15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental MAPEAMENTO DA VULNERABILIDADE NA SEDE URBANA DE SANTARÉM
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1 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental MAPEAMENTO DA VULNERABILIDADE NA SEDE URBANA DE SANTARÉM Milena Marília Nogueira de Andrade 1 ; Claudio Fabian Szlafsztein 2 Resumo O mapeamento da vulnerabilidade é parte importante do mapeamento e gestão de riscos e desastres. A definição da vulnerabilidade inclui as dimensões exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa. Apesar da importância, a operacionalização do conceito de vulnerabilidade ainda não tem sido amplamente consolidado. Este trabalho propõe realizar o mapeamento da vulnerabilidade com base em um modelo conceitual da vulnerabilidade com ênfase na capacidade adaptativa e uso de métodos interdisciplinares. Considera-se que esta última é dividida em um componente tangível e outro intangível. A capacidade adaptativa referese à habilidade de pessoas ou a competência de uma infraestrutura em lidar ou adaptar-se às pressões externas. É uma dimensão da vulnerabilidade com características que levam a redução da mesma. O mapa final possui áreas com alto, moderado e baixo grau de vulnerabilidade na sede urbana do município de Santarém (Pará). Abstract Vulnerability mapping is part of risk and disaster management. The vulnerability definition includes three dimensions, exposition, sensitivity and adaptive capacity. Despite of this important concept, to become an operational model is rather done. This work propose vulnerability mapping using interdisciplinary methods and a theoretical vulnerability model. The focus is on adaptive capacity and the tangible and intangible component from it. Adaptive capacity is the ability from people and infrastructure to deal or adapt to external pressure. It is a dimension from vulnerability that reduces it. The final vulnerability map includes high, moderate and low vulnerability areas from the Santarém (Pará) municipality. Palavras-Chave Vulnerabilidade; Santarém; Inundação. 1 Geól., PhD, Universidade Federal do Oeste Pará, (91) , mmilena@ufpa.br 2 Geól., Phd, Universidade Federal do Pará, iosele@ufpa.br 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 1
2 1. INTRODUÇÃO A vulnerabilidade pode ser definida como função da sensibilidade, exposição e capacidade adaptativa (ADGER, 2006). Apesar de ser consensual a definição operacionalizar este conceito não é tarefa fácil. A construção do índice de vulnerabilidade é utilizado neste trabalho para o mapeamento da vulnerabilidade. A compreensão da mesma é fundamental na redução dos impactos e consequências de desastres. Os desastres naturais se referem às consequências dos impactos, danos e prejuízos provenientes de fenômenos naturais extremos ou intensos sobre um sistema socioeconômico, que excedem à capacidade do sistema afetado em eliminar ou conviver com o impacto (CASTRO, 2007). Os desastres naturais ocasionados por inundação lenta são os mais frequentes no norte do país. O estado do Pará contabiliza um elevado número de pessoas afetadas pelas inundações. Para as inundações lentas o número de pessoas deslocadas, desabrigadas, enfermas e mortas no período de , é de: , , , e 29 (CEPED; UFSC, 2011). A meso região do oeste do Pará registra o maior número de ocorrências de eventos hidrológicos em geral. 2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ESTUDADA Localizado no Oeste do Pará, na mesorregião do Baixo Amazonas e na microrregião Santarém está o município de Santarém. A sede urbana está localizada nas coordenadas geográficas S e W. A população da sede é de aproximadamente habitantes (73% da população total do município) (IBGE, 2011). A seleção da área de estudo partiu do Decreto de Situação de Emergência publicada dia 22 de Abril de 2009 no Diário Oficial do Estado do Pará para liberação de recursos financeiros estaduais. Neste decreto foi mencionado, até o momento, o maior número de bairros afetados por desastre relacionados com inundação gradual e rápida. Os 18 bairros são: Aeroporto Velho, Aldeia, Área Verde, Caranazal, Centro, Floresta, Interventoria, Jardim Santarém, Maicá, Mapiri, Maracanã, Maracanã I, Matinha, Nova República, Pérola do Maicá, Santarenzinho, Santo André e Uruará (Figura 1). O ano de 2009 registrou até o momento a inundação com cota máxima (831 cm) ocorrida na região (CPRM; ANA; SIPAM, 2012). 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 2
3 Figura 1. Mapa de localização da área de estudo indicando os bairros da sede urbana da cidade de Santarém. 3. METODOLOGIA A metodologia considera um modelo teórico da vulnerabilidade com as três dimensões. Sendo que a capacidade adaptativa é constituída por uma componente tangível e outra intangível (ANDRADE, 2014). A coleta das variáveis utilizadas inclui dados secundários adquiridos pelo IBGE (2011), por setor censitário, para os indicadores da sensibilidade (perfil socioeconômico) e da componente tangível (unidades de resposta). Os indicadores da componente intangível da capacidade adaptativa (percepção de risco e ação coletiva) são dados primários e foram adquiridos através da metodologia de grupo focal nos bairros. As atividades ocorreram durante os meses de Agosto e Setembro de 2012 com duração de aproximadamente 2 horas cada oficina durante o grupo focal. No total foram 13 reuniões realizadas. Os presidentes e vice-presidentes de cada Associação de Bairros da área de estudo foram contatados via telefone, com base nas informações cedidas pela COMDEC-Santarém, os quais frequentemente sugeriam o nome de potenciais participantes das oficinas em função da sua atuação relevante em relação às inundações, tais como agentes de saúde comunitários. A participação nas oficinas variou de 3 à 10 pessoas por bairro, totalizando 63 lideranças. As variáveis e descrições das mesmas, utilizadas nesse trabalho estão no quadro 1. As informações foram inseridas em um banco de dados no ArcGis 9.3 e trabalhadas dentro desse Sistema de Informação Geográfica. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 3
4 Quadro 1. Indicadores e variáveis utilizadas para cada dimensão da vulnerabilidade 4. RESULTADOS O mapa de vulnerabilidade social apresenta bairros com baixa, moderada e alta vulnerabilidade (Figura 2). A classe de baixa vulnerabilidade corresponde a 36% da área total do bairro Centro que é susceptível à inundação lenta. Para esta mesma classe de vulnerabilidade, considerando as inundações rápidas 2% da área total do bairro Aeroporto Velho e 10% da Nova República são afetados. Os bairros que apresentam moderada vulnerabilidade são a maioria. Para o caso dos bairros susceptíveis a inundação lenta toda a área da Aldeia, do Mapiri e do Uruará estão nesta classe de vulnerabilidade, assim como 62% da área total do bairro Centro, 53% do Maracanã e 12% do Maracanã I. Para os bairros susceptíveis a inundação rápida toda a área dos bairros Floresta, Jardim Santarém, Interventoria são de vulnerabilidade moderada, assim como 97% da área total do bairro Aeroporto Velho, 81% do Santarenzinho75% da Nova República e 70% da Matinha. A classe de alta vulnerabilidade ocorre em todo o bairro Área Verde e Pérola do Maicá que são susceptíveis a inundação lenta, assim como em 46% da área total do bairro Maracanã, 15% do Caranazal, e 12% do Maracanã I. Considerando os bairros susceptíveis à inundação rápida 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 4
5 toda o bairro Santo André é de vulnerabilidade alta, assim como 63% da área total do bairro Maicá, 29% da Matinha, 18% do Santarenzinho e 14% da Nova República. Os bairros de alta vulnerabilidade possuem uma moderada ou alta população de crianças e idosos, um baixo número de unidade de resposta e algum aspecto intangível da capacidade adaptativa de vulnerabilidade moderada ou alta. Os bairros de moderada vulnerabilidade possuem em geral a sensibilidade de baixa vulnerabilidade, componentes tangíveis da capacidade adaptativa com valores altos de vulnerabilidade, e os componentes intangíveis com valores baixos de vulnerabilidade. Os bairros com classes de baixa vulnerabilidade possuem baixa sensibilidade, componentes tangíveis com classe de vulnerabilidade baixa, e componentes intangíveis de classe baixa ou moderada. 5. CONCLUSÕES Figura 2. Mapa de vulnerabilidade da área de estudo As inundações lentas afetando as áreas urbanas tem se tornado recorrente no país. Em Santarém entre a década de 50 e o ano de 2009 não havia amplas consequências na sede urbana. O mapeamento e avaliação da vulnerabilidade é parte importante do mapeamento de risco. A escolha de indicadores e inserção das variáveis de acordo com um modelo teórico da vulnerabilidade se mostrou eficaz. O uso de técnicas de geoprocessamento é necessário para fazer a inter-relação dos dados através de métodos interdisciplinares. O modelo mostra potencial para ser replicado em outras cidades médias. A ação coletiva expressa através da capacidade de se organizar em redes foi considerada mais importante do que a percepção de risco nos resultados. As áreas que possuem maior capacidade adaptativa de acordo com o modelo são algumas áreas do bairro Centro, Nova República, Aeroporto Velho e Interventoria. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPq pelo fomento à pesquisa e à bolsa de doutorado. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 5
6 REFERÊNCIAS ADGER, N. Vulnerability. Global Environmental Change 16: , ANDRADE, M. M. N. de. CAPACIDADE ADAPTATIVA: uma proposição metodológica de avaliação da vulnerabilidade social às inundações, Tese de doutoramento, UFPA/NAEA, 2014, 140p. CASTRO, A. (2007). Manual de Desastres - Desastres Naturais. Brasília: Ministério da Integração Nacional, Secretaria de Defesa Civil, 69p. CEPED; UFSC. (2011). Atlas brasileiro de desastres naturais. Florianópolis: CEPED/UFSC, 61p. CPRM; ANA; SIPAM. (2012). Monitoramento Hidrológico de Boletim Abril / Manaus: SIPAM, 4p. IBGE. (2011). Sinopse do Censo Demográfico. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 6
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