Vistos etc. Conforme inteligência do artigo 38, da Lei nº 9.099/95, deixo de exarar o relatório. Houve audiência de instrução, com produção de
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- Aníbal Sabrosa Antunes
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1 Vistos etc. Conforme inteligência do artigo 38, da Lei nº 9.099/95, deixo de exarar o relatório. Houve audiência de instrução, com produção de provas. FUNDAMENTO. DECIDO. Rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva, haja vista que, para o consumidor, a Reclamada (mantenedora do clube) confundese com o verdadeiro proprietário do clube, sendo aplicável ao caso a Teoria da Aparência. Cuida-se de reclamação ajuizada em face de Circulo Militar de Cuiabá, objetivando o recebimento de indenização por danos morais e materiais decorrente de furto em estacionamento. Aduz o reclamante que é sócio do Círculo Militar de Cuiabá e, em 17/09/2015, compareceu ao clube para levar o seu filho para a escolinha de futebol na qual é inscrito, estacionando seu veículo no estacionamento do clube. Após o término do jogo, ao retornar ao seu veículo, foi surpreendido com o mesmo arrombado e, então, notou que vários pertences seus haviam sido furtados. Assim, requer seja indenizado a título de danos morais e materiais diante da insegurança e inércia da reclamada. No mérito, a reclamada afirma que eventos ocorridos nas dependências do clube reclamado devem ser dirimidos de acordo com o que foi ajustado pelos próprios associados, que devem se submeter ao que restou decidido em assembleia ou pelo conselho deliberativo, e que, no estatuto social, o clube não assume responsabilidade por desaparecimento de valores (joias, dinheiros, pertences pessoais, individuais ou coletivos), mesmo aqueles deixados sob a guarda de funcionários não credenciados para tal tarefa.
2 Por outro lado, aduz que o clube apenas disponibiliza o estacionamento como comodidade aos associados e não como um serviço, nada cobrando como contrapartida, sem disponibilizar vigias para assegurarem a integridade dos bens lá deixados ou qualquer outro sistema de segurança. Por fim, o reclamado CÍRCULO MILITAR DE CUIABÁ apresenta pedido contraposto para que o reclamante JULIO CESAR VALINO seja condenado ao pagamento das mensalidades em atraso desde 10 de abril de Pois bem. Quando um estabelecimento a associação oferta produtos ou serviços diretamente ao mercado, ou seja, para destinatários estranhos ao quadro de associados, este fato enseja a aplicação do CDC. Se é possível à associação desenvolver atividade empresária, mostra-se igualmente possível fornecer produtos e serviços ao mercado para consumo, submetendo-se à qualificação de "fornecedora" e à aplicação do CDC. Ao disponibilizar estacionamento para um frequentador, o estabelecimento torna-se responsável pela segurança do carro e dos objetos que estão nele. Oferecer estacionamento a clientes, pago ou não, aumenta a clientela e possibilidade de novos negócios. Deve o estabelecimento, durante o período em que o usuário ali deixar o seu veículo, exercer efetiva vigilância sobre o patrimônio entregue à sua custódia, de modo a oferecer ao proprietário a garantia esperada, sem atrair para si os indesejáveis custos de um evento danoso. No caso em tela, houve falha na prestação do serviço por causa da omissão em vigiar os carros - o que justifica o dever de indenizar. Neste sentido: JUIZADOS ESPECIAIS. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANO MATERIAL. FURTO DE OBJETOS DO
3 INTERIOR DE VEÍCULO. ESTACIONAMENTO DE ASSOCIAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. APLICABILIDADE DA SÚMULA 130 STJ. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. DANOS MATERIAIS RECONHECIDOS. 1.É patente que a conduta do fornecedor ao disponibilizar área de estacionamento tem por finalidade angariar ou oferecer comodidade à clientela. Por isso, responde objetivamente pelos danos decorrentes da inadequada guarda do veículo, ainda que o serviço seja prestado a título gratuito. Ademais, a responsabilidade da recorrente não comporta mais discussão porque a matéria encontra-se sumulada pelo colendo Superior Tribunal de Justiça - Súmula no sentido que a "empresa" responde perante o cliente pela reparação de dano ou furto de veículo, ocorridos em seu estacionamento. 2.A responsabilidade civil abrange os bens móveis encontrados no interior do veículo, cuja valoração para o ressarcimento deve observar as provas dos autos e as regras da experiência comum e da equidade, conforme autorização expressa dos artigos 5.º e 6.º da Lei n /95. 3.Ocorrendo furto no interior de veículo, em estacionamento privativo de clube social, o qual mantém exclusivo controle sobre as pessoas que nele ingressam através da guarita, manifesta-se a culpa in vigilando da entidade, gerando o dever de indenizar os danos materiais decorrentes do evento. 4.Recursos conhecido e provido em parte. (TJ-DF - ACJ: , Relator: ARNALDO CORRÊA SILVA, Data de Julgamento: 01/09/2015, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, Data de Publicação: Publicado no DJE : 14/09/2015. Pág.: 639) APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR FURTO DE VEÍCULO EM ESTACIONAMENTO DE ENTIDADE RECREATIVA SEM FINS
4 LUCRATIVOS. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DA ASSOCIAÇÃO REQUERIDA. ALEGAÇÃO DE ISENÇÃO DA RESPONSABILIDADE POR SER PERMISSIONÁRIA DE IMÓVEL, BEM COMO POR SEREM OS AGENTES DE SEGURANÇA SUBSIDIADOS PELA PREFEITURA. DESCABIMENTO E AUSÊNCIA DE PROVAS DESSE FATO. FURTO OCORRIDO NO ESTACIONAMENTO ADMINISTRADO PELA REQUERIDA. ELEMENTOS PROBATÓRIOS QUE INDICAM O AUFERIMENTO DE LUCRO COM ALUGUEL DAS QUADRAS ESPORTIVAS. GRATUIDADE DO SERVIÇO E INEXISTÊNCIA DE CONTROLE DE ENTRADA E SAÍDA DE VEÍCULOS QUE NÃO AFASTAM O DEVER DE GUARDA E VIGILÂNCIA. INTERESSE ECONÔMICO EVIDENCIADO. RESPONSABILIDADE CIVIL CONFIGURADA. DEVER DE INDENIZAR MANTIDO. RECURSO DESPROVIDO. "A condição de associação civil, sem fins lucrativos, com finalidade social, não isenta o clube da responsabilidade pela guarda de veículo, pois, se decorrente de ato ilícito é comum a todos os entes jurídicos de existência legal.? (Apelação Cível n.º , de Xanxerê, Relator Des. Carlos Prudêncio, julgado em 27/10/1999)." (TJSC, Apelação Cível n , de Blumenau, Relatora: Desa. Denise Volpato, julgado em 25/05/2009). (TJ-SC - AC: SC , Relator: Denise Volpato, Data de Julgamento: 08/04/2011, Primeira Câmara de Direito Civil, Data de Publicação: Apelação Cível n., de Joinville Apelação Cível n , de Joinville) Com efeito, a situação vivenciada pela reclamante causou angústia e cansaço, afetando o bem-estar psicológico, de modo que o dano moral afigura-se in re ipsa. O Código Civil prevê em seu art.
5 186 e 927 que todo aquele que causar prejuízo a terceiros pratica um ato ilícito. Vejamos: Art Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Cabe salientar que não há que se exigir prova da existência do dano moral alegado pela parte, pois, é normativo e decorre do sofrimento da vítima devido o caso concreto, ou seja, não há que falar em prova do dano moral, mas de prova do fato que gerou a frustração e o desgaste psíquico. Assim, demonstrada a relação de causalidade entre a conduta do agente e o dano sofrido pela parte autora, resta fixar o quantum indenizatório. Sabe-se que a reparação de dano moral visa minimizar a dor da vítima, proporcionando-lhe satisfação, sem importar em enriquecimento indevido. De outro norte, a condenação retrata punição ao ofensor, objetivando dissuadi-lo pedagogicamente quanto à prática de novos ilícitos. Levando em conta esses parâmetros, e por tudo mais que se vê dos autos, a quantia de R$ 6.000,00 (seis mil reais) mostra-se eficaz para compensar pecuniariamente os danos sofridos e para evitar reiterações pela parte reclamada, sempre levando em conta os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Quanto ao dano material correspondente à restituição dos valores gastos com os produtos furtados, entendo o mesmo não ser devido, visto que não houve a comprovação nos autos de que tais objetos realmente existiam no interior do veículo.
6 Com relação ao pedido contraposto, é cediço que somente é permitido em sede de Juizado Especial quando fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da controvérsia, nos termos do artigo 31 da Lei 9.099/95. No caso em tela, o pedido contraposto formulado pela Reclamada não encontra correspondência com os fatos narrados na exordial. Dessa forma, afasto o pedido contraposto formulado pela reclamada nos autos. Pelo exposto, com fulcro no art. 487, I, do CPC, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a pretensão deduzida nestes autos e CONDENO a reclamada ao pagamento de R$ 6.000,00 (seis mil reais) à parte reclamante, a título de indenização por danos morais, com incidência de juros de 1% ao mês a partir da citação e correção monetária pelo INPC, a partir desta decisão. Por outro lado, JULGO IMPROCEDENTE o pedido contraposto formulado pela reclamada. Sem custas processuais e honorários advocatícios, por não serem cabíveis nesta fase (art. 54 e 55, da Lei Federal nº 9.099/95). À apreciação do Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do 8º Juizado Especial da Comarca de Cuiabá para homologação da sentença. P.R.I.C Cuiabá-MT, 14 de maio de Camila Thays Leal de Proença Juíza Leiga
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