AÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE

Transcrição

1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA VARA FEDERAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (A QUEM COUBER POR DISTRIBUIÇÃO). MONIQUE SANTANA DA RESTAURAÇÃO, RG (SSP/SP), CPF , brasileira, solteira, dona de casa, residente e domiciliada na Rua Martinico Ferdinando de Lisboa, 223, Jardim Paraíso, São José dos Campos/SP, endereço de correio eletrônico moniquesrest@gmail.com, por seus Advogados que esta subscrevem, conforme procuração anexa (doc. nº 1), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 201, I, da Constituição Federal de 1988, bem como na Lei nº 8.213/91, propor a presente AÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE Pelo procedimento comum, em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS, autarquia federal, CNPJ , que pode ser citado na pessoa do Sr. Procurador Seccional Federal, com endereço funcional na Avenida Cassiano Ricardo, Jardim Aquarius, 521, São José dos Campos/SP, pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos: 1

2 Preliminarmente, requer a autora sejam deferidos os benefícios da gratuidade da Justiça, por ser a autora pobre, no sentido legal do termo, já que não pode arcar com as custas e despesas processuais, bem como honorários advocatícios, sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família. Também preliminarmente, os Advogados que subscrevem a presente atestam que os documentos que acompanham esta petição conferem com os originais, sendo dispensada, assim, a autenticação por tabelião (arts. 225 do Código Civil; art. 425 e incisos do CPC). I Dos fatos. A autora viveu em união estável com ANTONIO FRANCISCO DOS ANJOS, segurado da Previdência Social que faleceu em 25 de janeiro de 2012, conforme certidão de óbito anexa (doc. nº 2). Em razão disso, requereu administrativamente a concessão da pensão por morte em 13 de junho de 2013, que foi indeferida sob a alegação de que não havia sido demonstrada a qualidade de dependente (doc. nº 3). Ocorre que, diversamente do que concluiu a autarquia, a autora viveu com o exsegurado, como se casados fossem, com a finalidade de constituir família, desde 01 de janeiro de 2005, quando passaram a residir na Rua Martinico Ferdinando de Lisboa, 223, Jardim Paraíso, São José dos Campos/SP (doc. nº 4). Estando assim demonstrada a existência de união estável, o benefício é devido. 2

3 II Do direito. A pensão por morte é devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, nos termos do art. 74 da Lei nº 8.213/91. Exige, para sua concessão, apenas a manutenção da qualidade de segurado na data do óbito (ou observado eventual período de graça), sendo dispensada a carência (arts. 15 e 26, I, da Lei nº 8.213/91). Considera-se dependente, nos termos do art. 16, I, a companheira, assim entendida aquela que mantém união estável com o segurado, caso em que a dependência econômica é presumida ( 4º do mesmo artigo). O INSS expediu, durante o processamento do requerimento administrativo, carta de exigência requisitando a entrega de três dos documentos que provassem a união estável, na forma do artigo 22 do Decreto nº 3.048/99 (doc. nº 5). Essa exigência, todavia, é manifestamente ilegal, na medida em que não está prevista em Lei e impõe aos dependentes do segurado um ônus desproporcional e exagerado. Como é sabido, particularmente em famílias de menor poder aquisitivo, estavam ambos dispensados de apresentar declaração anual do imposto de renda. Nenhum deles mantinha conta corrente, muito menos conjunta, nem plano ou seguro saúde em que figurassem formalmente como dependentes um do outro. Também não foram condôminos em qualquer bem imóvel, já que o imóvel em que residiram é alugado (doc. 6). Esse fato, todavia, não interfere na real existência de união estável, que também justifica a concessão do benefício. Vale também anotar que o próprio art. 22 do Decreto 3

4 nº 3.048/99 faz referência a quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar, o que mostra que se trata de rol meramente exemplificativo. Além disso, a jurisprudência predominante tem dispensado a exigência de prova material para a comprovação da existência da união estável, consoante o seguinte julgado: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO LEGAL. ART. 557, 1º, CPC. PENSÃO POR MORTE. COMPANHEIRO. UNIÃO ESTÁVEL COMPROVADA. NÃO EXIGÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL. POSSIBILIDADE. DECISÃO EM CONSONÂNCIA COM JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO C. STJ E DESTA CORTE. AGRAVO DESPROVIDO. - A decisão agravada está em consonância com o disposto no artigo 557 do Código de Processo Civil, visto que supedaneada em jurisprudência consolidada do C. Superior Tribunal de Justiça e desta Corte. - O C. Superior Tribunal de Justiça firmou orientação no sentido da não exigência de início de prova material para comprovação da união estável. - Ainda que assim não fosse, o conjunto probatório revela razoável início de prova material, tendo em vista a seguinte documentação: declaração prestada por Francisco Alves Pimentel, proprietário da Drogaria Pimentel, no sentido de que a de cujus comprou medicamentos na sua drogaria no período de abril de 1995 a maio de 2004 em nome do autor (fls. 13); nota fiscal do cemitério da Prefeitura Municipal de Miguelópolis, onde consta que o autor comprou local para sepultamento da falecida (fls. 14). - Ademais, consoante a prova oral (fls. 73/74), as testemunhas inquiridas, mediante depoimentos colhidos em audiência, afirmam que o autor era amasiado com a de cujus, sendo que moraram juntos por mais de dez anos até o seu óbito, o que, por si só, basta para a comprovação da união estável. - As razões recursais não contrapõem tal fundamento a ponto de demonstrar o desacerto do decisum, limitando-se a reproduzir argumento visando a rediscussão da matéria nele contida. - Agravo desprovido (AC , DESEMBARGADORA FEDERAL DIVA MALERBI, TRF3 - SÉTIMA TURMA, e-djf3 Judicial 1 DATA:14/02/2014) se impõe. Também por tais fundamentos, portanto, a procedência do pedido é medida que 4

5 III Da tutela provisória de urgência. Diante dos fatos e fundamentos acima expostos, entende a autora ser perfeitamente admissível a concessão de tutela provisória de urgência, em caráter liminar, já que os documentos acostados evidenciam a probabilidade do direito (art. 300 do CPC). Está também demonstrado o grave perigo de dano, uma vez que o falecido contribuía decisivamente para o sustento da autora e esta, sem tais rendimentos, vem sofrendo toda sorte de privações. Acrescente-se que o benefício em questão tem natureza essencialmente alimentar, daí porque não se pode atribuir à autora um dano decorrente do tempo necessário ao processamento do feito. Nem se alegue, ademais, que se trata de tutela irreversível, na medida em que a negativa do benefício já vem causando graves prejuízos. A irreversibilidade da situação de fato poderá ocorrer, em verdade, se for negada a tutela provisória aqui pretendida. IV Do pedido. À vista de todo o exposto, REQUER a autora: a) A total procedência dos pedidos aqui deduzidos, para condenar o INSS a implantar o benefício pensão por morte, desde a data de entrada do requerimento administrativo ( ). b) O pagamento das prestações vencidas e vincendas, devidamente acrescidas de juros de mora e de correção monetária, na forma do Manual de Orientação de 5

6 Procedimentos para Cálculos na Justiça Federal, aprovado pela Resolução CJF nº 134/2010, com as alterações da Resolução CJF nº 267/2013; c) A condenação do INSS ao pagamento de honorários de advogado, fixados em 20% sobre o valor da condenação atualizado, além de custas e despesas processuais. d) A citação do INSS, no endereço acima mencionado, para que compareça à audiência de conciliação e mediação (art. 334 do CPC), para a qual, desde já, manifesta expresso interesse. e) Os benefícios da gratuidade da Justiça, por ser pobre na acepção jurídica do termo, conforme declaração juntada (doc. nº 7); f) A tutela provisória de urgência, na modalidade antecipada e sem a oitiva da parte contrária, para a imediata implantação do benefício. A requerente pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados por meio dos documentos já anexados com a inicial, bem como de depoimento pessoal das partes e prova testemunhal, além de outras que se fizerem necessárias. Dá-se à causa o valor de R$ ,00, que corresponde à soma de todas as prestações vencidas e de doze prestações vincendas, conforme simulação de cálculo da renda mensal inicial do benefício anexa (doc. nº 8). Termos em que, P. Deferimento. São José dos Campos, 06 de outubro de OAB/SP nº OAB/SP nº