Eng.ª Ana Paula Vitorino. por ocasião da
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- Nicolas Henriques de Santarém
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1 INTERVENÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA A SECRETÁRIA DE ESTADO DOS TRANSPORTES Eng.ª Ana Paula Vitorino por ocasião da Sessão de Encerramento do Colóquio PORTO DE AVEIRO: ESTRATÉGIA E FUTURO, Ílhavo Museu Marítimo de Ílhavo 3 de Abril de 2006 (vale a versão lida) 1/8
2 É com enorme prazer que participo nesta iniciativa inovadora da Administração do Porto de Aveiro, que, ao ter decidido instituir o Dia do Porto de Aveiro, celebra a efeméride com uma jornada de reflexão e debate sobre o futuro desta importante infra-estrutura portuária. Este evento foi certamente proveitoso, como não poderia deixar de ser tratando-se de um debate de ideias entre todos os interessados no desenvolvimento do porto e da região. Efectivamente, nos últimos 20 anos, o porto de Aveiro tem evidenciado um significativo dinamismo, reflectido num crescimento de tráfego apreciável e num aumento progressivo do grau de diversificação dos produtos movimentados, sendo, neste momento, o principal porto português na movimentação de produtos metalúrgicos. O Transporte marítimo e a articulação do sector marítimo-portuário têm merecido deste Governo uma atenção muito especial, com diversas medidas já realizadas e muitas outras em curso. De facto, nunca é demais sublinhar o importante papel do transporte marítimo face à nossa posição geográfica, bem como a necessidade de potenciar a posição de Portugal enquanto plataforma logística na fronteira atlântica ocidental da Europa, dotada de áreas de distribuição de mercadorias e de prestação de serviços de valor acrescentado que vão permitir alavancar a organização de cadeias logísticas integradas. Neste sector, o Governo tem um objectivo estratégico muito claro: melhorar fortemente a posição dos portos portugueses no ranking dos portos europeus. Transformar os portos portugueses nas principais portas de entrada e saída da Península Ibérica e pontos de referência nas rotas intercontinentais. 2/8
3 A acção do actual Governo pauta-se pois por esse objectivo estratégico, o qual: Exige um transporte marítimo mais competitivo e eficiente; Pretende a integração dos portos portugueses num sistema de transporte multimodal e na Rede Transeuropeia de Transportes; Impõe a articulação dos portos nacionais. Gostaria aqui de destacar, de forma não exaustiva, algumas das medidas tomadas no sentido de tornar o transporte marítimo mais competitivo e eficiente, com base em processos de desburocratização, simplificação e harmonização de procedimentos, com reflexos visíveis na redução de tempos de espera e na melhoria das condições de acesso. Recentemente foi dado um passo significativo no processo de simplificação e agilização de procedimentos no sector portuário, com a aprovação e publicação da norma nacional do Manifesto Marítimo Electrónico. Essa alteração, essencial para a modernização dos portos, decorre no âmbito do projecto PCom Plataforma Comum Portuária, desenvolvido em parceria entre as Administrações Portuárias dos Portos de Leixões, Lisboa e Sines, e a Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo (DGAIEC), e que será agora estendido aos Portos de Aveiro e de Setúbal. Mas a eficiência do transporte marítimo está igualmente associada à constituição dos portos como hubs inseridos nas cadeias logísticas de transportes devidamente integrados e potenciadores das ligações rodo-ferroviárias ao hinterland. É neste sentido que foi dada prioridade a investimentos associados às acessibilidades portuárias, como é o caso da ligação ferroviária Sines-Elvas/Badajoz para transporte de mercadorias, ou da ligação ferroviária do porto de Aveiro à rede nacional, obra há muito aguardada pela região e agora retomada, bem como a execução da plataforma multimodal de Cacia, um investimento estimado em sete milhões de euros, cujo concurso 3/8
4 público internacional, com um prazo de execução dos trabalhos de pouco mais de um ano, foi recentemente lançado. Estes projectos, que aqui recordo, têm impactos significativos na economia das regiões, permitindo a criação de uma efectiva multimodalidade do sistema portuário, com consequências no aumento do seu nível de atractividade face a outros modos de transporte. Também com o objectivo de promover a articulação multimodal será em breve apresentado publicamente o Sistema Logístico Nacional, associado a um Programa para implementação de um conjunto de plataformas logísticas essenciais para suportar um Sistema Logístico e de Transportes ao nível nacional. Igualmente a articulação do Sistema Portuário nacional constitui um elemento essencial para o crescimento sustentado do sector. E, sublinha-se nesse domínio, a importância do projecto que tem vindo a ser desenvolvido para a normalização de informação, simplificação e harmonização de procedimentos, abrangendo todos os portos nacionais do Continente e Ilhas. Esse projecto PIPE Procedimentos e informação Portuária Electrónica, está planeado para terminar em Janeiro de 2007, sendo que, a seguir ao levantamento da situação actual, passar-se-á à fase de reengenharia de processos e fluxos de informação, visando a elaboração de um modelo de referência nacional de procedimentos simplificados e harmonizados, baseado na filosofia de Janela Única Portuária, comum ao projecto PCom. Gostaria aqui de destacar o importante trabalho de coordenação que tem vindo a ser realizado com o objectivo de promover a articulação portuária, reforçando a competitividade dos portos, do qual merece especial referência a revisão do Regulamento de Tarifas dos Portos do Continente, praticamente terminada. Este 4/8
5 Regulamento irá dar origem a procedimentos harmonizados, garantindo, em simultâneo, limites aos descontos praticados e uma margem para cada administração portuária os estabelecer, tendo em conta critérios estabelecidos na lei, reforçando a transparência e a sua aplicação. Decorrendo do mesmo trabalho, entendeu-se, igualmente, fazer aprovar anualmente os tarifários de cada porto por uma entidade nacional, tarifários esses sujeitos a orientações prévias específicas, por forma a que os portos funcionem, em geral, com uma matriz de competitividade perante o exterior e de complementaridade entre si, reforçando a vocação de cada um, desde que, naturalmente, abarquem o mesmo «hinterland» com idênticas cargas e custos associados similares. Gostaria ainda de salientar as Auto-Estradas do Mar e a importância de que se revestem para Portugal, sublinhando o profundo interesse deste Governo no desenvolvimento do projecto dado o seu carácter integrador das medidas atrás referidas, por um lado, mas também a sua capacidade enquanto alternativa aos actuais estrangulamentos das ligações terrestres com a Europa. Neste âmbito, a recente conclusão da primeira fase do projecto PORTMOS, permitiu identificar um conjunto de critérios e de requisitos considerados indispensáveis para garantir a certificação dos portos como pontos essenciais que permitam a ligação, sem roturas, do transporte de mercadorias de um porto de origem a um porto de destino, bem como a situação actual em cada porto e os estrangulamentos existentes que necessariamente deverão ser superados, de forma a permitir a articulação dos portos nacionais e europeus. Minhas Senhoras e meus Senhores, este Governo tem demonstrado um forte empenho no desenvolvimento do sector marítimo-portuário e na promoção do transporte marítimo como meio privilegiado de transporte, integrado numa cadeia multimodal que potencie factores como a segurança, a eficiência, o ambiente, mas também os custos globais. 5/8
6 O desenvolvimento do Porto de Aveiro insere-se nesta estratégia. De facto, a progressiva execução do programa de investimentos em curso tem vindo a consolidar os factores de atractividade e competitividade do Porto em três vertentes fundamentais: as infraestruturas e super-estruturas portuárias, os acessos terrestres e o acesso marítimo. Como todos sabemos, neste ou em qualquer outro porto, o conjunto privilegiado das estruturas de acesso é um dos factores críticos de sucesso, sendo um critério particularmente importante para o desenvolvimento do Transporte Marítimo de Curta Distância e das Auto-Estradas do Mar. Igualmente o aproveitamento logístico dos terrenos portuários pode ser uma das vantagens estratégicas do Porto de Aveiro, uma vez que a grande reserva de terrenos disponíveis pode permitir a instalação de actividades logísticas e industriais utilizadoras do porto, transformando o espaço num pólo de desenvolvimento económico da região. Neste sentido, o Governo irá incluir a Zona de Actividades Logísticas e Industriais do Porto de Aveiro ZALI, no já mencionado Sistema Nacional de Plataformas Logísticas, a qual, beneficiando da futura ligação ferroviária ao porto e em articulação com o Terminal Multimodal de Cacia, irá potenciar o crescimento de actividades de maior valor acrescentado, fazendo uso dos vultuosos investimentos já realizados pelo Porto de Aveiro. De facto, a conclusão do Plano de Investimentos de Expansão de Infra-estruturas Portuárias lançado em 2000 e que representa um investimento global de 175 milhões de euros irá dotar o Porto de Aveiro de uma capacidade de oferta de serviços diversificada e adaptável às necessidades dos clientes, permitindo incrementar o processo de crescimento do volume de mercadorias movimentadas e impulsionar a economia nacional. 6/8
7 Concluídas que estejam estas importantes obras, passa, o Porto de Aveiro, a dispor de condições ímpares para a concretização das acções e projectos constantes no Plano Estratégico para os próximos dez anos. Numa perspectiva geográfica, fica facilitada a tarefa de alargamento do actual hinterland do Porto de Aveiro ao interior do país e à região a noroeste de Madrid. O caminho abrese para um enérgico reforço dos factores de competitividade endógena do porto, aproveitando-se a sua boa inserção territorial, o dinamismo económico da área de influência em que está localizado, assim como da sua posição central nesse mesmo hinterland. Finalmente, quero manifestar a minha convicção que o Porto de Aveiro saberá acompanhar com empenho e saudável actividade comercial o esforço patenteado pelo Governo no âmbito da dinamização da economia do nosso país. Para terminar, gostaria de dizer, muito claramente, que considero que esse objectivo estratégico, transformar os portos portugueses nas principais portas de entrada e saída da Península Ibérica e pontos de referência nas rotas intercontinentais, que encaro como um desígnio nacional, exige uma acção concertada e determinada, entre o poder político, o sector público e o sector privado, em três grandes vertentes: Nas áreas portuárias, quer nas infra-estruturas, quer nos procedimentos, relações institucionais e fiscalidade; Nas áreas de influência dos portos, na relação entre os hinterlands directos e indirectos, quer nas infra-estruturas de acesso, quer na ligação ao sistema logístico nacional; Na área comercial, que deverá ter uma estratégia pró activa de conquista de novos mercados. Em todas estas vertentes, repito, é necessário que todos os agentes do sector, públicos e privados, assumam com determinação o papel que lhes compete. Pela minha parte tudo 7/8
8 farei para ultrapassarmos o fado da eterna reflexão e passarmos definitivamente para a concretização desta ambição que é de todos nós. Muito obrigada pela vossa atenção. 8/8
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