ANÁLISE DO LAYOUT DE UMA INDÚSTRIA MOVELEIRA Luiz Augusto Perret*, Giordano Marques Corradi, Eduardo da Silva Lopes, Éverton Hillig
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1 ANÁLISE DO LAYOUT DE UMA INDÚSTRIA MOVELEIRA Luiz Augusto Perret*, Giordano Marques Corradi, Eduardo da Silva Lopes, Éverton Hillig Departamento de Engenharia Florestal Universidade Estadual do Centro-Oeste, PR 153 Km 07, , Irati/PR, RESUMO Neste trabalho foi analisada a aplicabilidade de uso da Carta de Relacionamentos como ferramenta para a análise do Layout de uma empresa de móveis, por meio de sua aplicação num estudo de caso de uma indústria da Região Centro-Sul do Paraná. Verificou-se que essa ferramenta é de uso simples e de boa aplicação para análise do Layout de uma indústria de móveis, sendo necessário o conhecimento prévio do processo produtivo e do fluxograma da indústria. Recomenda-se que a análise seja complementada por meio de outras ferramentas como o Diagrama de Fluxo e a Análise do Lead Time de produção. Palavras chave: Móveis, Carta de Relacionamentos, Madeira Introdução O setor moveleiro vem contribuindo na economia de diversas regiões do Brasil, sem se despreocupar com as questões ambientais e sociais. Segundo ROESE (2000), embora a participação do setor seja modesta quando se considera o conjunto da indústria de um determinado estado, o fato de ser um setor caracterizado por constituir pólos regionais faz com que assuma grande importância em determinadas regiões. No Paraná, há 1200 empresas moveleiras que empregam funcionários, especialmente concentradas no pólo moveleiro de Arapongas no norte do estado e que se consolidou na década de 80. O Paraná participou com 12,6% do faturamento na indústria de móveis nacional e Arapongas participou com 7% no faturamento total. Em 2001, Arapongas foi o segundo pólo no Brasil em faturamento, perdendo apenas para Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. (CAMARA et al., 2003) A região Centro-Sul do Paraná é conhecida tradicionalmente como uma região madeireira, concentrando principalmente serrarias e indústrias de compensados. De acordo com WIKIPÉDIA (2010) a principal fonte de riqueza da região é a extração de madeira de pinus e eucaliptos, no entanto, com um IDH médio de 0,73 a região se destaca como uma das mais pobres do estado do Paraná. Esse cenário propõe que se desenvolvam ações para desenvolvimento da cadeia produtiva da madeira, a qual inclui a indústria de móveis. Desde a produção até chegar ao consumidor, cada móvel passa por uma série de processos que envolvem pessoas, métodos e tecnologias que juntos contribuem de diversas formas para a confecção de produtos de qualidade, baixo custo e com reduzido impacto ambiental. MORAES (2002) cita que a indústria moveleira pode ser segmentada tanto em função dos materiais que os móveis são confeccionados, como também de acordo com os usos a que se destinam. Existem os móveis de madeira para residência (que contemplam os móveis retilíneos seriados, os móveis torneados seriados e móveis sob medida) e os móveis para escritório (móveis sob encomenda e móveis seriados).
2 Independente do segmento industrial, em geral as indústrias de móveis organizam seu arranjo físico ou Layout por processo. Neste tipo de arranjo físico todos os recursos similares de operação são mantidos juntos, sendo normalmente usado quando a variedade de produtos é relativamente grande. Este tipo de layout é conhecido também como layout funcional (PIAZZAROLLO, 2007). Por outro lado, em geral as indústrias de móveis nascem em ambientes familiares e crescem aos poucos, muitas vezes sem um planejamento adequado do fluxo de informações e de materiais no seu processo produtivo. Assim, acabam por desenvolver Layouts que não são totalmente adequados ao processo. Dessa forma, uma ação importante para desenvolvimento da indústria de móveis é a análise de seu arranjo físico ou Layout. Esse trabalho tem como objetivo verificar a aplicabilidade do uso da Carta de Relacionamentos como ferramenta para a análise do Layout de uma empresa de móveis, por meio de sua aplicação num estudo de caso de uma indústria da Região Centro-Sul do Paraná. Metodologia Para desenvolvimento dessa análise, foi primeiramente realizada uma revisão de literatura sobre a indústria de móveis e sobre a organização do arranjo físico em indústrias. Nessa etapa procurou-se compreender o processo produtivo dos diversos segmentos industriais moveleiros e de como o arranjo físico pode influenciar no processo. Na segunda etapa, a indústria foi analisada para elaboração do Layout atual e do fluxograma de processo. A área física da indústria foi medida e as máquinas e equipamentos foram localizados numa planta baixa. Foi realizada também pesquisa exploratória, onde foram levantadas informações junto aos colaboradores para coleta de dados sobre o processo produtivo. Na terceira e última etapa, foi desenvolvida uma nova proposta de Layout. Para isso, utilizou-se da experiência sobre organização de indústrias similares e do método da carta de relacionamentos, adaptado. Nesse método, se analisa a relação de importância entre as atividades ou seções da indústria. Verifica-se qual a importância da proximidade entre uma seção e outra e, de acordo com o código mostrado na Tabela 1, se monta uma matriz de relacionamentos que será a base para verificação da disposição das máquinas, equipamentos e materiais. Tabela 1 Códigos usados no diagrama de relacionamentos CÓDIGO PROXIMIDADE A Absolutamente necessária E Especialmente importante I Importante O Proximidade normal U Não importante X Indesejável Resultados e Discussão A empresa produz e comercializa móveis sob medida que iniciam seu processo no momento em que o cliente define seu projeto. Esse, por sua vez, será todo desenvolvido em computador para determinar a quantidade e o tipo de peças e acessórios a serem utilizados. As peças componentes dos móveis são produzidas na maioria em chapas MDF, que são adquiridas com ou sem revestimento. As Chapas são trabalhadas por marceneiros utilizando máquinas de pequeno e médio porte que, no conjunto, formam uma linha de produção variável a cada projeto. O acabamento é feito de forma manual e a montagem é realizada no cliente pela equipe da própria empresa. A Figura 1 apresenta o fluxograma geral do processo produtivo.
3 Figura 1 Fluxograma do Processo Produtivo Verificou-se que o processo depende da matéria-prima utilizada e do móvel produzido. Assim, o processo mais simples de um produto seria a produção de um móvel retilíneo, fabricado a partir de chapas de MDF ou aglomeradas já revestidas. Nesse caso, o fluxo produtivo é: matériaprima, seccionadora, coladeira de bordas, furadeira múltipla e acabamento/embalagem. Chapas sem revestimento passam pela lixadeira e pintura. No caso da fabricação de um móvel a partir de madeira serrada, haverá necessidade de uso da destopadeira, desempenadeira, serra circular, lixadeira e pintura. A tupia é usada nos casos onde se necessita um perfil ou baixo relevo. A Figura 2 apresenta o Layout atual da fábrica. Figura 2 Layout atual da fábrica
4 Comparando os fluxos do processo produtivo com o Layout, verifica-se que os equipamentos usados para trabalhos em madeira serrada ocupam uma área nobre e central. Tendo em vista que a maior parte da produção é realizada com chapas MDF, essa não é a melhor posição. As bancadas são usadas para o acabamento e embalagem, mas também servem para montagem do móvel, de forma prévia, antes da montagem definitiva no cliente. Com base nessas análises e na carta de relacionamentos, elaborada a partir da importância de proximidade entre uma máquina e outra, chegou-se a um novo Layout. A Figura 3 apresenta essa proposta. Na nova proposta, procurou-se agrupar os processos produtivos semelhantes e dar um fluxo maior aos processos. Salienta-se que essa não é uma proposta ideal, pois foi verificado que a fábrica necessita de maior espaço físico. Na área atual da fábrica as máquinas estão próximas demais e a movimentação de materiais e peças está prejudicada. Figura 3 Layout proposto para as condições atuais da fábrica. Conclusões O método da carta de relacionamentos mostrou-se uma ferramenta de uso simples e de boa aplicação para análise do Layout de uma indústria de móveis. Para uso dessa ferramenta é necessário o conhecimento prévio do processo produtivo e seu fluxograma. A análise pode ser complementada por meio de outras ferramentas como o Diagrama de Fluxo e a Análise do Lead Time de produção. Recomenda-se que essas análises também sejam realizadas para buscar um melhor desempenho produtivo para a empresa.
5 Referências Anais do II Seminário de Atualização Florestal e XI Semana de Estudos Florestais CAMARA, M. R. G., et al. Cluster moveleiro no norte do Paraná e o sistema local de disseminação de inovações. VI SEMEAD - Seminários em Administração FEA-USP. Anais... São Paulo: USP, p MORAES, M. A. F. D. Estudo da competitividade de cadeias integradas no Brasil: impactos das zonas de livre comércio. Cadeia: Madeira e Móveis. Nota Técnica Final. UNICAMP-IE-NEIT, Campinas, 212 p., PIAZZAROLLO, M. G., OLIVEIRA, L. D., LUZ, G. C., SIMEÃO, I. Estudo de um layout por processo na indústria moveleira: um estudo de caso. IV Simpósio Acadêmico de Engenharia de Produção. Anais... UFV: Viçosa, p ROESE, M. Política industrial e de C&T regional: sistemas de inovação regionais. O caso da aglomeração moveleira de Bento Gonçalves / RS. Revista Eletrônica de Administração. v. 6, n. 4, UFRGS, novembro/2000. WIKIPÉDIA. Mesorregião do Centro-Sul Paranaense. Disponível em Acesso em julho de 2010.
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