EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE UM POLIFOSFATO SULFORADO (PTC) NO ALGODOEIRO EM SOLO DE GOIÂNIA-GO *

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1 EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE UM POLIFOSFATO SULFORADO (PTC) NO ALGODOEIRO EM SOLO DE GOIÂNIA-GO * Wilson Mozena Leandro 1, Juarez Patrício de Oliveira Jr. 1, Marcelo Vieira Rolim 2. Fabio do Vale 2, Adriano Vieira de Melo 1, Eder Roberto Rezende Vaz 1. (1) EA, Setor de Solos, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, , leandro@agro.ufg.br, (2) Cargill Fertilizantes, São Paulo RESUMO Atualmente tem-se verificado uma tendência de adoção de fertilizantes fosfatados mais concentrados para minimizar os custos com frete. Isto tem implicado no aparecimento de deficiência de enxofre, pois seu teor é baixo nesses fertilizantes. Objetivando avaliar a eficiência agronômica de Polifosfato Sulfurado (PTC), originário da Flórida-USA, na produção e teores foliares de P e S do algodoeiro, em condições de campo, montou-se um experimento na Fazenda da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás, Campus II, em Goiânia-Goiás, utilizando-se os tratamentos: TEST: Testemunha (sem adubo); SEM P: Testemunha (adição de K e N); ST: P (superfosfato triplo) + K; SS: P + S (fornecidos pelo superfosfato simples) + K; PTC: P + S (fornecidos pelo PTC) + K; ST+S: P (superfostato triplo) + K + S (enxofre elementar). O PTC é um fertilizante complexo granulado com 12,2 dag kg -1 de N; 32,9 dag kg -1 de P 2 O 5 (total); 31,0 dag kg -1 de P 2 O 5 (água) e 15,3 dag kg -1 de S (total). Cultivou-se a variedade COTEDEC 403 com as adubações realizadas nas linhas. O fertilizante PTC teve eficiência agronômica de 23,81%, comparada a do superfosfato triplo, e proporcionou resposta no algodoeiro semelhante aos superfosfatos simples e triplo, apresentando-se como fonte múltipla de N, P e S. INTRODUÇÃO A região dos cerrados assume importância estratégica para o desenvolvimento do algodoeiro principalmente em rotação com a soja e milho. O destaque do Estado de Goiás, no cenário nacional, não é só conseqüência dos volumes que produz, mas também da qualidade da fibra e a infra-estrutura para produção. Isto foi possível devido à agricultura comercial centrada em moldes empresariais, com a utilização de tecnologia moderna. O emprego de insumos como defensivos agrícolas, fertilizantes, corretivos e mecanização agrícola são comuns em Goiás. Para uma agricultura com alto uso de insumos ser viável economicamente é de suma importância a obtenção de altas produtividades. Vários fatores podem interferir na produtividade, dentre os quais, o clima, o manejo do solo e de sua fertilidade e os adubos utilizados para fornecer os nutrientes necessários. Nos últimos anos tem-se verificado uma tendência de adoção de fertilizantes fosfatados mais concentrados para minimizar os custos com frete deste insumo. A opção por fertilizantes fosfatados mais concentrados com baixo teor de enxofre tem implicado no aparecimento de deficiência deste elemento. Neste contexto, montou-se um ensaio para avaliar a eficiência agronômica de polifosfato sulfurado (PTC), originário da Flórida-USA, na produção e teores foliares de P e S do algodoeiro, em condições de campo. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado na Fazenda da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás, Campus II, em Goiânia-Goiás. Os tratamentos foram os seguintes: TEST: Testemunha (Sem adubo); SEM P: Testemunha (adição de N e K); ST: P + K (superfosfato triplo como fonte de P); SS: P * Projeto financiado pela Cargill Fertilizantes

2 + K + S (superfosfato simples como fonte de P e S); PTC: P + K + S (PTC com fonte de P e S); ST+S: P + K + S (superfosfato triplo como fonte de P e enxofre elementar como fonte de S). O PTC é um fertilizante complexo granulado com 12,2 dag kg -1 de N; 32,9 dag kg -1 de P 2 O 5 (total); 31,0 dag kg -1 de P 2 O 5 (água); e 15,3 dag kg -1 de S (total). As parcelas foram constituídas de 6 linhas da cultura, espaçadas a 1,00 m e com comprimento de 5 m, totalizando área de 30,0 m 2, sendo que a área útil da parcela era constituída das 4 linhas centrais, descartando-se 0,5 m de cada extremidade da parcela. O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, com 5 repetições, totalizando 30 parcelas. Foi semeado o algodão, utilizando sementes da variedade COTEDEC 403 e as adubações foram realizadas nas linhas. Foram mantidas as recomendações para os demais nutrientes de acordo a COMISSÃO DE CORRETIVOS E FERTILIZANTES DO ESTADO DE GOIÁS (1988). As características a serem avaliadas foram: Altura de planta - medida ao final do ciclo da cultura, a partir do solo até a extremidade da planta; População final - determinada antes de ser colhida cultura, contando-se as plantas ao longo de um metro linear e calculada a população em plantas por hectare; Produtividade de Peso de matéria seca e Peso matéria verde por área - um metro linear de plantas de algodão foram cortadas rente ao solo na área útil da parcela e foram pesadas e posteriormente levadas a estufa de circulação forçada de ar até peso constante; amostras de folhas na fase de florescimento do algodão retirando-se de 15 a 30 folhas por parcela, as quais, após a secagem e trituração, foram analisadas no Laboratório de Solos e Análises Foliares E.A./U.F.G., para as variáveis N, P, K, Ca, Mg, S, Cu, Fe, Mn e Zn conforme metodologia de MALAVOLTA et al. (1989). A eficiência de utilização de fósforo foi estimada através do índice de eficiência agronômica (IEA), calculada conforme GOEDERT et al. (1986). RESULTADOS E DISCUSSÃO As produtividades médias (Figura 1) apresentaram diferenças significativas entre os tratamentos. Não foi possível conduzir a cultura do algodão até o final do ciclo, pois houve déficit hídrico nos meses de março e abril. A água é o fator fundamental para a produção, sua falta causa efeito desastroso para o desenvolvimento de planta. A produção de matéria verde, variável utilizada para medir o efeito dos tratamentos, foi maior nos tratamentos com o super triplo e super triplo mais enxofre. A altura de planta, número de plantas/m e número de flores/planta não apresentaram diferenças entre si. O índice de eficiência agronômica do PTC (Tabela 1) foi positivo para a cultura do algodão. O baixo valor obtido é, provavelmente, conseqüência dos problemas de déficit hídrico. Os teores foliares de nutrientes na cultura do algodão indicam que não houve diferenças significativas entre os tratamentos, com exceção do P. Comparando-se os teores de N, K, Ca, Mg, S e Mn (Figura 2) com as classes de interpretação propostas por MALAVOLTA et al. (1989), verifica-se que todos estão em níveis abaixo do adequado, com exceção do S que está acima de 2 g kg -1 e é considerado adequado. O teor de Cu está abaixo e os teores de Fe, Mn e Zn estão acima dos níveis adequados. Em todos os tratamentos os teores de P estão em níveis adequados. A análise estatística indicou que somente o tratamento com super triplo diferiu significativamente da testemunha. A cultura do algodão é altamente exigente em nutrientes, apesar da dose dos fertilizantes serem adequadas, a disponibilidade, mobilidade e absorção de nutrientes foi prejudicada pelo déficit hídrico. CONCLUSÃO O fertilizante PTC proporcionou resposta na cultura do algodão semelhante aos superfosfatos simples e triplo, apresentando-se como uma fonte de N, P e S. Sua eficiência agronômica foi de 23,81%, comparada a do Superfostato triplo.

3 algodão (dms=4368,9; CV=15,9; F=4,59**) Matéria verde (kg ha -1 ) Test Sem P ST SS PTC ST+S Figura 1. Produção de fitomassa de plantas de algodão em função dos diferentes tratamentos. Goiânia, GO. Safra 2000/2001. Tabela 1. Produção de fitomassa e Índice de eficiência agronômica (IEA) do PTC. Goiânia, GO. Safra 2000/2001 PTC ST Sem P IEA% (1) kg ha -1 de Fitomassa (2) % Algodão , , ,0 23,81 (1) IEA = 100*(PTC-Sem P)/(ST-Sem P). (2) PTC: Polifosfato Sulfurado como fonte de P e S; ST: Superfosfato Triplo como fonte de P; Sem P: adubação apenas com N e K.

4 g kg -1 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 N K Ca Mg S Nutrientes em folhas de algodão P foliar em algodão 2,6 2,5 g kg -1 2,4 2,3 2,2 2,1 Test Sem P ST SS PTC ST+S Tratamentos mg kg Cu Fe Mn Zn Nutrientes em folhas de algodão Figura 2. Teores foliares de nutrientes na cultura do algodão. Goiânia, GO. Safra 2000/2001.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMISSÃO DE CORRETIVOS E FERTILIZANTES DO ESTADO DE GOIÁS. Recomendação de corretivos e fertilizantes para o Estado de Goiás. Goiânia: UFG, 1988, 51 p. MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C. e OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas; princípios e aplicações. Piracicaba. POTAFOS, p. GOEDERT, W.J.; SOUSA, D.M.G. Uso eficiente de fertilizantes fosfatados. In: Espinoza, W.; Oliveira, A.J. de. (ed.). Simpósio sobre fertilizantes na agricultura brasileira. Brasília, DF, 6-10 agosto EMBRAPA-DID, Brasília, 1984, p (Documentos, 14).