GLAUCIO MAGALHAES SEQUEIRA RENATO GATTI DE ALBUQUERQUE MARITIMA SEGUROS S A A C Ó R D Ã O

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1 AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGUROS.. RELAÇÃO DE CONSUMO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. IMPOSSIBILIDADE. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO DA PARTE AUTORA. 1. Ainda que reconhecida a condição de consumidor dos recorrentes, certo é que tal condição não exime os demandantes do ônus imposto pelo art. 333, I, do Código de Processo Civil, o qual não foi revogado pelo art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Processo, tendo em vista interpretação sistemática das respectivas normas. 2. Ademais, a inversão do ônus da prova, nos termos em que requerem os agravantes, i.e, sem qualquer determinação específica, forçaria a realização pela seguradora de prova negativa. Agravo improvido. AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº (N CNJ: ) GLAUCIO MAGALHAES SEQUEIRA RENATO GATTI DE ALBUQUERQUE MARITIMA SEGUROS S A SEXTA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE RIO GRANDE AGRAVANTE AGRAVANTE AGRAVADO A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, negar provimento ao recurso. Custas na forma da lei. 1

2 Participaram do julgamento, além da signatária, os eminentes Senhores DES. LUÍS AUGUSTO COELHO BRAGA (PRESIDENTE) E DES. GIOVANNI CONTI. Porto Alegre, 03 de abril de DES.ª ELISA CARPIM CORRÊA, Relatora. R E L A T Ó R I O DES.ª ELISA CARPIM CORRÊA (RELATORA) Trata-se de agravo de instrumento interposto por RENATO GATTI DE ALBUQUERQUE e GLAUCIO MAGALHAES SEQUEIRA contra a decisão interlocutória que, nos autos em que contende com a MARITIMA SEGUROS S/A, indeferiu a inversão do ônus da prova nos seguintes termos: Converto o feito em diligências, tendo em vista que não restou analisado pelo Juízo o pedido de prova testemunhal postulada pelos autores, fls I - Indefiro o pedido de inversão do ônus da prova, tendo em vista que embora sejam aplicáveis as regras do Estatuto Consumerista, observando-se a hiposuficiência do consumidor perante a seguradora demandada, cabe ao autor comprovar os fatos constitutivos do direito que alega possuir, nos termos do artigo 333, inciso I, Código de Processo Civil. Além da verossimilhança das alegações, o consumidor/autor deve instruir seu pedido com elementos mínimos que permitam a aferição dos fatos narrados, tendo em vista que o fato de a relação ser de consumo não inverte de forma automática o ônus da prova. A hipossuficiência deve ser em relação à capacidade de produzir a prova e não de forma impositiva em prol do consumidor. Precedentes1: (...) 3. A inversão do ônus da prova fica a critério do juiz, a partir do exame da verossimilhança da alegação do consumidor e de sua hipossuficiência, aspectos que se relacionam ao conjunto fáticoprobatório dos autos delineado nas instâncias ordinárias, cujo reexame é vedado em sede especial, conforme disposto na Súmula nº 7/STJ. 4. Agravo regimental não provido. (AgRg no Ag /RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/12/2012, DJe 13/12/2012) AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO 2

3 BANCÁRIO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. INCIDÊNCIA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES. HIPOSSUFICIÊNCIA. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. 1. "O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras" (Súmula 297/STJ). 2. "Em se tratando de produção de provas, a inversão, em caso de relação de consumo, não é automática, cabendo ao magistrado a apreciação dos aspectos de verossimilhança da alegação do consumidor ou de sua hipossuficiência, conforme estabelece o art. 6, VIII, do referido diploma legal. Configurados tais requisitos, rever tal apreciação é inviável em face da Súmula 07" (AgRg no Ag /RS, Rel. Min. VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), TERCEIRA TURMA, julgado em 15/04/2010, DJe 23/04/2010). 3. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp /SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/10/2010, DJe 28/10/2010) APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. REVISÃO DE CONTRATO. CARTÃO DE CRÉDITO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E REVISÃO DE OFÍCIO. (...) INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. Nas lides voltadas à revisão de contratos submetidos à disciplina jurídica do Código de Defesa do Consumidor, admite-se a inversão do ônus da prova, em favor do tomador do crédito, quando constatada a hipossuficiência deste ou a verossimilhança das suas alegações. Gize-se que tal inversão não tem o condão de abranger todos os tópicos passíveis de comprovação na demanda. (...) DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA AUTORA. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº , Primeira Câmara Especial Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Laura Louzada Jaccottet, Julgado em 03/05/2011) APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PROPAGANDA ENGANOSA. DANO MORAL. AUSÊNCIA DE PROVA. Não tendo a autora demonstrado o fato constitutivo de seu direito, consistente em comprovar que o produto adquirido não fez o efeito prometido e tampouco que tenha sido motivo de "chacotas" por seus pares, ônus que lhe competia, na forma do art. 333, I do CPC, a improcedência da ação é medida impositiva. Inversão do ônus da prova que não ocorre de forma automática pela condição de hipossuficiência da parte, tendo como pressuposto a verossimilhança da alegação, não demonstrada pela parte autora, no caso. Sentença reformada. Sucumbência invertida. APELAÇÕES PROVIDAS. (Apelação Cível Nº , Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Paulo Roberto Lessa Franz, Julgado em 14/04/2011) Apelação cível. Responsabilidade civil. Ação de indenização por danos morais. Agravo retido. Descabimento da inversão do ônus da prova no caso concreto. A inversão do ônus probatório não é impositiva. Nos termos do art. 6º, VIII, da Lei 8.078/90, cumpre ao julgador, de acordo com as regras 3

4 ordinárias da experiência, determinar a aplicabilidade dessa norma processual quando constatada verossimilhança nas alegações do consumidor ou sua hipossuficiência. (...) Agravo retido e apelo desprovidos. (Apelação Cível Nº , Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ney Wiedemann Neto, Julgado em 29/04/2010) II - Não obstante a juntada por ambas as partes de cópia da apólice do seguro, controvertem no que tange a finalidade do objeto segurado. Assim, como melhor forma de decidir a lide, tenho que se faz necessária a oitiva de testemunhas. Intimem-se as partes para juntada de rol, em 15 dias, a contar da intimação. Em suas razões, sustentam os agravantes que comprovaram a contratação do seguro, seu objeto, a ocorrência do sinistro e que a agravada pagou parte do seguro contratado, de modo que provado o fato constitutivo de seu direito. Afirmaram que a seguradora alega que, ao modificar a destinação do imóvel segurado, acabaram por lhe induzir em erro, vindo a pagar prêmio inferior ao realmente devido, o que justificaria a redução imposta quando do pagamento do seguro, o que não procede. Postularam a reforma da decisão. O recurso foi recebido à fl. 193, no efeito natural. Apresentadas contrarrazões, vieram-me os autos conclusos. É o relatório. V O T O S DES.ª ELISA CARPIM CORRÊA (RELATORA) Preenchidos os pressupostos e requisitos de admissibilidade, conheço do recurso. Todavia, não assiste razão aos agravantes Isto porque, ainda que reconhecida a condição de consumidor dos recorrentes, certo é que tal condição não exime os demandantes, do ônus imposto pelo art. 333, I, do Código de Processo Civil, o qual não foi 4

5 revogado pelo art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Processo, tendo em vista interpretação sistemática das respectivas normas: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ABORDAGEM DE SEGURANÇA. ABUSO DE DIREITO. AUSÊNCIA DE PROVA DO FATO CONSTITUTIVO. DANO MORAL AFASTADO. A inversão do ônus probatório preconizada no Código do Consumidor (art. 6º, VIII) não exime a parte autora de comprovar os fatos constitutivos de seu direito. Na hipótese em exame, inexiste elemento probatório que permita concluir pela inadequação ou desproporcionalidade na conduta dos funcionários da sociedade empresária ré. Nos termos do art. 333, I, do CPC, o ônus da prova incumbe à parte autora quanto ao fato constitutivo do seu direito. E, no presente caso, as provas coligidas são insuficientes para conferir veracidade aos fatos narrados na inicial. Destarte, no caso dos autos, inexiste qualquer evidência de que o autor tenha sido efetivamente abordado por segurança do estabelecimento réu. Logo, a manutenção da improcedência do feito é medida que se impõe. NEGARAM PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº , Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Tasso Caubi Soares Delabary, Julgado em 26/09/ grifei) APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E EXTRAPATRIMONIAIS. AUTOMÓVEL ZERO QUILÔMETRO. VÍCIO DO PRODUTO. RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR. DANOS MATERIAIS COMPROVADOS. DANOS EXTRAPATRIMONIAIS CARACTERIZADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO. NULIDADE DA SENTENÇA É verdade que a regra de inversão do ônus probatório facilita a defesa do consumidor em Juízo, o que não afasta a obrigação do autor de comprovar os fatos constitutivos do seu direito, e a parte ré os fatos extintivos ou modificativos, a teor do disposto no artigo 333 do CPC. Rejeitada a alegação de nulidade da sentença. (...) (Apelação Cível Nº , Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Leonel Pires Ohlweiler, Julgado em 28/11/ grifei) 5

6 Ademais, a inversão do ônus da prova, nos termos em que requerem os agravantes, i.e, sem qualquer determinação específica, forçaria a realização pela seguradora de prova negativa. recurso. Diante do exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao DES. LUÍS AUGUSTO COELHO BRAGA (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a). DES. GIOVANNI CONTI - De acordo com o(a) Relator(a). DES. LUÍS AUGUSTO COELHO BRAGA - Presidente - Agravo de Instrumento nº , Comarca de Rio Grande: "RECURSO IMPROVIDO, UNANIME." Julgador(a) de 1º Grau: FERNANDA DUQUIA ARAUJO 6