DISCURSO PROFERIDO POR SUA EXCELÊNCIA ZEFERINO MARTINS, MINISTRO DA EDUCAÇÃO DE MOÇAMBIQUE 36ª SESSÃO DA CONFERÊNCIA GERAL DA UNESCO

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1 DISCURSO PROFERIDO POR SUA EXCELÊNCIA ZEFERINO MARTINS, MINISTRO DA EDUCAÇÃO DE MOÇAMBIQUE 36ª SESSÃO DA CONFERÊNCIA GERAL DA UNESCO LEMA DA CONFERÊNCIA: África e Igualdade do Género Paris, 28 de Outubro

2 Senhora Presidente da 36ª Conferência Geral da UNESCO Senhora Directora Geral da UNESCO Senhora Presidente do Conselho Executivo Distintos Chefes de Delegação, Minhas Senhoras e Meus Senhores, Permitam-me apresentar as nossas mais calorosas saudações a Vossa Excelência, Senhora Presidente, pela sua eleição para dirigir os trabalhos desta Conferência. Estamos convictos de que, sob a sábia direcção de Vossa Excelência, os trabalhos da nossa Conferência serão coroados de êxitos. Permitam-me, igualmente, saudar o Conselho Executivo da UNESCO, na pessoa da sua Presidente, Sra Eleonora 1

3 Mitrafanova, pelos resultados encorajadores da nossa Organização ao longo do último biénio. Esta Conferência realiza-se num momento particularmente crucial em que, no quadro dos compromissos internacionais assumidos para o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, caminhamos a passos largos para o ano de Apesar dos enormes esforços que o Governo de Moçambique tem vindo a fazer com o apoio de parceiros internacionais, com vista à realização desses objectivos, de modo particular nas áreas sociais, com destaque para a área da Educação, o meu país continua a enfrentar dificuldades derivadas principalmente da exiguidade de recursos financeiros. Louvamos a escolha do tema da presente Conferência: África e Igualdade do Género, pois testemunha o reconhecimento dos Estados membros das Nações Unidas e de toda a comunidade internacional em geral, 2

4 que a África tem feito esforços importantes no que se refere a implementação e consolidação da democracia, consolidação da paz e desenvolvimento económico. Outrossim, é também o reconhecimento de que os resultados até agora conseguidos só ganharão sustentabilidade se as raparigas e as mulheres estiverem na centralidade centralidade do processo de desenvolvimento. Congratulamo-nos pela visão estratégica da UNESCO inscrita no Documento 36 C/3, que nos apresenta a política e programa para os próximos anos, arrolando os desafios e propostas aos Estados Membros, organizações internacionais e outorga a actores relevantes. Nesta perspectiva, devemos continuar a trabalhar concertados e coordenados de forma a minorar os impactos devastadores da crise que assola o mundo, assim como transformar os desafios em oportunidades através da definição de novas estratégias que culminem 3

5 em novos paradigmas. Neste contexto, a UNESCO tem um papel fundamental, sobretudo nas áreas da Educação, Ciência, Cultura e Informação. Senhora Presidente, Minhas Senhoras e Meus Senhores, No quadro da cooperação de Moçambique com a UNESCO, a Ilha de Moçambique foi proclamada, em 1991, Património Cultural da Humanidade. Em 2005, a UNESCO proclamou a dança Timbila e a dança Nyao, Património Cultural Imaterial da Humanidade. Partilhamos com os nossos irmãos vizinhos da Zâmbia, Malawi e Zimbabwe a dança Nyao. Moçambique sente-se verdadeiramente orgulhoso por acolher no seu espaço territorial três bens culturais que foram proclamados Património da Humanidade pela UNESCO. Não consideramos que Moçambique tenha esgotado a capacidade de submeter à UNESCO outros 4

6 bens culturais para integrar a lista mundial do Património Cultural da Humanidade. Preocupa-nos, no entanto, que a Ilha de Moçambique, depois da sua elevação à categoria de Património Cultural da Humanidade, em 1991, ainda hoje este estatuto não se traduza em termos práticos na sua valorização e no aproveitamento das suas verdadeiras potencialidades, em benefício das comunidades locais e do mundo. Na Ilha de Moçambique cerca de 30% da população é constituída por jovens. A concepção de um plano e programa integrado de restauração da Ilha de Moçambique, envolvendo programas e acções de formação, poderia, naturalmente, contribuir para a criação de oportunidades de emprego e ocupação para a população da Ilha, em geral e para os jovens, de modo particular. Referimo-nos à formação técnico-profissional em áreas como hotelaria e turismo, restauração de edifícios antigos, carpintaria, marcenaria, construção civil, ourivesaria, reparação de embarcações, processamento 5

7 de pescado, entre outros. Estas acções, estamos convencidos, fariam a ilha de Moçambique - um lugar de cruzamento de vários povos e culturas ao longo de séculos ostentar com orgulho, honra e dignidade o honorífico título de Património Cultural da Humanidade. Senhora Presidente, Minhas Senhoras e Meus Senhores, Estamos convencidos que progressos significativos foram registados na dinâmica de cooperação entre Moçambique e a UNESCO, sendo de destacar a área da Ciência e tecnologia. Notamos com satisfação que o apoio da UNESCO aos programas do Governo contribuiu para o estabelecimento de Centros Multimédia Comunitários em várias regiões do País. Através desta iniciativa, temos conseguido expandir o acesso das comunidades rurais às novas Tecnologias de Informação e Comunicação. Por outro lado, por via dos centros tem aumentado significativamente os hábitos 6

8 alimentícios, cuidados primários da saúde e produção agrícola. Registamos com apreço o apoio que a UNESCO está a providenciar ao Instituto de Investigação em Águas de Moçambique, uma novel instituição através da qual pretendemos fazer o melhor aproveitamento e gestão dos recursos hídricos com base na ciência e tecnologia. Acreditamos que a disponibilização de especialistas da UNESCO na área de águas para a formação dos nossos técnicos e investigadores vai contribuir de forma substancial para a melhoria do abastecimento de água para as nossas populações, de modo particular nas zonas rurais. O Governo de Moçambique atribui uma importância especial à promoção e envolvimento e envolvimento da rapariga e da mulher na área de ciência e tecnologia. No quadro desses esforços, o Governo instituiu em 2003 o Prémio da Ciência para a Mulher e Rapariga. 7

9 Ainda nessa perspectiva, o programa do Governo, na área da educação, tem feito investimentos importantes para a expansão do sistema educativo. Além disso, está a levar a cabo um programa vigoroso de construção de sala de aulas e de distribuição gratuita do livro escolar. Do mesmo modo, o Ministério da Educação eliminou o pagamento de taxas e propinas no ensino primário. Estas medidas resultaram num aumento considerável do número de alunos neste nível de ensino. A participação das meninas conheceu progressos significativos e hoje podemos, com orgulho, dizer que 48% dos efectivos do ensino primário são raparigas. Enquanto que ao nível do ensino secundário, elas constituem 46%. Com uma população de 23 milhões de habitantes 6, 5 milhões são estudantes no sistema nacional de educação. 8

10 Senhora Presidente, Minhas Senhoras e Meus Senhores, Moçambique partilha as mesmas preocupações que a comunidade internacional em relação à necessidade de defesa e preservação do nosso planeta, a Terra. Numa Iniciativa Presidencial sem precedentes, foi lançada a campanha designada UM ALUNO, UMA PLANTA. Graças a esta iniciativa, Moçambique conseguiu, de 2005 até Junho de 2011, plantar cerca de dezanove milhões e meio ( ) de novas plantas em todo o território, entre árvores de fruta e de sombra, contribuindo deste modo para o reflorestamento do nosso belo Moçambique e para a redução da emissão do dióxido de carbono para a atmosfera. Na política de desenvolvimento rural, Moçambique orgulha-se de ser país pioneiro na disponibilização de fundos para o desenvolvimento das populações rurais. Graças aos Fundos para o Desenvolvimento Local, muitas 9

11 zonas rurais estão hoje a conhecer um desenvolvimento considerável. Permita-me, Senhor Presidente e Senhora Directora Geral, terminar a minha intervenção desejando sucessos dos nossos trabalhos nesta 36ª Conferência Geral. MUITO OBRIGADO PELA ATENÇÃO DISPENSADA 10