ÉPOCAS DE SEMEADURA DE MAMONA CONDUZIDA POR DUAS SAFRAS EM PELOTAS - RS 1
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1 ÉPOCAS DE SEMEADURA DE MAMONA CONDUZIDA POR DUAS SAFRAS EM PELOTAS - RS 1 Rogério Ferreira Aires 1, Sérgio Delmar dos Anjos e Silva 2, João Guilherme Casagrande Junior 3, Dante Trindade de Ávila 3, Marcos Silveira Wrege 4 1 PPGSPAF/UFPEL Embrapa Clima Temperado, aires@cpact.embrapa.br, 2 Embrapa Clima Temperado, sergio@cpact.embrapa.br, 3 Bolsista do CNPq Embrapa Clima Temperado, jgcasajr@gmail.com, 4 Embrapa Florestas, wrege@cnpf.embrapa.br RESUMO - O objetivo deste do trabalho foi avaliar o desempenho agronômico de quatro cultivares de mamona em quatro épocas de semeadura, conduzidas por duas safras com poda. O experimento foi conduzido nas safras 26/7 27/8, no campo experimental da Embrapa Clima Temperado em Pelotas-RS. Utilizaram-se as cultivares: IAC 8, de porte alto, ciclo longo e frutos semi-deiscentes; AL Guarany 22, de porte médio, ciclo médio e frutos indeiscentes; Mara e Lyra, híbridos precoces, de porte baixo e frutos indeiscentes. A semeadura foi realizada em quatro épocas, de outubro a janeiro. De maneira geral, a semeadura em 27 de outubro e 3 de novembro resultou em maior produtividade na primeira safra e no resultado acumulado das duas safras. Palavras-chave: Ricinus communis, Euphorbiaceae, rendimento de grãos. INTRODUÇÃO Embora a mamona tenha elevada plasticidade fenotípica e ampla adaptação a vários ambientes (WEISS, ), as variações ambientais influenciam o desempenho agronômico da cultura. A produtividade da mamona está diretamente relacionada com a disponibilidade hídrica, temperatura, fotoperíodo e umidade relativa do ar, principalmente durante a fase reprodutiva, desde a floração dos racemos primários até a maturação dos terciários (KUMAR, 1997; MOSHKIN, 1986). De acordo com WEISS (), o melhor desenvolvimento da mamona ocorre em áreas com insolação superior a 12 horas, chuvas bem distribuídas ao longo do ciclo e temperatura na faixa de 2 a 3 C. Segundo Wrege et al. (27), a Fronteira Oeste é a região com maior risco de déficit hídrico no Rio Grande Sul, nas demais regiões o risco é menor, sendo que, de maneira geral, quanto mais cedo for realizada a semeadura, menor o risco de déficit hídrico. No Rio Grande do Sul, normalmente não ocorrem temperaturas superiores a 4 ºC, que também são prejudiciais a cultura, mas são comuns temperaturas inferiores a 1 ºC no inverno. O período livre 1 Este estudo foi realizado com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
2 de geadas varia de 139 dias, nos Campos de Cima da Serra, a 243 dias, na Depressão Central (WREGE et al., 27). As variações climáticas ao longo do período de cultivo da mamona combinadas com as diferenças entre as cultivares, principalmente ciclo, podem resultar em diferentes produtividades, dependendo da época de semeadura e da cultivar utilizada. Desta forma, o objetivo do trabalho foi avaliar a produtividade de quatro cultivares de mamona, semeadas em diferentes épocas conduzidas por duas safras, e a relação entre as condições as quais a planta foi exposta na primeira safra, e o desempenho no ano seguinte. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido nas safras 26/7 e 27/8 em campo experimental da Embrapa Clima Temperado em Pelotas - RS, latitude Sul, longitude Oeste e altitude de 6 m, em um solo classificado como Argissolo Vermelho Amarelo. As cultivares utilizadas foram: IAC 8, de porte alto, ciclo longo e frutos semi-deiscentes; AL Guarany 22, de porte médio, ciclo médio e frutos indeiscentes; Mara e Lyra, híbridos precoces, de porte baixo e fruto indeiscente. O cultivo foi conduzido em sistema convencional de preparo do solo, em parcelas de três linhas de 8 m de comprimento cada, utilizando-se espaçamento de 1,6 x 1,5 m para a cultivar IAC 8, 1,6 x,8 m para AL Guarany 22 e 1,6 x,6 m para Mara e Lyra. A semeadura foi realizada manualmente, utilizando-se duas sementes por cova, mantendo-se, após desbaste, uma planta em cada cova. A adubação e tratos culturais foram realizados de acordo com as indicações técnicas para o cultivo da mamona no Rio Grande do Sul (SILVA et al., 27). A semeadura foi realizada em quatro épocas, entre outubro e janeiro. As datas de semeadura foram: 27 de outubro, 14 de novembro, 3 de novembro de 26 e 22 de janeiro de 27. A poda foi realizada, cortando-se o caule da planta a uma altura de 2 cm do solo, antes do início da brotação de primavera, em 18 de setembro de 27. Para avaliação foi observado o rendimento de grãos da primeira e da segunda safra e o resultado acumulado das duas safras. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas utilizando o teste de Duncan. RESULTADOS E DISCUSSÃO De maneira geral, a semeadura em 27 de outubro e 3 de novembro resultou em maior produtividade na primeira safra e no resultado acumulado das duas safras. Já na segunda safra (poda) a maior produtividade foi observada na semeadura de janeiro de 27, ao contrario da primeira safra onde este plantio apresentou a menor produtividade (Tabela 1).
3 As semeaduras do cedo, assim como a poda foram beneficiadas por maior período de crescimento, possibilitando a formação de maior número de racemos por planta e do aproveitamento do fotoperíodo crescente que atinge, em 2 de dezembro, 14,7 horas de sol em Pelotas. A mamona podada iniciou o rebrote no início de outubro e a primeira floração ocorreu em 12 de novembro que corresponde a um período de condições climáticas favoráveis para o crescimento da mamona na região. Em janeiro de 27 a precipitação abaixo da média causou um déficit hídrico que coincidiu com o subperíodo reprodutivo da mamona semeada em 14 de novembro. De acordo com Moshkin (1986) o déficit hídrico pode comprometer bastante o rendimento, principalmente se ocorrer nas fases de florescimento e frutificação. As cultivares apresentaram diferença quanto ao efeito de época de semeadura no resultado da primeira e segunda safra, bem como no resultado acumulado das duas safras (Figura 1). Para as cultivares AL Guarany 22, Lyra e Mara, a maior produtividade na primeira safra foi da semeadura em 27 de outubro e 3 de novembro. A menor produtividade na primeira safra foi da semeadura de janeiro de 27 para todas as cultivares. A semeadura tardia limita a formação de ordens de racemo mais avançadas, reduzindo o número de racemos por planta, o que prejudica principalmente as cultivares de ciclo médio e longo. A cultivar IAC 8, de ciclo longo, apresentou redução na produtividade da primeira safra e do resultado acumulado das duas safras com o avanço da data de semeadura (Figura 1). As cultivares testadas não apresentaram diferença significativa na produtividade da poda com a mudança da data de semeadura, embora possa ser observada uma tendência de incremento de produtividade da poda com a semeadura tardia (Tabela 1 e Figura 1). A partir de fevereiro-março a temperatura mais amena e o aumento da umidade do ar favorecem a ocorrência de doenças fúngicas, o que prejudica o processo reprodutivo. Porém, estas condições ainda são favoráveis para o crescimento vegetativo. Assim, a mamona semeada em janeiro teve condições climáticas para um bom crescimento vegetativo inicial, mas a produtividade (Figura 1) foi prejudicada pela ocorrência de doenças e pela impossibilidade de formação de ordens de racemo mais avançadas, pois o processo reprodutivo foi interrompido com a chegada do inverno. Esta situação, entretanto, parece ter favorecido estas plantas na poda. CONCLUSÃO A poda é uma prática que pode ser utilizada, inclusive nos híbridos. As semeaduras de outubro e novembro contribuem para o ganho de produtividade na primeira safra e no resultado acumulado das duas safras.
4 A semeadura em janeiro resulta em bons resultados de produtividade após a poda, mas o resultado acumulado de produção de dois anos é inferior ao das semeaduras de outubro e novembro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KUMAR, P. V. et al. Influence of moisture, thermal and photoperiodic regimes on the productivity of castor beans (Ricinus communis L.). Agricultural and Forest Meteorology. v. 88, n. 4, p , MOSHKIN, V. A. Castor. Moskow: Kolos Publisher, p. SILVA, S. D. dos A. et al. A cultura da mamona no Rio Grande do Sul. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, p. (Embrapa Clima Temperado. Sistemas de Produção, 11). WEISS, E. A. Oilseed crops. London: Blackwell Science,. 364 p. WREGE, M. S. et al. Zoneamento agroclimático para mamona no Rio Grande do Sul. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, p. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 192). Tabela 1. Produtividade (kg.ha -1 ) de cultivares de mamona semeadas em diferentes épocas e conduzidas por dois anos com poda em Pelotas-RS. Safras 26-7 e Época Safra 1 Poda Acumulado 3/11/ a 1.32 b 3.69 a 27/1/ a 1.52 b a 14/11/ b 1.54 b 2.1 b 22/1/ c a b Média CV 23,34 24,61 18,16 Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Duncan (5%).
5 5 AL Guarany 22 IAC 8 Produtividade 5 Lyra 5 Mara Produtividade 27/1/2614/11/26 3/11/26 22/1/27 27/1/26 14/11/26 3/11/26 22/1/27 Safra 1 Poda Acumulado Época de semeadura Época de semeadura Figura 1. Produtividade (kg.ha -1 ) de quatro cultivares de mamona semeadas em diferentes épocas e conduzidas por dois anos com poda em Pelotas-RS. Safras 26/7 e 27/8.
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