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1 Patrocínio Institucional Apoio

2 O Grupo AfroReggae é uma organização que luta pela transformação social e, através da cultura e da arte, desperta potencialidades artísticas que elevam a autoestima de jovens das camadas populares. Tem por missão promover a inclusão e a justiça social, utilizando a arte, a cultura afro-brasileira e a educação como ferramentas para a criação de pontes que unam as diferenças e sirvam como alicerces para a sustentabilidade e o exercício da cidadania. O InfoReggae é uma publicação semanal e faz parte dos conteúdos desenvolvidos pela Editora AfroReggae. Sede Rio de Janeiro Rua da Lapa, nº 180 Centro Rio de Janeiro (RJ) InfoReggae - Edição 45 Acompanhamento dos Objetivos do Milênio no Brasil 08 de agosto de 2014 Coordenador Executivo José Júnior Coordenador Geral Adjunto Danilo Costa Gerência de Informação e Monitoramento Thales Santos Assistentes de Pesquisa Nataniel Souza Coordenação Editorial Marcelo Garcia Representação São Paulo Rua João Brícola, nº 24 18º andar Centro São Paulo (SP) Contatos facebook.com/afroreggaeoficial twitter.com/afroreggae inforeggae@afroreggae.org É permitida a reprodução dos conteúdos desta publicação desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas. Patrocínio Institucional Apoio

3 Apresentação Esta edição do InfoReggae apresenta uma síntese dos resultados das Metas do Milênio no Brasil. Em 2000 a ONU - Organização das Nações Unidas pactuou certas estratégias e metas especiais com mais de 190 países para que o mundo pudesse enfrentar seu enorme legado de desigualdades sociais. O mundo de 2000 olhava com preocupação a extrema pobreza, os problemas de educação e de saúde. O mundo de 2000 preocupava-se com a mortalidade de crianças ao nascer e esperava, de fato, que a saúde materna pudesse melhorar. O mundo de 2000 assumia o compromisso que era preciso combater a epidemia de HIV Aids, que era mais do que urgente garantir a sustentabilidade ambiental. O mundo de 2000 olhava com atenção a desigualdade de gênero e as reais possibilidades das mulheres acessarem o mundo do trabalho. Quase 15 anos depois deste Pacto Mundial chega a hora de avaliarmos se as preocupações de 2000 foram, de fato, enfrentadas e superadas. O Brasil, desde 2000, vem melhorando seus indicadores, mas ainda temos um longo caminho a percorrer, mas sem dúvida estamos diferentes de Uma preocupação real que não pode fugir de nossas vistas é a questão regional no Brasil que segue com problemas. Em muitas regiões como Norte e Nordeste os resultados ainda precisam avançar muito. Esta edição quer mediar a informação e facilitar o debate. Serão 9 gráficos comentados para que tenhamos, de fato, uma real compreensão dos avanços mas também dos impasses no Brasil.

4 As metas e o Brasil Em setembro de 2000 a ONU conseguiu reunir mais de 190 países, a maior reunião da história da humanidade, todos focados em organizar, planejar e refletir sobre o destino comum da humanidade. A prioridade ficou clara: as crianças, o futuro do planeta. Elas são as primeiras a morrer quando suas necessidades básicas não são atendidas, ficou clara a necessidade em estabelecer metas a serem cumpridas em 15 anos. A seguir apresentamos as metas e a situação do Brasil. É uma avaliação importante e que nos direciona para entendermos o que ainda pode ser melhorado para cumprir as metas. Meta 1: Erradicar a Extrema Pobreza e a Fome Porcentagem da População Brasileira em Extrema Pobreza 25,5% 3,5% A extrema pobreza é entendida como pessoas que possuem renda inferior a U$1,25 por dia, o Brasil, apesar de não ter erradicado a extrema pobreza, alcançou o objetivo da 1ª meta estabelecida: reduzir pela metade, até 2015, a proporção da população nesta situação. Contudo, a quantidade de brasileiros que sofrem com a extrema pobreza nos indica que temos ainda muito o que fazer. Segundo dados do IPEA 2012, cerca de 6,5 milhões de pessoas são extremamente pobres no país e, de acordo com PNUD, cerca de 53 milhões de pessoas no mundo não conseguirão sair da extrema pobreza até Outro objetivo relacionado a meta 1 busca erradicar a fome até Mesmo existindo cerca de 1,8% da população brasileira sem o que comer, o Relatório

5 Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio indica que o Brasil conseguiu alcançar o objetivo. Meta 2: Universalizar a Educação Primária Taxa de Escolarização Líquida da População de 7 a 14 anos no Ensino Fundamental 81,2% 97,7% Não podemos pensar em universalizar a educação sem acabar com a desigualdade de gênero, a desigualdade social e de raça/cor existentes em nosso país. O relatório Fora da Escola Não Pode! do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), relata que 3,3 milhões de crianças não estão tendo o direito à educação garantido e os principais excluídos são os meninos, negros, indígenas e pobres. Enquanto a quantidade de meninas, com idade entre 6 e 14 anos, em 2012, era de 3,1%, o de meninos era de 3,5%. Em relação à raça/cor o povo indígena era o mais afetado no período relatado, correspondendo a 17%, seguido dos negros, 4,2%, ao passo que os brancos somavam 2,6%. Outro desafio para universalização da educação no Brasil é o combate a reprovação escolar. Segundo o Ipea, o alto número de repetência no ensino fundamental contribui para que crianças e adolescentes se sintam desmotivados e consequentemente acontece a evasão escolar. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, apenas 56,5% dos adolescentes com 16 anos de idade tinham concluído o ensino fundamental em 2012.

6 Meta 3: Promover a Igualdade entre os Sexos e a Autonomia das Mulheres Taxa de Ocupação de Mulheres em Idade Ativa Homem Mulher 80,8% 74,0% 48,4% 50,3% Meta 3: Promover a Igualdade entre os Sexos e a Autonomia das Mulheres Evolução das Mulheres na Política Câmara dos Deputados Senado Federal 14,8% 14,8% 14,8% 6,2% 7,4% 7,4% 5,7% 8,2% 9,0% 8,8% A meta 3 se preocupa com a desigualdade de gênero existente no Brasil. Mesmo estudando mais tempo que os homens, as mulheres continuam sem ter as mesmas oportunidades de emprego, e quando exercem os mesmos cargos que os homens, os salários são menores. Quando essas mulheres são mães, esse número é ainda pior. Entre as mães que tem dois filhos ou mais, a taxa é de apenas 30,0 com empregos formais segundo o Relatório Nacional de Acompanhamento das Metas do Milênio.

7 O número de mulheres ocupando cargos políticos está muito aquém do que seria o ideal para, de fato, representar mais de 51,5% da população brasileira constituída por cidadãs do sexo feminino. O congresso aprovou em 2009 uma legislação (Lei 12034/09) para que cada partido ou coligação preencha, pelo menos, 30% de suas candidaturas por mulheres, com o objetivo de estimular a diversidade de sexo nos cargos políticos. Entretanto, a mulher ainda enfrenta barreiras para conseguir, de fato, ser representada no parlamento. Meta 4: Reduzir em 2/3 a Mortalidade na Infância Taxa de Mortalidade na Infância por mil Nascidos Vivos 87, ,9 53,7 36,6 35, ,7 20, ,9 17,7 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil Embora o Brasil tenha alcançado um dos objetivos da meta 4, reduzindo em mais da metade a taxa de mortalidade na infância (crianças menores de 5 anos), a quantidade de crianças que morrem nesta faixa etária ainda é grande, 17 a cada mil que nascem vivas. Segundo o Portal de Acompanhamento dos Objetivos do Milênio a desigualdade afeta claramente as crianças pobres, de mães indígenas e negras, sendo a taxa de mortalidade infantil nestas classes, maior. Outro objetivo da meta 4 é reduzir a taxa de mortalidade infantil, ou seja, entre crianças com menos de 1 ano de idade. Embora o Brasil também tenha conseguido atingir esse objetivo, ainda morrem uma média de 15 crianças por mil nascidas vivas, a cada ano.

8 É importante destacar que em muitos casos, as mortes infantis podem ser evitadas. Entre as causas, podemos destacar as deficiências na assistência hospitalar, a desnutrição, a ausência de acompanhamento médico e a falta de saneamento básico. Meta 5: Melhorar a Saúde Materna Taxa de mortalidade materna (100 mil habitantes) Meta 5: Melhorar a Saúde Materna Taxa de Mortalidade por Câncer de Mama e Colo de Útero Câncer de Mama Câncer de Colo de Útero 17,4 17,7 18,8 20,7 8,7 9,0 8,9 8, Segundo o Relatório Nacional de Acompanhamento das Metas do Milênio, o Brasil conseguiu reduzir em mais da metade a taxa de mortalidade materna entre 1990 e Entretanto, ainda não conseguimos alcançar o objetivo de 35 óbitos por 100 mil nascidos vivos. A Meta 5 é a que o Brasil terá mais dificuldade de atingir.

9 Outro objetivo da meta 5 se relaciona com a saúde sexual e reprodutiva das gestantes. No país, existiam mulheres grávidas em dezembro de 2013 e apenas estavam com o acompanhamento de pré-natal em dia segundo o acompanhamento do Bolsa Família. É recomendado que as mulheres comecem a realizar o pré-natal assim que tiverem confirmado a gravidez, pois são realizados alguns exames neste período que podem descobrir problemas ou doenças em relação à criança e a própria gestante. O Câncer de mama e o Câncer de Colo de Útero são os mais frequentes entre as brasileiras. O câncer de mama é o que causa a maior quantidade de mortes entre as mulheres brasileiras e o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que, em 2014, ocorram novos casos deste tipo de câncer no país. O principal motivo das mulheres morrerem por câncer de mama se relaciona com o diagnóstico tardio da doença. Já o câncer de colo de útero é o segundo mais frequente entre as brasileiras, sendo causado, na maioria dos casos, pelo vírus HPV, transmitido principalmente nas relações sexuais. Eliminar a barreira de acesso à serviços de detecção e de tratamento, além de informar a população sobre a importância da relação sexual segura é fundamental para diminuir a mortalidade pela doença. Meta 6: Combater o HIV/Aids, a Malária e Outras Doenças Taxa de Detecção do Vírus HIV/Aids 16,8 20,

10 Meta 6: Combater o HIV/Aids, a Malária e Outras Doenças Taxa de Mortalidade entre a Malária e Tuberculose ,6 2,4 0,17 0,03 Malária Tuberculose A meta 6 busca combater o HIV, malária e outras doenças. Os gráficos acima nos mostram que a taxa de HIV/Aids cresceu no país desde Segundo o IPEA, a sólida parceria com a sociedade civil tem sido fundamental para a resposta à epidemia no país. O Brasil foi o primeiro no mundo a disponibilizar para a população diagnosticada com o vírus Hiv/Aids tratamento gratuito na rede de saúde pública. Entretanto, apenas 44% da população infectada, ou seja, 313 mil, dos estão em terapia com antirretrovirais. A redução da incidência da tuberculose e malária também é um dos objetivos da meta 6. O país é o 16 país em no ranking com maiores casos de tuberculose. A população de rua e as pessoas com o vírus Hiv/Aids são os mais vulneráveis a doença. Ainda há muito o que fazer no Brasil em relação a esta meta.

11 Meta 7: Garantir a Sustentabilidade Ambiental Acesso aos serviços básicos ,1% 85,5% 53,3% 77,0% Acesso permanete e sustentável à água potável Acesso ao esgoto sanitário Meta 7: Garantir a Sustentabilidade Ambiental Déficit Habitacional Déficit Habitacional Urbano Déficit Habitacional Rural 54,9% 43,8% 22,5% 26,0% 10,0% 9,3% 11,6% 8,1% 8,6% 5,2% Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Um dos objetivos da meta 7 é reduzir pela metade, até 2015, a proporção da população sem acesso permanente e sustentável à água potável e ao esgotamento sanitário. A expansão da proporção dos domicílios com acesso a esgotamento sanitários no Brasil cresceu 30,1%, entre 1980 e A partir de 2000 até 2012, essa expansão se deu de forma lenta, alterando apenas 11,2 pontos percentuais. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que 26,9 milhões de domicílios ainda não eram ligados ao esgotamento sanitário em Assim como o acesso ao esgoto, a desigualdade ao acesso à água também ocorre no país. O acesso à água potável é um dos principais serviços básicos de

12 saneamento relacionados à saúde da população. Aproximadamente 14 milhões de casas não tem serviço de água encanada, segundo o Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). Outro objetivo da meta 7 é em relação a habitação. Nos últimos 20 anos, o Brasil conseguiu reduzir em 17% população urbana que vive em domicílios com condições inadequadas. O Ipea estima que o país precisa de mais 5,4 milhões de domicílios para acabar com o déficit habitacional. Meta 8: Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento Situação dos Jovens no Brasil e América Latina 201 Brasil América Latina 30,9% 34,5% 34,6% 32,8% 15,5% 12,4% 19,0% 20,3% Só estudam Só trabalham Estudam e Trabalham Nem estudam - Nem trabalham Fonte: Trabajo Decente y Juventud en América Latina: Políticas para la acción. OIT Meta 8: População Brasileira com Acesso à Internet 47,2% 43,6% 45,2% 28,6% 28,5% Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste Fonte: PNAD IBGE.

13 Meta 8: População Brasileira com Acesso à Telefone Celular 59,1% 49,0% 49,8% 64,3% 63,8% 67,1% Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste Fonte: PNAD IBGE. A meta 8 se estabelece de uma forma mais universal com diferentes indicadores que se relacionam às necessidades especiais dos países menos desenvolvidos, formulação e execução de estratégias que permitam que os jovens obtenham um trabalho digno e produtivo, tornar acessíveis os benefícios das novas tecnologias, em especial das tecnologias de informação e de comunicações, entre outras. Os dados apresentados nos gráficos acima são importantes indicadores para nos dizer sobre o perfil dos jovens brasileiros, bem como as condições do acesso à informação. No ano de 2011, em toda América Latina, 35,3 milhões de jovens entre 15 e 24 anos apenas trabalhavam, ou seja, não se dedicavam aos estudos. Assim como um, em cada 5 jovens, não estudava e não trabalhava. Diversos são os fatores associados a estes perfis, entre eles a baixa escolaridade dos jovens que dificulta sua entrada no mercado de trabalho. Em relação ao acesso à comunicação, é importante destacar a grande desigualdade que existe entre as regiões brasileiros, com desvantagem para as regiões nordeste e norte.

14 Um Debate a ser Feito O mundo, quando foram pactuadas em 2000 as metas do milênio, vivia um movimento fundamental de debates sobre a proteção social e sobre os modelos de proteção social que eram estabelecidos pelos países. Se nos anos 80 o modelo de Bem Estar Social Europeu e Americano foi posto a prova por políticas liberais, não tínhamos claro que estratégias protetivas seriam definidas pelos países africanos, latino-americanos e asiáticos. Os problemas sociais de fato existiam e eram precisos serem enfrentados não de forma isolada, mas a partir de um Pacto Social entre todos os países. Chegávamos a um momento que não era possível aceitar que a mortalidade infantil em alguns países fosse mínima e em outros fosse enorme, por exemplo. A construção das Metas do Milênio e este pacto foi um sinal de que um país não pode ir bem se o outro estiver mal. As Metas do Milênio foi um diálogo firme entre governos e sociedade civil para que o compromisso da mudança fosse global. O Brasil foi um dos países que mais levou a sério as metas. Foram criados observatórios para avaliar dados municipais e estaduais. Foram realizados encontros, seminários e pesquisas de forma cotidiana para que cada meta pudesse ser cumprida. O estado de Minas Gerais, por exemplo, em 2012, repactuou com o PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, que coordena o processo dentro do Sistema ONU, novas metas para As Metas do Milênio na história dos Planos e Estratégias mostra-se como um sucesso, pois, de fato, nunca foi um acordo esquecido em computadores. Nunca foi apenas uma Cerimônia Global. Nunca foi um Tratado sem consequências. As Metas do Milênio foram e são uma bússola importante para medir o desenvolvimento das nações e encorajar governos e sociedade civil a organizar ações que pudessem, de fato, mudar a vida diária das pessoas, sobretudo as mais pobres. É claro que ainda temos muito a fazer, mas não há dúvida que o Mundo de 2015 será muito melhor do que o mundo de 2000, mas o trabalho não pode e não deve parar de jeito algum.

15 Este InfoReggae reafirma o compromisso do AfroReggae com o Desenvolvimento Humano e Sustentável e com a construção de um mundo onde os símbolos da desigualdade, miséria, pobreza sejam cada vez mais distantes da realidade em que vivemos. Seguimos nesta luta e nos aliamos a todos que acreditam que o mundo pode e deve ser melhor. Quadro de divulgação dos 8 Objetivos do Milênio. Portal ODM.

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