EUROBARÓMETRO 71 OPINIÃO PÚBLICA NA UNIÃO EUROPEIA PRIMAVERA

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1 Standard Eurobarometer European Commission EUROBARÓMETRO 71 OPINIÃO PÚBLICA NA UNIÃO EUROPEIA PRIMAVERA 2009 RELATÓRIO NACIONAL Standard Eurobarometer 71 / Spring 2009 TNS Opinion & Social SUMÁRIO EXECUTIVO PORTUGAL A sondagem foi encomendada e coordenada pela Direcção-Geral da Comunicação. Este relatório foi produzido para a Representação da Comissão Europeia em Portugal. Este documento não reflecte as opiniões da Comissão Europeia. Quaisquer interpretações ou opiniões expressas neste relatório são apenas dos seus autores.

2 1. Introdução O Eurobarómetro 71, realizado a pedido da Direcção-Geral da Comunicação da Comissão Europeia, prosseguiu a regular análise semestral da opinião pública europeia sobre vários temas dos domínios económico, político e social. O trabalho de campo foi realizado entre os dias 12 de Junho e 6 de Julho de 2009 nos 27 Estados-membros da União Europeia, nos três países candidatos (Croácia, Turquia e ex-república Jugoslava da Macedónia) e na comunidade turca de Chipre. Em todos estes países, foi construída uma amostra aleatória da população residente com 15 ou mais anos de idade. Em Portugal, o trabalho de campo foi realizado entre os dias 16 de Junho e 3 de Julho de Este sumário executivo apresenta as principais conclusões dos três capítulos analíticos do relatório nacional. 2. O actual clima da opinião pública portuguesa O primeiro semestre de 2009 ficou marcado pelo fraco desempenho da economia portuguesa em dimensões centrais como o crescimento económico e o emprego. Os dados publicados pelo Banco de Portugal apontam para uma contracção da economia portuguesa este ano, prevendo-se uma redução do PIB de 3,5 por cento. A diminuição da actividade económica reflecte-se também no mercado de trabalho, com o número de desempregados a ascender a cerca de meio milhão de desempregados no primeiro trimestre do ano. Ao mesmo tempo, o ano de 2009 marca também um importante período em termos do ciclo eleitoral da democracia portuguesa. Depois das eleições europeias, realizadas a 7 de Junho, irão decorrer as eleições legislativas, marcadas para 27 de Setembro, e as autárquicas, que terão lugar a 11 de Outubro. Neste contexto, de crise económica e incerteza política, demos conta de uma opinião pública pessimista, tanto em relação à situação nacional como individual, embora se manifeste uma ligeira redução deste pessimismo em relação ao Eurobarómetro anterior. Cerca de 90 por cento dos portugueses considera que a situação económica e do emprego é má em Portugal. Além disso, a maioria dos inquiridos considera que a situação financeira do agregado familiar também é má. Este sentimento é prevalecente sobretudo entre aqueles que estão desempregados, os idosos, os menos escolarizados e as domésticas. Olhando para o futuro, o pessimismo dos portugueses predomina também nos domínios económicos

3 e sociais analisados. Na média da UE, o pessimismo é substancialmente menor, embora ao contrário de Portugal apresente uma tendência acentuadamente crescente. Tendo em conta as atitudes em relação ao presente e ao futuro, não surpreende que os portugueses considerem prioritárias as questões económicas, nomeadamente o desemprego, a situação económica e a inflação. Mesmo assim, há diferenças: enquanto que, considerando o país, é o desemprego que figura como principal preocupação dos inquiridos, a nível pessoal os portugueses destacam a inflação como o principal problema que enfrentam actualmente. De salientar que o desemprego parece preocupar de forma muito semelhante todos os grupos analisados. É pois uma questão transversal à sociedade portuguesa. Mesmo assim, é sentida com mais prevalência entre os trabalhadores manuais, os desempregados, os habitantes das grandes cidades e os indivíduos com idades entre os 40 e os 55 anos. Tal como a maioria dos europeus, os portugueses estão convencidos que o país não tem seguido o rumo certo. De salientar no entanto, que cerca de 20 por cento dos portugueses optou por não responder a esta questão. Adicionalmente, apenas uma minoria confia no governo, no Parlamento e nos partidos políticos. Esta desconfiança generalizada nas instituições políticas nacionais está próxima da média da UE. Este Eurobarómetro desagregou por grupos sociais aqueles que não confiam no governo. São os habitantes de pequenas cidades e vilas, os desempregados, aqueles que não foram além do ensino secundário e os inquiridos entre os 40 e os 55 anos de idade que sentem maior desconfiança em relação ao executivo nacional. 3. Portugal e a UE: o balanço da integração europeia Neste semestre, os portugueses continuam a fazer um balanço positivo da integração europeia 50 por cento dos cidadãos nacionais afirmam que a pertença de Portugal à União Europeia é uma coisa boa, e 62 por cento consideram que a adesão beneficiou o país. No entanto, a tendência de redução do entusiasmo com o projecto europeu identificada no início do ano passado continua a ser observada nesta Primavera de Apesar de a maioria dos portugueses considerar que a integração é uma coisa boa e trouxe benefícios ao país, a avaliação sectorial do desempenho da União Europeia não é positiva. Neste 1 As especificações técnicas do Eurobarómetro e o questionário utilizado são detalhados no Relatório Nacional Eurobarómetro 71, pp

4 Eurobarómetro, os inquiridos puderam avaliar o desempenho da União Europeia em treze áreas distintas de políticas públicas. Nenhuma destas recebeu uma avaliação média positiva por parte dos cidadãos nacionais, e todas foram alvo de uma avaliação mais baixa que a média europeia. A percepção que os portugueses têm do desempenho da União Europeia no combate ao desemprego a principal preocupação dos portugueses, como referido acima é bastante negativa (3,4 numa escala de 1 a 10, em que 1 significa nada satisfatório e 10 muito satisfatório ), especialmente entre os grupos sociais mais afectados por este problema pessoas que estão fora do mundo do trabalho (desempregados e domésticas), que se posicionam nas classes sociais mais baixas, ou que residem em localidades de pequena ou média dimensão. O futuro da União é perspectivado com optimismo por metade dos inquiridos portugueses, embora apenas 37 por cento considerem que o caminho actualmente seguido pela Europa é o mais apropriado. Em Portugal, existe um maior número de pessoas favoráveis ao alargamento da União Europeia no futuro (51 por cento) do que no conjunto dos Estadosmembros (43 por cento); no entanto, a proposta de que a velocidade do aprofundamento da União Europeia não seja igual para todos os países é aceite por uma minoria de inquiridos tanto no nosso país (37 por cento) como na generalidade da União (39 por cento). As instituições europeias Comissão, Parlamento e Banco Central são reconhecidas pela grande maioria dos portugueses. Para além disso, os cidadãos nacionais parecem ter mais confiança nas instituições europeias do que nas duas principais instituições políticas nacionais (parlamento e governo). Neste semestre, 36 por cento dos portugueses afirmaram confiar na Assembleia da República, enquanto que 57 por cento confia no Parlamento Europeu; similarmente, 56 por cento afirmaram confiar na Comissão Europeia, mas a taxa de confiança no governo português é de apenas 28 por cento. Este fenómeno é também observado no conjunto dos Estados-membros, ainda que em menor grau. Menos de metade dos portugueses afirma compreender o funcionamento da UE (44 por cento), com Portugal a ocupar o terceiro lugar na lista de países onde as taxas de compreensão do funcionamento da União Europeia são mais baixas. O desconhecimento do funcionamento da União Europeia é especialmente acentuado entre as domésticas portuguesas, mas as percentagens são também baixas no caso das mulheres em geral, dos mais velhos, menos escolarizados e pertencentes a classes sociais baixas.

5 Por fim, a proporção de cidadãos nacionais que sente que a sua voz e os interesses do país são tidos em conta nas instâncias europeias de tomada de decisão é inferior a cinquenta pontos percentuais. No entanto, tal como a generalidade dos cidadãos europeus, os portugueses têm uma percepção mais positiva da sua influência individual nos processos de decisão ao nível europeu do que ao nível nacional. 4. A protecção social no contexto da crise económica internacional Os portugueses estão entre os europeus mais pessimistas sobre a situação laboral no seu país. Aproximadamente 94 por cento dos cidadãos nacionais consideram que a situação de emprego em Portugal é má. A média comunitária cifra-se nos 85 por cento. Os portugueses também tendem a privilegiar a segurança no trabalho como o factor mais relevante na escolha de um novo emprego. Cerca de 63 por cento dos inquiridos nacionais têm essa opinião, face a apenas 47 por cento dos seus congéneres europeus. O interesse do emprego em si para a pessoa é quase negligenciável (nove por cento) no país. Portugal é também o país da UE em que mais se considera que as altas qualificações não são um factor que ajuda a encontrar emprego. Aproximadamente 92 por cento dos portugueses consideram que têm dificuldade em arranjar emprego, mesmo com altas qualificações, face a uma média europeia de 80 por cento. Os portugueses estão entre os cidadãos europeus que mais acham que a cobertura oferecida pelo sistema de segurança social nacional é insuficiente. Apenas 17 por cento dos inquiridos nacionais acham que a sua cobertura de segurança social é suficiente, face a uma média de 48 por cento dos europeus. Portugal tem 44 por cento de inquiridos que consideram que o seu sistema de segurança social tem demasiados custos. Contudo, esta proporção é inferior à média europeia de 54 por cento. O nosso país está dentro da média comunitária no número de pessoas que concorda que a UE tem os instrumentos e poder necessários para combater a crise económica (64 por cento de inquiridos nacionais versus 66 por cento a nível europeu). Contudo, uma percentagem considerável (25 por cento) dos inquiridos nacionais não se pronunciou em relação a esta questão. Os portugueses consideram esmagadoramente (86 por cento) que entre as duas principais medidas que a UE deve tomar para minorar os efeitos da crise deve estar um maior apoio aos desempregados, pensionistas e aos mais pobres. Outras medidas consideradas relevantes pelo conjunto dos europeus, como o apoio às pequenas e médias

6 empresas ou o investimento em educação e investigação, tendem a reunir menos apoio em Portugal. Os portugueses estão ligeiramente acima da média comunitária no apoio a que as decisões sobre a promoção do crescimento económico sejam tomadas a nível europeu. Cerca de 74 por cento dos inquiridos em Portugal tem essa opinião, face a 70 por cento do conjunto dos europeus. Portugal é dos países da zona Euro que menos se considera seguro financeiramente por possuir a moeda única. Cerca de 44 por cento dos inquiridos nacionais não consideram o país está economicamente mais estável por ter aderido à moeda única, face a uma média da zona Euro de 41 por cento.