RELATÓRIO. 5. Contrarrazões apresentadas. 6. É este o relatório.

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1 PROCESSO Nº: APELAÇÃO APELANTE: DIELDA DA GRACA AMORIM CEDRIM ADVOGADO: ALFREDO JOSE PEREIRA APELADO: UNIÃO FEDERAL RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT - 1º TURMA RELATÓRIO 1. Trata-se de apelação cível interposta por DIELDA DA GRAÇA AMORIM CEDRIM, em face da sentença que julgou improcedente o pedido inicial, consistente na transferência da quota parte de sua irmã, da pensão instituída por seu genitor, na qualidade de militar da Marinha do Brasil. 2. O magistrado de origem entendeu que a irmã não renunciou expressamente à cota parte da pensão de ex-combatente, o que, de plano, é fato impeditivo à transferência pleiteada. 3. Nas razões recursais alega a apelante que é filha de Orlando Andrade de Amorim, falecido em 04/01/1996, o qual esteve incorporado à Marinha do Brasil, e que, em razão do óbito de sua genitora, que era beneficiária da pensão, obteve, juntamente com mais duas irmãs, o direito, por reversão, a receber 1/3 do benefício, no valor correspondente ao soldo de Segundo Sargento. Todavia, em 12/02/2008, sua irmã Dulcemar Erotides Amorim dos Reis, optou por receber a pensão pelo falecimento de seu cônjuge, ao invés da pensão antes recebida, oriunda da morte de seu genitor. Aduz ainda que, com a opção expressa/formalizada pela pensão do exmarido, e a desabilitação de sua irmã Dulcemar Erotides da pensão por morte de seu genitor, a cota-parte (1/3) da mesma deveria ter sido revertida imediatamente em proveito das pensionistas remanescentes, o que não aconteceu. Em , a Marinha negou o pedido administrativo de reversão, exigindo da autora Escritura Pública de Renúncia da pensão por parte de sua irmã. 4. Pugnou, assim, pela total reforma da sentença singular, para que a União seja condenada à proceder a revisão da pensão por morte da autora, a contar de 12 de fevereiro de 2008, com os consectários da Lei 3.765/60, e a pagar a pensão por morte no percentual de 50% (cinquenta por cento) da totalidade do benefício deixado pelo falecido instituidor; cumulativamente, requer o pagamento das diferenças das parcelas vencidas e vincendas do benefício, devidamente corrigidas, além do pagamento de honorários no percentual de 20% sobre o valor da condenação. 5. Contrarrazões apresentadas. 6. É este o relatório.

2 7. Dispensada revisão. Peço dia para julgamento. ICB VOTO 1. Consoante salientado no relatório, cuida-se de apelação interposta em face da sentença que julgou improcedente o pedido, que objetivava a transferência da cota-parte (equivalente a 50%) da pensão instituída por seu genitor, na qualidade de militar da Marinha do Brasil, destinada à sua irmã. 2. Entendeu o MM Juiz Federal que a cota referente à irmã da demandante, por estar resguardada pelo direito de opção, apenas poderia ser revertida a partir de sua renúncia expressa, razão pela qual julgou improcedente o pleito autoral. 3. Compulsando os autos, verifico que a sentença submetida a esta Corte, por força de recurso apelatório, deve ser modificada. 4. A Lei 3765/60, que dispôs sobre as pensões militares, estabeleceu, em seus arts. 7º, 23 e 24, o seguinte: Art. 7º A pensão militar defere-se na seguinte ordem: I - a viúva; II - aos filhos de qualquer condição, exclusive os maiores do sexo masculino, que não sejam interditos ou inválidos; (...);. Art A morte do beneficiário que estiver no gozo da pensão, bem como a cessação do seu direito à mesma, em qualquer dos casos do artigo anterior importará na transferência do direito aos demais beneficiários da mesma ordem, sem que isto implique em reversão; não os havendo a pensão reverterá para os beneficiários da ordem seguinte.

3 5. Pelos dispositivos de lei acima transcritos verifica-se ser possível a transferência das cotas-partes correspondentes aos dependentes que não mais fazem jus ao recebimento da pensão em prol dos dependentes da mesma ordem que mantiverem os requisitos necessários à sua percepção. 6. Nos moldes da norma insculpida no art. 24, da Lei nº 3765/60, a qual determina a forma como se dará a reversão da pensão entre os beneficiários, cessado o direito de um dos beneficiários à pensão, a sua cota-parte deve ser transferida aos beneficiários que fazem jus ao benefício. 7. Por outro lado, o art. 23 assim dispõe: I - a viúva que tenha má conduta apurada em processo judicial, ou venha a ser destituída do pátrio poder, na conformidade do art. 395 do Codigo Civil Brasileiro II - o beneficiário do sexo masculino, que atinja a maioridade, válido e capaz; III - o beneficiário que renuncie expressamente; IV - o beneficiário que tenha sido condenado por crime de natureza dolosa, do qual resulte, a morte do contribuinte; 8. Na hipótese em tela, verifica-se que a pensão foi instituída pelo genitor da autora e, em razão do óbito de sua mãe, o direito à pensão foi transmitido a ela e a outras duas irmãs. Ocorre que, em 12/02/2008, sua irmã Dulcemar Erotides Amorim dos Reis, optou por receber a pensão pelo falecimento de seu cônjuge, ao invés da pensão antes recebida, oriunda da morte de seu genitor, face à impossibilidade de cumulação dos dois benefícios, consoante previsto no art. 30 da Lei nº 4.242/ Ora, com a opção expressa, formalizada perante a Administração pelo benefício instituído pela morte de seu cônjuge, cessou para Dulcemar Erotides o direito à percepção da pensão outrora recebida, pela morte de seu genitor, devendo, nesse momento, sua cota (1/3), ser revertida para as suas outras duas irmãs, únicas beneficiárias habilitadas à pensão, não havendo que se falar em reserva, haja vista ser a opção expressa por uma das pensões, um ato jurídico perfeito de renúncia a tal benefício. 10. Assim, desde a data da opção expressa realizada pela Srª Dulcemar Erotides Amorim dos Reis, irmã da demandante, pelo benefício de pensão por morte de seu cônjuge, também ex militar, tem a parte autora direito à 50% da totalidade da pensão instituída por seu genitor. 11. Em assim sendo, não vislumbro qualquer impedimento à revisão da pensão por morte da

4 autora, bem como ao pagamento das parcelas pretéritas, respeitada a prescrição quinquenal. 12. Em decorrência da declaração de inconstitucionalidade por arrastamento do art. 5º da Lei nº /2009 e de entendimento pacificado no Pleno desta Corte Regional (sessão do dia 17/6/2015), os juros moratórios são devidos, a contar da citação e sem necessidade de modulação (aplicável apenas ao pagamento de precatórios), no percentual de 0,5% (meio por cento) ao mês (art. 1º-F da Lei 9.494/97). A correção monetária deverá seguir as orientações do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal vigente à época do trânsito em julgado do título executivo. 13. Quanto aos honorários, o Código de Ritos é expresso ao impor os ônus da sucumbência à parte vencida. Assim, realizando-se uma apreciação equitativa, fixo os honorários de sucumbência em 10% sobre o valor da condenação, nos termos do art. 20, 4º do CPC. 14. Diante do exposto, dou provimento à apelação da parte autora. 15. É como voto. PROCESSO Nº: APELAÇÃO APELANTE: DIELDA DA GRACA AMORIM CEDRIM ADVOGADO: ALFREDO JOSE PEREIRA APELADO: UNIÃO FEDERAL RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT - 1º TURMA EMENTA ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE DE MILITAR. TRANSFERÊNCIA DE QUOTA PARTE. POSSIBILIDADE. OPÇÃO POR OUTRO BENEFÍCIO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.. 1. Apelação contra sentença que julgou improcedente o pedido, consistente na transferência de quota de pensão, instituída pelo genitor da demandante, ex militar da Marinha do Brasil, de um beneficiário a outro. 2. Nos moldes da norma insculpida no art. 24, da Lei nº 3765/60, a qual determina a forma

5 como se dará a reversão da pensão entre os beneficiários, cessado o direito de um deles à pensão, a sua quota-parte deve ser transferida aos beneficiários que fazem jus ao benefício. 3. A pensão por morte foi instituída pelo genitor da autora e, em razão do óbito de sua mãe, que era beneficiária da pensão, obteve, juntamente com mais duas irmãs o direito, por reversão, a receber 1/3 do benefício, no valor correspondente ao soldo de Segundo Sargento. Ocorre que, em 12/02/2008, uma de suas irmãs optou por receber a pensão pelo falecimento de seu cônjuge, também ex militar, ao invés da pensão antes recebida, oriunda da morte de seu genitor, face à impossibilidade de cumulação dos dois benefícios, consoante previsto no art. 30 da Lei nº 4.242/ Com o Termo de Opção expresso, formalizado perante a Administração pelo benefício instituído pela morte de seu cônjuge, cessou para Dulcemar Erotides o direito à percepção da pensão outrora recebida, pela morte de seu genitor, devendo, nesse momento, sua cota (1/3), ser revertida para as suas outras duas irmãs, únicas beneficiárias habilitadas ao benefício, não havendo que se falar em reserva, haja vista ser a opção expressa por uma das pensões, um ato jurídico perfeito de renúncia a tal benefício. 5. Assim, desde a data da opção expressa realizada pela irmã da demandante pelo benefício de pensão por morte de seu cônjuge, tem a parte autora direito à 50% da totalidade da pensão instituída por seu genitor. 6. Inexistência de qualquer impedimento à revisão da pensão por morte da autora, bem como ao pagamento das parcelas pretéritas 7. Em decorrência da declaração de inconstitucionalidade por arrastamento do art. 5º da Lei nº /2009 e de entendimento pacificado no Pleno desta Corte Regional (sessão do dia 17/6/2015), os juros moratórios são devidos, a contar da citação e sem necessidade de modulação (aplicável apenas ao pagamento de precatórios), no percentual de 0,5% (meio por cento) ao mês (art. 1º-F da Lei 9.494/97). A correção monetária deverá seguir as orientações do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal vigente à época do trânsito em julgado do título executivo. 8. Condenação no pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação, a teor do 4º do art. 20 do CPC. 9. Apelação da parte autora provida.

6 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima mencionadas, ACORDAM os Desembargadores Federais da Primeira Turma do TRF da 5a. Região, por unanimidade, em dar provimento à apelação, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado. Recife, 23 de julho de 2015.