Finanças Públicas. Provisionamento Público: SAÚDE CAP. 12 STIGLITZ
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- Adriano Gonçalves Lage
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1 Finanças Públicas Provisionamento Público: SAÚDE CAP. 12 STIGLITZ
2 1. INTRODUÇÃO Saúde não é um bem público puro No contexto de economia do bem estar, governo pode intervir em determinador setor por duas razões: - Garantir alocações eficientes (há falha de mercado) - Garantir distribuição dos recursos baseado em algum critério de justiça (equidade) Razões para investimento público em saúde: Externalidade (benefícios públicos)
3 2. Motivos de eficiência para intervenção Incerteza: indivíduos são avessos ao risco, por isso compram seguro Uma falha de mercado associada ao mercado de seguro de saúde é a assimetria de informação Assimetria de informação ocorre quando uma parte envolvida na transação possui melhor informação sobre a mercadoria ou serviço oferecido que a outra parte
4 2. Motivos de eficiência para intervenção No caso de seguro saúde, a medida que o prêmio (pago) sobe, o percentual da população interessada em comprar seguro diminui Se a seguradora oferecer um prêmio baseado no risco médio da população, as pessoas com baixo risco não compram o seguro (prêmio elevado para este grupo) Os indivíduos que aceitam pagar o prêmio são os menos saudáveis, que aumentam o custo médio do plano
5 2. Motivos de eficiência para intervenção Resultado: seguradora tende a perder dinheiro Denomina-se seleção adversa, quando o lado menos informado da negociação seleciona involuntariamente os indivíduos com as características menos desejadas (nesse caso menos saudáveis) Impacto em eficiência: provisão ineficiente Prêmio justo para os indivíduos com risco mais elevado pode levar a sub-oferta de cobertura para indivíduos com baixo risco ou provocar preços excessivos
6 2. Motivos de eficiência para intervenção Risco Moral Quando os indivíduos compram seguro, eles não mais absorvem os custos totais dos serviços de saúde Dois possíveis efeitos: Indivíduo pode mudar o comportamento porque possui o seguro Ex: cuidar menos as sua saúde pois está segurado Queda do custo marginal do serviço Com seguro, indivíduo pode pagar só uma parte ou nenhuma parte do custo do serviço
7 2. Motivos de eficiência para intervenção A demanda por serviços de saúde é negativamente inclinada A redução do custo marginal pelo serviço, estimula a utilização do serviço sem necessidade A magnitude desse aumento depende da elasticidade da demanda Problema social é que além do aumento dos gastos de saúde, as despesas adicionais apresentam BMgS < CMgS
8 2. Motivos de eficiência para intervenção
9 2. Motivos de eficiência para intervenção Assimetria de informação também pode levar a excesso de oferta (oferta aumenta e preços não caem) Oferta de médicos cria a sua própria demanda Ex: exigindo mais procedimentos e mais visitas Argumento para intervenção do Governo: Seleção adversa: governo por meio de regulação promove subsídio cruzado Moral hazard: não existe consenso que o governo pode lidar melhor que o setor privado nesse caso
10 3. Motivos de equidade para intervenção Indivíduos podem não comprar nível adequado de cobertura por questões socioeconômicas Governo está tipicamente preocupado com o acesso dos pobres e dos idosos Abordagens para equidade: 1 Acesso faz parte de uma rede de proteção social Governo deve garantir acesso básico ao serviço de saúde
11 3. Motivos de equidade para intervenção 2 - Acesso a serviços de saúde é um direito do cidadão e não deve ser influenciado pela renda Serviços de saúde devem ser oferecidos baseados na necessidade do indivíduo e na sua capacidade de pagar Medidas de equidade: Igualdade de acesso Alocação de acordo com a necessidade Igualdade do estado de saúde O que o Governo deveria priorizar?
12 3. Motivos de equidade para intervenção Acesso pode ser diferente de recebimento do tratamento oportunidade existe e indivíduo faz uso dela (Olson e Rodgers, 1991) Acesso é o máximo nível de consumo disponível de serviços médicos, dada a renda do indivíduo e o seu custo de oportunidade associado com o uso do serviço Necessidade: quantidade de recursos necessários para exaurir capacidade de se beneficiar
13 3. Motivos de equidade para intervenção Qualquer que seja a definição, alocar recursos de acordo com a necessidade não implica em equalizar estado de saúde (resulta em diferentes estados) Importante não é garantir que todo mundo obtenha o mesmo nível de saúde, mas sobretudo garantir que todo mundo tenha a oportunidade de garantir o mesmo nível (respeito as preferências dos indivíduos) Argumento a favor de equalizar acesso: Acesso -> Utilização -> Estado de saúde
14 3. Motivos de equidade para intervenção Equidade vertical Gasto com saúde por faixa salarial % do gasto como proporção da renda Equidade Horizontal Indivíduos com capacidade de pagamento semelhante apresentam gastos diferentes Ex: fumantes, idosos, doença crônica
15 4. Provisão e financiamento de saúde Besley e Gouvea (1991) identificam 3 tipos de sistemas: I financiamento e provisionamento privado II financiamento público e provisionamento privado III - financiamento e provisionamento público Problema com caso I: Provável que exista grande parcela de não segurados Sistemas do tipo II aumentando participação
16 4. Provisão e financiamento de saúde Exemplos de países com esses sistemas: I financiamento e provisionamento privado EUA (vem tentando mudar) II financiamento público e provisionamento privado Alemanha, Bélgica e Holanda III - financiamento e provisionamento público Reino Unido, países Escandinavos
17 4. Provisão e financiamento de saúde Financiamento de serviços de saúde costuma vir de diferentes fontes: Tributos Seguro social compulsório, baseado em ganhos Seguro Privado considera risco Pagamentos não cobertos ( extras, imprevisíveis) Planos de saúde fornecidos pelo empregador - Seguro em grupo pode reduzir seleção adversa - Subsídio (deduções fiscais) podem incentivar cobertura excessiva
18 4. Provisão e financiamento de saúde Na maioria dos países é maior parte das despesas é pública Porém costuma existir co-participação (cost-sharing) Gastos privados costumam ser em coberturas privadas e Gastos imprevistos (out-of-pocket) Gastos catastróficos (WHO): quando gastos com saúde representam mais de 40% da renda disponível
19 5. Intervenção do Governo Quando pode haver Falha de Mercado: - Regulação de preços das coberturas - Incentivar ou obrigar indivíduos a fazerem cobertura - Solucionar problema dos não segurados - Nem pacientes, nem médicos enfrentam preços de mercado Relação médico paciente Escolha dos pacientes são influenciadas pelos médicos (médicos podem criar sua própria demanda, escolha pode ser não eficiente)
20 5. Intervenção do Governo Sistemas com co-participação reduzem o uso Eficiência no provisionamento de saúde é compatível com qualquer forma de financiamento Decisões de usar novas tecnologias só são eficientes se considerarem preços de mercado Seguro/ cobertura eficiente deveriam balancear os ganhos de redução do risco com as perdas associadas ao risco moral (ex: diminuir cobertura em serviços mais simples e ser mais generoso nas mais complexas)
21 5. Intervenção do Governo Usher (1977): sociedade pode se apropriar de toda oferta de um bem ou serviço e distribuir aos indivíduos sem critérios de mercado ( bens igualitários ) Provisão uniforme Tributação proporcional Provisionamento público diminui problemas de incentivo Alocações em saúde consideram menos preferências
22 6. Critérios de mensuração de saúde Saúde é um conceito multidimensional Tipos de medidas: Subjetivas: auto avaliação de saúde Funcionais (observadas): dificuldade ou limitação física Médicas (observadas): nº de dias doente As três medidas podem ser também auto-percebidas Indicadores: expectativa de vida; medidas antropométricas; taxa de mortalidade
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