5ª Comissão Disciplinar Processo Nº. 041/2017 Denunciado: Atlético Clube Goianiense e Sport Club Corinthians Paulista

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1 5ª Comissão Disciplinar Processo Nº. 041/2017 Denunciado: Atlético Clube Goianiense e Sport Club Corinthians Paulista Auditor Relator: Eduardo Affonso Mello I- Relatório Trata-se de denúncia oferecida pela D. Procuradoria da Justiça Desportiva contra os clubes Atlético Goianiense e Corinthians por infração aos artigo artigos 213 do CBJD Narra a Súmula da partida que foram acesos sinalizadores na torcida do Corinthians aos 34 minutos do segundo tempo, e que por essa razão o árbitro paralisou o jogo por 4 minutos. A douta procuradoria reforçou os termos da denúncia, relembrando a reincidência específica do Corinthians em relação aos sinalizadores. A defesa do A.C. Goianiense juntou documentos para comprovar que fez todo o possível para que o jogo transcorresse em total tranquilidade, contratando, inclusive, seguranças particulares para o auxiliar a Polícia Militar na segurança do jogo. O advogado, Dr. Flávio Fonseca, alegou incialmente que os sinalizadores não são artifícios perigosos e já fazem parte do espetáculo das torcidas, e que na Europa a utilização dos mesmos é permitida, porém, reconheceu que sua utilização no Brasil é contra as normas e deve ser punida. Ademais, sustentou que em relação ao A.C. Goianiense o que deve ser analisado é se o clube tomou providencias para prevenir e reprimir desordens ou se deixou de tomar essas providencias, e que condenar o

2 Atlético/GO é dizer que todos os documentos juntados não significam nada e que o clube não correu atrás para garantir a segurança do espetáculo. Por outro lado, a defesa do Corinthians, representada pelo Dr. João Zanforlin salientou que o ato não foi realizado pelos torcedores costumeiros, ou seja, aqueles da capital paulista que vão ao estádio em todos os jogos, mas sim por torcedores de outro estado. Informou também, que em reuniões das torcidas organizadas do clube há certa incitação ao uso dos sinalizadores. Ademais, ao prever uma nova punição ao clube pela reincidência específica deste fato, salientou que a multa aplicada anteriormente por essa 5ª Comissão Disciplinar ainda não foi confirmada pelo Pleno do STJD, não devendo ser levada em consideração. Por fim, pediu mais uma vez o auxílio deste Tribunal para buscar soluções para esse problema que se repete constantemente. É o relatório. II- Voto Há que se separar as condutas dos clubes envolvidos, apesar de terem sido denunciados pelos mesmo fato, qual seja, a utilização de sinalizadores por parte da torcida do Corinthians. Quanto ao Atlético/GO, a responsabilidade solidária é quanto a prevenção e repressão à desordens em seu estádio, mesmo que as desordens sejam na torcida do time adversário, mas apenas quando contribuir para o fato, como prevê o 2º do art. 213 do CBJD. Ao trazer documentos que comprovam a contratação de agentes de segurança extras, ou seja, além do que requer o regulamento, entendo que o clube adotou todas as medidas cabíveis para prevenir desordens em um jogo contra uma equipe com grande torcida, como é o caso do Corinthians.

3 Da mesma forma, ao assistir vídeo do momento em que foram acesos os sinalizadores, entendo que a repressão foi feita rapidamente. Porém, assim que os torcedores foram repreendidos e obrigados a apagar os sinalizadores, outros foram acesos em ponto diverso da torcida do Corinthians, causando maior tempo de paralização ao jogo. Assim sendo, entendo que o Atlético/GO não pode ser responsabilizado por esse ato repetitivo da torcida do Corinthians, já que tomou todas as medidas possíveis para a prevenção e repreensão de desordens em seu mando de campo. Apenas a título elucidativo, venho rebater a afirmação do advogado sobre a falta de perigo na utilização de sinalizadores. Onde há fumaça, há fogo, ou seja, de alguma forma esses itens pouco maiores que cigarros são inflamáveis, e seu uso no meio de grandes multidões é perigoso. Da mesma forma, a fumaça produzida pelos artefatos, além de atrapalhar quem quer apenas assistir o jogo, pode ser tóxica, colocando em risco a saúde das pessoas que estão em volta. Quanto ao Corinthians, sua torcida novamente deu causa à denúncia. Não é a primeira vez, e ao que tudo indica, não será a última que sua torcida prejudica o clube. Como o próprio advogado do clube contou, há reuniões das torcidas organizadas onde é estimulado o uso desse artifício. Devemos nos preocupar com isso. Como a ordem atual é de paralisar o jogo quando se acende sinalizadores na torcida, em breve tal ação pode ser usada pelos torcedores para dar fim à uma pressão do time adversário, ou tentar paralisar um ataque perigoso. Percebo que o clube tem tentado alertar e coibir de alguma forma tais ações de seus torcedores, mas algo a mais tem de ser feito. Já que há reuniões dos seus torcedores, integrantes das organizadas, onde se combina o uso dos artifícios, por que não punir tais organizadas e seus torcedores?

4 Há que se pensar uma forma para que o clube não arque com todo prejuízo. Quem sabe, ajuizar com uma ação de regresso contra o torcedor identificado ou a torcida organizada. Dessa forma, quem utilizou ou organizou a utilização desses artifícios será realmente penalizado. Ou seja: há condições do clube penalizar seus torcedores e fazer cessar a utilização de sinalizadores. Porém, diante das provas analisadas no presente caso, não há outra solução a não ser penalizar o Corinthians novamente, majorando a pena aplicada anteriormente. Desta forma, entendo por bem multar o clube em R$ ,00 (quarenta mil reais). IV Dispositivo Diante de todo o exposto, decide-se por: a) por unanimidade, absolver o Atlético Clube Goianiense quanto à imputação ao art. 213, do CBJD; b) por unanimidade, condenar o Sport Club Corinthians Paulista como incurso nas penas do art. 213, do CBJD, ao pagamento de multa no valor de R$ ,00 (quarenta mil reais). Rio de Janeiro, 22 de junho de Eduardo Affonso De S. M. de F. Mello Auditor do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol

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