UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA E PRESERVAÇÃO PATRIMONIAL. Laécio Lucas de Sousa Lima

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1 0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA E PRESERVAÇÃO PATRIMONIAL Laécio Lucas de Sousa Lima Caracterização do registro emblemático da cena da árvore da Subtradição Várzea Grande. São Raimundo Nonato PI 2010

2 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA E PRESERVAÇÃO PATRIMONIAL Laécio Lucas de Sousa Lima Caracterização do registro emblemático da cena da árvore da Subtradição Várzea Grande. Trabalho apresentado a Universidade Federal do Vale do São Francisco UNIVASF, Campus Serra da Capivara, para a obtenção do título de bacharel em Arqueologia e Preservação Patrimonial. Orientador: Guilherme de Souza Medeiros. São Raimundo Nonato PI 2010

3 2 L732c Lima, Laécio Lucas de Sousa Caracterização do registro embremático da cena da árvore da subtradição Várgea Grande / Laécio Lucas de Sousa Lima. São Raimundo Nonato, PI, f. : il. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Arqueologia e Preservação Patrimonial) - Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus São Raimundo Nonato, PI, Orientador: Prof. Msc. Guilherme de Souza Medeiros Banca examinadora: Profa. Msc. Pávula Maria Sales Nascimento, Profa.Dra. Selma Passos Cardoso Bibliografia 1. Pinturas Rupestres Subtradição Várzea Grande - Piauí. 2. Pinturas Rupestres Registro Embremático. 3. Pinturas Rupestres Serra da Capivara. Título. II. Universidade Federal do Vale do São Francisco. CDD Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca SIBI/UNIVASF Bibliotecário: Lucídio Lopes de Alencar

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5 4 AGRADECIMENTOS A Deus por tornar possível a realização de mais uma etapa da minha vida, por ter me guiado, sustentado e ajudado durante todo esse tempo, mesmo estando longe. Ao meu grande amigo Itelmar de Negreiros Oliveira, que Deus colocou em minha vida para cuidar, ajudar, alegrar e galgar junto a mim nessa jornada me mostrando a força de uma amizade verdadeira. A minha mãe, Maria Francinete de Sousa Sá, a pessoa a quem dedico todas as minhas vitórias, que possibilitou a realização de mais um sonho. Ao meu Pai, Francisco Lacerda Lima, por ter ajudado a me manter aqui e ter me dado seu total apoio Aos Meus irmãos, Ítalo Bruno, Buarque e Francianne, que sempre acreditaram em mim e me deram força pra que isso se tornasse possível. Aos Meus sobrinhos, Thalya, Nelsinho. Thayná, Victória, Bryan e Carol, por tornar minha vida mais alegre e me remeter aos meus tempos de infância. A minha vó e meu vô, Fezinha e Eufrásio, por me acompanharem sempre, me dando amor, carinho e força, para que eu pudesse seguir essa jornada. A minha noiva, Gislane de Sousa Rodrigues, por estar sempre presente, me acompanhando, incentivando e me encorajando a seguir. A todos os meus familiares e amigos, que sempre me apoiaram. Ao meu orientador Guilherme de Souza Medeiro, por ter me ajudado a concluir essa pesquisa. A Professora Vivian Sena, por ter iniciado comigo essa pesquisa. E as professoras Selma Passos e Pávula Maria, pela ajuda, compreensão e incentivo que me deram na elaboração dessa pesquisa. A Dra. Niède que foi de suma importância na conclusão dessa pesquisa, contribuindo e disponibilizando os dados necessários.

6 5 E disse Deus: Produza a terra relva, ervas que dêem semente, e árvores frutíferas que, segundo as suas espécies, dêem fruto que tenha em si a sua semente, sobre a terra. E assim foi. A terra, pois, produziu relva, ervas que davam semente segundo as suas espécies, e árvores que davam fruto que tinha em si a sua semente, segundo as suas espécies. E viu Deus que isso era bom. (Gêneses 1: 11, 12)

7 6 RESUMO LIMA, Laécio Lucas de S. Caracterização do registro emblemático da cena da árvore da Subtradição Várzea Grande. Monografia, 80 f. São Raimundo Nonato PI, O presente trabalho tem como objetivo caracterizar o registro emblemático da cena da árvore, nos painéis de arte rupestre da Subtradição Várzea Grande, em abrigos do Parque Nacional Serra da Capivara PI. A pesquisa foi desenvolvida a partir da revisão bibliográfica sobre os grafismos rupestres da região Nordeste. Escolhemos para a pesquisa três sítios localizados na região da Serra Branca, são eles: a Toca da Extrema II, a Toca do Vento e a Toca do Nilson do Boqueirão da Pedra Solta. Na composição cenográfica das cinco cenas analisadas identificaram os diferentes tipos de morfologia apresentada na representação dos antropomorfos e dos fitomorfos, bem como a presença de elementos estranhos nas cenas, tais como objetos culturais que também se encontram pintados fazendo parte da dimensão cenográfica. Procurou-se evidenciar diferentes formas de representação desse registro emblemático. Palavras-chaves: Arte rupestre, registro emblemático, Serra da Capivara, Serra Branca, caracterização.

8 7 ABSTRACT LIMA, Laécio Lucas de S. Caracterização do registro emblemático da cena da árvore da Subtradição Várzea Grande. Monografia, 80 f. São Raimundo Nonato PI, The present work has as objective to characterize the emblematic register of the scene of the tree, in the rock art of the Subtradição Várzea Grande, in shelters of the National Park Serra da Capivara. The research was developed starting from the bibliographical revision about rock art of the Northeast área. We choose for the research three small sites located in the region of the Serra Branca, are they: the Toca da Extrema II, the Toca do Vento and the Toca do Boqueirão do Nilson da Pedra Solta. In the cenografic composition of the five analyzed scenes they had identified the different types of morphology presented in the representation of the antropomorphuses and the fitomorfos, as well as the presence of strange elements in the scene, as objects cultures that also meet spotted being part of the cenographic dimension. Where different forms of representation of this emblematic register had been evidenced. Keywords: Rock art. Emblematic register. Serra da Capivara. Serra Branca, characterize.

9 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Delimitação do Parque Nacional Serra da Capivara PI...17 Figura 2: Entrada do sítio Toca da Extrema II...21 Figura 3: Cena da Árvore na Toca da Extrema II...22 Figura 4: Vista do Sítio Toca do Vento...24 Figura 5: Vista geral do Sítio Toca do Boqueirão do Nilson da Pedra Solta...25 Figura 6: Pinturas da Tradição Nordeste e estilo Serra da Capivara...26 Figura 7: Tradição Agreste da Toca do Fundo do Baixão da Vaca I...32 Figura 8: Antropomorfos e zoomorfos da tradição Nordeste...33 Figura 9: Antropomorfos carregando sacolas da Subtradição Seridó...35 Figura 10: Cena da árvore. Sítio Toca da Entrada do Pajaú...35 Figura 11: Cena da árvore. Sítio Toca da Entrada do Pajaú...36 Figura 12: Cena da árvore. Baixão da Vaca...36 Figura 13: Toca da Entrada do Pajaú, pinturas do Estilo Serra da Capivara...38 Figura 14: Nicho Policromático do Sítio Boqueirão da Pedra Furada...39 Figura 15: Antropomorfos do estilo Serra Branca, Toca do Morcego...40 Figura 16: Arte rupestre pertencente à subtradição Seridó...41 Figura 17: Cena de sexo no sítio Carnaúba dos Dantas RN...41 Figura 18: Evolução estilística do registro emblemático da cena da árvore...43 Figura 19: Tradição Seridó - Carnaúba dos Dantas RN...44 Figura 20: Tradição Seridó - Carnaúba dos Dantas RN...44 Figura 21: Pintura rupestre em Lascaux França...45 Figura 22: Antropomorfo submisso a pássaro Antropomórfico...46 Figura 23: Cena da árvore nº 1 do Sítio Toca da Extrema II...51 Figura 24: Cena da árvore nº 1 segregados e antropomorfos numerados...52 Figura 25: Antropomorfos segregados...52 Figura 26: Morfologias da cabeça na mesma cena...53 Figura 27: Fitomorfo da cena nº Figura 28: Cena da árvore nº 2 da Toca da Extrema II...54 Figura 29: Imagem segregada da cena da árvore 02 Toca da Extrema II...55 Figura 30: Cena da árvore nº 2 [numerada] Toca da Extrema II...56 Figura 31: Morfologia da cabeça cena da árvore nº

10 9 Figura 32: Cena segregada com diferentes tipos Estilísticos...57 Figura 33: Cena da árvore do sítio Toca do Vento...58 Figura 34: Cena segregada do Sítio Toca do Vento...60 Figura 35: Cena da Árvore - Toca do Nilson do Boqueirão da Pedra Solta...61 Figura 36: Cena da árvore nº 1 Antropomorfos numerados...62 Figura 37: Antropomorfos segurando o ramo do fitomorfo...62 Figura 38: Cena da árvore - Nilson do Boqueirão da Pedra Solta...63 Figura 39: Cena da árvore - Nilson do Boqueirão da Pedra Solta...64 Figura 40: Antropomorfos segregados, portando objetos de mão...65 Figura 41: Diferentes tipos de ornamentos entre os sítios...67 Figura 42: Antropomorfos de diferentes sítios apresentando o falo...68

11 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Diferentes estilos na Toca da Extrema II...67 Tabela 2: Morfologia da cabeça apresentada nos diferentes sítios...68 Tabela 3: Morfologia das mãos apresentadas nos três sítios analisados...69 Tabela 4: Morfologia dos pés observada entre os três sítios...69

12 11 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...13 CAPITULO I: Apresentação e Caracterização dos Sítios: Apresentação do Parque Nacional Serra da Capivara Aspectos Paisagísticos...18 Clima...18 Hidrografia...18 Flora...19 Geologia...19 Geomorfologia Apresentação e Caracterização dos Sítios Sítio Toca da Extrema II Sítio Toca do Vento Sítio Toca do Nilson do Boqueirão da Pedra Solta...24 CAPÍTULO II: Aportes Teóricos e Metodológicos Registro Rupestre nas origens da Arte Registro Rupestre...28 A Etnoarqueologia e sua contribuição no estudo da Arte Rupestre...30 Tradição Agreste...31 Tradição Nordeste...33 Subtradição Várzea Grande, São Raimundo Nonato-PI...36 Estilo Serra da Capivara...37 Complexo Estilístico Serra Talhada...39 Estilo Serra Branca...39 Subtradição Seridó, Rio Grande do Norte...40

13 Registros Emblemáticos Metodologia...47 CAPÍTULO III: Análise Cenográfica das Cenas da Árvore Toca da Extrema II ou do Gato...50 Análise da cena Análise da cena Toca do Vento...57 Análise da cena Toca do Nilson do Boqueirão da Pedra Solta...60 Análise da cena Análise da cena CONSIDERAÇÕES FINAIS...66 Referências Bibliográficas...72 ANEXOS

14 13 INTRODUÇÃO Com uma área de 130 mil hectares o Parque Nacional Serra da Capivara, localizado no sudeste do Piauí, concentra o mais importante patrimônio pré-histórico do Brasil. Com seus trabalhos iniciados na década de 70, com a missão arqueológica franco-brasileira liderada pela arqueóloga Niède Guidon, o Parque é atualmente tombado pela União e reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade. As enormes concentrações de sítios arqueológicos com a presença de grafismos rupestres induziram as arqueólogas Anne Marie Pessis e Niède Guidon a formularem uma classificação dos registros gráficos rupestres, auxiliando assim seus estudos. Uma classe inicial foi denominada de tradição e reúne os registros gráficos, que se repetem em diferentes lugares, sem que necessariamente, tenha ocorrido um contato cultural físico, podendo estar separados por cronologias muito distantes. Para a região Nordeste do país, foram definidas duas tradições para as pinturas, a Nordeste e a Agreste, além de uma tradição para gravuras nomeada de Itaquatiaras. Para distinguir a arte rupestre que aparece em pontos diferentes da região Nordeste, foi elaborada uma nova classificação, na qual as tradições são subdivididas nas denominadas Subtradições, sendo elas: a Várzea Grande, Seridó e Central. E são caracterizadas pela introdução de novos elementos, relacionados à geografia e ecologia local. Dentro das subtradições, podem ser determinadas as classes de Estilos, correspondente as diferenças técnicas e temáticas. A Tradição Nordeste apresenta grafismos reconhecíveis (Antropomorfos, Zoomorfos, Fitomorfos e objetos), os Antropomorfos não ultrapassam os 15 cm. Nessa tradição há uma maior variedade de temas, representando nos painéis gráficos, atividades do cotidiano, tais como: luta, dança, caça e sexo. A datação para essa tradição é de aproximadamente 12 mil anos e em sua maioria as pinturas possuem a coloração avermelhada, porém apresenta outras cores como: branca, amarela, preta, cinza, verde e azul.

15 14 A Tradição Agreste recebeu esse nome devido à grande concentração de sítios com pinturas localizadas nas várzeas e brejos da região agreste de Pernambuco e da Paraíba, contudo a Tradição Agreste encontra-se espalhada por toda a região do Nordeste brasileiro. De acordo com Guidon (1989) a Tradição Agreste surge na região por volta de anos A.P, e caracteriza-se pela predominância de grafismos reconhecíveis, na maior parte apresentam Antropomorfos sendo muito raras as pinturas de Zoomorfos, não apresentam pinturas de objetos e nem de Fitomorfos. E, ao contrario da tradição nordeste, as pinturas de tradição agreste são representadas com uma aparência estática, ou seja, sem movimento. Há uma distinção também em relação aos traços das pinturas, a técnica gráfica e a riqueza temática é menor em relação a Tradição Nordeste. De acordo com Pessis (2003), mesmo que o significado dos registros rupestres fuja do nosso conhecimento, eles nos permitem inferir a sua produção a diferentes culturas. E por isso, devemos trabalhá-las como formas de comunicação, pois são testemunhos dos comportamentos culturais de seus autores, servindo de base para uma compreensão do cotidiano desses grupos pré-históricos. Auxiliando nos estudos da arqueologia por trazerem informações sobre as modificações e reproduções sociais do mundo sensível desses grupos. Minha pesquisa visa uma caracterização, ou seja, uma padronização dos registros emblemáticos, titulados de cena da árvore, reconhecidos por Martin (2005) como logotipos da Tradição Nordeste. Para isso, foi realizado um levantamento bibliográfico dos sítios do Parque Nacional Serra da Capivara, onde selecionei três sítios que apresentam a cenográfia em questão. Foram eles: a Toca da Extrema II, Toca do Vento e a Toca do Nilson do Boqueirão da Pedra Solta. Em relação aos registros emblemáticos Martin (2005) afirma que eles são típicos da Tradição Nordeste, e caracterizam-se por apresentarem: Principalmente, grafismos representando cenas cerimoniais ou mitos cujo significado nos escapa e que, precisamente por isso, quando repetidos em vários abrigos, inclusive distante entre si identificam a tradição (MARTIN, 2005, p. 246).

16 15 A padronização identificada nessas representações gráficas poderá auxiliar nos estudos acerca dessa cena emblemática, como sua disposição na mancha gráfica e os diferentes elementos presentes nos grafismos de cada sítio escolhido. Problema: O registro emblemático da cena da árvore encontra-se padronizado, nos sítios escolhidos, sendo estes localizados numa mesma área? O objetivo geral dessa pesquisa é fazer uma caracterização para esse tipo de cena, pois, as técnicas de realização dos grafismos rupestres possuem suas especificidades, diferenças estilísticas, cores e formas próprias de uma cultura. Nos objetivos específicos temos: Caracterizar as formas de representação da cena da árvore em cada sítio; Observar se existe padronização na escolha do espaço para o agenciamento da representação na mancha gráfica; Identificar a presença de figuras incomuns presentes na cena da árvore, como zoomorfos, antropomorfos com máscaras e/ou adornos; Estabelecer analogias entre as cenas da árvore nos sítios escolhidos. Hipóteses: 1. Não existe uma preferência na localização da representação da cena da árvore nos sítios escolhidos. 2. A ocorrência de dois antropomorfos portando objeto de mão delimita esse tipo de registro emblemático. 3. Em um mesmo sítio, que apresenta esse tipo de registro mais de uma vez, foi representado de formas diferentes.

17 16 Para que a pesquisa realizada obtivesse melhores resultados os sítios escolhidos para a realização desse trabalho apresentam as características bem definidas da cena emblemática da árvore (antropomorfo e fitomorfo). Para um melhor entendimento dos resultados da pesquisa, a mesma será apresentada em três capítulos: No primeiro capítulo reserva-se a apresentação da área arqueológica da Serra da Capivara e dos sítios escolhidos, descrevendo seus aspectos ambientais, morfológicos e arqueológicos. No segundo capítulo será feita a apresentação dos aportes teóricos e metodológicos. E para dar ênfase ao que Martin (2005) sugere, de ser uma representação cerimonial ou mitológica, usaremos a etnoarqueologia para expor alguns exemplos de rituais passíveis da utilização de plantas, tanto em tribos indígenas atuais, como em algumas religiões. No Terceiro Capítulo será feita a análise da cena da árvore dos sítios escolhidos, descrevendo cada cena em separado, mesmo que estas se apresentem num mesmo sítio. Por fim serão apresentadas as Considerações Finais com os resultados obtidos na pesquisa sobre as cenas da árvore na região do Parque Nacional Serra da Capivara.

18 17 CAPÍTULO I: APRESENTAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS SÍTIOS Este capítulo consiste na apresentação do Parque Nacional Serra da Capivara e de alguns aspectos como: localização, clima, hidrografia, vegetação, geologia, geomorfologia e a descrição sumária dos sítios arqueológicos escolhidos para a realização dessa monografia. Esta descrição abrangerá inserção topográfica em relação à vertente, morfologia do abrigo, dimensões da área abrigada, rocha suporte e tamanho da mancha gráfica Apresentação do Parque Nacional Serra da Capivara Fig. 1: Delimitação da área do Parque Nacional Serra da Capivara. (site FUMDHAM 2009). O Parque Nacional Serra da Capivara localiza-se no nordeste do Brasil, e sudeste do Piauí, ocupa as áreas dos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Coronel José Dias e Canto do Buriti. O Parque possui uma extensa área de preservação que abrange aproximadamente hectares

19 18 e seu perímetro é de 214,23 km. As altitudes variam entre 630 a 600m a sudoeste e entre 520 a 500m a noroeste. A grande concentração de sítios arqueológicos nos fornece informações diversificadas sobre as primeiras ocupações humanas no continente americano (PESSIS, 2003). 1.2 Aspectos Paisagísticos Clima O clima atual da região é classificado como semi-árido quente, segundo a classificação de Koppen. Os níveis pluviométricos não são regulares, e a média de 650 mm. (Arnaud, 1984) A temperatura média anual é de aproximadamente 28 C. No mês mais frio que é o mês de junho, a temperatura máxima alcança 35 C, a média é 25 C e mínima 10 C. Outubro e novembro marcam o início das chuvas e caracterizam-se por apresentar as temperaturas mais altas do ano, sendo a média das mínimas de 22 C, a média de 31 C e a máxima de 45 C (Emperaire, 1980, apud Santos, 2007). Hidrografia O Parque Nacional Serra da Capivara está situado na sub-bacia do rio Piauí-Canindé, pertencente à bacia do rio Parnaíba. A área drenada da bacia do rio Parnaíba ocupa 75% do Piauí (Santos 2007), o funcionamento dos rios que compõe a rede de drenagem do Parque Nacional Serra da Capivara, reflete o regime climático do tipo semi-árido, com irregularidades permanentes dos cursos de água, portanto os cursos de água têm um regime irregular. Na área da bacia sedimentar, existem olhos d água que, diferente dos riachos, são perenes. No topo ou no sopé dos afloramentos rochosos, aparecem os chamados caldeirões, que são grandes ou pequenas depressões escavadas nas rochas pela ação erosiva e que servem de reservatórios de água da chuva. A área de pedimento é marcada por diversas lagoas temporárias (PELLERIN, 1984).

20 19 Flora Foram estabelecidas as seguintes categorias de vegetação para a área do Parque Nacional Serra da Capivara: caatinga arbustiva alta densa, formações arbóreas, caatinga arbórea média densa, caatinga arbustiva baixa e caatinga arbustiva arbórea. De acordo com Emperaire (1989), essas várias formações são correspondentes às unidades geomorfológicas que compõem a área de estudo, e foram estabelecidas sobre os critérios de solo, estrutura da vegetação, composição florística e degradação. Geologia De acordo com Santos (2007), o Parque Nacional Serra da Capivara e circunvizinhanças encontram-se dentro de dois domínios geológicos: o domínio sedimentar representado pela Bacia Sedimentar do Parnaíba e a Província Estrutural da Borborema representado pela Faixa de Dobramentos Riacho do Pontal. A primeira é representada no Parque Nacional Serra da Capivara pelas rochas sedimentares do Grupo Serra Grande do Siluriano e das Formações Pimenteiras e Cabeças do Devoniano, ocorrem, arenitos, conglomerados, folhelhos e siltitos. O segundo, a Faixa de Dobramentos Riacho do Pontal, bordeja o limite sul do parque. Nela predominam ortognaisses migmatíticos, tonalíticostrondemíticos e granodioríticos, com enclaves máficos e restos de rochas supracrustais, e constitui-se de um sistema de dobramentos inseridos na Província de Borborema (PB). Geomorfologia De acordo com o mapeamento geomorfológico realizado por Pellerin (1984) o Parque Nacional Serra da Capivara e circunvizinhanças desenvolveram-se sobre três unidades geomorfológicas: Planaltos areníticos, Cuesta e Pedimento. Os Planaltos areníticos situam-se a oeste do Parque e constituem chapadas do reverso da cuesta, de relevo regular, de topos tabuliformes de

21 20 baixa declividade e baixa dissecação. O planalto é cortado por vales de orientação N-S, com fundo plano, profundamente encaixado e dominado por cornijas de arenitos subverticais, esculpidos em relevos uniformes e arredondados como o vale Riacho Nova Olinda na Serra Branca. A cuesta é o relevo das rochas sedimentares do Grupo Serra Grande. Constitui uma área com dois alinhamentos, distando entre si de 3km a 7km, portanto a cuesta é dupla, com tabuleiro intermediário. O front da cuesta exibe canyons de entalhe profundo, dominados diretamente por paredões de morfologia ruiniforme-arredondada. O Pedimento é uma grande área de erosão localizada no sopé da cuesta. É um espaço muito plano, sendo testemunho de uma longa evolução em regime de dissecação, variando de 60 km a 80 km de largura Apresentação e Caracterização dos sítios Sítio Toca da Extrema II (Cód. 33) De acordo com o caderno de campo do sítio Toca da Extrema II, o abrigo localiza-se no município de Brejo do Piauí, dentro dos limites do Parque Serra da Capivara, nas coordenadas: UTM L UTM N , a uma altitude de 320 m. Está inserido em uma topografia de baixa vertente, no planalto arenítico, na Serra Branca com orientação N-S, abertura W e tem uma dimensão de 12,90m de comprimento por 7,10m de largura (ver figura 2) A Toca da Extrema II é um abrigo sob rocha arenítica, um bloco isolado, provavelmente desprendido de algum paredão rochoso, toda a parede e boa parte do teto estão cobertas por pinturas. O sítio sofre a ação de agentes degradantes do suporte rochoso que conseqüentemente acabam prejudicando na conservação das pinturas, sendo os principais: o salitre e cupim, contudo o sítio encontra-se em um bom estado de conservação. O suporte arenítico é formado por arenitos finos intercalados de siltito laminados (ESPINOLA, 2009). Ocupa uma cavidade erodida por uma corrente fluvial, a camada externa da rocha no topo do maciço, apresenta a típica erosão do arenito, formando um desenho que lhe vale o nome de carapaça de

22 21 tatu, por parecer um conjunto de placas como as que recobrem o corpo desse animal. Fig. 2: Entrada do sítio Toca da Extrema II. (FUMDHAM 2009). A torre está inclinada para nordeste. Segundo o geomorfólogo Pellerin, toda a torre desprendeu-se do paredão rochoso e desceu, em bloco, sobre todos os blocos ainda visíveis na base da parede pintada (FUMDHAM 2009). A mancha gráfica da Toca da Extrema II apresenta pinturas da Tradição Nordeste e Agreste em alguns blocos de arenito, que se deslocaram da rocha que formam o abrigo, onde é possível observar algumas gravuras. O abrigo foi escavado em 1997 seguindo os seguintes critérios, as trincheiras eram abertas à medida que os blocos iam sendo retirados. Durante a escavação foram evidenciados alguns fragmentos da parede do abrigo que continham figuras rupestres. Estes painéis foram consolidados. O sítio apresenta também afloramento de sais minerais, e infiltrações de fungos de coloração preta decorrentes do escorrimento de água. A escavação foi orientada pelo posicionamento das pinturas rupestres que se encontravam próximas ao solo atual, algumas sendo parcialmente cobertas por sedimento (FUMDAM, 2009).

23 22 A escavação possibilitou revelar uma ocupação entre a anos BP, e ainda duas datações relativas para as pinturas rupestres. A primeira data é um escorrimento de tinta (óxido de ferro) no solo arqueológico, datado em anos BP e outra que data a queda de blocos gravados e pintados em solo arqueológico datado em anos BP. Segundo Souza (2009), os principais vestígios evidenciados foram material lítico lascado, raspador, furador, faca, lesmas, chopper. Foi observada também a utilização de três tipos diferentes de matérias-primas na realização do material lítico: quartzo, quartzito e arenito silificado. Outros artefatos encontrados foram vestígios cerâmicos e uma flauta de madeira, além de vestígios humanos como coprólitos. O sítio é formado por uma extensa mancha gráfica de aproximadamente 25,83m. A mancha gráfica apresenta grafismos puros e figuras reconhecíveis (antropomorfos, zoomorfos e fitomorfos) com grande dinamismo. No sítio encontra-se mais de 467 pinturas, com sobreposições e estilos variados. Em algumas poucas cenas é possível identificar a ação. As pinturas de coloração avermelhada são predominantes, apesar disso as cores amarela e preta aparecem em algumas figuras. Fig. 3: Cena da Árvore na Toca da Extrema II. (FUMDHAM 2009)

24 23 As composições das cenas são de caça, figuras em fila, sexo, grafismos emblemáticos, como o da cena da árvore e o costa-costa, e também de grafismos puros. Alguns antropomorfos e zoomorfos apresentamse isolados, fazendo parte das escolhas particulares dos seus autores. As evidências antrópicas encontradas e a topografia do sítio sugerem que a Toca da Extrema II não foi um local de habitat permanente, pois a área abrigada é pequena. O sítio é relativamente baixo, as fogueiras estruturadas de maneira rudimentar ou simples fogos sem nenhuma estrutura. O número de vestígios líticos e cerâmicos é muito pequeno, o que indica que as atividades técnicas com finalidade econômica não eram comuns nesse local Sítio Toca do Vento (Cód. 26) O sítio Toca do Vento é um abrigo sob rocha arenítica com pinturas e gravuras, localizado na Serra Branca, com coordenadas UTM L , UTM N e altitude de aproximadamente 420 m. Encontra-se topograficamente em alta vertente. O abrigo possui uma área de 65 m de largura e 11,37 de comprimento, abertura SW, orientação SE-NW, (ver figura 4). No sítio ocorreu uma escavação arqueológica onde foi encontrado material lítico (quartzo, quartzito), polidores, percutores, facas e chopper assim como material cerâmico, carvão de fogueira e mancha de ocre. Para esse sítio a datação foi obtida a partir da análise do carvão evidenciado em uma fogueira, após esses estudos realizados a cronologia obtida foi de aproximadamente 8.500±60 anos BP (BETA ) (FUMDHAM, 2009). O sítio apresenta uma mancha gráfica com aproximadamente 23,3 m de comprimento, existem mais de 430 pinturas sendo predominantes as cores vermelho e amarelo. Nesse sítio concentram-se figuras da Tradição Agreste e Nordeste e alguns grafismos puros. As cenas que dominam a mancha gráfica são de caça, sexo, grafismos emblemáticos como a cena da árvore e figuras isoladas de zoomorfos e antropomorfos.

25 24 Fig. 4: Vista do Sítio Toca do Vento. (FUMDAM 2009). A mancha gráfica está sendo deteriorada, pois possuem ações de fungos, insetos como vespas e cupim e animais como o mocó, por isso o sítio encontra-se em um estado de conservação precário. Foram feitas algumas intervenções pela equipe de conservação para diminuir a degradação das pinturas rupestres, como a consolidação de painéis e pingadeiras, além de limpeza mecânica para a retirada de ninhos de insetos Sítio Toca do Nilson do Boqueirão da Pedra Solta (Cód. 123) É um abrigo sob rocha arenítica, localizado topograficamente em baixa vertente, seu relevo é caracterizado por ser um fundo de vale, o tipo de vegetação predominante é a caatinga arbustiva, o sítio está situado na Serra Branca e possui as seguintes coordenadas: UTM L e UTM N Possui orientação noroeste-sudoeste, sua dimensão é de 30 m de comprimento por 10 m de largura (ver figura 5).

26 25 Fig. 5: Vista geral do Sítio Toca do Boqueirão do Nilson da Pedra Solta, FUMDHAM O sítio apresenta pinturas rupestres da Tradição Nordeste e Estilo Serra da Capivara (ver figura 6), a coloração das pinturas é predominantemente vermelha, ocorre apenas uma mudança no tom do vermelho. Os grafismos que se localizam mais altas estão a 3,70 m de altura e os mais baixos a 3 m do solo. Apenas uma pequena parte do suporte rochoso foi utilizado para serem realizadas as pinturas rupestres. O sitio foi descoberto em 1979 na campanha franco-brasileira, com as prospecções realizadas no intuito de encontrar pinturas rupestres. Para esse sítio não houve nenhum tipo de escavação arqueológica. O local possui alguns agentes de degradação do suporte rochoso, como cupins. Existe também problemas com relação à água da chuva, para isso foram implantadas pingadeiras, que contém a ação desse agente degradante das pinturas. A mancha gráfica do sítio apresenta-se diferente dos demais sítios da pesquisa, pois em todo o paredão rochoso é observada a presença de quatro composições cenográficas, sendo que em três é representado uma figura de

27 26 um fitomorfo, como é o caso das duas cenas utilizadas na pesquisa, e outra cena, na qual parece tratar-se de uma cena de caça (ver figura 6). Fig. 6: Pinturas da Tradição Nordeste e estilo Serra da Capivara.

28 27 CAPÍTULO 2: APORTES TEÓRICOS E METODOLÓGICOS 2.1. O Registro Rupestre nas origens da Arte De acordo com Gombrich (2000) o termo rupestre vem da Europa, e indica gravação, traçado e pintura sobre suporte rochoso, sem distinção de técnica, ou seja, independentemente do procedimento aplicado na preparação desses vestígios, se forem confeccionados num suporte rochoso é considerado rupestre. Giedion (2000) considera esse tipo de manifestação artística como sendo a mais antiga do homem, pois antecede a fala e a escrita, e é realizada em cavernas, grutas ou ao ar livre. A designação de arte para os registros rupestres pré-históricos é bastante polêmica entre arqueólogos e historiadores da arte, pois o termo arte encontra-se intimamente ligado a questão da estética com a finalidade de observação e apreciação. O registro rupestre além do seu inegável valor estético é parte do contexto arqueológico, utilizado na identificação dos diferentes grupos étnicos que o realizara (MARTIN, 2005). Gaspar (2003) considera o termo arte rupestre já consagrada para ser substituída, e sugere que a tratemos da mesma maneira que Prous, quando fala de sua origem dessa palavra. Para Prous (1992) as palavras arte e artista têm a mesma origem latina de artesão, sendo os conhecimentos de regras que nos permitem realizar uma obra perfeitamente adequada a sua finalidade. Apoiando-me no conceito proposto por Prous (1992) irei me referir a estas manifestações simbólicas do homem pré-histórico como arte rupestre. Além de acreditar no seu valor estético, e na sua inegável contribuição no estudo da pré-história humana.

29 Registro Rupestre As pinturas rupestres representam vestígios significativos deixados pelos humanos. Mesmo sem procurar interpretá-las, julgam que elas permitem identificar os modos de vida de seus criadores (André Prous, 1992, p. 45). O maior empecilho encontrado no estudo da arte rupestre está intimamente relacionado ao seu caráter dispersivo, ou seja, a ocorrência desses vestígios em diferentes partes do mundo. E quando associado às dificuldades na conservação dos sítios e, conseqüentemente, da própria arte rupestre, tornam seus estudos ainda mais complicados. A citação de Prous presente no início desse capítulo reflete a atual situação dos estudos da arte rupestre dentro da sociedade arqueológica, que não tem a pretensão de fazer interpretações, e sim, observar e descrever o que existe de concreto, pois a interpretação desses registros pré-históricos seria muito frágil, ao que se refere um caráter científico. Já que estamos trabalhando com um universo abstrato de idéias, referente a um período da história humana da qual não possuiu um contexto global. Exatamente por isso, as análises da arte rupestre, devem possuir um caráter mais técnico que interpretativo, privilegiando a maneira como eles foram concebidos, quais os recursos materiais foram utilizados e, principalmente, quais os grafismos podem ser considerados como representativos de uma tradição rupestre. A cena da árvore é considerada como registro emblemático da Tradição Nordeste, e é o objeto desta pesquisa, que pretende fazer uma análise cenográfica desse registro em diferentes sítios, localizados na mesma área arqueológica da Serra da Capivara. As cenas escolhidas para esta pesquisa são classificadas dentro da Tradição Nordeste, pertencentes regionalmente a subtradição Várzea Grande, com características do Estilo Serra da Capivara. A partir da década de 70, com os trabalhos sistemáticos de Leroi Gourhan e Annete Laminig-Emperaire, foi que os registros rupestres passaram

30 29 a ser considerados como uma forma de comunicação dos indivíduos préhistóricos. A análise dos diferentes tipos de registro representados no paredão rochoso permite-nos reconhecer características específicas presentes nos diferentes tipos de manifestações picturais. No mesmo período a equipe franco-brasileira liderada pela arqueóloga Niède Guidon chega ao sudeste do Piauí e encontra uma grande concentração de pinturas rupestres, mas nenhum estudo arqueológico anterior. Com isso, Niède e sua equipe começam a identificar os sítios com arte rupestre para que pudesse iniciar com suas pesquisas na região. Pela grande concentração de sítios e seu enorme potencial arqueológico, a arqueóloga Niède Guidon conseguiu juntar em sua pesquisa uma grande equipe de cientistas dentre eles, Anne Marie Pessis, Silvia Maranca e Gabriela Martin, que juntas classificam as pinturas em dois grupos denominados de tradição, que são: Tradição Nordeste e Tradição Geométrica. Porém existe outra tradição, a Tradição Agreste classificada por Alice Aguiar na década de 80. Os grafismos rupestres no Nordeste, e em parte do Brasil, foram ordenados em classes primeiras chamadas de Tradição. As Tradições foram estabelecidas pelos tipos de grafismos representados e pela proporção relativa que esses guardam entre si (GUIDON, 1989). O conjunto de características que se refletem em diferentes sítios associados de maneiras similares, atribuindo cada uma delas ao complexo cultural de grupos étnicos diferentes, que as transmitiam e difundiam gradualmente modificadas através do tempo e do espaço (Valentin Calderón apud MARTIN 2005, p. 234). Gabriela Martin (2005) define tradição como a representação visual de todo universo simbólico primitivo que pode ter sido transmitido durante milênios, sem que, necessariamente, pertençam aos mesmos grupos étnicos. Para definir as tradições de pinturas, Pessis e Guidon (1992) definiram as tradições de pinturas considerando os tipos de figuras, as proporções relativas que existem entre os diferentes tipos, e as relações que se estabelecem entre grafismos que compõe um painel. A formulação dos tipos é resultado de uma síntese de vários parâmetros escolhidos entre as

31 30 características oferecidas pelo conjunto de todas as manifestações gráficas existentes na área arqueológica. As pesquisas realizadas sobre as tradições ajudam o estudo arqueológico por fornecer um acervo de informações que servem de base para definir perfis gráficos dos grupos estudados e a partir dessas comparações. E para ajudar os estudos sobre arte rupestre as tradições foram dividas em subtradições. Entre essas divisões encontramos a subtração Várzea Grande, designada para a arte rupestre da área do Parque Nacional Serra da Capivara no sudeste do Piauí e que faz parte da minha pesquisa. Por fim foi segregada uma nova classe, os estilos, que são caracterizados pela técnica da pintura, distinguindo-se os estilos: Serra da Capivara, Serra Talhada, Serra Branca. A Etnoarqueologia e sua contribuição no estudo da Arte Rupestre Para David e Kramer (2002) o principal objetivo da etnoarqueologia é fornecer ligações entre o presente e o passado. Seguindo esse pensamento Martin (2005), acredita que o uso da etnoarqueologia surge para contribuir com o estudo da arte rupestre. Devido à escassez de contexto arqueológico nos sítios com arte rupestre, ou seja, como poucos sítios com pinturas foram escavados, dificilmente poderemos relacionar a arte rupestre à cultura material evidenciada nessas escavações. A etnoarqueologia surge, no final da década de 1950, para auxiliar a questão das hipóteses levantadas sobre essas evidências arqueológicas. A partir de então a etnoarqueologia se mostra como o caminho mais apropriado e produtivo para responder sobre quanto, como e por que as pessoas usam o espaço, aproveitando para isso de uma análise cujo objetivo é apresentar e testar o comportamento de culturas atuais com as informações da arqueologia obtida através da cultura material. Martin (2005), afirma que a etnoarqueologia apesar de sugestiva, pode se tornar perigosa, mas seu estudo deve ser feito, com restrições, para não cair em interpretações que, como já foi dito anteriormente, possuem muita

32 31 fragilidade no campo científico. E que a transmissão de conhecimentos e de mitos representados nas pinturas podem ser feitas através dos chefes, feiticeiros, pajés dentro de uma comunidade indígena. O que não podemos esquecer é que esse tipo de análise pode nos fornecer, no máximo, uma idéia aproximada do passado remoto do homem pré-histórico. Quando o estudo é sobre os registros característicos de uma tradição, ou seja, os registros emblemáticos, o uso da etnoarqueologia pode ser o único meio de chegarmos a uma hipótese. Por não possuírem uma finalidade explícita em sua cenografia, diferentemente de outros tipos de arte rupestre, como as cenas de sexo, luta, caça entre outras representações cujo significado encontra-se mais próximo do nosso cotidiano. A cena da árvore, por se tratar de uma cenografia no qual o seu significado nos escapa, bem como sua ocorrência apresenta-se em diferentes épocas e locais, muitos autores usam de distintas explicações para justificar sua composição cenográfica. Como por exemplo, Prous (1992), que sugere ser uma forma de expressar o respeito do homem para com a natureza, ou Pessis (1992) e Gaspar (2003) que sugerem um ritual, por englobar antropomorfos ao redor de um fitomorfo na qual a finalidade não está explícita. Pessis e Gaspar, provavelmente basearam-se numa comparação etnográfica com tribos indígenas atuais que possuem em seu cotidiano praticas ritualísticas envolvendo elementos vegetais ( árvores, ramos, arbustos, etc). Através dessa análise etnoarqueologica apresentada por Pessis e Gaspar é que irei me referir a cena da árvore como uma cena ritualística, sem pretensão de inferir interpretações sobre o seu objetivo. Tradição Agreste Recebe esse nome pelo fato de uma grande concentração de sítios com esta tradição serem encontrados no sopé da serra, várzeas e brejos da região agreste do estado do Piauí, do Pernambuco e do sul da Paraíba, contudo, encontra-se presente espalhadas por todo o nordeste.

33 32 Essa tradição é caracterizada pela predominância de grafismos reconhecíveis, sendo mais comum a representação de antropomorfos do que os de zoomorfos, a ocorrência de fitomorfos e objetos não se encontram na mancha gráfica dessa tradição. As cenas são raras nessa tradição e quando ocorrem apresentam-se compostas por poucos indivíduos ou animais. Sendo os antropomorfos predominantemente pintados em grandes dimensões, diferentemente dos grafismos da Tradição Nordeste que não ultrapassam os 15 centímetros. Aguiar (1982) afirma que os animais representados nessa tradição assim como os antropomorfos são pintados com traços mais grosseiros, ao que se refere à técnica empregada na sua elaboração, sem muita preocupação com os detalhes, não sendo possível identificar as espécies animais. Em sua maioria são identifica aves, quadrúpedes, lagartos e peixes com poucos detalhes. A cor vermelha é predominante, apresentando-se em vários tons. Fig. 7: Toca do Fundo do Baixão da Vaca I. (FUMDHAM, 2009).

34 33 Tradição Nordeste Os registros gráficos dessa tradição caracterizam-se pela presença de grafismos reconhecíveis, ou seja, antropomorfos, zoomorfos, fitomorfos e objetos, que juntos compõe cenas do cotidiano desses homens pré-históricos. Existem ainda grafismos não reconhecíveis que aparecem isolados ou como parte das composições. São registros gráficos representados por linhas, pontos, círculos e que foram denominados por Guidon e Pessis (1992) como geométricos. Fig. 8: Antropomorfos e zoomorfos da tradição Nordeste, Toca da Entrada do Pajaú. Foto: Itelmar Negreiros. Na região do Parque Nacional Serra da Capivara, a Tradição Nordeste é dominante nas pinturas rupestres. As figuras humanas e de animais são representados proporcionalmente e se sobressaem no quesito quantitativo sobre as representações de objetos e de figuras fitomorfas. É comum a presença de adornos, objetos cerimoniais, armas primitivas na composição dos grafismos rupestres. De acordo com Martin (2005) a Tradição Nordeste é tradição mais antiga. Através de datações relativas obteve-se uma datação de anos AP para o início dessa prática, desaparecendo acerca de anos AP. Durante esse período, as principais cenas representadas são atividades do

35 34 cotidiano, tais como, caça, rituais, sexo e luta. Com o final da Tradição Nordeste surgem outras manifestações rupestres. As diferenças na temática e na técnica sugerem que essas novas manifestações estariam filiadas a um novo grupo étnico que provavelmente tinham características culturais diferentes que se refletiam nas pinturas. Com os estudos posteriores foram demonstrados que as características da Tradição Nordeste aparecem em outras áreas da região Nordeste do Brasil, que poderia ser um tipo de arte figurativa de grupos caçadores. Foram identificados como Tradição Nordeste, além dos sítios do Piauí, sítios localizados na área do Seridó no Rio Grande do Norte, Chapada Diamantina, Bahia, em Sergipe e na Paraíba. O centro difusor da tradição nordeste encontra-se inserido na região sudeste do Piauí, na área do Parque Nacional Serra da Capivara. A origem da tradição Nordeste deu-se nessa área e estende-se para outras regiões, como: o Vale do São Francisco até o Sergipe e expandindo para outras regiões do nordeste como Bahia e Paraíba (MARTIN, 2005). Com relação à cor dos grafismos, a pigmentação predominante é a vermelha, havendo algumas mudanças na tonalidade, porém podem-se observar alguns diferentes tipos de cores como branco, preto, amarelo e cinza. No sudeste do Piauí também é possível observar alguns zoomorfos de coloração azul e outros verdes. Em muitas manchas gráficas pode-se perceber que existe a policromia, principalmente na Tradição Nordeste. Dentro da Tradição Nordeste, encontramos os chamados marcadores emblemáticos, que são instrumentos culturais daqueles que o realizara, e como esse tipo de representação encontra-se repetidamente representado não só na área do Parque Nacional Serra da Capivara, mas como em outras áreas, é de suma importância no estudo das diferentes etnias que habitaram o Nordeste no passado. É possível observar grafismos representando aspectos da vida cotidiana do homem pré-histórico (ver figura 9), e também cenas que são consideradas ritualísticas, como por exemplo, a cena da árvore (ver figura 10). Este grafismo seria uma das representações emblemáticas da Tradição Nordeste. Uma das mais recorrentes são duas figuras antropomorfas de costas

36 35 entre si, separadas por um tridígito (grafismo em forma de setas). Outra cena que se pode observar em diversos abrigos separados, por mais de 1000 km, são dois antropomorfos que parecem abrigar ou segurar uma criança. Fig. 9: Antropomorfos carregando sacolas. Sítio Xique-Xique I - Carnaúba dos Dantas - Seridó RN. (Acervo FUMDHAM 2009). Fig. 10: Cena da árvore. Sítio Toca da Entrada do Pajaú. Foto: Itelmar Negreiros. O tema dessa pesquisa encontra-se inserido na definição de marcadores emblemáticos. É uma composição cenográfica, que apresenta dois

37 36 ou mais antropomorfos ao redor de um fitomorfo. Essa cena repete-se em vários sítios do PARNA, bem como de outras partes do Nordeste. Fig. 11 e 12: Cena da árvore nos Sítios: Toca da Entrada do Pajaú e Baixão da Vaca. (Acervo FUMDHAM) As subtradições surgem para distinguir as pinturas rupestres pertencentes à mesma tradição, mas que se encontram distribuídas geograficamente em pontos diferentes, o que implica na presença de novos elementos. Para cada subtradição distinguiram-se diferentes estilos, que são definidos a partir de particularidades nas manifestações da técnica de pintura e pelas características que apresentam na temática gráfica. Subtradição Várzea Grande, São Raimundo Nonato PI Para Guidon (1992) as subtradições são classes provenientes da Tradição que têm um grau mais específico no campo da pesquisa. São estabelecidas segundo critérios ligados a analogias na apresentação gráfica de um mesmo tema e a distribuição geográfica em que está inserida. Martin (2005) aponta que para a região do Piauí denomina-se a subtradição Várzea Grande cujas primeiras manifestações aparecem nos abrigo da Serra da Capivara. Atualmente é a tradição que foi mais bem estudada, possuindo inúmeras publicações de autoria de Niède Guidon e Pessis, que tentam estabelecer, a partir de critérios técnicos para pintura uma linha evolutiva para os estilos que delas originam-se.

38 37 A subtradição Várzea Grande encontra-se presente na maior parte dos abrigos com arte rupestre do Parque Nacional, é a subtradição que perdura por mais tempo. A cronologia para essa subtração foi possível através da análise de resto de óxido de ferro, evidenciados no sedimento durante as escavações. A datação relativa do material foi possível, pelo fato do mesmo, encontrar-se próximo às estruturas de fogueiras. Segundo Bhan e Renfrew (1998) esse tipo de método é conhecido como datação relativa, e é realizada a partir de painéis de pintura rupestre, que ao se desprender do paredão ficam cobertos por sedimentos. Quando são evidenciados nas escavações de abrigos sob rocha, atribui-se a idade referente a outros vestígios encontrados no mesmo nível estratigráfico, e também se encontram associados a elementos orgânicos que recobrem os painéis de pinturas. A subtradição Várzea Grande encontra-se dividida em três períodos estilísticos. Estes foram chamados de estilos: O Serra da Capivara considerado o mais antigo, o Complexo Estilístico Serra Talhada, e o mais recente, Serra Branca. Estilo Serra da Capivara O estilo Serra da Capivara é considerado o mais antigo de acordo com Martin (2005), surgindo a cerca de anos AP e desaparecendo aproximadamente há anos AP. Suas representações são compostas por dinâmicas individuais mostrando um grande potencial lúdico, apresenta grafismos de contornos totalmente fechados e dependendo da dimensão são completamente preenchidos. De acordo com Souza (2009), o Estilo Serra da Capivara aparece com maior freqüência nos sítios de pinturas rupestres, mesmo nos que ocorre uma dominância estilística diferente. Este estilo possui traços essenciais para identificação. As figuras de antropomorfos são consideradas simples por não

39 38 dominarem a presença de adornos ou vestimentas, no entanto contém posturas e gestos que indicam movimento. Os zoomorfos são principalmente cervídeos junto com os antropomorfos em uso com objetos de mão. Geralmente a representação de antropomorfo possui tamanho reduzido em relação a os zoomorfos, e as figuras de animais apresentam-se mais visíveis na distribuição da mancha gráfica. As temáticas identificadas relacionam geralmente à sexualidade, os ritos cerimoniais, e a caça que nesse momento se apresenta como uma ação individual. Fig. 13: Sítio Toca da Entrada do Pajaú, pinturas do Estilo Serra da Capivara. Foto: Itelmar Negreiros. A predominância da cor é o vermelho, pois o aparecimento das cores como amarelo, cinza, preto e azul só ocorre por volta de anos B.P, e esse é o período final desse estilo.

40 39 Complexo Estilístico Serra Talhada O Complexo Estilístico Serra Talhada é considerado, dentre os três estilos da Subtração Várzea Grande, o mais heterogêneo possuindo várias características técnicas que nem sempre estão presentes em todos os sítios, mas pela sua abundancia de técnicas, quando uma falta a outra se encontra presente. Esse estilo caracteriza-se por apresentar uma variação nas cores utilizadas na produção das pinturas, além do vermelho, aparecem pinturas nas cores: cinza, marrom, amarelo e o branco sendo comum na mancha gráfica a presença de figuras bicromáticas ou policromático. Fig. 14: Nicho Policromático do Sítio Boqueirão da Pedra Furada. Foto: Itelmar Negreiros. Estilo Serra Branca Pessis e Guidon (1989) consideram o estilo Serra branca como a fase final da produção de arte rupestre para área do Parque Nacional Serra da

41 40 Capivara. E caracteriza-se pela decoração através de linhas verticais ou traços geométricos, no interior das pinturas. É comum a representação de animais pela técnica do contorno aberto, onde alguns são completamente preenchidos, a exemplo do estilo Serra da Capivara, mas alguns apresentam o preenchimento geométrico semelhante às figuras humanas. É o estilo com menor recorrência nos sítios do Parque Nacional Serra da Capivara. De acordo com Martin (2005) estaria representado pelo sítio Toca do Salitre principalmente, e também por grupos de figuras zoomorfas e antropomorfas nos abrigos, Toca do Morcego, do Caldeirão do Rodrigues I, do Brejinho e do Boqueirão do Paraguaio. Fig. 15: Antropomorfos do estilo Serra Branca, Toca do Morcego (FUMDHAM, 2009) Subtradição Seridó, Rio Grande do Norte A julgar pelas datas obtidas, a subtradição Seridó poderia ter uma cronologia inicial de anos, mas isto é, no momento, uma hipótese e deverá ainda ser confirmada. (MARTIN, p. 259).

42 41 A arte rupestre do Seridó apresenta-nos a vida cotidiana da pré-história de forma violenta, trágica, lúdica, singela, sexual e dinâmica que esses artistas se encontravam (ver figura 16). A representação do sexo encontra em abundância, mas diferente da representação sexual presente na área da Serra da Capivara, na área do Seridó encontra-se registrada de forma simplificada que em nada lembra um ritual, figurando grafismos que parecem cenas de estupro (ver figura 17). Fig. 16: Arte rupestre pertencente à subtradição Seridó, Carnaúba dos Dantas - RN; a) cena de violência, b) caçadores coletores, c) antropomorfos adornados, d) piroga, embarcações primitivas presentes apenas nessa região, e) registro emblemático onde dois antropomorfos protegem uma criança (MARTIN, 2005). Fig. 17: Cena de sexo no sítio Carnaúba dos Dantas RN, área arqueológica do Seridó (MARTIN, 2005).

43 42 Os ramos de árvore encontram-se associados a animais, cenas de sexo além da cena emblemática da árvore que estão associados a antropomorfos. De acordo com os estudos realizados sobre a subtradição Seridó, acredita-se que ela tenha se expandido, penetrando na Paraíba, com características modificadas, mas com elementos gráficos típicos da Tradição Nordeste (MARTIN, 2005) Registros Emblemáticos De acordo com Pessis (1991), um Registro Emblemático é um instrumento de identificação gráfica que se estabelece a partir de uma pesquisa analítica, em vários sítios de diferentes lugares, que permite contribuir a identificação de uma determinada tradição. Pessis, em 1984 apresentou um método de interpretação no estudo da arte rupestre, na qual propõe o reconhecimento de padrões através de 3 unidades gráficas: temática, técnica e cenografia. Ela sugere que através do reconhecimento de padrões presentes nas cenografias é um indicador cultural, ou seja, identifica uma autoria étnica diferente. Optamos para essa pesquisa a análise cenográfica proposta por Pessis, que será feita a partir do terceiro capítulo, e através disso identificaremos padrões de reconhecimento cultural. Para isso utilizaremos de uma cena característica da Tradição Nordeste, em que dois ou mais antropomorfos encontram-se ao redor de um ramo de árvore com os braços levantados, numa cena que podemos julgar de veneração à árvore, definida como cena da árvore. Os registros rupestres, ao contrário do que se pensa, traduzem uma considerável fonte de conhecimentos sobre aqueles que o produziram, pois expressam na rocha atividades sociais dos grupos étnicos que o realizaram, assim como os demais componentes da cultura material. Na evolução estilística da Tradição Nordeste, observamos uma evolução nos elementos representados na cena da árvore, preservando,

44 43 contudo, a estrutura da representação. O ritual continua sendo realizado ao redor de um ramo de árvore, mas ao longo do tempo, vai ganhando traços mais elaborados e surgem novos personagens na cena, (ver figura 18). Fig. 18: Evolução estilística do registro emblemático da cena da árvore (MARTIN, 2005). A composição cenográfica é conservada, continuam sendo representados antropomorfos e fitomorfos. Inicialmente são representados figuras humanas isoladas ou em dupla. Chegando ao período estilístico final com uma maior quantidade de indivíduos, surge então a preocupação em salientar o órgão sexual masculino em todos os indivíduos envolvidos na cena (GASPAR, 2003). As chamadas cenas da árvore de acordo com Martin (2005) podem ser consideradas como logotipos da Tradição Nordeste e são encontradas tanto na Serra da Capivara, como da área arqueológica do Seridó, duas áreas arqueológicas que se encontram separadas por centenas de quilômetros. A cena, como já descrita anteriormente, é composta por antropomorfos, solitários ou em grupo, ao redor de uma árvore, sempre com as mãos levantadas, como se estivessem representando um ritual, uma dança. A dança nas pinturas rupestres, quando representadas de forma coletiva, denota um estado de euforia, de comunicação com uma divindade (JUSTAMAND, 2007). Em algumas representações nos abrigos do Seridó é possível observar o uso de máscaras por alguns indivíduos envolvidos na cena (ver figura 19), o que não são observados nos abrigos da área do Parque Nacional Serra da Capivara.

45 44 Fig. 19: Antropomorfo mascarado portando ramo de árvore, Carnaúba dos Dantas RN (MARTIN, 2005). Pessis (2003) sugere que os adornos representados nas pinturas rupestres indicam sinais de hierarquia, e provavelmente indicavam os líderes do grupo (ver figura 20). Gabriela Martim (2005) complementa dizendo que, os chefes são caracterizados pelo uso de adornos, como por exemplo: cocares, máscaras, armas, ou ainda, um grande falo (ver figura 20). Ou seja, através desse tipo de observação podemos indicar as individualidades culturais. Fig. 20: Antropomorfos usando adorno (cocares); E antropomorfo exibindo um grande falo. Carnaúba dos Dantas RN (MARTIN, 2005). Prous (2006) afirma que a preocupação na representação de animais e das plantas em numerosos abrigos de registros rupestre, é tida como uma forma de respeito pelo meio ambiente natural pré-adquirido. Medeiros (2009), conclui não ser uma associação fácil, mas não descarta a possibilidade do uso ritualístico ou religioso de plantas, como sugere um conhecimento dessas

46 45 populações pré-históricas, sobre a utilização de espécies vegetais. O fato de se encontrarem próximas a outros tipos de representações, como a guerra e o ato sexual, supõe-se que eles tinham um nível de importância muito elevado dentro dessas sociedades. O culto da natureza pelo homem pré-histórico é citado por Giedion (2000), em seu livro sobre o início da arte, onde fala da inferioridade da representação humana frente às representações de animais. Segundo o autor os animais eram considerados mais fortes e mais bonitos. E o uso de máscaras em ocasiões festivas, representadas nas pinturas pode sugerir esse tipo de inferioridade. A esse exemplo encontramos pinturas espalhadas por todas as partes do mundo, que apresentam elementos que corroboram com a citação acima. Em Lascaux encontramos uma cena em que um antropomorfo, a qual Giedion o denomina de ornitocéfalo por apresentar uma face de ave, tendo a sua frente um bisão ferido e a sua esquerda encontra-se um pássaro (Ver figura 21). Fig. 21: Pintura rupestre em Lascaux França. Fonte: (Pereira 2005).

47 46 No Parque Nacional Serra da Capivara, encontramos uma pintura pertencente à Tradição Nordeste em que o antropomorfo de tamanho reduzido aparece aparentemente submisso a uma figura de um pássaro antropomórfico (Ver figura 22). Fig. 22: Antropomorfo submisso a pássaro Antropomórfico. Toca do Caldeirão dos Rodrigues. (Acervo FUMDHAM) Jean Langdon (2000) defende o uso de algumas espécies vegetais com poderes alucinógenos, utilizados como fontes de inspiração artística. Como explica em seu artigo sobre A cultura Siona e a experiência alucinógena, onde descreve um ritual xamânico denominado yajé de grande importância para a cultura Siona. Para tal cerimônia se utilizam maços de ervas de perfume adocicado e O tufo, ou vassourinhas de folhas secas é chacoalhado ritmicamente durante certos trechos da cerimônia (LANGDON, 2000: p. 72) Uma bebida é preparada com a planta do gênero Banisteriopsis sp que permite ao xamã o contato com centenas de espíritos que habitam os cinco planos do universo. Durante a cerimônia o xamã a fim de livrar-se de seus possíveis efeitos negativos, canta e sacode alguns ramos de folhas secas.

48 47 A Banisteriopsis é também conhecida no Brasil como ayahuasca, bebida utilizada pelos adeptos a doutrina do Santo Daime, que segundo Eliade (1998), é uma doutrina que tem como base o uso ritual de substâncias psicoativas como a ayahuasca como busca de um autoconhecimento, e a procura da perfeição interior. Para Terence Mckenna (1986), os componentes químicos mutagênicos e psicoativos existentes na dieta dos primeiros humanos influenciaram diretamente a rápida reorganização das capacidades do cérebro processar informações. Ele ainda afirma que a ação dos alucinógenos presentes em muitas plantas teria aumentado a nossa atividade de processamento de informações e a nossa sensibilidade ambiental, com isso contribuindo para a rápida expansão do cérebro. Ao que se refere à cena da árvore, Giedion descreve um ritual de enterramento de um animal, gravado em osso procedente de Chancelade (Dordonha, França) na qual um cortejo de homens portando curiosas ramas acompanha cerimonialmente os restos de um animal. Essas ramas de árvore de acordo com Collinder (apud Giedion, 2000, pag. 326) eram usadas para açoitar o cadáver do animal, essa ação conferia força vital ao osso. Pelo que se entende esse ritual registrado na França, era motivado pela crença de que o ramo, possuindo um poder mágico transferia ao cadáver animal força vital, ou seja, uma maneira que eles encontraram para poder reencarnar o animal Metodologia A metodologia escolhida para esta pesquisa foi baseada na análise apresentada por Pessis em 1984, em que propõe uma análise gráfica através de três unidades: temática, técnica e cenografia. Como a pesquisa é sobre um registro emblemático da Tradição Nordeste, foi realizada inicialmente uma pesquisa, sobre as classificações das pinturas rupestres. E a partir de um melhor entendimento sobre o estudo da arte rupestre, foi possível identificar sítios que apresentavam a mesma cena.

49 48 Com um melhor entendimento sobre a arte rupestre na área do Nordeste Brasileiro, realizamos uma pesquisa fotográfica, com a finalidade de encontrar sítios próximos que apresentassem os mesmos marcadores emblemáticos. A pesquisa imagética foi realizada junto ao acervo da Fundação Museu do Homem Americano - FUMDHAM, e então definidos para a pesquisa os sítios: Toca da Extrema II, Toca do Vento e Toca do Nilson do Boqueirão da Pedra Solta. Os sítios encontram-se na mesma área, denominada localmente como Serra Branca. Após definidos os sítios para a pesquisa, passamos a procurar informações sobre cada um, e com isso elaborar um estudo mais sistemático, com as informações obtidas através dos cadernos de campo, disponíveis na biblioteca da FUMDHAM. Essas informações foram de grande importância no que diz respeito à contextualização das pinturas com os artefatos evidenciados nas escavações realizadas em cada um dos sítios. Apesar de encontrar-se na mesma área, os sítios com a presença da cena da árvore, apresentam características distintas, que serão melhores expressas no próximo capítulo. Para um melhor resultado na pesquisa, escolhemos trabalhar as cenas escolhidas no software Photoshop, pois como se trata de uma cena com a presença de mais de um item (antropomorfos, fitomorfos, e em um sítio um zoomorfo), a segregação de cada figura que compõe a cena é necessária para uma análise detalhada. Com a segregação dos componentes da cena, e o aprimoramento visual das imagens, foi realizada uma análise de cada cena em separado, item por item, e em seguida uma análise conjunta nas cenas de cada sítio, o que permitiu a observação de padrões de similaridades, bem como fatores discordantes presentes nas cenas. De acordo com Pessis (1992), a dimensão temática faz parte do constituinte cognitivo, já que está ligada a experiências sócio-culturais e ambientais adquiridas pelos seus autores. Todos esses fatores foram levados em conta na análise, dimensão e localização da cena na mancha gráfica, altura em relação ao solo e orientação das fotografias, para que fosse possível

50 49 responder se existe padrão na escolha do espaço para o agenciamento da representação na mancha gráfica. A segregação dos elementos presentes na cena foi escolhida para ajudar na caracterização nas formas de representação da cena da árvore em cada sítio, bem como na identificação da presença de figuras incomuns na cena da árvore, como zoomorfos, antropomorfos, máscaras ou adornos. Apesar de tratar-se de uma cena, seus elementos constituintes foram observados individualmente, porém a análise foi realizada, levando em conta a composição cenográfica de todos os sítios, e assim, pudemos atingir os objetivos iniciais da pesquisa, tais como se existem diferenças dentro de uma mesma cena. Esses dados serão apresentados no próximo capítulo.

51 50 CAPITULO III: ANÁLISE CENOGRÁFICA DAS CENAS DA ÁRVORE Todos os sítios pesquisados são abrigos sob rocha arenítica e estão localizados na área da Serra Branca. A análise das cenas da árvore seguirá os critérios sugeridos por Pessis, dando ênfase à cenografia, já que a temática esta determinada como a cena da árvore. Para essa monografia foram trabalhados os seguintes sítios: Toca do João Arsena, Toca da Extrema II, Toca do Vento e Toca do Nilson do Boqueirão da Pedra Solta. Para Pessis (1984), o estudo micro-analítico da cenografia irá determinar a forma como se apresentam os grafismos, se aparecem juntos ou segregados, e qual sua orientação espacial dentro da mancha gráfica e suas dimensões. Para um melhor entendimento da análise, formulou-se uma tabela com os diferentes tipos de elementos da composição cenográfica, ou seja, dividiu-se em classes os variados tipos de representação de antropomorfos, fitomorfos e zoomorfo, bem como objetos de mão e adornos Toca da Extrema II ou do Gato Assim como os demais sítios utilizados nessa pesquisa, o Sítio Toca da Extrema II ou Toca do Gato, como também é conhecido, é um sítio sob rocha arenítica e está localizada na Serra Branca. Escolhemos para essa pesquisa duas cenas que se encaixam na definição de cena da árvore, que serão detalhadas a seguir. Análise da cena 01 A cena definida nessa pesquisa como cena 1, é talvez a cena da árvore mais conhecida da Tradição Nordeste. Apresentando componentes essenciais para a definição de um possível culto a um ramo de árvore (ver figura 23).

52 51 Fig. 23: Cena da árvore nº 1 do Sítio Toca da Extrema II ou Toca do Gato. A cena da árvore nº 1 encontra-se localizado a sudoeste na mancha gráfica, em uma altura de aproximadamente 2 metros em relação ao solo, composta por 12 antropomorfos medindo 8 cm de comprimento, e o fitomorfo da cena apresenta-se com 10 cm de comprimento. Dentre os 12 antropomorfos na cena, apenas um foi pintado de maneira diferente do restante do grupo. Enquanto a maior parte dos antropomorfos foram representados de perfil, com as mãos levantadas em direção ao ramo da árvore, o antropomorfo de nº 1, ao que parece, surge na cena na posição frontal, em um plano acima da composição final da cenografia (ver figura 24). Percebemos algumas singularidades presentes no antropomorfo nº 1, além de ser o único indivíduo a apresentar-se frontalmente, a técnica utilizada em sua realização parece ser diferente daquela aplicada aos demais, como por exemplo: apesar de se apresentar de mãos estendidas, apresenta as mãos com um traço mais grosso, diferente de todos os antropomorfos envolvidos na cena; os pés também foram pintados com formas distintas dos demais, pois, enquanto os 11 antropomorfos que estão virados para o fitomorfo apresentam

53 52 os pés com apenas um traço, o indivíduo n º 1 foi representado com dois traços formando o desenho do pé (ver figura 25). Outra particularidade encontra-se na morfologia do falo, que está presente em todos os indivíduos da composição cenográfica, o antropomorfo nº 1 apresenta um falo pequeno e sem curvatura, enquanto os 11 seguintes foram representados com um falo desproporcional ao seu tamanho e inclinados para cima, como se expressassem uma ereção. (ver figura 25). Fig. 24: Cena da árvore nº 1 segregada e com os antropomorfos numerados Toca da Extrema II. Fig. 25: Antropomorfos segregados, com características diferenciadas dentro da cena da árvore nº 1 Toca da Extrema II.

54 53 Além do antropomorfo de nº 1, outro antropomorfo presente na cena, se destaca por possuir atributos únicos na composição cenográfica; o indivíduo de nº 9 é a única figura a apresentar adorno na cena. O padrão da cabeça dos antropomorfos é semelhante entre todos os participantes da cena, modificandose apenas no tamanho que varia de indivíduo para indivíduo. Somente o nº 9 apresenta uma espécie de adorno, com a cabeça esquivada de uma forma que sugere estar inclinada para trás, de onde surge uma espécie de cocar indígena com 3 saliências (ver figura 26). Fig. 26: Diferentes morfologias da cabeça na mesma cena, e em destaque o antropomorfo de nº 9 apresentando um adorno. Como foi dito acima, o fitomorfo da cena 1, tem 10 cm de comprimento e foi classificado como pertencente ao tipo 3, e encontra-se parcialmente apagado na parte superior ramo da esquerda, sendo que o ramo da direita conserva-se melhor, mesmo com a desagregação de pequenas partes do paredão rochoso (ver figura 27). Fig. 27: Fitomorfo da cena 1 Toca da Extrema II.

55 54 Análise da Cena 02 A segunda cena do Sítio Toca da Extrema II foi mais complicada de trabalhar, pois se encontra coberta por florescências de minerais decorrentes da transpiração da rocha. Essa cobertura mineral, chamada de salitre, dificulta a visualização da cenografia. Isto dificultou a segregação da imagem, pois observamos figuras próximas ao fitomorfos, que podem justificar uma sobreposição de estilos, como observamos nessa cena, representações antropomorfas do estilo Serra Branca como se participassem da cena, juntos aos antropomorfos da Serra da Capivara (ver figura 28). Fig. 28: Cena da árvore nº 2 da Toca da Extrema II ou Toca do Gato. A cenografia se apresenta no centro da mancha gráfica do sítio, numa altura de 2.30 cm, em relação ao solo. Os antropomorfos da cena se mesclam e surge uma pintura do estilo Serra Branca, de 6 cm de comprimento, 5 antropomorfos do estilo Serra da Capivara, com 8 cm de comprimento em média, e ainda observamos 3 antropomorfos do estilo Serra Talhada com 10 cm de comprimento em média (ver figura 29).

56 55 Fig. 29: Imagem segregada da cena da árvore II, destacada pelos estilos de cada antropomorfo Toca da Extrema II. Os antropomorfos dessa cena, mesmo sendo classificados em estilos diferentes, apresentam-se muitas vezes semelhantes. Como podemos observar nas figuras de nº 8 e 9, mesmo classificados como estilo Serra Talhada, se posicionam na cena da mesma maneira que as figuras 1 e 2, sendo estas já estilisticamente pertencentes ao estilo Serra da Capivara. Essa semelhança pode ser verificada na figura de nº 6, classificado como estilo Serra Branca, o antropomorfo faz movimentos com as mãos idênticos aos gestos dos demais indivíduos presente na cena (ver figura 30). Dentre os nove antropomorfos da cena, quatro apresentam o falo, e embora tenham sido utilizados diferentes estilos na produção final da composição cenográfica, nenhum dos indivíduos apresenta adornos. Os antropomorfos da cena se apresentam com a cabeça arredondada, com exceção dos indivíduos de nº 6 e 7, respectivamente pertencentes aos estilos Serra Branca e Serra Talhada. Nesses indivíduos a cabeça possui apenas o contorno, sem preenchimento da mesma (ver imagem 31).

57 56 Fig. 30: Cena da árvore nº 2 [numerada] Toca da Extrema II. Fig. 31: Morfologia da cabeça dos antropomorfos da cena da árvore nº 2 Toca da Extrema II. Mesmo com a representação de outros estilos, notamos um contato direto dos antropomorfos do estilo Serra da Capivara com o fitomorfo. Isso pode sugerir que as representações de diferentes estilos, foram realizadas posteriormente a composição final da cena da árvore, e provavelmente os artistas tentaram copiar os gestos dos indivíduos do estilo inicial Serra da Capivara, que na cena parecem exaltar o fitomorfo, chegando, ao que parece, se agarrar ao fitomorfo, como o antropomorfo de nº 1 (ver figura 32).

58 57 Fig. 32: Cena segregada com os antropomorfos do Estilo Serra da Capivara Toca da Extrema II Toca do Vento O sítio apresenta uma mancha gráfica de aproximadamente 23,3 m de comprimento, onde se apresentam mais de 430 pinturas da Tradição Nordeste e Agreste, dos diferentes tipos estilísticos, como podem observar na cena da árvore analisada nessa pesquisa. As cores predominantes do sítio são o vermelho e o amarelo. Análise da Cena A cena deste sítio é bem simples, se compararmos com os demais sítios analisados nessa pesquisa, pois um único indivíduo, que apresenta características estilísticas da Serra da Capivara, se encontra ao lado de um ramo de árvore que surge ao que parece de sua pélvis. A pintura surge num

59 58 plano a frente de um antropomorfo característico do Estilo Serra Talhada, o indivíduo apesar de apresentar características estilísticas diferentes, foram representados com movimentos gestuais semelhantes (ver figura 33). Fig. 33: Cena da árvore do sítio Toca do Vento. A cena encontra-se parcialmente destruída, devido à descamação sofrida pela rocha, contudo a segregação e a análise da imagem foram realizadas. O intemperismo da rocha apagou parte do abdômen do antropomorfo nº 1, o mesmo acontece com o antropomorfo nº 2 que perde pequenas partes da pintura corporal, e de sua perna. O antropomorfo nº 1 mede aproximadamente 14 cm de comprimento com os braços e pernas estendidos, o nº 2 mede 20 cm da ponta do pé aos braços estendidos, o fitomorfo da cena tem 10 cm de comprimento. Os dois antropomorfos da cena erguem os braços de maneira semelhante, mesmo tendo sido representado de formas diferentes, os dois erguem os braços como uma forma de dança ou estado de felicidade. Os pés, apesar de no caso do nº 2 estar parcialmente apagado, observamos algumas semelhanças, como os dois se apresentam estendidos, abertos e a ponta dos

60 59 pés estão flexionadas para cima. No caso do antropomorfo de nº 02 apresentar o falo, não se pode afirmar que o nº 01 não tenha sido representado com um falo, pois o fitomorfo surge justamente na região fálica do antropomorfo (ver tabela 1). Quadro 1: Segregação dos antropomorfos destacando as mãos, os pés e o falo. A representação do falo do antropomorfo nº 2, pertencente ao Estilo Serra Talhada, encontra-se pintado de forma reta e proporcional ao seu tamanho (ver figura 34). O fitomorfo da cena da árvore é do tipo 2 e foi pintado de maneira diferente dos outros sítios analisados, pois nessa cena o ramo está ligado ao corpo do antropomorfo de nº 1, surgindo ao que parece de sua perna, ao contrario das outras cenas, em que o ramo é representado como sendo levado pelos indivíduos presentes nas cenas (ver figura 24).

61 60 Fig. 34: Cena da árvore segregada, destacando os antropomorfos de diferentes estilos Toca do Vento Toca do Nilson do Boqueirão da Pedra Solta É um sítio relativamente pequeno, com dimensões: 30 m de comprimento por 10 m de largura, a abertura do sítio está voltado para noroeste. Em sua mancha gráfica existem poucas pinturas rupestres, todas com coloração avermelhada, com relação à cena da árvore têm duas cenas que apresentam características necessárias para fazer parte dessa temática. Análise da Cena 01

62 61 Essa cena é característica da temática sugerida com cena da árvore por possuir antropomorfos dispostos ao redor de um fitomorfo (ver figura 35). A pintura está a 3,61 m de altura em relação ao solo, os antropomorfos medem em média 8 cm de comprimento e o fitomorfo 15 cm. A cena possui algumas pinturas que estão bastante degradadas, devida desagregação de sedimentos do paredão rochoso, dificultando a identificação dos antropomorfos Fig. 35: cena da árvore 1, sítio Toca do Nilson do Boqueirão da Pedra Solta. A cena possui cinco antropomorfos visíveis, onde três deles apresentam um objeto de mão, dois apresentam objetos do tipo 1, os antropomorfos nº 2 e 3, o antropomorfo nº 1 segura um objeto do tipo 3 (ver figura 35), esses antropomorfos estão localizados um pouco mais afastados do fitomorfo. Todos os antropomorfos da cena estão com as duas mãos erguidas, nos três antropomorfos a mão que segura o objeto se opõe a localização do fitomorfo, sugerindo uma intenção totalmente voluntária do artista.

63 62 Fig.36: cena da árvore 1. Antropomorfos numerados. Os dois antropomorfos de nº 4 e 5, mais próximos do fitomorfo estão com as mãos erguidas tocando o primeiro galho do fitomorfo. Eles não apresentam nenhum tipo de objeto de mão, porém, apresentam ornamentos na cabeça do tipo 2, os ornamentos são morfologicamente parecidos, aonde vai se alongando e afinando na extremidade (ver figura 37). Fig. 37: Antropomorfos segurando o ramo do fitomorfo, Detalhe do ornamento de cabeça do tipo 2.

64 63 Com relação o fitomorfo, possui nove galhos, cinco de um lado e quatro do outro, esse fitomorfo é relativamente pequeno em relação aos antropomorfos se comparado aos outros sítios com a mesma composição cenográfica. Análise da Cena 02 A segunda cena do sítio é composta por oito antropomorfos com o tamanho médio de 6 cm e um fitomorfo de aproximadamente 12 cm de comprimento. Pela primeira vez observamos dois antropomorfos em lados opostos portando um objeto de mão, que havia sido comentado no início da pesquisa como sendo a segunda hipótese da pesquisa (ver figura 38). Fig. 38: Cena da árvore nº 2 do Sítio Toca do Nilson do Boqueirão da Pedra Solta.

65 64 Dentre os oito antropomorfos, três apresentam ornamentos de cabeça do tipo 2. Das cenas escolhidas para essa pesquisa, essa cena é a mais uniforme, ao que se referem à técnica da representação dos antropomorfos, com exceção dos três indivíduos que apresentam ornamento, todos foram representados de maneira semelhante, a cabeça é arredondada, bem como a morfologia do corpo, que não tem mais o formato retilíneo observado na maioria dos antropomorfos das cenas analisadas anteriormente (ver figura 39). Fig. 39: cena da árvore de n 2 segregada. Toca do Nilson do Boqueirão da Pedra Solta. As mãos e os pés dos antropomorfos foram representados de forma semelhante. Como pudemos observar apenas os indivíduos de nº 1 e 2 se apresentam diferente dos demais do grupo, pois enquanto a maioria foi

66 65 representada de perfil e de mãos estendidas fazendo reverência à árvore, os nº 1 e 2 se apresenta frontalmente e possuem um objeto de mão, os dois fazem gesto de comando, sugerindo ser alguém de grande importância para o ritual. Nenhum dos antropomorfos dessa cena foi representado com o falo (ver figura 39). Fig. 40: Antropomorfos segregados, portando objetos de mão. Durante o processo de segregação o antropomorfo de nº 02 apresentou uma espécie de chapéu primitivo, como podemos observar na figura 40, onde vemos duas proeminências dos dois lados da cabeça, isso não foi observado na imagem original (ver imagem 38). Provavelmente, o que pode ter ocorrido é que alguma saliência da própria rocha durante o processo de segregação se confundiu com a pintura que tem um tom de vermelho parecido com a utilizada na manufatura da cena.

67 66 CONSIDERAÇÕES FINAIS O tema arte rupestre sempre me interessou e o estudo dos registros emblemáticos parecia um desafio interessante, já que se trata de uma composição cenográfica da qual não sabemos o verdadeiro significado. Foi pensando nisso que decidi fazer meu trabalho monográfico sobre o registro emblemático da cena da árvore, e minha pretensão é poder continuar esse estudo, utilizando mais cenas, em mais sítios de diferentes áreas arqueológicas. A pesquisa teve um direcionamento voltado para a cenografia, já que a temática já vem sendo explicada como uma cena ritualística, envolvendo antropomorfos e fitomorfos. Através do software Photoshop Cs foi possível fazer a segregação da imagem do paredão rochoso, auxiliando-nos na microanálise dos componentes da cena em questão. Através dessa análise podemos sugerir que à arte rupestre presente nesses sítios podem ter sido elaborados por diferentes grupos étnicos, pois como sabemos esses tipos de vestígios humanos, que acreditamos ser uma forma de percepção simbólica foram criada com o intuito de expressar o meio em que viviam. Registrando assim, características culturais distintas, e através de um estudo micro-analítico, onde levamos em conta todos os elementos representados na cena, tais como: adorno, objetos de mão, morfologia da cabeça e dos membros, poderemos atribuí-la a diferentes grupos étnicos. Através da análise podemos dizer que a resposta ao problema levantado no início desse trabalho é negativa. Não existe um padrão na forma de representar a cena da árvore nos diferentes sítios da Subtradição Várzea Grande, o que notamos é uma série de micro modificações que podem ser explicadas pelo fato de não pertencerem a um único grupo étnico. Como foi dito antes o aperfeiçoamento técnico ocorrido durante os muitos anos da cultura de pintura rupestre, traça uma evolução estilística que é atribuída à elaboração de uma mesma cena por populações diferentes. Os adornos apresentados nas cinco cenas analisadas são de apenas 02 tipos diferentes. Na Toca da Extrema II, na cena 1 apenas um antropomorfo, o de nº 9 (ver figura 24) apresenta adorno, dentre os 12 indivíduos da cena apenas um apresentou enfeite de cabeça, do tipo 2. Na cena 2 nenhum dos

68 67 antropomorfos da cena apresenta adorno. E na Toca do Nilson do Boqueirão da Pedra Solta nas duas cenas observamos a presença de adorno do tipo 1 (ver figura 41). Fig. 41: Diferentes tipos de ornamentos - Toca da Extrema II e Toca do Nilson do Boqueirão da Pedra Solta. Uma semelhança na representação da cena da árvore nos diferentes sítios está entre a segunda cena da Toca da Extrema II, com a única cena da Toca do Vento, onde observamos antropomorfos de diferentes grupos estilísticos participando, ao que parece do mesmo ritual (ver tabela 1). Tabela 1: Diferentes estilos presente em um único sítio Toca da Extrema II.

69 68 O falo foi representado nas duas cenas do Sítio Toca da Extrema II e na Toca do Vento. No primeiro sítio encontramos dois tipos de representação, já no segundo observamos o falo pintado de maneira semelhante à representação da cena 2 da Toca da Extrema II (ver figura 42). Fig. 42: Antropomorfos de diferentes sítios apresentando o falo. Na construção cenográfica dos três sítios observamos um padrão na representação da cabeça, sempre arredondada, quando tratamos de antropomorfos de um mesmo estilo de pintura (ver tabela 2). Tabela 2: Morfologia da cabeça apresentada nos diferentes sítios; Tipo 1: Toca da Extrema II, Tipo 2: Boqueirão do Nilson da Pedra Solta, Tipo 3: Toca do Vento.

70 69 As mãos e os pés também são representados de maneira semelhante, os tipos de mão são duas que observamos nos três sítios (ver tabela 3). E os pés são de 4 tipos como podemos observar na tabela, a diferença encontra-se quando mudamos de sítios. Quando estamos tratando do mesmo sítio em cenas diferentes a representação foi praticamente do mesmo tipo, já quando mudamos de sítio notamos uma diferença maior na representação dos pés (ver tabela 4). Tabela 3: Morfologia das mãos apresentadas nos três sítios analisados. Tabela 4: Morfologia dos pés observada entre os três sítios; Tipo 1: cena 2 do sítio Toca da Extrema II, Tipo 2: Toca do Vento, Tipo 3: Boqueirão do Nilson da Pedra Solta e o Tipo 4: cena 01 da Toca da Extrema II. A respeito das hipóteses levantadas no início da pesquisa, o que podemos dizer é que, não existe um padrão para a localização da cena da árvore dentro da mancha gráfica nos sítios estudados, pois a mesma se repete em diferentes posições, em relação à altura (em relação ao solo) e orientação (relacionada à abertura do sítio). A segunda hipótese não pode ser corroborada com esses sítios, pois apenas no sítio Toca do Nilson do Boqueirão da Pedra Solta, podemos observar a presença de dois, ou no caso da segunda cena, três antropomorfos portando um objeto de mão do mesmo tipo que delimitam a composição cenográfica.

71 70 E a terceira hipótese que é corroborada, pois como observamos na maioria dos sítios, a cena da árvore foi representada de maneira distinta dentro de uma mesma mancha gráfica, ou seja, num mesmo sítio em que aparecem mais de uma cenografia da árvore ela apresenta algumas modificações. Como pudemos observar, a introdução de novos estilos dentro de uma mesma cena é comum, como na cena 2 da Toca da Extrema II em que são representados antropomorfos do Estilo Serra da Capivara, Serra Talhada e Serra Branca (ver tabela 2). Também não observamos a presença de animais participando da cena, muitos zoomorfos encontram-se próximos à cena, mas nenhum ligado diretamente com a cenografia. Nos sítios em que observamos a intrusão de diferentes estilos, podemos sugerir que o formato do rosto dos antropomorfos do estilo Serra Talhada, possui máscaras. Adornos foram observados na cena 01 da Toca da Extrema II, e na cena 01 da Toca do Nilson do Boqueirão da Pedra Solta. Contudo, zoomorfos não foram observados em nenhum dos sítios analisados. A pesquisa sugere que a Subtradição Várzea Grande seja mais estudada, para que os questionamentos que não puderam ser respondidos nesse trabalho sejam contestados. A presença de uma cenografia, característica da Tradição Nordeste, que apresenta os três tipos estilísticos da Subtradição Várzea Grande merece um estudo mais aprofundado, e provavelmente, um estudo da técnica utilizada, como a preparação da superfície antes da pintura, em cada sítio que tenha a presença desse registro, pode responder se foram ou não pintados numa mesma época. Os resultados obtidos na pesquisa consistem nas inferências que aqui seguem: Na dimensão cenográfica não está caracterizado uma prioridade preferencial dos autores na localização desse tipo de registro emblemático, podendo surgir em qualquer altura ou domínio dos registros pintados contendo sítios da Tradição Nordeste; No ritual, tal como é considerado, a representação dessa cenografia não inclui a presença de animais;

72 71 Não é padrão a presença de antropomorfos com objetos de mão se posicionando nas extremidades da composição cenográfica, ocorre em alguns sítios, mas não é repetido em todos; Esta pesquisa pretende colaborar para os estudos de arte rupestre que vêm sendo realizados desde a década de 1970, quando a equipe da arqueóloga Niède Guidon descobriu o imenso potencial arqueológico que a região do Parque Nacional Serra da Capivara possui. Respondendo aos questionamentos levantados no início da pesquisa e lançando novas hipóteses, esse estudo procura ajudar a um melhor entendimento sobre a Tradição Nordeste e a Subtradição Várzea Grande.

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78 ANEXOS 77

79 78 ANEXO A: Delimitação do Parque Nacional Serra da Capivara com a posição dos sítios analisados na pesquisa. ANEXO B: Localização dos sítios pelo software do Google Earth.

80 79

81 80

19 uma centena de sítios com pinturas e gravuras rupestres, entre abrigos sob rocha e simples blocos de granito e de arenito, gravados ou pintados ao longo de cursos d'água, distribuídos, irregularmente,

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