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- Adelina Rodrigues Igrejas
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1 PROJETO FEIRA DE ITABAIANA: RELATOS DE UMA ATIVIDADE E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO DO FUTURO PROFESSOR Crislaine Barreto de Gois (UFS) 1 Antônio Carlos Pinto Oliveira (UFS) Sérgio Matos Santos (UFS) Edinéia Tavares Lopes (UFS) RESUMO Este trabalho tem como objetivos apresentar as ações realizadas, por meio do PIBID, em um projeto desenvolvido no Colégio Estadual Murilo Braga e que visa desenvolver temasproblemas no processo de ensino-aprendizagem; refletir os desafios encontrados na realização dessas atividades e refletir como o desenvolvimento dessas atividades se relaciona com a formação do futuro professor de Química. A atividade a ser apresentada neste trabalho referese ao projeto Feira de Itabaiana: aspectos social, cultural e ambiental. Desse modo, o projeto tem como objetivo realizar, junto a um grupo de alunos dessa escola, um estudo da Feira de Itabaiana, considerando seus aspectos sociais, culturais e ambientais. Alguns professores da escola participam do desenvolvimento do projeto junto com a equipe do PIBID de Química de Itabaiana. Algumas dificuldades foram encontradas no desenvolvimento do projeto, como a participação dos professores, a organização didática-pedagógica do colégio e, consequentemente, a dinâmica escolar. Mas destaca-se que o maior desafio encontrado se refere a participação efetiva dos professores nas atividades do PIBID. Percebe-se que essas atividades de iniciação a docência vem a ser um período de experiências para o futuro professor, possibilitando a proposição de um ensino de mais qualidade para os alunos da Educação Básica e um aprofundamento das experiências pedagógicas para os acadêmicos envolvidos. Nessas atividades o acadêmico, futuro professor de química, tem oportunidade de conhecer alguns dos desafios referentes à profissão, como as dificuldades e possibilidades acerca do processo de ensino aprendizagem de conteúdos químicos e a complexidade referentes a dinâmica de funcionamento da realidade escolar. Palavras-Chave: iniciação á docência, projeto Feira de Itabaiana, ensino de química INTRODUÇÃO O Programa de Iniciação à Docência da Universidade Federal de Sergipe, na área de Química (PIBID/UFS/QUI), tem como objetivo propiciar ao Licenciando em Química atuar como tutor, com a finalidade de estimular o processo de aprendizagem dos estudantes da 1 Acadêmica do curso de Licenciatura Plena em Química/UFS e Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PIBID. crys.laine@hotmail.com 1
2 Educação Básica, utilizando-se de experiências metodológicas e práticas docentes inovadoras, articuladas com a realidade local da escola. O PIBID/UFS/QUI, desenvolvido no campus de Itabaiana (PIBID/UFS/QUI-ITA), é desenvolvido em duas escolas: Colégio Estadual Murilo Braga e Colégio Estadual Dr. Augusto César Leite. O PIBID/UFS/QUI-ITA) visa proporcionar aos acadêmicos do curso de Licenciatura em Química uma reflexão sobre o ensino de Química a partir do desenvolvimento de diversas atividades no âmbito escolar. Atualmente, é composto por cinco bolsistas, seis voluntários e uma coordenadora. Assim, a partir do diálogo com a equipe escolar, diversas atividades têm sido desenvolvidas, como: levantamento de dados sobre o ambiente escolar, monitoria, construção e desenvolvimento de Unidades Didáticas e Projeto Temático. Essas atividades são devolvidas a partir da compreensão que os saberes oriundos das experiências do trabalho cotidiano contribuem para a formação profissional do professor (TARDIF, 2002). Assim, esse trabalho tem como objetivos apresentar as ações realizadas em um projeto desenvolvido no Colégio Estadual Murilo Braga e que visa desenvolver temasproblemas no processo de ensino-aprendizagem; refletir os desafios encontrados na realização dessas atividades; refletir como o desenvolvimento dessas ações se relacionam com a formação do futuro professor de Química. O tema-problema elencado tem como objetivo geral estudar a feira de Itabaiana, considerando os aspectos sociais, econômicos, culturais e ambientais. Além das contribuições que estas atividades desenvolvidas pelo PIBIB/UFS/QUI-ITA propiciam para os acadêmicos envolvidos no mesmo. 2
3 METODOLOGIA Atualmente, são desenvolvidas duas atividades no Colégio Murilo Braga, distribuídas entre os bolsistas: a atividade de monitoria de química e o projeto Feira de Itabaiana: aspectos social, cultural e ambiental. O projeto Feira de Itabaiana foi proposto a partir de uma solicitação da direção da escola para que a equipe do PIBID/UFS/QUI-ITA contribuísse na realização do Projeto Ensino Médio Inovador. Propusemos contribuir desenvolvendo um projeto que abordassem questões sociais, culturais e ambientais (temas-problemas). Apresentamos aos professores das várias áreas, coordenação e direção do Colégio Murilo Braga algumas propostas de temas e, nessa reunião, os optamos pelo projeto Feira de Itabaiana: aspectos social, cultural e ambiental. O Projeto Feira foi subdividido em quatro temas. O tema 1 Feira de Itabaiana: aspectos socioambientais tem como objetivo identificar aspectos sociais, econômicos e culturais acerca dos trabalhadores da feira de Itabaiana. O tema 2: Principais produtos comercializados na feira e sua origem, que visa identificar quais são os alimentos comercializados e o local de produção. O tema 3 Da Produção à Comercialização: os cuidados com os alimentos tem por objetivos reconhecer os cuidados na produção, transporte, armazenamento e comercialização desses alimentos; busca também compreender como ocorre o uso da terra e do solo, como são utilizados os agrotóxicos. O papel da escola na veiculação de informações relacionadas ao uso de agrotóxicos na produção de alimento, tema 4, busca identificar o papel da escola na veiculação de informações relacionadas ao uso de agrotóxicos na produção de alimentos. Os temas 1,2 e 4 são desenvolvidos diretamente no Colégio Estadual Murilo Braga (CEMB) e o tema 3 no Colégio Estadual Doutor Augusto César Leite (CEACL). 3
4 RESULTADOS Os objetivos do ensino de Ciências, na atualidade, apontam a necessidade da formação para uma cidadania participativa e consciente. Para Moreira (2003), o objetivo do ensino de ciências é: fazer com que o aluno venha a compartilhar significados no contexto das ciências, ou seja, interpretar o mundo desde o ponto de vista das ciências, manejar alguns conceitos, leis e teorias cientificas, abordar problemas raciocinando cientificamente, identificar aspectos históricos, epistemológicos, sociais e culturais das ciências (MOREIRA, 2003, p. 1). Sendo assim, é importante para o processo de ensino-aprendizagem dos alunos um ensino contextualizado que enfatize situações do cotidiano para uma melhor aprendizagem, de forma que contribua positivamente para a sua formação. Desse modo, o trabalho com situações-problemas visam levar o estudante a socializar suas ideias e opiniões sobre o tema estudado. Procura-se aprofundar os conhecimentos identificados (conceitos, procedimentos, atitudes) e levar os estudantes à sistematização dos conhecimentos, expressando, assim, sua aprendizagem (GIORDAN, 1999; MOREIRA, 2003; MALDANER, 2003). Nesse sentido, que se podem destacar as contribuições que as novas situaçõesproblemas vêm trazendo, também, para a fundamentação do saber por parte do profissional que vivência essas novas experiências no ambiente escolar. Em Tardif (2002) compreendemos que esse saber oriundo das experiências do trabalho cotidiano de certa forma contribui para a base do desenvolvimento da prática e da competência inicial do profissional, possibilitando assim a produção de seus próprios saberes profissionais. 4
5 Nessa linha de pensamento que a equipe do PIBID/UFS/QUI-ITA desenvolve, entre outras atividades, o Projeto Feira de Itabaiana : aspectos sociais, ambientais e culturais. A proposição da Feira de Itabaiana situação de estudo deve-se ao fato do município de Itabaiana se destacar entre uma das principais cidades do estado com maior concentração de atividades comerciais, com a presença de estabelecimentos atacadistas, varejistas e a produção de cereais, frutas e verduras que abastecem todo o estado. A feira de Itabaiana é o espaço onde todos esses produtos que são produzidos nas redondezas são comercializados, como também, os produtos vindos de outros municípios. O próprio comércio local é beneficiado com as vendas, pois a disposição física da feira, em meio ao centro comercial, contribui para tal. São realizadas atividades como, encontros semanais para a fundamentação teórica e metodológica necessária, por parte dos bolsistas e voluntários. Após esse levantamento, a primeira atividade desenvolvida com os alunos da escola foi à leitura de textos sobre temas que seria aprofundado mais tarde no projeto. As leituras partiram do livro Natureza e Agroquímicos de Samuel Murguel Brando, que aborda algumas temáticas referentes ao equilíbrio do meio ambiente; o uso de inseticidas, herbicidas; a descoberta do DDT; agrotóxicos; fertilizantes e adubos. Foi realizada a primeira visita, com caráter exploratório, na feira de Itabaiana. As observações foram relacionadas com o sub tema 1 do projeto, Feira de Itabaiana: aspectos socioambientais e sub tema 2, Principais produtos comercializados na feira e sua origem. Em relação a esta primeira visita à feira, os alunos foram divididos em dois grupos e em seguida receberam algumas orientações para a realização da coleta de dados. O grupo 1 ficou responsável por: Localizar onde é realizada a feira; identificar os setores; quais os produtos e onde e como são comercializados; identificar as mercadorias que são vendidas, tanto no mercado como na feira livre; observar a comercialização; identificar 5
6 quais recursos utilizados na comercialização dos produtos em geral. Já o grupo 2 ficou responsável por: identificar os alimentos comercializados; conhecer onde e como esses alimentos são vendidos; conhecer como esses alimentos chegam à feira e ao mercado para serem comercializados. Além, dessas observações os alunos poderiam fazer outras anotações e tirarem fotos do ambiente. Após a visita foi solicitado aos alunos que produzissem um relatório com todas as observações. Os alunos identificaram quais são as mercadorias e alimentos comercializados na feira, além das formas de comercialização desses produtos. Em etapas posteriores, planejaremos visitas aos locais de produção, realização de entrevistas aos comerciantes e produtores, para aprofundar os estudos sobre a temática. Até o momento, os dados obtidos na realização das atividades ajudaram a alcançar os objetivos iniciais do projeto, tais como: identificar os setores da feira; caracterizar os setores identificados reconhecendo quais, onde e como os produtos são comercializados; e identificar os alimentos comercializados na feira. Foram encontrados obstáculos referentes à organização didática-pedagógica escolar e participação dos professores desse colégio nas atividades proposta para desenvolvimento do projeto. Em relação à organização didática-pedagógica escolar podemos citar: alguns desencontros de informações na escola, feriados na região que aconteceram nos dias dos encontros, mudanças nos horários das atividades do projeto que ocorreram devido às várias mudanças na equipe de direção do Colégio. Já em relação à participação dos professores no projeto, encontramos algumas dificuldades no início do trabalho, pois a falta de colaboração dos professores da escola nas atividades dificultou o andamento do projeto. Apesar de, no decorrer das atividades, ter-se presenciado pouca frequência dos alunos nos encontros, pequenos grupos de alunos 6
7 mostraram-se interessados em participar das atividades do projeto, proporcionando uma maior interatividade entre os grupos. De uma forma geral percebe-se que essas atividades de iniciação a docência vem cumprindo sua finalidade, de ser, para os futuros professores de química, um período de produção de seus próprios saberes profissionais. Nessas atividades o acadêmico, futuro professor de química, tem oportunidade de conhecer alguns dos desafios referentes à profissão, como as dificuldades e possibilidades acerca do processo de ensino aprendizagem de conteúdos químicos e as complexidades referentes à dinâmica de funcionamento da realidade escolar. Nesse contexto sobre a pesquisa como princípio formativo, Maldaner (1999) mostra que as propostas pedagógicas mais recentes têm como função contribuir para a construção de pessoas mais ativas na produção de uma melhor qualidade de vida. Assim, é no desenvolvimento dessas atividades que buscamos promover uma cooperação mútua entre esses acadêmicos e professores da Educação Básica. A nosso ver a vivência com as atividades técnico-didáticas da escola possibilitam a busca por ensino de mais qualidade e um aprofundamento das experiências pedagógicas para os acadêmicos envolvidos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em relação à composição da equipe, percebemos, com os trabalhos desenvolvidos até o momento, que o maior desafio é trazer o professor para a participação efetiva nas atividades do programa PIBID. Compreendemos que isso se deva à alta carga horária de atividade em sala de aula, o que dificulta a participação do docente nas reuniões. 7
8 As atividades desse projeto, até o momento, são compostas por leituras e discussões de textos relacionados aos temas, visitas de campo com caráter observatório e realização de entrevistas. Em relação aos alunos percebemos a demonstração da curiosidade para as questões das ciências que a escola, muitas vezes, não deixa aflorar. Entretanto, a continuidade das ações escola-universidade é fundamental para o sucesso do trabalho. Desse modo, consideramos que, como a maioria dos projetos educacionais, essa proposta necessita de mais tempo de ação para que efetivamente mudanças sejam realizadas e que tais mudanças pedagógicas continuam e se tornem rotina nesse espaço escolar. REFERÊNCIAS BRANCO, S. M. Natureza e Agroquímicos. 2.ed. São Paulo: Moderna, p. CAVALCANTI, J. A.; FREITAS, J. C. R.; MELO, A. C. N.; FREITAS, J. R. F. Agrotóxicos: uma temática para o ensino de química. Química nova na escola. Vol.32, N 1, Fevereiro GIORDAN, M. O papel da experimentação no ensino de Ciências. Química Nova da Escola, n.10, p MALDANER, O. A. A pesquisa como perspectiva de Formação Continuada do Professor de Química. Química Nova, vol. 22, n.2. São Paulo Mar./Apr MEC, BRASIL. Programa de Ensino Médio Inovador. 2009, 27 p. TARDIF, M. Os professores enquanto sujeitos do conhecimento. In:. Saberes docentes e formação profissional. 5. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, p UFS, BRASIL. Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência: Projeto da área de Química. São Cristóvão - SE/Brasil, p. 8
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