PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO (UFSM) Disciplina: Seminário de Tese II Professora: Dra. Marilda Oliveira de Oliveira. Vazio
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1 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO (UFSM) Disciplina: Seminário de Tese II Professora: Dra. Marilda Oliveira de Oliveira Vazio Por: Francieli Regina Garlet
2 AUTORES Blanchot (2005) (2010) e (2011) Deleuze (1992) e(2006) Levy (2011) Corazza (2007) Outros termos pelos quais é abordado: Intervalo Vacúolo Entre-dois Separação Distanciamento Ausência
3 Entre uma linguagem e outra [ ] existem pontos de silêncio, vazios de linguagem, vácuos de ângulos classificatórios, pontos de vista não perspectivados, enunciados ainda a serem articulados. [ ] Só aqui é possível produzir abalos; provocar mudanças no que somos capazes de ver e de dizer; dar alegres cambalhotas; radicalizar nossas relações com o poder e o saber; partir as linhas; mudar de orientação; desenhar novas paisagens; promover outras fulgurações. Enfim, artistar, inventando novos estilos de vida e, portanto, de práticas (CORAZZA, 2007, p. 122). Brígida Baltar, A Coleta da Neblina, (fotografia)
4 Blanchot (2010) - Falar não é ver Entre o que dizemos e aquilo (a coisa) do qual falamos, há um distanciamento que não permite equivalência entre ambos. Este vazio seria como um intervalo que sempre se cava e cavando-se se preenche, o nada como obra em movimento (BLANCHOT, 2010, p. 35).
5 Se os vazios estão, por toda a parte, entre uma linguagem e outra (CORAZZA, 2007) o que invisibilizaria este vazio? A rotina da linguagem cotidiana, os discursos, os saberes e o que tomamos por verdades? O intervalo, já existente, estaria apenas camuflado (embora visível) em meio ao que satura o espaço com tantos ditos e vistos? Seria então preciso fazer um exercício de cavar vazios? Ficar a espreita do que pode funcionar como ferramenta para tal? Abrigo, Brigida Baltar, 1996.
6 Creio que sim... Precisamos cava-los para assim experiência-los. Rachar as coisas, rachar as palavras, diria Deleuze (1992) a partir de Foucault. Produzir espaços nos quais outros visíveis possam brotar em meio as palavras, e outras palavras possam brotar em meio àquilo que vemos. Viver este espaço onde a intencionalidade cede lugar a todo um teatro, uma série de jogos entre o visível e o enunciável onde um racha o outro (DELEUZE, 1992, p. 134).
7 O pensar e a arte enquanto maneiras de cavar o vazio pensar é chegar ao não estratificado. Ver é pensar, falar é pensar, mas o pensar opera no interstício, na disjunção entre ver e falar (DELEUZE, 2006, p ). A experiência do vazio, enquanto experiência do fora... Experiência relacionada ao pensar e também à arte (LEVY, 2011). Uma violência que nos tira do campo da recognição, uma violência que nos lança ao imprevisível, onde nossas relações com o senso comum são rompidas, abalando certezas e verdades (LEVY, 2011, p. 100).
8 Que implicações estas questões tem em uma pesquisa em educação que intenta pensar a docência? E que intenta pensa-la desde outros lugares que não somente o de uma atuação docente? Que intenta pensá-la a partir de diferentes afetos recolhidos em meio a diferentes andanças cotidianas? Que estranhamentos estes afetos podem trazer à docência, que moradas desmancham e que abrigos provisórios permitem inventar? Em que medida contribui para cavar os estratos, as camadas que fecham a docência em um é ou um deve ser?
9 No momento a intenção desta tese é cavar vazios nos ditos e vistos da docência, traçar possibilidades de entres a partir dos afetos recolhidos em diferentes andanças... Uma passagem de ar para que enfim possa dizer, escrever, pensar, inventar uma docência que escape do já dado, estratificado, do já pronto, dos modelos de docência que as vezes me imponho, naturalizo, e a partir dos quais me frustro por não dar conta dos seus deve ser de tal maneira.
10 Compor a tese com imagens e escritas... Mantendo-os em sua heterogeneidade, em tensionamento... O desafio aqui é de fazer com que eles tenham uma relação em seu distanciamento e, que este distanciamento não fique longínquo demais, a ponto do leitor não se interessar em experimentar seus vazios, e também que não mate a experimentação do leitor saturando estes vazios com possibilidades já dadas.
11 - Como produzir uma tese enquanto experimentação do vazio e como convite para habitar vazios? - Que docências podem brotar em meio a estas experimentações/ composições com imagens e escrita?
12 Referências: BLANCHOT, Maurice. A conversa infinita. A palavra plural. Tradução Aurélio Guerra Neto. São Paulo: Escuta, BLANCHOT, Maurice. A parte do fogo. Tradução de Ana Maria Scherer. Rio de Janeiro: Rocco, BLANCHOT, Maurice. O livro por vir. Tradução Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Martins Fontes, CORAZZA, S. M. Labirintos da pesquisa, diante dos ferrolhos. In: COSTA, Marisa Vorraber (Org.). Caminhos investigativos I: novos olhares na pesquisa em educação. 3a Ed. Rio de Janeiro: Lamparina editora, p DELEUZE, G. Conversações. Tradução Peter Pál Pelbart. São Paulo: Ed. 34, Foucault. 6º reimpr. da 1º Ed. de Tradução Claudia Sant Anna Martins; Revisão de tradução Renato Ribeiro. São Paulo: Brasiliense, LEVY, T. S. A experiência do fora: Blanchot, Foucault e Deleuze. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
13 Convite à escrita: Você já experimentou a violência do vazio? Como foi esta experiência?
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