MINISTÉRIO DA JUSTIÇA SECRETARIA DE DIREITO ECONÔMICO DEPARTAMENTO DE PROTEÇÃO E DEFESA ECONÔMICA
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- Heloísa Sá Nunes
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1 DEPARTAMENTO DE PROTEÇÃO E DEFESA ECONÔMICA Data: 09 de janeiro de 2006 Protocolado: / Natureza: Averiguação Preliminar Representante: Conselho Administrativo de Defesa Econômica Representada: Microsoft Informática Ltda. Senhor Coordenador, I. RELATÓRIO 1. A representação em análise foi encaminhada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) em face das denúncias feitas pela empresa Paiva Piovesan. Em razão da insuficiência de indícios na representação para a instauração imediata de Processo Administrativo, decidiu-se pela promoção de Averiguações Preliminares, na forma prevista pelo art. 30 da Lei nº 8.884/ Trata-se de representação contra a empresa Microsoft Informática Ltda., que estaria praticando condutas anticoncorrenciais com efeitos no mercado de softwares de gerenciamento financeiro. 3. No curso das Averiguações Preliminares, a representada Microsoft foi notificada do feito e instada a se manifestar acerca dos fatos, tendo o feito às fls. 228 e seguintes, conforme relatório a seguir. 4. Preliminarmente, a representada alegou que não dispõe do poder de decisão da empresa Microsoft Corporation por não ser a fabricante dos produtos mencionados na representação. Alegou, ainda, que não teria sentido a presente apuração, visto que teriam se passado mais de cinco anos desde a denúncia da empresa Paiva Piovesan. Nesse período, não apenas a participação de mercado do produto da denunciante teria aumentado como, também, os produtos da representada à época questionados não estariam sendo mais comercializados. Da mesma forma, a representada alegou o interesse da Microsoft em incentivar a utilização de ferramentas de desenvolvimento de terceiros. Palácio da Justiça Raimundo Faoro- Esplanada dos Ministérios Bloco T 5º andar Sala 538 CEP Brasília DF - Tel. (61) Fax (61)
2 5. Quanto ao mérito, a primeira parte dos esclarecimentos da representada destinou-se a esclarecer questões relativas ao software Visual Studio Installer. Acerca deste produto, informou que: a. O software Visual Studio possui uma ferramenta para a instalação de softwares de terceiros denominada Package and Deployment Wizard; b. Em 1999, outra ferramenta, denominada Visual Studio Installer foi lançada no mesmo software. Essa ferramenta, entretanto, não teria substituído o Package and Deployment Wizard; c. O Visual Studio Installer foi lançado com vistas ao mercado corporativo e foi disponibilizado apenas em inglês, japonês e alemão, os idiomas falados nos três maiores mercados de atuação da representada. A disponibilização apenas nesses três idiomas teria decorrido exclusivamente de questões técnicas; d. O Visual Studio não deteria poder de mercado. À época, existiam os concorrentes InstallShield for Windows Installer, Wise for Windows Installer e Veritas Winstall com, respectivamente 70%, 15% e 10% de participação de mercado; e. A insatisfação da denunciante poderia ser sanada por meio da migração para produtos de instalação fornecidos por terceiros ou por meio da criação de seu próprio programa de instalação; f. Por fim, argumentou que o Visual Studio Installer seria um produto subsidiário, com participação insignificante no mercado relevante de ferramentas de instalação, e que não possui qualquer potencialidade de evitar o acesso à tecnologia Microsoft. (fl. 242) 6. Em seguida, a representada passou a tecer comentários sobre a prática de venda casada, mais especificamente, na inclusão do controle de geração de gráficos para a Web no pacote Office. A esse respeito informou que: a. A Paiva Piovesan não especifica nos requisitos de software e hardware necessários para a utilização de seu programa a presença dos aplicativos Internet Explorer ou Microsoft Office. A ausência desses requisitos se daria em razão do programa prescindir desses aplicativos; Página 2/5
3 b. Não houve migração de nenhum componente do Visual Basic ou do Visual C++ com o lançamento do Windows 2000; c. O Office Web Components são ferramentas adicionais, que utilizam a tecnologia e os recursos do Microsoft Office; d. Existem inúmeros programas concorrentes que criam diversos tipos de gráficos, não sendo necessária a aquisição do programa Office; e. Não obstante a utilização da ferramenta Office Web Components exija a aquisição de licença do Microsoft Office, a construção de gráficos a partir dos dados produzidos pelo software da Paiva Piovesan poderia ser feita alternativamente a partir de desenvolvimento de ferramenta por parte daquela empresa ou pela utilização de aplicativos de terceiros; f. Finalmente, o Office Web Components nada teria a ver com o acesso remoto de dados, não influenciando a transmissão de dados pelos usuários do Finance. 7. A representada aproveitou seus esclarecimentos para repudiar outras afirmações feitas pela Paiva Piovesan. Desse modo, alegou que não há qualquer dependência do Finance em relação ao Internet Explorer, podendo a conexão com os bancos ser feita por qualquer outro browser e, alternativamente, a denunciante poderia disponibilizar recurso de discagem, que evitaria a necessidade de qualquer browser para a conexão. 8. Acerca da acusação de que o Money lançado em 2005 associaria os arquivos de extensão OFX, não permitindo a utilização de outros softwares, a representada afirma inicialmente que, desde 2000, não comercializa o produto Money no Brasil, mesmo em sua versão em inglês. A representada também alega que não há dificuldade para o usuário em associar os arquivos OFX para Finance e que, alternativamente, a desinstalação do Money não seria um ônus incomensurável para os usuários do Finance. 9. Com relação a supostas dificuldades em incluir o software Finance em integradores OEM como Compaq, HP e Dell, a representada alega que trata-se de uma opção daquelas empresas e que não há qualquer influência por parte da Microsoft. 10. A respeito da evolução da interface gráfica, a representada informou que as ferramentas de desenvolvimento fornecidas pela Microsoft são dependentes dos sistemas operacionais sobre as quais funcionam, razão pela qual há um lapso temporal entre o lançamento de um novo sistema operacional e suas ferramentas de desenvolvimento. Alegou, entretanto, que o programa Visual Studio Página 3/5
4 2005 já apresenta as características da nova interface visual. Por fim, a afirmou que, mesmo antes do lançamento do software acima, essas características já podiam ser desenvolvidas por meio da utilização das APIs do sistema operacional, sendo tal opção exercida por outros fornecedores de software. 11. Por último, a representa aduz que a denúncia quanto à ausência de informações sobre a compatibilidade dos arquivos OFC e OFX nos sites dos bancos Caixa Econômica Federal, Banco Real e Itaú, que associam tais extensões ao programa Money, também não deve prosperar. Por um lado, tratar-se-ia de questão interna daquelas instituições financeiras. Por outro lado, a questão teria sido analisada pelo CADE quando do julgamento do Processo Administrativo nº / Ante o exposto, a representada requereu o arquivamento da presente averiguação preliminar. 13. Este é o relatório. II. ANÁLISE 14. Inicialmente, faz-se necessário apresentar as preliminares argüidas pela representada. 15. Não obstante a diferença de personalidade entre a Microsoft Corporation e a representada, o art. 17 da Lei nº 8.884/94 determina sua responsabilidade solidária, razão pela qual eventual recusa em se manifestar acerca dos fatos apenas constituiria a revelia da empresa. 16. Ainda com referência às preliminares argüidas, os cinco anos entre a denúncia das práticas e a presente investigação não podem ser interpretados extensivamente como prescrição do feito, visto que o mesmo decorre diretamente do Processo Administrativo nº / Além disso, embora seja alegada a inexistência de efeitos prejudiciais à concorrência os quais já deveriam ter se manifestado no período não se pode olvidar que o art. 20 da Lei nº 8.884/94 também tipifica como ilícitos concorrenciais as condutas que apenas potencialmente poderiam produzir efeitos e aquelas exercidas com intento anticoncorrencial. 17. Com relação ao mérito da representação, os esclarecimentos trazidos aos autos pela representada demonstram a insubsistência dos indícios contidos na representação. 18. O programa Visual Studio Installer não possui poder de mercado, existem diversas outras alternativas para a criação de guias de instalação de softwares e a localização do software em apenas três idiomas é economicamente razoável. Não há portanto, qualquer indício de infração à ordem econômica. Página 4/5
5 19. Da mesma forma, não há que se falar em venda casada com relação ao Office Web Components. Se houvesse venda casada, a mesma também estaria presente quando da inclusão de ferramentas gráficas no sistema operacional. Além disso, restou claro que se trata de uma funcionalidade adicional que, além de estar relacionada ao suite da Microsoft, pode ser obtida por inúmeros outros softwares de terceiros ou desenvolvidos pela própria autora da denúncia. Não há qualquer indício que a conduta tenha tido objeto ou efeito anticoncorrencial. 20. Com relação à associação de arquivos, trata-se de prática não rara entre produtores de software que, quando da instalação de seu produto, modificam a associação das extensões dos arquivos. A mudança na associação, contudo, é facilmente desfeita pelo próprio usuário que, contra tal prática pode simplesmente remover o software que provocou tais alterações no sistema. 21. Finalmente, não existem quaisquer indícios de que a menção feita pelos bancos à marca Money tenha relação com a representada, nem que tal menção possa ser considerada anticompetitiva. Da mesma forma a não integração do programa Finance à distribuição OEM não pode, na ausência de qualquer indício, ser atribuída a uma prática anticompetitiva de terceiro. Por fim, não há elementos lógicos para atribuir conduta infringente à inovação na interface gráfica do Windows, conforme relatado. 22. Pelo acima exposto, sugere-se o arquivamento da presente Averiguação Preliminar recorrendo-se de ofício ao CADE, nos termos do artigo 31 da Lei nº 8.884/94. Estas as conclusões. À consideração do Senhor Coordenador-Geral, Substituto Data supra. De acordo. À consideração da Sra. Diretora. Brasília, de janeiro de De acordo. À consideração do Sr. Secretário. Brasília, de janeiro de MARCELO DE LIMA E SOUZA Coordenador LEANDRO DOS REIS LUCHESES Coordenador-Geral, Substituto MARIANA TAVARES DE ARAUJO Diretora do DPDE Página 5/5
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