TERMO DE REFERÊNCIA PARA CONTRATAÇÃO DE CONSULTORIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTILHA INFORMATIVA ACERCA DOS DIREITOS DAS MULHERES EM SITUAÇÃO DE PRISÃO
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- Cláudia Casado da Fonseca
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1 TERMO DE REFERÊNCIA PARA CONTRATAÇÃO DE CONSULTORIA PARA ELABORAÇÃO DE CARTILHA INFORMATIVA ACERCA DOS DIREITOS DAS MULHERES EM SITUAÇÃO DE PRISÃO Atividade: Sistematizar, publicar e distribuir materiais de referência, para que sirvam como insumos para padrões técnicos, protocolos e métodos operacionais de serviços, garantindo assim a igualdade racial no acesso, a justiça e a qualidade na prestação de serviços a meninas e mulheres jovens e adultas. Objetivo: Elaboração de cartilha informativa acerca dos direitos das mulheres em situação de prisão. Período: novembro de 2009 a janeiro de Demanda/Justificativa No cenário internacional, o Brasil é referência na institucionalização de organismos governamentais de políticas para as mulheres e igualdade racial. Os processos de consolidação da democracia e os avanços legislativos criam oportunidades para a materialização dos direitos humanos das mulheres. Para fortalecer as conquistas institucionais e a participação social, o Sistema ONU (Organização das Nações Unidas) realiza, no Brasil, o Programa Interagencial de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia. Iniciativa pioneira no País com aporte do Fundo das Nações Unidas para o Alcance dos ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio), o Programa é resultado da cooperação internacional entre o Governo Espanhol e o Governo Brasileiro, por meio da SPM - Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e da SEPPIR Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. O Programa visa apoiar a implementação e avaliação dos Planos Nacionais de Políticas para as Mulheres e de Promoção da Igualdade Racial. Destacam-se entre seus objetivos: (i) fortalecer a estrutura de gestão da SPM e da SEPPIR; (ii) consolidar a transversalidade de gênero, raça e etnia nas políticas públicas; (iii) estimular o controle social das políticas de gênero, raça e etnia pelas redes, articulações e organizações feministas, de mulheres e do movimento de mulheres negras. Ao analisar a origem histórica das prisões femininas brasileiras, destaca-se a vinculação do discurso moral, religioso e dos valores sexistas nas formas de aprisionamento da mulher. O encarceramento feminino, norteado por uma visão moral, teve no ensino religioso a base para a criação de um
2 2 estabelecimento prisional destinado às mulheres, denominado reformatório especial, eis que a criminalização mais freqüente era relacionada à prostituição, vadiagem e embriaguez. A intenção era que a prisão feminina fosse voltada à domesticação das mulheres criminosas e à vigilância da sua sexualidade. Tal condição delimita na história da prisão os tratamentos diferenciados para homens e mulheres. Atualmente, o retrato do sistema prisional brasileiro é composto de imagens que revelam o desrespeito aos direitos humanos, tais imagens, ao olharmos especificamente para as mulheres que estão neste sistema, são ainda muito mais aterradoras; pois a elas é destinado o que sobra do sistema prisional masculino: presídios que não servem mais para abrigar os homens infratores são destinados às mulheres, os recursos destinados para o sistema prisional são carreados prioritariamente para os presídios masculinos e, além disso, os presos masculinos contam sempre com o apoio externo das mulheres (mães, irmãs, esposas e ou companheiras), ao tempo que as mulheres presas são abandonadas pelos seus companheiros e maridos, restando-lhes, apenas, a solidão e a preocupação com os filhos que, como sempre e mesmo nesta situação ficam sob sua responsabilidade. Considerando esta realidade, as I e II Conferências Nacionais de Políticas para as Mulheres aprovaram diretrizes visando à construção de políticas públicas destinadas a este seguimento, diante das violências a que estão submetidas as mulheres no sistema prisional. O II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM), elaborado no âmbito da II Conferência, definiu as áreas consideradas estratégicas para atuação do Estado Brasileiro, no que tange à condição das mulheres. É neste contexto do II PNPM que se insere a ação contemplada por esta consultoria, mais especificamente no âmbito de seu Capítulo 4, Enfrentamento de Todas as Formas de Violência contra as Mulheres, que tem como prioridades: Ampliar e aperfeiçoar a Rede de Atendimento às mulheres em situação de violência; Garantir a implementação da Lei Maria da Penha e demais normas jurídicas nacionais e internacionais; Promover ações de prevenção a todas as formas de violência contra as mulheres nos espaços público e privado; Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de violência com atendimento qualificado ou específico; Garantir o enfrentamento da violência contra as mulheres, jovens e meninas vítimas do tráfico e da exploração sexual e que exercem a atividade da prostituição; Promover os direitos humanos das mulheres encarceradas. O Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres lançado na II Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, em agosto de 2007, reúne ações do Capítulo 4 do II PNPM a serem executadas nos próximos quatro anos, por diferentes órgãos da administração pública, fato que colocou novamente a situação das mulheres em situação de prisão no centro do enfrentamento à violência contra as mulheres. O Governo Federal, reconhecendo a relevância do assunto, criou, por meio de Decreto Presidencial s/n, de 25 de maio de 2007, o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) com a finalidade de elaborar propostas para a reorganização e reformulação do Sistema Prisional Feminino, o qual foi composto pelos seguintes órgãos do Governo Federal: Secretaria Especial de Políticas para Mulheres da Presidência da República SPM/PR; Departamento Penitenciário Nacional DEPEN, do 2
3 3 Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial SEPPIR e Secretaria Especial dos Direitos Humanos SEDH, ambos da Presidência da República; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da Saúde; Ministério da Educação; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da Cultura; Ministério dos Esportes; Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; e Secretaria Nacional da Juventude da Secretaria-Geral da Presidência da República, cujos membros foram designados pela Portaria da SPM/PR nº 24 de 14 de junho de Além deles, participaram as Organizações da Sociedade Civil; Associação Juízes pela Democracia; Instituto de Defesa do Direito de Defesa; Instituto Terra, Trabalho e Cidadania; Pastoral Carcerária. O GTI analisou diversos aspectos relacionados à situação atual das mulheres encarceradas no Brasil. As conclusões e propostas oriundas do grupo, que compõem o Relatório Final publicado em dezembro de 2007, com o resultado dos estudos, sublinhou a necessidade urgente de conscientizar as mulheres em situação de prisão de seus direitos, bem como acerca de temas relativos afetos a sua condição, tais como os principais cuidados com a saúde e doenças mais comuns entre as encarceradas. Considerando o exposto, a urgência na tomada de providências para melhoria da situação em que se encontram as mulheres encarceradas e, ainda, o atendimento às indicações feitas pelo GTI, a SPM optou por produzir uma cartilha para ser distribuída tanto entre as mulheres presas quanto aos profissionais lotados em penitenciárias ou presídios, com o objetivo de conscientizar ambos os públicos quanto aos direitos das mulheres encarceradas, proporcionando não só uma convivência mais harmoniosa, como também relações mais justas e igualitárias entre tais pessoas. Em dezembro de 2007, o citado Grupo Interministerial publicou o Relatório Final dos seus trabalhos. Atividades: - Elaborar plano de trabalho da consultoria; - Participar de reuniões com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres; - Elaborar Cartilha sobre os direitos das mulheres em situação de prisão, com base no sumário a seguir, que contém os itens e pontos mínimos que devem constar no material didático: 1. Introdução com enfoque nos Direitos Humanos. 2. Execução Penal. 3. Informações sobre a revista pessoal às internas e seus familiares: O que não pode ser tolerado em hipótese alguma; Quem pode fazer a revista; Revista e exames considerados constrangedores. 4. Visitas e visita íntima: Receber visita se estiver em hospital prisional; Unidade materno-infantil; O direito a receber visita de companheiro ou companheira. 5. Direitos sexuais e reprodutivos: Tratamento médico, medicamentos; A obrigação do Estado em fornecer; Pode receber remédios de fora (enviados por parentes). 6. O que pode ter na cela: Aparelhos de áudio, vídeo, MP3, etc...; 7. Regras sanitárias mínimas da cadeia. 8. Alimentação e condições das celas. 3
4 4 9. Doenças: HIV; DST; Sarna; Tuberculose; Piolho; Exames de rotina e prevenção importantes para prevenção do diabetes, pressão alta e colesterol alto, exames câncer cérvico-uterino, mamas e campanhas de vacinação. 10. Contato com a família: violação de sigilo da correspondência, contato com a família por telefone em caso de emergência. 11. Guarda e visita dos filhos menores o que fazer e como proceder para evitar transtornos com a justiça da infância e juventude. 12. Auxílio reclusão: quem tem direito a receber e como receber. 13. O que é dever do Estado fornecer: roupas, cobertor, roupas de cama, material de higiene, etc. 14. Lazer e atividades desportivas e banho de sol. 15. Trabalho da presa no Regime Fechado. 16. Recursos para estudo. 17. Habilitação para o casamento. 18. Autorizações especiais para sair no regime fechado: Quando pode? 19. Presas Estrangeiras: falar de questões específicas referentes à expulsão; Comunicação com a família; com a embaixada; liberdade e retorno ao país de origem; benefícios. 20. Ouvidoria para questões relativas à violação de direitos da mulher em situação de prisão: A quem recorrer? Produtos esperados: - 1. Plano de trabalho com o planejamento das atividades de elaboração da cartilha e o cronograma para a entrega dos capítulos; - 2. Texto final da cartilha para avaliação e aprovação. Perfil profissional: Graduação na área de Direito, com experiência em Direito Penal e Direitos Humanos; Conhecimento do arcabouço jurídico brasileiro nas áreas do Direito Penal, Direito Processual Penal, Direito Civil e Processo Civil, bem como dos Tratados e Acordos Internacionais relativos às mulheres em situação de prisão; Experiência profissional comprovada na área de gênero e no atendimento às mulheres em situação de prisão; Evidenciar conhecimento e sensibilidade em relação aos temas: mulheres encarceradas e realidade vivida por elas atualmente, enfrentamento à violência contra as mulheres e políticas de promoção dos direitos das mulheres; É imprescindível que o(a) candidato(a) tenha habilidades redacional e de produção de material didático-pedagógico. Idiomas: Fluência em português e habilidade redacional. 4
5 5 Plano de Trabalho/ Insumos do Projeto Produtos Pagamento (%) Pagamento (US$) Prazo Plano de trabalho com o planejamento das atividades de elaboração da cartilha e o cronograma para a entrega dos capítulos ,00 10/12/2009 Texto final da cartilha para avaliação e aprovação ,00 10/01/2010 TOTAL ,00 Enviar a candidatura preenchida no modelo anexo com o nome Consultoria PRISÃO, assim como no assunto da menssagem, até sexta-feira 20 de novembro, 12h00 (horário de Brasilia) para recrutamentounifem@hotmail.com. Não serão aceitas candidaturas após esse prazo nem fora do modelo anexo de mais de duas páginas. As pessoas não selecionadas como finalistas não serão informadas. 5
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