FALÊNCIAS E RECUPERAÇÕES

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1 Página1 Curso/Disciplina: Direito Empresarial Aula: Direito Empresarial - 66 Professor(a): Priscilla Menezes Monitor(a): Beatriz Moreira Leite Aina Aula 66 FALÊNCIAS E RECUPERAÇÕES Recuperação extrajudicial: Artigos 161 a 167, L /05. Empresário em situação de crise econômico-financeira. O objetivo do acordo do devedor com seus credores é superar essa crise e preservar a fonte produtora, a empresa. Há o p. da preservação da empresa por trás desse instituto. A participação estatal é acessória, todo o acordo de recuperação é celebrado extrajudicialmente e, eventualmente, ele é levado ao poder judiciário para que haja a homologação. Há uma corrente minoritária que diz que isso nem seria recuperação extrajudicial se não passasse pela homologação judiciária. Ainda que o acordo não seja levado ao Judiciário, é um pacto que obriga as partes. A recuperação extrajudicial, apesar de não ser muito utilizada, é um instrumento muito valioso, pois é um mecanismo muito mais barato para o devedor se reestruturar. Não há os custos de um processo judicial, os custos com administrador judicial, a elaboração de laudo de viabilidade, não é preciso alterar o nome empresarial e publicizar a situação de dificuldade. Sujeitos: Devedor: Não é qualquer devedor que pode elaborar um plano de recuperação e homologá-lo judicialmente. Ele precisa ser empresário, conforme art. 1º, L Ademais, é necessário ser empresário regular. Art. 1 o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. O empresário regular é aquele inscrito na junta comercial. Art , CC. Art O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. O art. 161, L manda aplicar os requisitos do art. 48, que trata dos requisitos da elaboração de um plano de recuperação judicial.

2 Página2 Art O devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá propor e negociar com credores plano de recuperação extrajudicial. Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: I não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; [...] IV não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. Os incisos II e III não se aplicam, pois há regra específica para a recuperação extrajudicial no art. 161, 3º, L : 3o O devedor não poderá requerer a homologação de plano extrajudicial, se estiver pendente pedido de recuperação judicial ou se houver obtido recuperação judicial ou homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos de 2 (dois) anos. Requisitos do devedor: Ser empresário regular; Exercer a atividade há mais de 02 anos; Preencher os requisitos do art. 48. Além disso, o devedor não pode estar nas hipóteses de exclusão do regime da lei, previstas no art. 2º, L Art. 2o Esta Lei não se aplica a: I empresa pública e sociedade de economia mista; II instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. Credores: Há limitações de duas ordens: não há interesse negocial do credor; e há limitação imposta pelo p. da legalidade ou imposta pela indisponibilidade do direito. Art. 161, caput, e 1 º e 2º: Art O devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá propor e negociar com credores plano de recuperação extrajudicial.

3 Página3 1o Não se aplica o disposto neste Capítulo a titulares de créditos de natureza tributária, derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de trabalho, assim como àqueles previstos nos arts. 49, 3o, e 86, inciso II do caput, desta Lei. 2o O plano não poderá contemplar o pagamento antecipado de dívidas nem tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos. O art. 161, 2º, quando diz que o plano não pode contemplar o pagamento antecipado de dívidas nem tratamento desfavorável entre credores, traz a ideia de evitar um conluio do devedor com certos credores. O 1º traz diversos créditos que não participam do plano: a) Créditos fiscais: em razão do p. da indisponibilidade do interesse público. Ademais, há o p. da legalidade. O procurador da Fazenda não pode simplesmente negociar com o empresário devedor como será feito o parcelamento dessa dívida, qualquer parcelamento de tributo deve obedecer a previsões legais. b) Credores trabalhistas e verbas decorrentes de acidente de trabalho: as partes estão em desigualdade de condições. Embora o empresário seja devedor, e empregado está em posição de vulnerabilidade muito maior. c) Créditos oriundos do art. 49, 3º: Art. 49. [...] 3o Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere o 4odo art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial. Nessas modalidades de contrato, o credor tem uma segurança maior, pois ele é proprietário do bem. d) Créditos oriundos do art. 86, II: Art. 86. [...] II da importância entregue ao devedor, em moeda corrente nacional, decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para exportação, na forma do art. 75, 3o e 4o, da Lei no 4.728, de 14 de julho de 1965, desde que o prazo total da operação, inclusive eventuais prorrogações, não exceda o previsto nas normas específicas da autoridade competente; Devido ao impacto direto na balança comercial. Quem pode entrar no plano de recuperação extrajudicial: Credores com garantia real; credores com privilégio geral; credores com privilégio especial; credores quirografários; e credores de créditos subordinados.

4 Página4 O plano não precisa contemplar todas essas classes nem todos os créditos de uma classe. Modalidades de homologação: 1. Facultativa; e 2. Obrigatória. A prof. não gosta da palavra obrigatória, prefere necessária. Homologação Facultativa - Art. 161 Obrigatória/ Necessária - Art Facultativa: o empresário consegue a adesão de todos os credores com os quais ele queria negociar. Há a figura do credor colaborativo. O plano de recuperação extrajudicial homologado passa a valer como título executivo judicial. Fazer uma remissão ao art. 515, III, CPC no art. 161, 6º, L o A sentença de homologação do plano de recuperação extrajudicial constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 584, inciso III do caput, da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de Código de Processo Civil. Art São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: [...] III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza; Os credores, após concordarem, podem desistir? Sim. Até antes da distribuição art. 161, 5º: 5o Após a distribuição do pedido de homologação, os credores não poderão desistir da adesão ao plano, salvo com a anuência expressa dos demais signatários. A homologação facultativa pode aparecer com os nomes de homologação ordinária, homologação total, homologação de adesão ou homologação unânime. 2. Obrigatória/necessária: pode ser que alguns credores não tenham chegado a um consenso. Não é justo que uma minoria de credores se negue a negociar, prejudicando outros credores e talvez até agravando a situação econômico-financeira daquela atividade. Em determinados casos, quando a adesão dos credores não for de 100%, mas o empresário tiver conseguido a adesão de mais de 3/5 de cada classe com a qual ele

5 Página5 está negociando, ele poderá pedir a homologação judicial. Essa decisão produzirá efeitos inclusive sobre os dissidentes. Critério do princípio majoritário. A doutrina chama de homologação obrigatória, mas a professora entende ser necessária, pois o empresário precisa pedir a homologação, ele não é obrigado a pedir. Procedimento de recuperação extrajudicial: Art. 164: Art Recebido o pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial previsto nos arts. 162 e 163 desta Lei, o juiz ordenará a publicação de edital no órgão oficial e em jornal de grande circulação nacional ou das localidades da sede e das filiais do devedor, convocando todos os credores do devedor para apresentação de suas impugnações ao plano de recuperação extrajudicial, observado o 3o deste artigo. Pedido de homologação Edital (prazo 30d) Impugnações Oitiva do devedor empresário (05 dias) Sentença (05 dias) Apelação Obs.: apelação com efeito devolutivo, apenas. Motivos para impugnações: art. 164, 3º: Art [...] 3o Para opor-se, em sua manifestação, à homologação do plano, os credores somente poderão alegar: I não preenchimento do percentual mínimo previsto no caput do art. 163 desta Lei; II prática de qualquer dos atos previstos no inciso III do art. 94 ou do art. 130 desta Lei, ou descumprimento de requisito previsto nesta Lei; III descumprimento de qualquer outra exigência legal. Atos de falência do art. 94: Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: [...] III pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial:

6 Página6 a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial. A prática desses atos que configurariam atos de falência são motivos suficientes para impugnação do plano extrajudicial. Art. 130: Art São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar credores, provandose o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo sofrido pela massa falida. Na recuperação extrajudicial, há suspensão de direitos, suspensão ou interrupção de prescrição? Não. Tampouco se suspende a execução contra o devedor. Imaginemos que o plano de recuperação extrajudicial foi homologado. É possível que esse empresário tenha sua falência requerida e decretada? Sim, desde que ela seja requerida por um credor que não faz parte do plano de recuperação extrajudicial. Art. 161, 4º, L : 4o O pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial não acarretará suspensão de direitos, ações ou execuções, nem a impossibilidade do pedido de decretação de falência pelos credores não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial.