A CVM e a Autorregulação no Mercado de Capitais
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- Izabel Clementino Estrela
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1 A CVM e a Autorregulação no Mercado de Capitais
2 A Lei nº 6.385/76 define os mandatos legais da CVM: Desenvolvimento do Mercado (art 4º. Incisos I e II); Eficiência e Funcionamento do Mercado (art. 4º, incisos III, VII e VIII); Proteção dos Investidores (art 4º, incisos IV e V); Acesso à Informação Adequada (art 4º, inciso VI, e art. 8º, incisos I e II); Fiscalização e Punição (art. 8º, incisos III e V, e art. 11); 1
3 São Valores Mobiliários sujeitos ao regime da Lei nº 6.385/76: Ações, debêntures e bônus de subscrição; Cupons, direitos, recibos de subscrição e certificados de desdobramento relativos aos valores mobiliários acima; Certificados de depósito de valores mobiliários; Cédulas de debêntures; Cotas de fundos de investimento em valores mobiliários ou de clubes de investimento em quaisquer ativos; (Art. 2º, incisos I a V) 2
4 Notas comerciais; Contratos futuros, de opções e outros derivativos, cujos ativos subjacentes sejam valores mobiliários; Outros contratos derivativos, independentes dos ativos subjacentes; Quando ofertados publicamente, quaisquer outros títulos ou contratos de investimentos coletivos, que gerem direito de participação, de parceria ou de remuneração, inclusive resultante de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do empreendedor ou de terceiros. (Art. 2º, incisos VI a IX) 3
5 O Mercado de Valores Mobiliários é estruturado basicamente por emissores (companhias abertas e fundos), intermediários (corretoras e distribuidoras), mercados organizados e investidores. Além destes, outros participantes compõem o sistema de distribuição de títulos e valores mobiliários, estando todos sob a fiscalização da CVM: Analistas e consultores de valores mobiliários Administradores de carteira Agentes autônomos de investimento Auditores independentes Agentes fiduciários Custodiantes 4
6 Registros concedidos pela CVM: Companhia Aberta Emissão e Distribuição de Valores Mobiliários Administrador de Carteiras Auditor Independente Agente Autônomo de Investimento Prestador dos Serviços de Ações Escriturais, de Custódia de Valores Mobiliários e de Agente Emissor de Certificados Investidor Não Residente 5
7 Autorregulação - Fundamentação Legal: Lei nº 6.385, de 07/12/76 Às Bolsas de Valores, às Bolsas de Mercadorias e Futuros, às entidades de mercado de balcão organizado e às entidades de compensação e liquidação de operações com valores mobiliários incumbe, como órgãos auxiliares da CVM, fiscalizar seus respectivos membros e as operações nelas realizadas (Parágrafo 1º, do art. 17) 6
8 Fundamentação Infralegal: Além da determinação legal contida no parágrafo 1º do artigo 17 da Lei nº 6.385/76, existem outras instruções normativas expedidas pela autarquia que abordam a autorregulação: Instrução CVM nº 461/07 (Bolsas de Valores) Instrução CVM nº 471/08 (Registro de Oferta Pública) Instrução CVM nº 483/10 (Analista de Valores Mobiliários) Instrução CVM nº 497/11 (Agente Autônomo de Investimento) 7
9 Bolsas de Valores: A Instrução CVM nº 461/2007, conhecida como Nova Regra das Bolsas, estabelece em seu capítulo IV que a estrutura autorreguladora dos mercados organizados de valores mobiliários seja composta dos seguintes órgãos: Departamento de autorregulação; Diretor do departamento de autorregulação; Conselho de autorregulação; (Art. 36) 8
10 Registro de Ofertas Públicas: A Instrução CVM nº 471/2008 dispõe sobre a autorregulação no procedimento simplificado de registro de ofertas públicas. A atuação do autorregulador se dará mediante convênio a ser firmado com a CVM. Os convênios são uma faculdade da autarquia, e só poderão ser celebrados com entidades que comprovem ter estrutura adequada e capacidade técnica para o cumprimento das obrigações previstas na instrução. (art. 6º) 9
11 Analistas de Valores Mobiliários: A Instrução CVM nº 483/2010 dispõe sobre a autorregulação na atividade de analista de valores mobiliários. De acordo com o art. 6º, o credenciamento desses agentes é feito por entidades autorizadas pela CVM. As entidades autorreguladoras deverão comprovar possuir estrutura adequada e capacidade técnica para o cumprimento das obrigações previstas na instrução, bem como estrutura de autorregulação que conte com capacidade técnica e independência. 10
12 Agente Autônomo de Investimento: A Instrução CVM nº 497/2011 dispõe sobre a autorregulação na atividade de agente autônomo de investimento. De acordo com o art. 6º, o credenciamento desses agentes e das pessoas jurídicas por eles constituídas é feito por entidades autorizadas pela CVM. 11
13 Questões importantes para o bom funcionamento de uma entidade autorreguladora: Estrutura de autorregulação Capacidade técnica Independência Adoção de um código de conduta Capacidade de fiscalização e de punição Prestação de informações aos órgãos reguladores Aferição, por meio de exames, da qualificação técnica dos profissionais Instituição de programas de educação continuada 12
14 Entidades Autorreguladoras: Em 2007, foi criada a BM&FBOVESPA Supervisão de Mercados (BSM), que responde pela fiscalização das operações e das atividades dos participantes do mercado e dos agentes de compensação e/ou custódia perante a Bolsa, bem como pela administração do Mecanismo de Ressarcimento de Prejuízos (MRP). A BSM fiscaliza a observância de suas normas de conduta e da regulamentação vigente, de maneira a identificar violações, condições anormais de negociação e comportamentos suscetíveis de pôr em risco a regularidade de funcionamento, a transparência e a credibilidade do mercado. 13
15 Entidades Autorreguladoras e suas estruturas: BM&FBOVESPA: realizada pela BM&FBOVESPA Supervisão de Mercados (BSM), criada em 2007; CETIP: sociedade administradora de mercados de balcão organizados, realiza sua função autorreguladora por meio de uma Diretoria de Autorregulação; ANBIMA: representante das instituições que atuam nos mercados financeiro e de capitais, criou e supervisiona o cumprimento das regras de seus Códigos de Regulação e Melhores Práticas. Registre-se assinatura de convênio com a CVM para realização de análises prévias relativas a pedidos de registros de ofertas públicas de distribuição de alguns valores mobiliários, por meio de procedimento simplificado (Instrução CVM nº 471/2008); APIMEC: a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais criou em dezembro de 2010 o seu Conselho de Supervisão do Analista (CSA). 14
16 Vantagens: A adoção pela CVM do sistema de autorregulação para determinadas atividades no mercado de valores mobiliários objetiva aumentar e eficiência da atividade regulatória, evitando a centralização excessiva do poder de editar normas e fiscalizar seu cumprimento; Uma entidade autorreguladora, por sua proximidade das atividades de mercado, dispõe de grande sensibilidade para avaliá-las e normatizá-las, podendo agir com presteza e a custos moderados. Ademais, essa sensibilidade para a identificação dos riscos mais importantes pode ser transmitida de forma contínua ao regulador; 15
17 A elaboração e o estabelecimento, por participantes do mercado, de normas que disciplinam suas atividades fazem com que a aceitação dessas normas aumente, diminuindose a necessidade de intervenção do órgão regulador; A ação eficaz do órgão regulador sobre os participantes do mercado de valores mobiliários implica custos excessivamente altos quando se busca aumentar a eficiência e abrangência dessa ação. Dada a escassez de recursos do regulador e as restrições a ele impostas, a atuação dos autorreguladores aumenta a possibilidade de identificação de irregularidades e a de enforcement, bem como a contratação de mão-de-obra especializada e a introdução de inovações tecnológicas. Os autorreguladores podem produzir evidências e provas em investigações conduzidas pelo regulador. 16
18 Possíveis inconvenientes: Riscos ao bom funcionamento da autorregulação: Complacência em relação a assuntos de interesse público; Tendência à autoproteção dos regulados; Leniência na imposição de sanções; e Atitudes tolerantes, decorrentes do desejo de evitar publicidade adversa aos negócios. Conflitos de interesse na condução da supervisão ou enforcement (autorregulador x entidade patrocinadora); 17
19 Jurisdição restrita dos autorreguladores, exigindo do regulador uma atuação residual em alguns casos; Concorrência entre os autorreguladores e demais participantes do mercado por recursos humanos (mão-de-obra especializada); Necessidade de avaliação da atuação dos autorreguladores pelo regulador, através do estabelecimento de um processo contínuo de cobrança de resultados e de aperfeiçoamento. 18
20 Obrigado
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