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1 Conselho Nacional de Justiça PJe - Processo Judicial Eletrônico Consulta Processual 05/01/2016 Número: Classe: PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO Órgão julgador colegiado: Plenário Órgão julgador: Gab. Cons. Fabiano Silveira Última distribuição : 08/12/2015 Valor da causa: R$ 0.0 Assuntos: Revisão/Desconstituição de Ato Administrativo Objeto do processo: TJES - Providências - Omissão - Divulgação - Folha de Pagamento - Inativos e Pensionistas - Abstenção - Atendimento - Requerimento Formal - Acesso - Informações - Restrição - Publicidade - Transparência. Segredo de justiça? NÃO Justiça gratuita? NÃO Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM Partes Tipo Nome ADVOGADO REQUERENTE REQUERIDO REQUERIDO HELIO JOAO PEPE DE MORAES SINDICATO DOS SERVIDORES DO PODER JUDICIARIO E E SANTO Presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO - TJES Id Data da Assinatura Documento Documentos 17/12/ :50 Decisão Decisão Tipo

2 Conselho Nacional de Justiça Autos: PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO Requerente: SINDICATO DOS SERVIDORES DO PODER JUDICIARIO E E SANTO Requerido: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO - TJES EMENTA PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO (PCA). TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO (TJES). DIVULGAÇÃO DE DESPESAS COM PESSOAL INATIVO E PENSÕES. ART. 2º, I, B, DA RESOLUÇÃO DO CNJ Nº 102, DE OMISSÃO VERIFICADA. DETERMINAÇÃO DE ADEQUAÇÃO À NORMA EDITADA POR ESSE CONSELHO NACIONAL EM 30 DIAS. PEDIDO JULGADO PROCEDENTE (ART. 25, XII, DO RICNJ). DECISÃO MONOCRÁTICA Trata-se de Procedimento de Controle Administrativo apresentado pelo Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário no Estado do Espírito Santo contra o Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo (TJES), por meio do qual se insurge contra a omissão do órgão em publicar em sua página na internet os dados referentes à folha de pagamento dos magistrados inativos e pensionistas. Aduz que tal conduta viola o disposto no art. 2º, I, b, da Resolução do CNJ nº 102, de 2009, bem como o princípio da publicidade, da administração pública, estampado no art. 37, caput, da Constituição Federal. Acrescenta que o Presidente do Tribunal requerido tem adotado posturas contraditórias no que tange ao alegado arrocho orçamentário porque passa o Judiciário local, haja vista que, não obstante as dificuldades do TJES em cumprir o limite prudencial previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal, teria sido assegurado aos magistrados reajuste em seus vencimentos, - em detrimento da recomposição salarial dos servidores, bem como a abertura de três novas vagas de desembargadores. Num Pág. 1

3 Noticia que, em razão dessa disparidade, passou a adotar postura mais diligente quando à administração da receita do Poder Judiciário capixaba. Nesse sentido, fez pedido esclarecimentos ao TJES, em 3 de novembro de 2015, sobre o registro da folha de pagamento dos magistrados inativos perante o Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores Públicos do Estado do Espírito. Afirma que, no entanto, não teria recebido nenhuma resposta, o que no entender do Requerente vai de encontra ao que dispõe o art. 11 da Lei nº , de Em razão de tais fatos, requer medida cautelar para determinar ao Tribunal requerido a divulgação imediata em seu sítio eletrônico relativas ao pagamento de despesas com inativos e pensões. No mérito, pugna pela confirmação da liminar. Intimado a se manifestar, o Tribunal requerido apresentou as informações que acompanham o Ofício AEPI nº 483/2015, prestadas pela Secretário de Finanças e Execução Orçamentária (Id. nº ). Sustenta, em síntese, que o responsável legal pela gestão e pagamento dos benefícios aos aposentados e pensionistas do TJES é o Instituto de Previdência Jerônimo Monteiro - IPAJM, nos termos do art. 3º da Lei Complementar Estadual nº 282, de Acrescenta que cabe a este órgão a gestão, o controle, os registros contáveis e a promoção da publicidade. O Tribunal requerido figuraria apenas como mero repassador dos recursos financeiros. É o relatório. Decido. O Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário no Estado do Espírito Santo, ao fundamento de que o Tribunal requerido descumpre o art. 2º, I, b, da Resolução do CNJ nº 102, de 2009, que dispõe sobre a publicação de informações alusivas à gestão orçamentária e financeira, bem como ao quadro de pessoal e respectivas estruturas remuneratórias, requer seja determinado ao TJES que proceda à imediata divulgação das informações referentes ao pagamento de inativos e pensões em sua página eletrônica na internet. O aludido dispositivo possui a seguinte redação: CAPÍTULO I DAS INFORMAÇÕES SOBRE GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA. Art. 2º Para os fins das informações a serem prestadas nos termos deste capítulo, na forma do Anexo I, definem-se: Num Pág. 2

4 I - Despesas com Pessoal e Encargos Sociais são despesas de custeio relativas aos servidores ou empregados dos órgãos, inclusive requisitados e comissionados, ressalvado o disposto no inciso II, observado o seguinte detalhamento:... b) despesas com pessoal inativo e pensões ; (grifo acrescentado)... Em relação à matéria, é importante destacar inicialmente que a norma editada por este Conselho Nacional busca dar concreção ao princípio da publicidade estabelecido no art. 37, caput, da Constituição Federal, orientando a administração pública a divulgar informações referentes à gestão orçamentária e financeira dos tribunais. Tal exigência confere transparência à gestão, constituindo importante mecanismo de controle das contas públicas pela sociedade. Voltando ao caso concreto, o Tribunal requerido, em sua manifestação, reconhece que não publica informações acerca de tais despesas. Pondera, no entanto, que é mero repassador dos recursos financeiros e que o responsável legal pela gestão e pagamento dos benefícios aos aposentados e pensionistas é o Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado do Espírito Santo, que seria o órgão responsável pela divulgação de tais dados. Assim, não se considera obrigado a publicar tais informações. requerente. Temos que tais alegações não prosperam, assistindo, assim, razão ao Sindicato Com efeito, em que pesem os argumentos do Tribunal requerido, no sentido de que não possuiria o dever de conferir publicidade às informações sobre a gestão financeira envolvendo as despesas de seu pessoal inativo e de pensionistas, a Resolução editada por este Conselho Nacional vincula todos os Tribunais a que aludem os incisos II a VII do art. 92 da Constituição Federal, o que inclui o Tribunal de Justiça dos Estados. Logo, independentemente de o TJES ser ou não o gestor dessas despesas, possui a obrigação de conferir publicidade aos gastos com pessoal, nos termos do art. 2º, I, b, da Resolução do CNJ nº 102, de Vale lembrar, ainda, que na 222ª Sessão Ordinária, realizada em 1º de dezembro de 2015, o Plenário deste Conselho Nacional aprovou Resolução que regulamenta a Lei de Acesso à Informação (Lei nº , de 2011) no âmbito do Poder Judiciário, ainda pendente de publicação e com período de vacacio legis, que mantém a exigência de Num Pág. 3

5 publicação por tais órgãos em seus sítios eletrônicos, independente de requerimento, dos dados de que tratam este feito. Nesse particular, o art. 6º, VII, d, da nova Resolução apenas reforça as exigências constantes da Resolução nº 102, de O fato de que a responsabilidade pela gestão e pagamento dos benefícios aos aposentados e pensionistas vinculados ao Poder Judiciário estadual seja - operacionalmente - do Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado do Espírito Santo não desonera o Tribunal de suas responsabilidades para com a total transparência de suas despesas com pessoal. Absolutamente. Inclusive porque, do ponto de vista técnico, não se vislumbra grande dificuldade para obtenção e devida consolidação desses dados junto ao citado Instituto de Previdência. Os cidadãos têm o direito de saber exatamente qual é o custo de pessoal do Judiciário capixaba, incluindo o gasto com servidores e magistrados inativos e pensionistas. Ante o exposto, em razão do que preceitua o art. 25, XII, do RICNJ, que faculta ao relator decidir monocraticamente pedido em estrita obediência a Enunciado Administrativo ou entendimento firmado pelo CNJ, julgo procedente o pedido, para determinar ao TJES que, no prazo máximo de 30 dias, divulgue em seu sítio eletrônico na internet as informações relativas às despesas com pessoal inativo e pensões, nos termos do art. 1º e 2º, II, b, da Resolução do CNJ nº 102, de Notifique-se o E. Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo para cumprimento da decisão. Intimem-se as partes. À Secretaria Processual, para as providências cabíveis. Brasília, data registrada no sistema. FABIANO SILVEIRA Conselheiro Relator Num Pág. 4