TRIBUNAL DE JUSTIÇA DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL DECISÃO DO RELATOR

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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL Agravo de instrumento nº Agravante: ESTADO DO RIO DE JANEIRO Agravado: MARIA THOMAZ VALENTIM Relator: Des. EDSON VASCONCELOS DECISÃO DO RELATOR MEDICAMENTOS DECISÃO AGRAVADA QUE DEFERIU O ATENDIMENTO DOMICILIAR TÃO-SOMENTE PARA COMPROVAR A REAL NECESSIDADE DOS MEDICAMENTOS E INSUMOS PRESCRITOS PARA TRATAMENTO DA MESMA DOENÇA DECISÃO EXTRA PETITA NÃO CONFIGURAÇÃO - O fornecimento dos medicamentos prescritos depende de receituário médico atualizado. Considerando o estado de saúde da agravada e a dificuldade de locomoção em razão de sua idade avançada, não há qualquer irregularidade na decisão que determinou o comparecimento de médico da rede pública no abrigo onde se encontra a enferma, tão-somente para confirmar a necessidade dos medicamentos pleiteados, visando assegurar o tratamento da moléstia que acomete a demandante, porquanto se refere à mesma doença. Não se trata de decisão extra petita, pois exigir a cada alteração no curso do tratamento, a propositura de nova demanda contraria a efetividade e a celeridade processual, além de contribuir para o assoberbamento do Judiciário. Negado seguimento ao recurso. 1

2 RELATÓRIO Volta-se o presente agravo contra decisão prolatada pelo Juízo da 1ª Vara Cível da Comarca de Nilópolis, que determinou a intimação dos réus para que forneçam a integralidade da medicação prescrita na receita acostada a fls. 48, bem como para que disponibilizem o atendimento médico da autora no abrigo indicado, a fim de confirmar a regularidade dos medicamentos postulados (fls. 118). Em sede de antecipação de tutela, a autora, portadora de demência senil e incontinência urinária, pleiteou o fornecimento do medicamento CALTRATE M600 e 150 FRALDAS DESCARTÁVEIS. Concedida a tutela antecipatória, a autora apresentou novo receituário fls. 48, acrescentando outros medicamentos e insumos necessários à manutenção da saúde da paciente. Tendo em vista os esclarecimentos prestados pela autora e a solicitação constante de fls. 110, a magistrada singular proferiu a decisão ora hostilizada (fls. 118). Em suas razões o agravante sustenta que a decisão agravada é extra petita, visto que a providência pleiteada pela agravada se refere apenas ao fornecimento de medicamentos. Aduz, em síntese, que o SUS não disponibiliza dotação aos Estados para que realizem o serviço de atendimento domiciliar, utilizando profissionais de saúde, sendo o serviço pleiteado da competência do município da residência da autora. Alega que os abrigos de acolhimento de idosos devem manter atendimento médico, bem como que os medicamentos podem ser retirados por representante da agravada. 2

3 Por fim, requer a concessão de efeito suspensivo e a reforma da decisão agravada com o provimento do recurso (fls. 02/13). Decisão deste relator indeferindo o pretendido efeito suspensivo ao agravo considerando-se a existência de periculum in mora inverso (fls. 165). Contrarrazões da agravada a fls. 167/171, esclarecendo que o atendimento médico no local de abrigo da autora foi determinado em razão de exigências do órgão fornecedor de novo receituário médico, considerando a dificuldade de locomoção da autora e de sua representante legal, que se encontram com idade muito avançada e muito enfermas, não podendo fornecer laudo médico atualizado para comprovar a necessidade da medicação prescrita. No mais, prestigia a decisão hostilizada. 173/117). Parecer da douta Procuradoria de Justiça pelo improvimento do recurso. (fls. Recurso tempestivo. É o relatório. EXAMINADOS, DECIDO A questão inicial a ser apreciada no presente recurso, diz respeito à possibilidade de atendimento domiciliar, apenas para comprovar a real necessidade 3

4 dos medicamentos e insumos prescritos, visando dar continuidade ao tratamento da moléstia da qual a agravada é portadora. A necessidade de tratamento de saúde da agravada com os medicamentos postulados restou demonstrada por intermédio do receituário médico acostado a fls.48. Ressalte-se que fornecimento dos medicamentos prescritos depende de receituário médico atualizado. Assim, considerando o estado de saúde da agravada e a dificuldade de locomoção em razão de sua idade avançada, não há qualquer irregularidade na decisão que determinou o comparecimento de médico no abrigo onde se encontra a enferma, tão-somente para confirmar a necessidade dos medicamentos pleiteados, visando assegurar o tratamento da moléstia que acomete a demandante, porquanto se refere à mesma doença, sendo prescrita por médico credenciado e atuante da rede pública. A condenação dos entes públicos deve ser interpretada de forma ampliativa, eis que a obrigação judicialmente imposta, não se resume ao simples fornecimento deste ou daquele medicamento indicado na inicial, importando no custeio do tratamento necessário da patologia apresentada pela parte autora. Exigir a cada alteração no curso do tratamento, a propositura de nova demanda contraria a efetividade e a celeridade processual, além de contribuir para o assoberbamento do Judiciário. 4

5 À conta de tais fundamentos, nego seguimento ao recurso, porque manifestamente improcedente, o que faço com espeque no art. 557 do Código de Processo Civil, mantendo-se a decisão atacada. Rio de Janeiro, 13 de agosto de Des. Edson Vasconcelos Relator 5