O ENVELHECIMENTO SOB A ÓTICA MASCULINA
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- Flávio Oliveira Almeida
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1 O ENVELHECIMENTO SOB A ÓTICA MASCULINA Por: DANIELA NASCIMENTO AUGUSTO (Técnica em Gerontologia e Terapeuta Ocupacional) DIEGO MIGUEL (Artista Plástico, Técnico em Gerontologia e Coordenador do NCI Jova Rural) SILVIO ALABARSE (Técnico especializado em Gerontologia) O envelhecimento populacional no Brasil é uma das principais características da contemporaneidade e o surgimento de políticas públicas para o idoso é algo que está em constante construção. Com o crescente número de idosos em nossa sociedade, observamos inúmeras opções de serviços que já estão disponíveis para este público, e a marcante participação da mulher idosa em cursos, palestras, eventos comemorativos e passeios que são oferecidos. Em 1997, a expectativa de vida das mulheres era de 73,2 anos, e a dos homens, 65,5 anos. Em 2007, a expectativa de vida das mulheres era de 76,5 anos, e a dos homens, 69 anos. Pesquisas apontam que em 2050 aproximadamente 25% da população brasileira será constituída por idosos acima de 65 anos, deste grupo, cerca de 75% será composto por mulheres, segundo informações das Nações Unidas em 2003, o que evidencia a feminização do envelhecimento. O fato é que, todas as pessoas sofrem as perdas naturais do processo de envelhecimento, mas o que torna o homem mais vulnerável à doenças crônicas e à morte são os hábitos culturais observados, e que muitas vezes, o aproxima dos fatores de risco (bebidas alcoólicas, fumo, consumo demasiado de gorduras saturadas, ocupações de risco, etc), gerando comorbidades que se agravam nesta etapa da vida. Mas o que aconteceu com os homens? Esta é uma das mais recorrentes perguntas nos grupos de terceira idade, sejam estes informais (organizado por lideranças comunitárias e em sua maioria idosos) ou formais (com o incentivo de Associações, ONG s ou iniciativas públicas e/ou privadas). Os homens estão em casa, algumas idosas respondem se referindo ao
2 próprio marido, outras observam que também existem homens que se encontram em praças e parques, sempre em grupos de amigos (maioria aposentados) ou ainda trabalhando formal ou informalmente como meio de aumentar sua renda. Observamos que há heterogeneidade no comportamento masculino, assim como a resistência na participação em grupos de idosos ou em projetos sócio educativos evidenciando a angústia pela procura do seu lugar. Lugar esse que talvez tenha se perdido ao longo da história social, quando a cultura patriarcal foi aos poucos cedendo à igualdade dos direitos nas lutas do movimento feminista, nas mudanças de papel social do homem e a apropriação feminina dos principais campos que apenas a figura masculina podia atuar. Segundo estudos apresentados no Seminário Envelhecimento Masculino realizado no SESC/SP em 2009, o homem há anos vêm sentindo os resultados do apoderamento social da mulher e se depara atualmente com novos parâmetros do ser homem, não apenas como a identidade sexual ou de gênero, mas do homossexual ou do transexual, o que quebra drasticamente a cultura do falo como exaltação do poder masculino, mas cria novas opções de amor ou até mesmo novas possibilidades de sexo ou gênero. A mulher que antes tinha como principal característica à reprodução (maternidade), a esposa companheira que cuida de seus filhos e marido mantida pela figura mítica da fragilidade, hoje por outro lado, atuando no mercado de trabalho ativamente, tornou-se independente financeiramente, tendo o direito de escolher seus parceiros e não dependendo destes para ter filhos, com a possibilidade de reprodução por meios artificiais. A cultura tradicional masculina é marcada pela intolerância a essas manifestações que desmistificam o poder social exercido pelo homem até então. Dentre tantas mudanças no transcorrer dos últimos 50 anos, o questionamento é como desenvolver um trabalho que contemple as expectativas masculinas na reconstrução dos valores pessoais e na
3 identificação do seu lugar na sociedade. Uma das características capitalistas adquiridas enquanto somos pessoas economicamente ativas é a de nos identificarmos pelo que fazemos e não pelo que somos. Enquanto profissionais ativos, trabalhamos com esta identidade continuamente, sempre buscando enobrecê-la por meio de novas conquistas profissionais ou pessoais, como forma de superação física, intelectual ou moral. Na aposentadoria nos deparamos com o momento de transição, da não obrigação e do não cumprimento de horário, o que encerra o ritmo que por anos nosso corpo estava condicionado a seguir, surgindo um novo desafio para o homem idoso. A busca pela identidade nesta nova fase da vida é algo que favorece o isolamento e a depressão como suposta solução para o não enfrentamento da condição de idoso aposentado, com o estigma do ser velho, logo improdutivo. Com isso pode-se perder o projeto de vida, não se referindo apenas ao profissional, mas à oportunidade de se criar espaços para o seu crescimento pessoal, sejam estes em aperfeiçoamentos ou na busca de novas linguagens. Nesta fase o homem precisa continuar a sentir-se útil, por isso a importância de se criar novas alternativas de trabalhos e na utilização de seu potencial. Sabemos que grande parte dos idosos retorna ao mercado de trabalho, mesmo que informalmente, como forma de aumentar a renda, evidenciando o baixo valor da aposentadoria ou mesmo o idoso como maior ou principal fonte de renda, assumindo assim um papel de suporte, sustentando seus filhos e netos. A co-habitação entre gerações é uma das características do novo perfil familiar. A família, enquanto integrante da rede de suporte social do idoso, exerce um papel de relevância para o envelhecimento ativo, por isso é importante o estímulo para que o idoso participe de ações que possam favorecer este
4 envelhecimento, reforçando assim o sentimento de pertencimento social. As Políticas Públicas que prevêem a rede de suporte social do idoso ressaltam a sua importância nesta fase da vida, contribuindo para o fortalecimento dos vínculos, considerando que por meio da socialização o indivíduo tem acesso às novas informações e se apropria do seu papel de cidadão na busca de seus direitos e deveres. A Organização Pan Americana de Saúde (1998), na 25ª Conferência Sanitária, previu a criação três programas de atenção ao idoso como meio de estímulo à rede de suporte social, dentre elas, a criação de programas que estimulem a autonomia dos idosos. São programas que não visam somente à reabilitação do idoso, mas projetos multidisciplinares que possam inserí-los em diferentes contextos para que assim tenham oportunidades de escolhas, criando novas possibilidades em seu projeto de vida pessoal. O grande desafio destes projetos é atingir o interesse do homem idoso, considerando que estes são bem diferenciados dos interesses femininos. Pesquisas apontam que o interesse masculino perpassa por temas ligados à ordem trabalhistas tais como: movimentos sindicalistas, direitos dos aposentados e mercado de trabalho, assuntos ligados à saúde e luto, principalmente quando este perde sua companheira. Neste sentido, espera-se que esta parcela em evidência de idosos do gênero masculino, tenha uma maior credibilidade e visibilidade social para atingir uma maior autonomia, reconhecimento e qualidade de vida. O Centro de Referência da Cidadania do Idoso - CRECI@, é um serviço previsto pelas Políticas Públicas, que tem o objetivo de promover o envelhecimento ativo e disseminar o conhecimento gerontológico. Por meio de múltiplas atividades como: oficinas sócio-culturais, grupos de estudos e artigos, contemplando os aspectos biopsicossociais do envelhecimento, fomentando experiências exitosas entre os idosos, favorecendo a integração entre os gêneros e incentivando a participação masculina nos eventos e oficinas que estimulam a socialização e a geração de
5 renda, além de palestras com temáticas que são de interesse para este público específico. Serviço: Centro de Referência da Cidadania do Idoso R: Formosa, 215 Vale do Anhangabaú Fone: / endereço de está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.
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