A PESQUISA COLABORATIVA COMO MÉTODO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
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- Moisés Bentes Mota
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1 A PESQUISA COLABORATIVA COMO MÉTODO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Tamires Pereira Carvalho Universidade Estadual de Londrina Célia Regina Vitaliano Universidade Estadual de Londrina RESUMO A Pesquisa Colaborativa mostra-se como uma importante estratégia de pesquisa e formação de professores, isso deve-se a parceria estabelecida entre pesquisadores e professores com objetivo de refletir e buscar soluções para as demandas sociais que refletem na escola. A Educação Inclusiva é um exemplo dessa demanda, visto que os professores relatam não estar preparados para tal modalidade. Por este motivo, este estudo tem como objetivo analisar as produções científicas que utilizaram como metodologia a pesquisa colaborativa com o objetivo de formação dos profissionais da educação para o processo de inclusão de alunos com NEE. Para isso, foi realizado um levantamento, no Banco de Teses da Capes, das produções científicas que utilizam como método de pesquisa a pesquisa colaborativa. Até o momento, o resultado das buscas mostrou-se rasqueiro, ou seja, poucas pesquisas foram encontradas com a metodologia da Pesquisa Colaborativa. PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa Colaborativa, Educação Inclusiva, Formação de professores. Introdução A educação formal, ou escolar, se constituiu como direito fundamental de toda e qualquer pessoa, inclusive daquelas que apresentam algum tipo de Necessidade Educacional Especial (NEE). Diversos são os documentos que preconizam e garantem tal modalidade de educação, entre eles, podemos citar: a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, a Constituição Brasileira de 1988, a Declaração Mundial sobre Educação para Todos de 1990 e a Declaração Final da Conferência da UNESCO, realizada em Salamanca em Tais documentos instituíram a educação formal como direito de todos e dever do estado. As determinações contidas nestes documentos, sobretudo na declaração de Salamanca, decretaram que os países e organizações assumissem a Educação Inclusiva como diretriz prioritária no sistema educacional, adotando como matéria de lei ou como política o princípio da educação inclusiva; admitindo todas as crianças 1
2 nas escolas regulares, buscando novas formas de educação escolar menos segregativas e assumindo como pressuposto a igualdade de oportunidades reconhecimento e valorização das diferenças individuais (GLAT e BLANCO, 2007). O Brasil assumiu legalmente essa proposta por meio da Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), do Plano Nacional de Educação (2000), das Diretrizes Nacionais da Educação Especial para Educação Básica (2001) e o Parâmetro Curricular Nacional de Adaptações Curriculares para a educação de alunos com NEE (2002). O estabelecimento da Educação Inclusiva como política educacional do país colocou em questionamento os pressupostos que consubstanciavam a escola como conhecemos tradicionalmente, pois seu princípio básico é que todos os alunos aprendam juntos, independentemente de suas condições socioeconômicas, raciais, culturais ou de desenvolvimento. Além disso, vale lembrar que a Educação Inclusiva não diz respeito, somente, a inserção de alunos com NEE na escola comum, mas principalmente compreende o acesso a permanência e o sucesso acadêmico dos mesmos (GLAT e BLANCO, 2007). Para isso a Educação Inclusiva implica, portanto, em um processo de reestruturação de todos os aspectos constitutivos da escola. A esse respeito Toledo (2011) lembra os princípios contidos na Declaração de Salamanca que apontam para essa nova estrutura escolar, na qual as escolas se tornem capazes de: [...] reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se aos vários estilos e ritmos de aprendizagem, de forma a promover o sucesso educativo, através de estratégias pedagógicas, de utilização de recursos e de uma cooperação com as respectivas comunidades (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p. 21). Glat e Blanco (2007), de maneira semelhante, dizem que a escola precisa realimentar sua estrutura, organização, seu projeto político-pedagógico, seus recursos didáticos, metodologias e estratégias de ensino, bem como suas práticas avaliativas. Sobretudo, a escola deve formar seus professores e a equipe de gestão, revendo as formas de interação vigentes entre todos os segmentos que a compõem e que nela interferem. Sobre isso Padilha e Freitas (2005, p. 38) comentam que [...] propor a inclusão sem a devida formação de professores, seja ela inicial ou em serviço reflete uma intensão um tanto quanto perversa. Glat e Blanco (2007) acrescentam dizendo 2
3 que a precariedade da formação dos professores e demais agentes educacionais, para lidar com alunos com NEE, é uma das principais barreiras para transformação da política de Educação Inclusiva em práticas pedagógicas efetivas. Segundo Vitaliano e Manzini (2010) os professores julgam-se despreparados para atender essa clientela, falta à eles compreensão da proposta, formação conceitual correspondente, domínio de didática e de metodologias diferenciadas. Por sua vez, aqueles que já estão em experiência com a Educação Inclusiva mostram altos níveis de stress, devido a inexistência de formação e preparação para essa realidade. Neste sentido, a Pesquisa Colaborativa, modalidade de pesquisa desenvolvida de forma conjunta entre pesquisadores e professores, foi sugerida por diversos estudiosos que tem como foco a formação de professores para inclusão de alunos com NEE, entre eles Capellini (2004), Pimenta (2005) Jesus (2014) e Mendes (2014). Seguindo os pressupostos de Ibiapina (2008) a pesquisa colaborativa parte da pesquisa-ação emancipatória que, por sua vez, tem como objetivo transformar os espaços escolares em comunidades críticas com professores reflexivos, que problematizam, pensam e reformulam suas práticas, a fim de favorecer sua emancipação profissional. A pesquisa colaborativa é uma prática conjunta entre o pesquisador e o professor que busca o desenvolvimento profissional por meio da reflexão e problematização da sua formação e prática, visando atender suas reais necessidades de formação. O pesquisador, por sua vez, desenvolve-se neste processo, ampliando os seus conhecimentos pessoal e profissional, além de contribuir com um novo conhecimento científico. Esta modalidade de pesquisa destaca, sobretudo, pela valorização das atitudes de colaboração e reflexão crítica entre pesquisador e professor, uma vez que estes, calcados em decisões e análises construídas por meio de negociações coletivas, tornam-se co-parceiros, co-usuários e co-autores de processos investigativos delineados a partir da participação ativa, consciente e deliberada (IBIAPINA, 2008, p.26). Para a efetivação da pesquisa colaborativa é necessário que haja a sistematização de alguns procedimentos, como: a sensibilização dos colaboradores, o diagnóstico das necessidades de formação e os ciclos reflexivos de formação. Desta forma, a pesquisa que aqui será apresentada de forma parcial, tem como 3
4 objetivo: analisar as produções científicas que utilizam como metodologia a pesquisa colaborativa com o objetivo de formação dos profissionais da educação para o processo de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. Desenvolvimento Com vistas ao problema de pesquisa e os objetivos que pretendemos alcançar, está pesquisa é de caráter qualitativo e se configura como uma Pesquisa Bibliográfica, uma vez que seu objeto de estudo abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo. Sobre este método Marconi e Lakatos (2010, p.166) afirmam que sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo que já foi escrito, dito, ou filmado sobre determinado assunto. Para isso utilizamos como fonte dos dados o Banco de Teses da Capes e buscamos pesquisas realizadas que utilizaram como método a abordagem colaborativa e que tinha como objetos de estudo o contexto escolar inclusivo, bem como a formação de professores. Foram utilizados como descritores no campo da palavra-chave os seguintes termos: pesquisa colaborativa, pesquisa colaborativa e educação inclusiva, pesquisa colaborativa e educação especial e, por último, formação de professores e pesquisa colaborativa. Logo encontramos o total de 160 títulos de teses ou dissertações. Em seguida foram lidos todos os resumos de teses e dissertações e selecionados aqueles que: 1) utilizaram como método de pesquisa a abordagem pesquisa-ação colaborativa e 2) o objeto de estudo fosse o contexto escolar inclusivo e/ou a formação de professores. Obtivemos como resultado parcial 23 publicações científicas que utilizaram como método a Pesquisa Colaborativa. Dessas pesquisas, 13 eram teses de doutorado e 10 dissertações de mestrado. Grande parte delas (22 pesquisas) estavam integradas a um Programa de Pós-Graduação em Educação. Sendo 12 realizadas na região nordeste, 8 na região sudeste, 2 no sul e apenas 1 no centrooeste. A partir desses resultados e de outros que ainda serão extraídos das pesquisas selecionadas o tratamento dos dados será realizado por meio da análise de conteúdo de Bardin (1977), uma, vez que os dados da pesquisa chegam em estado bruto e necessitam serem processados, passarem pelo processo de decodificação das mensagens e então transformados em uma produção textual. 4
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Pesquisa Colaborativa mostra-se como uma importante estratégia de pesquisa e formação de professores, isso deve-se a parceria estabelecida entre pesquisadores e professores com objetivo de refletir e buscar soluções para as demandas sociais que refletem na escola. A Educação Inclusiva é um exemplo dessa demanda, visto que os professores relatam não estar preparados para tal modalidade. Por este motivo, este estudo tem como objetivo analisar as produções científicas que utilizaram como metodologia a pesquisa colaborativa com o objetivo de formação dos profissionais da educação para o processo de inclusão de alunos com NEE. Até o momento, o resultado das buscas por pesquisas que utilizam tal metodologia mostrou-se rasqueiro, ou seja, poucas pesquisas foram encontradas com a metodologia da Pesquisa Colaborativa. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 23 dez CAPELLINI, V. L. M. F. Avaliação das possibilidades do ensino colaborativo no processo de inclusão escolar do aluno com deficiência mental f. Tese (Doutorado em Educação Especial) Programa de Pós-Graduação em Educação Especial: UFSCar, São Carlos, GLAT, Rosana; BLANCO, Leila de Macedo Varela. Educação Especial no contexto de uma Educação Inclusiva. In: GLAT, Rosana (org.). Educação Inclusiva: cultura e cotidiano escolar. 20 p. Rio de Janeiro: 7Letras, IBIAPINA, I. M. L. M. Pesquisa colaborativa: investigação, formação e produção de conhecimentos. Brasilia: Líber Livro Editora, p. MENDES, E.G. Caminhos da Pesquisa sobre Formação de Professores para a Inclusão Escolar. In. MENDES,E.G.; ALMEIDA.M.A.; HAYASHI, M.C.P.I. Temas em educação especial: conhecimentos para fundamentar a prática. Araraquara, SP: Junqueira & Marin; Brasilia, 2008, p PADILHA, S. M. A.; FREITA, S. N. A instituição especializada no cenário da educação inclusiva: o contexto brasileiro. In: RODRIGUES, D.; KREBS, R. FREITAS, S. N. Educação inclusiva e necessidades educacionais especiais. Santa Maria: Ed. UFMS, p
6 VITALIANO, C. R.; MANZINI, E. J. A formação inicial de professores para inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. In: Formação de professores para inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. VITALIANO, C. R. (Org.). 1. ed. Londrina: EDUEL, p
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