ITCMD Imposto sobre transmissão causa mortis e doações. Rubens Kindlmann
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- Thiago Schmidt Vilalobos
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1 ITCMD Imposto sobre transmissão causa mortis e doações Rubens Kindlmann
2 Introdução Nas constituições anteriores, os Estados tinham a competência para instituir impostos sobre a transmissão de bens imóveis e direitos reais sobre imóveis, a qualquer título. Mas a CF/88 inovou, concedendo aos Estados e ao DF a competência para tributar apenas a transmissão causa mortis e a doação de quaisquer bens ou direitos.
3 O imposto no CTN O CTN é limitado a tratar do imposto sobre a transmissão a qualquer título (inclusive o causa mortis) de bens imóveis e de direitos reais, mas deixa de disciplinar especificamente o imposto cuja transmissão seja a causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos. (Art. 35 a 42 do CTN) Não houve nenhuma outra lei complementar sobre o tema, fazendo com que Estados e DF exerçam a competência legislativa plena em relação aos bens móveis e intangíveis. (art. 24, 3º e 4º da CF)
4 Competência Legislativa Art. 24, CF Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; (...) 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
5 Transmissão causa mortis A transmissão, neste caso, é sinônimo de sucessão. E Sendo a transmissão causa mortis tem-se um FG específico: a sucessão por morte Morte Presumida: Súmula 331, STF: É legítima a incidência do Imposto de Transmissão Causa Mortis no inventário por morte presumida.
6 Súmula 112, STF. O imposto de transmissão causa mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão Transmissão causa mortis TRIBUTÁRIO. IMPOSTO CAUSA MORTIS. FATO GERADOR. ART. 106 DO CTN. INAPLICABILIDADE. LEI ESTADUAL Nº /00. IRRETROATIVIDADE. 1. O fato gerador do imposto causa mortis dá-se com a transmissão da propriedade ou de quaisquer bens e direitos e ocorre no momento do óbito. Aplicação da lei vigente à época da sucessão. 2. Afasta-se a aplicação do artigo 106 do CTN, em razão de que o imposto cobrado não se enquadra em qualquer de suas hipóteses. 3. Recurso especial provido. (STJ. Resp SP 2ª T. Min Castro Meira j DJU , p.203)
7 Doação Código Civil: Art Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. Sumula 328, STF: É legítima a incidência do impôsto de transmissão inter vivos sôbre a doação de imóvel. Portanto, não se confunde com o ITBI.
8 Doação Como o imposto incide sobre a transmissão (gratuita) de qualquer bem ou direito, é imprescindível que ocorra a mudança (jurídica) de sua titularidade, da pessoa do doador para o donatário, com espírito de liberalidade, e efetivo animus donandi, mediante o empobrecimento do doador e o enriquecimento patrimonial do donatário (Paulsen, Leandro. Impostos federais, estaduais e municipais. 4. ed. rev. e atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2008, pág. 200)
9 A incidência do imposto ocorrerá sobre a transmissão (causa mortis ou doação) de bens imóveis, móveis e intangíveis. Quaisquer bens ou direitos Quando a CF menciona quaisquer bens ou direitos dá maior amplitude do que a redação anterior do texto constitucional. Redação da CF/67 Art Compete aos Estados e ao Distrito Federal decretar impostos sobre: I - transmissão, a qualquer título, de bens imóveis por natureza e acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como sobre direitos à aquisição de imóveis;
10 No causa mortis, o FG se dá com a transmissão da propriedade. Momento do Fato Gerador Art Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
11 Na doação de bens móveis, a tradição do bem. Na doação de imóveis, o registro no CRI Momento do Fato Gerador Art O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
12 O Fato Gerador da obrigação principal do ITCMD não está vinculada não à quantidade de bens, mas à quantidade de herdeiros. Fato Gerador Art. 35. O imposto, de competência dos Estados, sobre a transmissão de bens imóveis e de direitos a eles relativos tem como fato gerador: (...) Parágrafo único. Nas transmissões causa mortis, ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos sejam os herdeiros ou legatários.
13 Em caso de alimentos para filhos menores, constitui o dever de sustento Doação de Alimentos Para filhos maiores, deixa-se de manter a obrigação alimentar, podendo haver alimentos desde que se atenda à necessidade e razoabilidade. Doação de vários imóveis/bens a um mesmo filho, descaracterizando o caráter alimentar, pode se caracterizar como doação
14 A meação não está sujeita à tributação mas, havendo entrega a um dos cônjuges de bens cujo valor seja superior ao da meação sem característica de compensação financeira entre eles, há doação, incidindo o ITCMD sobre essa diferença. Na separação Judicial TRIBUTÁRIO IMPOSTO DE TRANSMISSÃO POR DOAÇÃO SEPARAÇÃO JUDICIAL MEAÇÃO. 1. Na separação judicial, a legalização dos bens da meação não está sujeita a tributação. 2. Em havendo a entrega a um dos cônjuges de bens de valores superiores à meação, sem indícios de compensação pecuniária, entende-se que ocorreu doação, passando a incidir, sobre o que ultrapassar a meação, o Imposto de Transmissão por Doação, de competência dos Estados (art. 155, I, da CF). 3. Recurso especial conhecido e provido. (STJ. Resp RJ 2ª T. Min Eliana Calmon, DJU )
15 Quem pode cobrar? Quando transmissão causa mortis ou doação de bens imóveis: O Estado da situação do Bem (ou DF) Sujeição Ativa Quando transmissão causa mortis ou doação de bens móveis, títulos e créditos: Onde se processa o inventário/arrolamento ou no local de domicílio do Doador Sumula 435, STF. O imposto de transmissão causa mortis pela transferência de ações é devido ao Estado em que tem sede a companhia
16 E no caso do Art. 155, 1º, III??? Sujeição Ativa III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar: a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior; b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado no exterior;
17 A Lei /2000 ITCMD em São Paulo Sujeição Ativa Artigo 4º - O imposto é devido nas hipóteses abaixo especificadas, sempre que o doador residir ou tiver domicílio no exterior, e, no caso de morte, se o "de cujus" possuía bens, era residente ou teve seu inventário processado fora do país: I - sendo corpóreo o bem transmitido: a) quando se encontrar no território do Estado; b) quando se encontrar no exterior e o herdeiro, legatário ou donatário tiver domicilio neste Estado; II - sendo incorpóreo o bem transmitido: a) quando o ato de sua transferência ou liquidação ocorrer neste Estado; b) quando o ato referido na alínea anterior ocorrer no exterior e o herdeiro, legatário ou donatário tiver domicílio neste Estado.
18 Sujeição Ativa Arguição de Inconstitucionalidade Decisão do TJSP
19 Como prevê o CTN, a Base de Cálculo deve ser o Valor Venal dos Bens ou direitos transmitidos. Base de Cálculo e Alíquota A BC é fixada na data da avaliação, mas a alíquota deve ser a vigente no momento da abertura da sucessão Súmula 113, STF - O imposto de transmissão "causa mortis" é calculado sobre o valor dos bens na data da avaliação. Súmula 112, STF - O imposto de transmissão "causa mortis" é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão.
20 Base de Cálculo e Alíquota É o valor venal do bem ou direito transmitido, expresso em moeda nacional ou em Unidades Fiscais do Estado (Ufesp, em São Paulo), considerando-se o valor de mercado do bem ou direito na data da abertura da sucessão, ou realização do ato ou contrato de doação. (Leandro Paulsen, Impostos federais, estaduais e municipais. 4. ed. P. 205.)
21 Sujeição Passiva A Sujeição passiva no ITCMD São: no caso das transmissões causa mortis, o herdeiro ou o legatário; No caso de doações, qualquer das partes envolvidas na operação, na forma como dispuser a lei. Não se pode determinar a sujeição passiva a partir da Constituição ou do CTN, cabendo a cada Estado definir em sua lei local.
22 Progressividade A progressividade não está prevista na Constituição, mas está estabelecida na resolução nº9/92 que estabeleceu a alíquota máxima do imposto em 8% O STF reconhece a progressividade, mesmo sem o amparo constitucional mas contrapõe alguns critérios usados pelos estados
23 RESOLUÇÃO Nº 9, DE 1992 Estabelece alíquota máxima para o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação, de que trata a alínea a, inciso l, e 1º, inciso IV do art. 155 da Constituição Federal. O SENADO FEDERAL resolve: Resolução 9/92 Art. 1º A alíquota máxima do imposto de que trata a alínea a, inciso I, do art. 155 da Constituição Federal será de oito por cento, a partir de 1º de janeiro de Art. 2º As alíquotas dos impostos, fixadas em lei estadual, poderão ser progressivas em função do quinhão que cada herdeiro efetivamente receber, nos termos da Constituição Federal. Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação. Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário. Senado Federal, 5 de maio de SENADOR MAURO BENEVIDES Presidente
24 Jurisprudência AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. CONSTITUCIONALIDADE DE LEI ESTADUAL SOBRE PROGRESSIVIDADE DE ALÍQUOTA DE IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO DE BENS E DIREITOS. GRAU DE PARENTESCO COMO PARÂMETRO PARA A PROGRESSIVIDADE: IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. (STF RE AgR/PE. Min Carmen Lucia, 2ª T., Dje )
25 Jurisprudência AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. CONSTITUCIONALIDADE DE LEI ESTADUAL SOBRE PROGRESSIVIDADE DE ALÍQUOTA DE IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO DE BENS E DIREITOS. GRAU DE PARENTESCO COMO PARÂMETRO PARA A PROGRESSIVIDADE: IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. O critério de grau de parentesco e respectivas presunções da proximidade afetiva, familiar, sanguínea, de dependência econômica com o de cujus ou com o doador, não guarda pertinência com o princípio da capacidade contributiva. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF - RE /PE. Min Edson Fachin, 1ª T., DJe 01/03/16)
26 Sobre a incidência do IR nas transmissões Lei 9532/97 Art. 23. Na transferência de direito de propriedade por sucessão, nos casos de herança, legado ou por doação em adiantamento da legítima, os bens e direitos poderão ser avaliados a valor de mercado ou pelo valor constante da declaração de bens do de cujus ou do doador. 1º Se a transferência for efetuada a valor de mercado, a diferença a maior entre esse e o valor pelo qual constavam da declaração de bens do de cujus ou do doador sujeitar-se-á à incidência de imposto de renda à alíquota de quinze por cento. (...) 4º Para efeito de apuração de ganho de capital relativo aos bens e direitos de que trata este artigo, será considerado como custo de aquisição o valor pelo qual houverem sido transferidos. 5º As disposições deste artigo aplicam-se, também, aos bens ou direitos atribuídos a cada cônjuge, na hipótese de dissolução da sociedade conjugal ou da unidade familiar.
27 Isenções na lei Paulista Lei /00 UFESP para 2017: R$ 25,07 Artigo 6º - Fica isenta do imposto: I - a transmissão "causa mortis": a) de imóvel de residência cujo valor não ultrapassar (cinco mil) UFESPs e os familiares beneficiados nele residam e não tenham outro imóvel; (R$ ,00) b) de imóvel cujo valor não ultrapassar (duas mil e quinhentas) UFESPs, desde que seja o único transmitido; (R$ ,00) c) de ferramenta e equipamento agrícola de uso manual, roupas, aparelho de uso doméstico e demais bens móveis de pequeno valor que guarneçam os imóveis referidos nas alíneas anteriores, cujo valor total não ultrapassar (mil e quinhentas) UFESPs; (R$38.550,00) d) de depósitos bancários e aplicações financeiras, cujo valor total não ultrapassar (mil) UFESPs; (R$25.700,00) e) de quantia devida pelo empregador ao empregado, por Institutos de Seguro Social e Previdência, oficiais ou privados, verbas e prestações de caráter alimentar decorrentes de decisão judicial em processo próprio e o montante de contas individuais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e do Fundo de Participações PIS-PASEP, não recebido em vida pelo respectivo titular; f) na extinção do usufruto, quando o nu-proprietário tiver sido o instituidor;
28 II - a transmissão por doação: a) cujo valor não ultrapassar (duas mil e quinhentas) UFESPs; (R$ ,00) b) de bem imóvel para construção de moradia vinculada a programa de habitação popular; c) de bem imóvel doado por particular para o Poder Público. Isenções na lei Paulista Lei /00 1º - Para fins de reconhecimento das isenções previstas nas alíneas "a", "b" e "c" do inciso I, e na alínea "a" do inciso II, poderá ser exigida a apresentação de declaração, conforme dispuser o regulamento. 2º - Ficam também isentas as transmissões "causa mortis" e sobre doação de quaisquer bens ou direitos a entidades cujos objetivos sociais sejam vinculados à promoção dos direitos humanos, da cultura ou à preservação do meio ambiente, observado o seguinte: 1 - o reconhecimento dessa condição deverá ser feito, de forma cumulativa, pela Secretaria da Fazenda e, conforme a natureza da entidade, pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, pela Secretaria da Cultura ou pela Secretaria do Meio Ambiente, de acordo com disciplina a ser estabelecida pelo Poder Executivo; 2 - deverão ser observados os requisitos do artigo 14 do Código Tributário Nacional e os demais previstos na legislação tributária.
29 Artigo 10 - O valor do bem ou direito na transmissão "causa mortis" é o atribuído na avaliação judicial e homologado pelo Juiz. Observações na lei paulista - Lei /00 1º - Se não couber ou for prescindível a avaliação, o valor será o declarado pelo inventariante, desde que haja expressa anuência da Fazenda, observadas as disposições do artigo 9º, ou o proposto por esta e aceito pelos herdeiros, seguido, em ambos os casos, da homologação judicial. 2º - Na hipótese de avaliação judicial ou administrativa, será considerado o valor do bem ou direito na data da sua realização. 3º - As disposições deste artigo aplicam-se, no que couber, às demais partilhas ou divisões de bens sujeitas a processo judicial das quais resultem atos tributáveis.
30 Observações na lei paulista - Lei /00 Artigo 11 - Não concordando a Fazenda com valor declarado ou atribuído a bem ou direito do espólio, instaurar-se-á o respectivo procedimento administrativo de arbitramento da base de cálculo, para fins de lançamento e notificação do contribuinte, que poderá impugná-lo. 1º - Fica assegurado ao interessado o direito de requerer avaliação judicial, incumbindo-lhe, neste caso, o pagamento das despesas. 2º - As disposições deste artigo aplicam-se, no que couber, às demais partilhas ou divisões de bens sujeitas a processo judicial das quais resultem atos tributáveis.
31 Rubens Kindlmann e Prof. Rubens Kindlmann Contatos Kindlmann rubens@kindlmann.com.br
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