SUBSTRATOS PARA CULTURAS SEM SOLO HIDROPONIA
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- Ilda Laranjeira Valgueiro
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1 SUBSTRATOS PARA CULTURAS SEM SOLO HIDROPONIA Um substrato para "hidroponia" é o suporte para o desenvolvimento das raízes, limitado fisicamente no seu volume, isolado do solo, capaz de proporcionar à planta a água e os elementos nutritivos que necessita e às raízes a oxigenação necessária à sua respiração. Por: Eng.º João Caço Hubel Verde Grupo Hubel hv@hubel.pt Um substrato para hidroponia é o suporte para o desenvolvimento das raízes, limitado fisicamente no seu volume, isolado do solo, capaz de proporcionar à planta a água e os elementos nutritivos que necessita e às raízes a oxigenação necessária à sua respiração. Nas culturas sem solo a nutrição é incorporada na solução do substrato através da fertirrega. Na realidade a condução das culturas em hidroponia pressupõe a existência de um sistema de fertirrega capaz de pequenas dotações fraccionadas ao longo do dia, ajustadas em função da capacidade do substrato, do volume utilizado por planta, do tamanho da planta e das condições climatéricas envolventes. As culturas em substrato têm geralmente como suporte bolsas de polietileno, vasos de polietileno ou esferovite ou canais contínuos de polietileno ou polipropileno celular. Características dos Substratos A escolha do substrato certo para cada cultura está relacionada com o conhecimento das suas características das quais se destacam os seguintes parâmetros.
2 Parâmetros físicos: Densidade e estrutura interna a densidade real de uma partícula é uma grandeza adimensional, definida como a razão da massa dessa partícula e a massa da água que ocupa volume igual. A densidade aparente de um substrato é a razão da massa da sua parte sólida e a massa da água que ocupa um volume igual ao volume da sua parte sólida e dos poros. Para além da fase sólida, temos a fase líquida e gasosa que ocupam o espaço deixado entre as partículas sólidas e a que chamamos porosidade. Porosidade (%) = 100 (Dr Dap)/Dr Compressibilidade, elasticidade e estabilidade mecânica os substratos têm partículas que podem comprimir se sob o efeito de uma força. Esta acção pode provocar a diminuição do seu tamanho e do espaço entre si, ou seja, da porosidade. Alguns materiais têm uma natureza elástica e portanto a capacidade de voltar ao volume inicial. Inércia térmica dá nos indicação sobre a velocidade com que o substrato ganha ou perde temperatura, para o volume utilizado. Neste caso, é determinante o conteúdo em água do mesmo. Capacidade de retenção de água a água no substrato pode ser classificada em função da energia dispendida por uma planta para a utilizar. A água facilmente disponível (AFD) é utilizada para tensões de 10 a 50 cm.c.a. e a água de reserva (AR) para tensões de 50 a 100 cm.c.a. Para tensões superiores a água é considerada de difícil utilização. Segundo De Bood o substrato ideal tem 25% do seu volume em AFD e 10% em AR. No entanto, esta característica depende muito do material utilizado. No caso da Lã de Rocha a AFD+AR corresponde a cerca de 90 % do seu volume total. Factores químicos: Capacidade de troca catiónica é a capacidade de um substrato para absorver e intercambiar iões e expressa se em meq/l de substrato, sendo necessário
3 que o substrato contenha na sua composição argilas coloidais ou substâncias húmicas. Condutividade eléctrica expressa se em ds/m ou mmho/cm e representa a concentração de sais ionizados na solução aquosa do substrato e a sua influência no potencial osmótico da solução. As soluções nutritivas são calculadas geralmente para valores de 1,5 a 3,0 ds/m. Acidez potencial representa os iões H+ absorvidos no complexo de troca e que se podem dissociar em H+ livres e conferir acidez à solução aquosa do substrato. O valor ideal de ph para a maioria das plantas cultivadas situa se entre 5,5 e 6,5. Substratos orgânicos (Compostados e não compostados) Misturas CH Resultam da mistura e correcção de diferentes matérias de forma a obter substratos orgânicos de elevada qualidade. As matérias primas mais utilizadas são o húmus de pinho compostado e estabilizado, a fibra de coco, a turfa loura, a perlite e a eco espuma. Podem ser fertilizadas. Os valores de ph e CE são controlados. Possuem boa capacidade de retenção de água, boa drenagem e bom arejamento. Utilizado em horticultura (morangueiros, entre outros), floricultura, ornamentais, florestais e também em jardinagem e relvados. Fibra de Coco Produto natural obtido por desfibração da casca de coco de onde se obtêm fibras do mesocarpo, fibras curtas (0,5 a 6 cm), fibras longas (>6 cm) e ainda pequenos tacos de estrutura mais compacta designados por chips. Material 100% orgânico é constituído por partículas de lenhina e celulose com uma relação C/N de 80. É isento de aditivos químicos e biodegradável. Possui
4 uma densidade aparente média de 75 Kg de matéria seca por m3 com uma porosidade total superior a 80%. Possui baixa condutividade e ph médio de 6,5. Não é totalmente inerte e possui uma capacidade de troca catiónica de 20 a 30 meq/l. Durante a sua utilização dá se libertação de potássio que deve ser tomado em conta no cálculo dos planos de fertilização. Textura homogénea podendo ser usado só ou em mistura com outro substrato. Isento de agentes patogénicos. Utilizado em sistemas hidropónicos para hortofloricultura, em viveiros e jardinagem. Substratos inertes ou de baixa capacidade de troca catiónica Lã de Rocha grodan Fabricada a partir de rochas basálticas, possui uma estrutura compacta, perfeitamente homogénea e quimicamente inerte. Elevada capacidade de retenção de água facilmente utilizável e arejamento. Possui uma densidade aparente de 70 a 80 Kg/m3 e um espaço poroso total de 96 %. A água facilmente disponível e a água de reserva totalizam 90 % do volume total. Isento de agentes patogénicos e pode ser desinfectado para reutilização. Utilizado em sistemas hidropónicos para hortofloricultura, possui linhas de produtos específicos para cada cultura. Perlite Marjal É um silicato de alumínio expandido na forma de grânulos. As características físicas dependem muito da granulometria do material utilizado. Para um produto comercial com grânulos de 3 a 5 mm a sua
5 densidade aparente é de 0,13 gr/cm3 e o espaço poroso total de 95 %. A água facilmente disponível e a água de reserva totalizam 12 % do volume total. Possui baixa capacidade de troca catiónica e ph neutro a ligeiramente alcalino. Isenta de agentes patogénicos. Utilizada em sistemas hidropónicos para hortofloricultura e viveiros. Eco Espuma Fytofoam Eco espuma é um produto resultante da mistura de uma resina (ureia melamine formaldeído) com um coagulante sob uma pressão de 5 bares. Resulta numa substância esponjosa e ligeira com uma densidade de 22 a 30 Kg/m3 e uma retenção de água de 60% do volume total. É absolutamente inofensivo para o meio ambiente e totalmente biodegradável. A sua textura homogénea possibilita o uso para culturas hidropónicas ou em misturas com outros materiais. A sua utilização estende se para além da hortofloricultura e em particular da hidroponia. É usado na recuperação de relvados envelhecidos e degradados e como elemento de suporte de plantas em terraços jardinados construídos sobre edificações (garagens, varandas, etc.). Muito durável em condições climatológicas extremas e resistente a altas pressões é indicado quando haja a necessidade de melhorar a estrutura dos solos e a sua capacidade de retenção de água, nomeadamente em situações onde haja intenso pisoteio. A sua utilização proporciona uma importante poupança de água e um crescimento excelente das plantas em relvados de campos de golfe. Na construção de terraços jardinados, um correcto planeamento da sua aplicação, na fase de projecto, leva a uma economia no reforço de estruturas de construção civil que terão de suportar um menor peso por m2. Na realidade o sistema eco espuma completo, com uma espessura de 45 cm e molhado tem
6 um peso de cerca de 300 Kg/m2 quando comparado com o sistema tradicional que pode pesar cerca de 1000 Kg/m2. Actualmente é utilizado em jardinagem em geral, terraço jardinados, em campos de golfe, campos de futebol e em sistemas hidropónicos.
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