve início com a invasão persa da cidade grega de Mileto em 430 a.c. Questão 07) (MACK 2000) Sobre as Guerras Médicas, confronto entre as cidades-estados gregas e a Pérsia, é correto afirmar que: a) Atenas foi obrigada, no decorrer da 5ª guerra, a se unir à liga Lacedemônia, submetendo-se ao comando de uma oligarquia que se caracterizou pelo chamado governo dos trinta tiranos. b) os gregos organizaram uma união militar da polis gregas comandadas por Atenas, a Confederação de Delos, em que várias cidades-estados deveriam fornecer recursos a serem depositados no templo de Apolo da Ilha de Delos. c) no episódio chamado "A retirada dos dez mil", Ciro, o jovem, foi derrotado na luta sucessória contra Artaxerxes e os gregos, contratados como mercenários na Babilônia, a seu serviço, foram obrigados pelos persas a se retirar. d) sob a liderança da cidade-estado de Esparta, as polis gregas organizaram a Confederação do Peloponeso, objetivando manter com a Pérsia relações políticas e comerciais. e) a permanente situação de desagregação e de lutas entre as cidades gregas permitiu novas investidas da Pérsia e a derrota da expansão e supremacia do reino da Macedônia no mundo grego. Gabarito: 1 C/2 A/ 3 B/ 4 D/ 5 B/ 6 D/ 7 B.