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1 Patrocínio Institucional Parceria Institucional Apoio

2 O Grupo AfroReggae é uma organização que luta pela transformação social e, através da cultura e da arte, desperta potencialidades artísticas que elevam a autoestima de jovens das camadas populares. Tem por missão promover a inclusão e a justiça social, utilizando a arte, a cultura afro-brasileira e a educação como ferramentas para a criação de pontes que unam as diferenças e sirvam como alicerces para a sustentabilidade e o exercício da cidadania. O InfoReggae é uma publicação semanal e faz parte dos conteúdos desenvolvidos pela Editora AfroReggae. Sede Rio de Janeiro Rua da Lapa, nº 180 Centro Rio de Janeiro (RJ) InfoReggae - Edição 56 Ensino Profissionalizante 24 de Outubro de 2014 Coordenador Executivo José Júnior Coordenador Geral Adjunto Danilo Costa Gerência de Informação e Monitoramento Thales Santos Assistentes de Pesquisa Nataniel Souza Juliana Paula Mattos Coordenação Editorial Marcelo Reis Garcia Representação São Paulo Rua João Brícola, nº 24 18º andar Centro São Paulo (SP) Contatos facebook.com/afroreggaeoficial twitter.com/afroreggae inforeggae@afroreggae.org É permitida a reprodução dos conteúdos desta publicação desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas. Patrocínio Institucional Parceria Institucional Apoio

3 Apresentação Esta edição do InfoReegae apresenta o Censo dos Cursos Profissionalizantes. A construção pedagógica de que a escolarização pode ser acompanhada pela profissionalização ainda é uma ideia incipiente no Brasil. Temos um divórcio entre o Ensino Médio e o Ensino Profissionalizante, como se esta articulação não significasse um saldo fundamental para refundar o próprio Ensino Médio no Brasil. Um dos desafios do InfoReggae sempre será mediar informações para a construção de consensos nacionais e não há dúvida de que o desafio que se coloca para estabelecermos um debate passa pela construção de uma escola que vire trabalho. O Jovem brasileiro precisa vivenciar essa verdade. Nosso debate ao avaliar os dados não pode ser isolacionista, pois pretende de fato debater os cursos profissionalizantes sob o eixo da educação básica. O Brasil tem cerca de 11 milhões de jovens de 18 a 29 anos que não completaram o Ensino Fundamental e 9 milhões, sem o Ensino Médio. Não é possível pensar a profissionalização destes jovens sem que a escolarização seja um eixo de condução. O grande debate e o maior desafio é entender que não é possível mantermos uma escola que não profissionalize. Não existe profissionalização sem escolarização, a única forma de construir inclusão sustentável. 01

4 Educação Profissionalizante Segundo a pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira: Educação Profissional (CNI), apenas 16% da população brasileira com mais de 16 anos está estudando e 67% exercem alguma atividade remunerada. Em contrapartida, essa participação cai para apenas 12% para os entrevistados acima dos 55 anos de idade. Observa-se no gráfico 1 que o contingente de matriculados no curso profissionalizante vem aumentando nos últimos 4 anos. A procura pelos cursos de educação profissionalizante é maior entre os jovens: 34% dos entrevistados na faixa etária de 16 a 24 anos afirmam que frequentam ou já frequentaram cursos técnicos. Para aqueles na faixa etária de 25 a 34 anos, o percentual é de 32%. Gráfico 1- Evolução das Matrícula na Educação Profissional. Brasil Fonte: MEC/Inep/Deed

5 Gráfico 2 - Matrículas na Educação Profissional segundo a Região Brasil (5,9%) (20,1%) (51,7%) (16,6%) (5,7%) Fonte: MEC/Inep/Deed Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Nota-se que o perfil do matriculado é majoritamente jovem e mais da metade é morador da região Sudeste (51,7%), seguida da região Nordeste (20,1%). O menor contingente de matriculados nesse tipo de formação se encontra na região Centro- Oeste do país. Gráfico 3 - Número de Estabelecimentos de Educação Profissional (55,7%) 280 (6,1%) 558 (12,2%) 921 (20,1%) 269 (5,9%) Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Fonte: MEC/Inep/Deed A região Sudeste apresenta o maior contingente de matriculados e, de fato, oferece a maior oferta de estabelecimentos de Educação Profissional (55,7%), seguida da região Sul, com 20,1% das ofertas de curso profissionalizantes, região que detém o terceiro maior contingente de matriculados. A região Nordeste acumula 12,2% da oferta de cursos profissionalizantes, tendo o segundo maior contingente de matriculados. 03

6 Gráfico 4 - Instituição onde o curso profissionalizante foi ou está sendo realizado 43,0% 37,0% 20,0% Sistema S (Senai, Senac, Sebrae, etc) Profissionalizante particular Profissionalizante público Fonte: Pesquisa CNI-IBOPE - Retratos da Sociedade Brasileira: Educação Profissional/2014 Nota-se que o Sistema S oferece os cursos profissionalizantes com mais matriculados, entretanto o que mais nos chama atenção é o fato de os cursos profissionalizantes públicos serem de menor quantidade. Gráfico 5: Razão para ter feito ou estar fazendo um curso de educação profissional Permite um ingresso mais rápido no mercado de trabalho Desejo de qualificar-se em determinada profissão O curso de educação profissional amplia as oportunidades de acesso ao mercado de trabalho Para melhorar o desempenho no atual trabalho O curso é mais objetivo, tem foco na prática profissional Para atender uma nova demanda industrial local Oferta de cursos profissionalizantes próximos à residência/ao trabalho Quem faz o curso técnico estará mais preparado caso queira fazer um curso superior na mesma área Os cursos são mais curtos do que os cursos de nível superior Exigência da empresa onde trabalha Os cursos técnicos pagos são mais baratos do que os cursos denível superior Melhorar a renda 1% 7% 9% 16% 15% 13% 11% 23% 28% 27% 47% 53% Fonte: Pesquisa CNI-IBOPE - Retratos da Sociedade Brasileira: Educação Profissional/

7 Os entrevistados que frequentam ou frequentaram um curso profissional foram instados a dizer por qual razão até três opções os levaram a fazer o curso. A razão mais declarada (53%), diz respeito ao fato do curso profissional acelerar o processo na inserção ao mercado de trabalho; Em seguida vem o desejo de se qualificar em uma profissão específica (47%). O que justifica o fato da maior dificuldade relatada pelos jovens brasileiros para se estabelecer no mercado de trabalho ser sintetizados em duas razões principais: a falta de qualificação e de experiência. O problema é registrado em todos os níveis de formação e se relaciona também às condições sociais de cada pessoa. Dado que sugere o quanto a formação profissionalizante deve ser associada a Escola de Educação Básica. Gráfico 6 - Razões para nunca terem frequentado cursos de educação profissional Falta tempo para estudar Não tem recursos para pagar as Não tem interesse nos cursos oferecidos Não possui os requisitos exigidos Faltam escolas que ofereçam cursos de Não tem informações sobre cursos de Salários são baixos Cursos existentes oferecem poucas vagas Optou por fazer um curso superior Falta reconhecimento dos empregadores Cursos têm duração muito extensa Nenhuma destas/ Outras Baixa qualidade dos cursos NS/NR 13% 11% 11% 9% 7% 7% 7% 6% 4% 22% 22% 21% 26% 40% Fonte: Pesquisa CNI-IBOPE - Retratos da Sociedade Brasileira: Educação Profissional/2014 Vale notar que a falta de tempo para estudar é o principal entrave alegado pelas pessoas para frequentar um curso de educação profissional (40%). Três outras razões foram alegadas em igual proporção: Não tem interesse nos cursos oferecidos (22%); Não possui os requisitos exigidos (22%); Faltam escolas que ofereçam cursos profissionalizantes (21%). 05

8 Gráfico 7 - Opinião dos brasileiros sobre os cursos profissionalizantes no Brasil 53,0% 16,0% 22,0% 2,0% 2,0% 5,0% Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo NS/NR Fonte: Pesquisa CNI-IBOPE - Retratos da Sociedade Brasileira: Educação Profissional/2014 Para 69% dos brasileiros, os cursos profissionalizantes são bons e ótimos. Nesse sentido, há uma demanda reprimida, uma vez que a falta de tempo é um dos principais motivos destacados para não fazer curso profissionalizante. 06

9 Um Debate a Ser Feito As matrículas do Ensino de Jovens e Adultos está caindo no Brasil. A evasão e o abandono dos alunos do Ensino Médio está cada vez maior. O Brasil convive com 20 milhões de jovens de 18 a 29 anos que não completaram a educação básica. O Brasil assiste impávido ao desmonte diário do Ensino Médio, pois hoje seu currículo não responde às demandas e nem traduz, de fato, a realidade dos jovens. Temos um enorme desafio que é criar um modelo pedagógico atraente de cursos profissionalizantes. Mas não podemos entender estes cursos como um atalho mal feito para que os jovens e adultos possam acessar efetivamente a entrada no mercado de trabalho. A qualidade dos cursos ou oficinas profissionalizantes são bastante precárias e precisam passar por uma profunda revisão e reorganização. Podemos afirmar que o Sistema S responde hoje pela grande qualidade dos cursos técnicos e profissionalizantes, mas este ainda não consegue dar conta da imensa demanda que temos no Brasil. Os estados, com raras excessões como São Paulo, não conseguiram constituir uma rede de escolas técnicas e profissionalizantes, e os estados ainda estão distantes de um Ensino Médio que articule a formação escolar com a profissionalização. No debate sobre educação no Brasil, não temos nenhuma discussão que hoje seja mais urgente e que esteja mais atrasada. O Brasil precisa de mão de obra qualificada e, nossos jovens e adultos, em muitos casos, não tem esta qualificação. Não podemos continuar organizando cursos de profissionalização que não conversem com o mercado e com os arranjos produtivos locais. De nada adianta oferecer cursos que não virem trabalho para os jovens ou adultos. Estamos tateando um tema que precisa ter mais relevância na sociedade. Precisamos de um amplo debate e mapeamento sobre possibilidades, oportunidades e futuro dos jovens. O grande debate a ser feito hoje no Brasil passa pela inclusão sustentável e esta, com certeza, não será viável sem escolarização e profissionalização com qualidade, antenados com os desafios de nossos tempos. Marcelo Reis Garcia Coordenador Editorial do InfoReggae 07

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