ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores ERICKSON GAVAZZA MARQUES (Presidente), J.L. MÔNACO DA SILVA E MOREIRA VIEGAS.

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1 Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº , da Comarca de São Paulo, em que é agravante FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA, é agravada CIBELE CRISTINA DE SOUZA. ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores ERICKSON GAVAZZA MARQUES (Presidente), J.L. MÔNACO DA SILVA E MOREIRA VIEGAS. São Paulo, 27 de julho de Erickson Gavazza Marques Relator Assinatura Eletrônica

2 AGRAVO DE INSTRUMENTO nº Comarca : SÃO PAULO 9ª VARA CÍVEL DO F. CENTRAL Juiz : Rodrigo Galvão Medina Ação : Obrigação de fazer Agravante: FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA Agravada : CIBELE CRISTINA DE SOUZA VOTO nº AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER DEFERIMENTO DA TUTELA DE URGÊNCIA A FIM DE DETERMINAR O FORNECIMENTO DE DADOS VINCULADO AO PERFIL DE WHATSAPP ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE PASSIVA DO FACEBOOK AFASTAMENTO - PRESENÇA DOS ELEMENTOS AUTORIZADORES DA MEDIDA DECISÃO MANTIDA RECURSO NÃO PROVIDO. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão de fls. 61/63 (dos autos de origem) que, nos autos da ação de obrigação de fazer, deferiu a tutela de urgência para determinar que o réu forneça todos os dados de conexão e acesso (endereço IP, data hora) e demais dados disponíveis relacionados ao perfil whatsapp vinculado ao número de telefone ****. Sustenta o recorrente, em síntese, que o FACEBOOK BRASIL não é proprietário, provedor ou operador do aplicativo Whatsapp, a justificar que forneça quaisquer dados relativos aos seus respectivos usuários ou que adote qualquer providência a seu respeito. Argumenta que o FACEBOOK BRASIL se encontra sujeito a uma ordem cujo cumprimento não lhe é possível, já que Agravo de Instrumento nº Voto nº

3 relativa a um aplicativo de outra empresa. Afirma que é firme a jurisprudência no sentido de reconhecer a impossibilidade de se impor ao provedor de aplicação de internet a obrigação de fornecimento de dados cuja coleta e manutenção não é exigida pela legislação nem realizada na prática. Insurge-se também contra o valor da multa cominatória. Pugna pela concessão da tutela recursal e, ao final, requer o provimento do recurso com a reforma da decisão. Dispensadas as diligências do artigo do Novo Código de Processo Civil, uma vez que o recurso reúne condições de julgamento nos moldes do artigo 932, inciso IV, do referido códex, não resultando prejuízo às partes. É o relatório. Passo a decidir. Preliminarmente, afasto a alegação de ilegitimidade de parte não procede, tendo em vista que a aquisição do Whatsapp pelo Facebook é fato público e notório, sendo que ambos compõem o mesmo grupo econo^mico de atuac aþomundial, naþo sendo crível que não possuam gere^ncia sobre os atos da empresa. Ressalte-se que apenas o Facebook tem representação no país, o que dificulta o exercício do direito do consumidor em face do Whatsapp Inc. Agravo de Instrumento nº Voto nº

4 Corte de Justiça: A respeito de tal entendimento, já se manifestou esta RESPONSABILIDADE CIVIL. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. Autora que pretende, com a presente medida, a exibição dos IP's dos perfis indicados na inicial e conversas promovidas pelo aplicativo Whatsapp dos grupos que também indica. Deferimento. 'Conversas' que apresentam conteúdo difamatório com relação à autora (inclusive montagem de fotografias de cunho pornográfico). Alegação da agravante de que não possui gerência sobre o Whatsapp (que, por seu turno, possui sede nos EUA). Descabimento. Notória a aquisição, pelo FACEBOOK (ora agravante) do referido aplicativo (que no Brasil, conta com mais de 30 milhões de usuários). Alegação de que o Whatsapp não possui representação em território nacional não impede o ajuizamento da medida em face do FACEBOOK (pessoa jurídica que possui representação no país, com registro na JUCESP e, como já dito, adquiriu o aplicativo referido). Serviço do Whatsapp amplamente difundido no Brasil. Medida que, ademais, se restringe ao fornecimento dos IP's dos perfis indicados pela autora, bem como o teor de conversas dos grupos (ATLÉTICA CHORUME e LIXO MACKENZISTA), no período indicado na inicial e relativos a notícias envolvendo a autora - Medida passível de cumprimento. Obrigatoriedade de armazenamento dessas informações que decorre do art. 13 da Lei /14. Decisão mantida. Recurso improvido. (TJSP, Agravo de Instrumento nº , 8ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Salles Rossi, j. em 01/09/2014) Agravo de Instrumento nº Voto nº

5 Em conjunto a essa constatação, temos que a empresa Facebook Inc., de modo público e notório [confira-se, a exemplo, a seguinte notícia: pelo-facebook-sobe-us-22-bilhoes.html. Publicada em: 06/10/2014], adquiriu, há alguns anos, a empresa Whatsapp Inc. Passo ao exame do mérito do recurso. Com efeito, em sede de agravo de instrumento, o julgador exerce um juízo de cognição sumária. Sendo assim, cabe analisar aqui, tão somente o preenchimento dos requisitos do artigo 300, do Novo Código de Processo Civil, o qual autoriza o Magistrado, a requerimento da parte, antecipar os efeitos da tutela pleiteada na petição inicial, quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. Assim, há de se considerar que a antecipação da tutela se reveste de caráter excepcional e, por isso mesmo, exige do julgador um cuidado especial, com a adoção de criteriosa avaliação dos interesses em jogo, notadamente para a concessão do pedido inaudita altera parte. Segundo se infere pelos documentos acostados aos Agravo de Instrumento nº Voto nº

6 autos, de fato, os prints extraídos da tela de celular (fls. 13/26 dos autos de origem) demonstram a existência de conteúdo ofensivo direcionado à autora. Pois bem, em um juízo de cognição sumária, não vislumbro nenhum elemento capaz de infirmar o comando judicial, notadamente porque a agravante não trouxe nenhum elemento comprobatório da impossibilidade de fornecer os dados solicitados pelo juízo agravado. Isto posto, uma vez que considero prematuro, nesta sede recursal, suspender a r. decisão de primeiro grau, é de bom alvitre mantê-la. Registre-se que a questão aqui trazida poderá ser revista pelo Juízo a quo durante a instrução processual, à luz de novos elementos captados dos autos. ao recurso. Em decorrência do exposto, NEGO PROVIMENTO ERICKSON GAVAZZA MARQUES Relator Agravo de Instrumento nº Voto nº