CRÉDITO INDUSTRIAL, TAXA DE JUROS E SPREAD BANCÁRIO O PRIMEIRO SEMESTRE DE 2002
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- Bento Sanches Bergler
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1 CRÉDITO INDUSTRIAL, TAXA DE JUROS E SPREAD BANCÁRIO O PRIMEIRO SEMESTRE DE 22 Os últimos dados sobre a evolução do crédito no Brasil mostram que o crédito no país continua caro, escasso e de prazo reduzido. As operações de crédito do sistema financeiro, correspondentes a 27% do PIB, encontram-se praticamente estagnadas nesse patamar há 3 trimestres. 32 Operações de Crédito do Sistema Financeiro em % do PIB - Jun/ a Jun/ Jun/ Jul/ Ago/ Set/ Out/ Nov/ Dez/ Jan/1 Fev/1 Mar/1 Abr/1 Mai/1 Jun/1 Jul/1 Ago/1 Set/1 Out/1 Nov/1 Dez/1 Jan/2 Fev/2 Mar/2 Abr/2 Mai/2 Jun/2 Recursos Livres Recursos Direcionados Operações de Leasing Sertor Público Total O Crédito à Indústria O crescimento do crédito concedido ao setor privado nos primeiros seis meses do ano foi de 6%, resultado que reflete mais um ajuste contábil devido à depreciação cambial das modalidades de crédito indexadas à moeda estrangeira do que uma real expansão dos empréstimos bancários. O crédito ao setor industrial cresceu 7,5% no primeiro semestre de 22, a maior taxa na comparação com outros setores. Note-se, contudo, que foram as instituições públicas as que comandaram a evolução do crédito, refletindo a evolução do financiamento do BNDES a setores como o setor elétrico e ao setor automotivo. Crédito Industrial, Taxa de Juros e Spread Bancário - O Primeiro Semestre de 22 1
2 27 24 Variação % dos Empréstimos Concedidos ao Setor Industrial por Tipo de Instituição Financeira - Junho de 22 24, ,9, ,9 3,6 4,4 5,4 6,5 5,8 3,8 7,5 5,2 3 No mês No trimestre No ano Em meses Sistema Financeiro Privado Sistema Financeiro Público Total Sistema Financeiro Traços da Evolução do Crédito Como mostram os dados do gráfico abaixo, por modalidades de crédito concedido às pessoas jurídicas, os destaques no crescimento verificado em junho foram as operações de repasse externo e de adiantamento de contrato de câmbio (ACC), bem como as de capital de giro. Convém observar que o aumento das operações nos dois primeiros casos está associado à desvalorização cambial que acarretou ajustes contábeis nos saldos dos empréstimos em moeda estrangeira. A relativa estagnação do crédito vem sendo acompanhada pelo encurtamento dos prazos médios dos empréstimos com recursos livres, avaliados em de dias corridos. O prazo médio dos empréstimos a pessoas jurídicas vem caindo desde o início da crise de energia, em 21. Alcançava 215 dias em abril de 21, mas caiu para cerca de seis meses (18 dias) no início de 22, mantendo-se aproximadamente nesse nível até junho. A redução do prazo médio dos financiamentos foi anterior para as pessoas físicas. Iniciou-se em fins de 2, quando alcançava 395 dias. Desde o início de 22, o prazo médio de 315 dias vem sendo mantido praticamente sem variação. Crédito Industrial, Taxa de Juros e Spread Bancário - O Primeiro Semestre de 22 2
3 28. Empréstimos Concedido a Pessoas Jurídicas por Modalidades Selecionadas Junho/ a Junho/2 - R$ Milhões - Saldo em Fins de Período Jun/ Jul/ Ago/ Set/ Out/ Nov/ Dez/ Jan/1 Fev/1 Mar/1 Abr/1 Mai/1 Jun/1 Jul/1 Ago/1 Set/1 Out/1 Nov/1 Dez/1 Jan/2 Fev/2 Mar/2 Abr/2 Mai/2 Jun/2 Desconto de Duplicatas Capital de Giro ACC Repasses Externos Outras Prazo Médio (em dias corridos) dos Empréstimos Concedidos por Tipo de Tomador Jun/ Jul/ Ago/ Set/ Out/ Nov/ Dez/ Jan/1 Fev/1 Mar/1 Abr/1 Mai/1 Jun/1 Jul/1 Ago/1 Set/1 Out/1 Nov/1 Dez/1 Jan/2 Fev/2 Mar/2 Abr/2 Mai/2 Jun/2 Pessoa Jurídica Pessoa Física Total Crédito Industrial, Taxa de Juros e Spread Bancário - O Primeiro Semestre de 22 3
4 Como se sabe, o crédito no Brasil, além de curto, é também caro, o que inibe o consumo (particularmente de bens duráveis) e o investimento. É caro porque é elevado o custo de captação bancária e também porque é extraordinariamente alto o spread bancário. No 1º semestre de 22, a taxa de juros para empréstimo a pessoas jurídicas caiu muito lentamente após ter aumentado significativamente no segundo semestre de 21. Atualmente é de 42% ao ano. Note-se que a pequena redução verificada no primeiro semestre de 22 corresponde à redução da taxa de captação. O spread bancário manteve-se praticamente inalterado (em torno a 25%) ao longo do período. Note-se ainda que no mês de junho registrou-se um recuo no spread, que caiu de 24,6% em maio para 22,1%, em virtude da elevação da taxa de captação associada ao aumento dos juros no mercado futuro. É interessante notar ainda que o elevado custo do crédito às pessoas jurídicas não vem guardando relação nem com o grau de inadimplência nem com o nível de risco dos empréstimos concedidos ao setor industrial. Observa-se que o percentual de atraso nas operações de crédito com pessoas jurídicas caiu expressivamente entre junho de 2 e junho de 22, permanecendo estabilizado no patamar de 4,8% nos seis primeiros meses do ano. 5 Taxas de Juros e Spread (% a.a.) das Operações de Crédito com Recursos Livres Pessoas Jurídicas - Jun/ a Jun/ Jun/ Jul/ Ago/ Set/ Out/ Nov/ Dez/ Jan/1 Fev/1 Mar/1 Abr/1 Mai/1 Jun/1 Jul/1 Ago/1 Set/1 Out/1 Nov/1 Dez/1 Jan/2 Fev/2 Mar/2 Abr/2 Mai/2 Jun/2 Taxa de Aplicação Taxa de Captação Spread Crédito Industrial, Taxa de Juros e Spread Bancário - O Primeiro Semestre de 22 4
5 16 Grau de Inadimplência em % no Sistema Financeiro Brasileiro por Categoria de Tomador Jun/ Jul/ Ago/ Set/ Out/ Nov/ Dez/ Jan/1 Fev/1 Mar/1 Abr/1 Mai/1 Jun/1 Jul/1 Ago/1 Set/1 Out/1 Nov/1 Dez/1 Jan/2 Fev/2 Mar/2 Abr/2 Mai/2 Jun/2 Pessoa Jurídica Pessoa Física Total 44 Operações de Crédito do Sistema Financeiro ao Setor Industrial Nível de Risco - Participação % 4 4, ,3 2 19, ,1 4,1 2,9,8,5,5 AA A B C D E F G H Crédito Industrial, Taxa de Juros e Spread Bancário - O Primeiro Semestre de 22 5
6 Em relação ao nível de risco da carteira industrial, nota-se que cerca de 64,6% são operações de baixo risco, com classificação AA e A. Apenas uma parcela pequena da carteira corresponde a operações de crédito com atraso superior a 151 dias (categoria G) e superior a 18 dias (categoria H). Taxas de Juros e Spreads - Comparação Com Outros Países A análise comparada com países industrializados e países em desenvolvimento mostra que a taxa de juros básica de curto prazo (discount rate) é extremamente alta no Brasil. Dentre os países selecionados, somente na Turquia e a Rússia as taxas de juros são maiores do que no Brasil. Quanto aos spreads praticados nas operações de crédito domésticas (envolvendo as operações de crédito a pessoas jurídicas e pessoas físicas), o Brasil destaca-se, dentre os países selecionados, como aquele onde o diferencial entre a taxa de captação (money market rate) e a taxa de aplicação (lending rate) é o mais elevado. No último trimestre de 21, de acordo com dados do FMI, enquanto nos países industrializados o spread bancário era inferior a 4 pontos percentuais, no Brasil a média para empréstimos a pessoas físicas e jurídicas situava-se acima de 41%. 48 Taxa Básica de Juros de Curto Prazo (% a.a. no Final do Período) Brasil e Países Industrializados Q1-21Q Q1 1999Q2 1999Q3 1999Q4 2Q1 2Q2 2Q3 2Q4 21Q1 21Q2 21Q3 21Q4 Brasil 46, 24,5 21,8 21,4 21,2 2,4 18,9 18,5 17,7 19,6 21,4 21,4 Canadá 5, 4,8 4,8 5, 5,5 6, 6, 6, 5,3 4,8 3,8 2,5 Zona do Euro 4,5 3,5 3,5 4, 4,5 5,3 5,5 5,8 5,8 5,5 4,8 4,3 Japão,5,5,5,5,5,5,5,5,3,3,1,1 Estados Unidos 4,5 4,5 4,8 5, 5,5 6, 6, 6, 4,5 3,3 2,5 1,3 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do International Financial Statistics do FMI. Crédito Industrial, Taxa de Juros e Spread Bancário - O Primeiro Semestre de 22 6
7 75 Taxa Básica de Juros de Curto Prazo (% a.a. no Final do Período) Brasil e Países em Desenvolvimento Q1-21 Q Q1 1999Q2 1999Q3 1999Q4 2Q1 2Q2 2Q3 2Q4 21Q1 21Q2 21Q3 21Q4 Brasil 46, 24,5 21,8 21,4 21,2 2,4 18,9 18,5 17,7 19,6 21,4 21,4 Chile 8,2 6,3 7,6 7,4 13,1 8,1 8,9 8,7,5 8,6 6,5 6,5 China 4,6 3,2 3,2 3,2 3,2 3,2 3,2 3,2 3,2 3,2 3,2 3,2 Índia 8, 8, 8, 8, 8, 7, 8, 8, 7, 7, 7, 6,5 Rússia 6, 55, 55, 55, 33, 33, 28, 25, 25, 25, 25, 25, Turquia 67, 67, 67, 6, 6, 6, 6, 6, 6, 6, 6, 6, Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do International Financial Statistics do FMI. Spread nas Operações de Crédito Domésticas (% a.a. no Final do Período) Brasil e Países Industrializados Selecionados Q1 1999Q2 1999Q3 1999Q4 2Q1 2Q2 2Q3 2Q4 21Q1 21Q2 21Q3 21Q4 Brasil 59,9 56,8 52,3 47,8 41,3 39,4 39, 37,3 36,4 38,4 42,2 43,6 Área do Euro 2,9 2,9 2,7 2,3 2,5 2,1 2,1 2,1 2,4 2,4 2,6 2,9 Estados Unidos 2,1 2,1 2,1 2,1 2, 2, 1,9 1,9 1,9 2, 1,9 1,9 Japão 3, 3, 3, 3,1 3, 3, 3, 3, 3, 3, 3,1 3, Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do International Financial Statistics do FMI. Crédito Industrial, Taxa de Juros e Spread Bancário - O Primeiro Semestre de 22 7
8 Spread nas Operações de Crédito Domésticas (% a.a. no Final do Período) Brasil e Países em Desenvolvimento Selecionados Q1 1999Q2 1999Q3 1999Q4 2Q1 2Q2 2Q3 2Q4 21Q1 21Q2 21Q3 21Q4 Brasil 59,9 56,8 52,3 47,8 41,3 39,4 39, 37,3 36,4 38,4 42,2 43,6 Argentina 5,2 2,7 3,8 4,4 3,6 2,8 2,2 3,2,7 1,4 9,2-9,1 Coréia do Sul 2,4 2,6 2,2 2, 1,8 1,6 1,6 1,4 1,6 1,8 2,1 2,4 México 2,8 1,3 1,4 1,6,7 1,9 1,2 1,3,5 1,,7 1,7 Rússia 22, 29,6 26,2 21,8 21,8 18, 17,6 11,8 1,2 8,2 1,8 2,1 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do International Financial Statistics do FMI. Crédito Industrial, Taxa de Juros e Spread Bancário - O Primeiro Semestre de 22 8
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53, 52, 51, 50, 49, 48, 47, 46, 45, 44, 43, 15, 10, 5, 0, -5, Estoque de Crédito SFN 12, Crédito/PIB Variação do crédito em 12 meses 10,2% 52, 51,8% 50,4% 2,1% Recursos Direcionados 47,9% 46,6% -2,6% 1,3%
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