Produção Industrial e Balança Comercial

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1 Produção Industrial e Balança Comercial 1. Produção Industrial Pesquisa Industrial Mensal Produção Física - IBGE A produção industrial brasileira cresceu 10,5% em Trata-se do maior crescimento desde Tal crescimento não foi homogêneo durante todo o ano, foi forte no primeiro trimestre depois apresentou queda de ritmo. Para se ter uma idéia mais exata do ocorrido, voltamos a 2009 e verificamos que, a partir de março daquele ano inicia-se um movimento de elevação generalizada da produção industrial que vai até maio de São quatorze meses de crescimento em que o setor aumentou a produção em 22,0%, com destaques para os bens de consumo duráveis (eletrodomésticos, automóveis, microcomputadores etc.), bens de capital (máquinas, ferramentas e equipamentos) e bens intermediários (insumos, matérias primas etc.). Esse aumento de atividade, principalmente nos setores de consumo duráveis e máquinas e equipamentos deveu-se, em grande parte, aos incentivos fiscais governamentais no período da crise e a manutenção da oferta de crédito. Os aumento na produção de bens intermediários é decorrente da performance dos outros setores. A partir de junho de 2010, o quadro muda e inicia-se um período de redução da produção da indústria. Entre junho de dezembro de 2010, a produção recuou, em média, 1,5% em todas as categorias de uso: consumo durável, bens de capital e bens intermediários. Mesmo assim, o crescimento de 10,5% em 2010 reverteu a queda de 7,4% observada em 2009 e foi o mais elevado desde 1986, ano em que o aumento da produção foi de 10,9%. 1

2 industrial: Numa comparação mais abrangente, temos o seguinte quadro para a produção Dezembro 2010/novembro ,7% Dezembro 2010/Dezembro ,7% Acumulado em ,5% Acumulado em ,4% Portanto, houve queda na produção na passagem de novembro para dezembro de 2010, indicação consistente com a queda que o setor vinha apresentando desde o mês de junho. Por categoria de uso, a expansão mais intensa concentrou-se no setor de bens de capital (20,8%), influenciada pela recuperação dos investimentos e da confiança dos agentes econômicos, seguida por bens intermediários (11,4%), refletindo, principalmente a maior demanda por insumos industriais para a produção de bens de consumo final, juntamente com a recuperação de parte da demanda internacional por commodities. A produção de bens de consumo duráveis (10,3%) fechou o ano de 2010 com crescimento próximo ao da média da indústria (10,5%), impulsionada pelo comportamento positivo do mercado interno, apoiado principalmente pela manutenção das condições favoráveis do crédito e do mercado de trabalho. O setor produtor de bens de consumo semi e não duráveis, com acréscimo de 5,2%, mostrou o crescimento mais moderado em 2010, mas vale destacar que esse segmento foi o que apontou a queda menos intensa em 2009 (-1,5%) entre as categorias de produto. O painel da página seguinte mostra uma comparação gráfica, entre as produções acumuladas em 2009 e 2010, das principais categorias de uso. Como é fácil observar, os resultados de 2010 são bem superiores aos obtidos em

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4 2. Balança Comercial Secretaria de Comércio Exterior MDIC O saldo da balança comercial (diferença entre exportações e importações) de janeiro de 2010 registrou um superávit de US$ 424 milhões, com exportações de US$ 15,215 bilhões e importações de 14,791 bilhões. O saldo comercial de janeiro de 2011 é o maior desde Em janeiro 2010, este saldo foi negativo em US$ 179 milhões. O quadro abaixo mostra os saldos comerciais brasileiros referentes ao mês de janeiro, desde Saldos Comerciais - US$ bilhões FOB Janeiro a ,2 2,8 2,5 0,2 1,2 1,6 0,9 0,4-0,5-0, Existe, no entanto, uma comparação importante a fazer. Sobre janeiro de 2010, as exportações de janeiro de 2011 foram 28,2% superiores e as importações, na mesma base de comparação, superaram 2010 em 22,7%. Quando, no entanto, comparamos o mesmo janeiro de 2011 com dezembro de 2010 (esta comparação não está no gráfico), isto é, mês contra mês imediatamente anterior, notamos que as exportações recuaram 20,3% e as importações aumentaram 4,2%. Assim, mesmo tendo apresentado números muito melhores que aqueles do início de 2010, ainda não é possível afirmar que a balança comercial irá registrar superávit neste ano. 4

5 Segundo o MDIC, a diversificação de mercado destino das exportações, o aumento dos preços das commodities e o aumento de seu consumo permitiram a obtenção do expressivo saldo comercial. As exportações do mês de janeiro, que totalizaram US$ 15,215 bi., foram dividas da seguinte forma: Produtos básicos e semimanufaturados: US$ 9,018 bi (59,3%) Produtos manufaturados: US$ 5,925 (39,0%) As importações, que no mesmo mês, alcançaram o valor de US$ 14,791 bi., apresentaram o seguinte perfil: Bens de Capital: US$ 3,4 bi (23,0%) Bens de Consumo: US$ 3,41 bi (18,30%) Bens Intermediários: US$ 7,07 bi (47,7%) Combustíveis e Lubrificantes; US$ 1,6 bil (11,0%) Como se observa, cerca de 60% das exportações brasileiras são de produtos básicos e semimanufaturados, enquanto que 88% das importações são de bens de capital (máquinas e equipamentos), bens de consumo (eletrodomésticos, eletroeletrônicos, automóveis etc.) e bens intermediários (adubos, acessórios para equipamentos de transporte, partes e peças, químicos e farmacêuticos etc.). O resultado do comércio externo brasileiro de janeiro de 2011 revela, então, uma tendência perigosa e que não é recente, isto é, a supremacia, em nossa pauta de exportação, de produtos primários e, de outro lado, um crescimento de importação de produtos industrializados. Não basta, então, observar apenas o resultado da balança comercial, é necessário verificar como ele foi obtido e a composição das exportações e das importações, a partir dessa análise é possível saber se os eventuais superávits se sustentam nas exportações de commodities e, em que medida o mercado interno se abastece de produtos industrializados importados, substituindo a produção nacional. A análise de um período mais extenso, os últimos doze meses, irá evidenciar algumas tendências de comportamento da balança comercial que podem, no médio prazo, comprometer as contas externas do país. Assim, entre fevereiro de 2010 e janeiro de 2011, as exportações cresceram 31,6% se comparadas aos doze meses 5

6 imediatamente anteriores, fevereiro de 2009/janeiro de Comparando os mesmos períodos, verifica-se que as importações cresceram 41,8%. Portanto, as importações crescem com velocidade superior às exportações, fazendo com que haja queda no saldo comercial que, nos períodos considerados, reduziu-se em 18,6%. Dieese/FSindical Fev