Revisando. Revisando. Revisando 02/03/12. Teoria do Conflito e os mecanismos autocompositivos, técnicas de negociação e mediação.
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- Luciana Peixoto de Santarém
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1 Prof. Me. Aécio Borba (UFPA) Teoria do Conflito e os mecanismos autocompositivos, técnicas de negociação e mediação. Procedimentos, postura, condutas e mecanismos aptos a obter a solução conciliada dos conflitos Revisando O comportamento humano é determinado por mecanismos biológicos (filogênese), uma história de vida pessoal (ontogênese) e uma cultura na qual ele está inserido. Essa perspectiva tem como efeito direto que cada indivíduo tenha características pessoais únicas, diferentes de todas as outras pessoas. Isso gera, naturalmente, uma situação de conflito. Revisando Segundo Freud, o ser humano vive em uma posição eterna de conflito entre um princípio do prazer e um princípio da realidade. Princípio do Prazer: necessidade de realizar todos os desejos e impulsos. Princípio da Realidade: possibilidades concretas impostas pela vida, seja limitando o indivíduo fisicamente ou de forma moral. Revisando Personalidade Ego Normas Sociais Moral Superego Id Desejos Impulsos 1
2 Teoria do Conflito De um ponto de vista psicológico, o conflito entre realidade e desejo se torna definidor de toda e qualquer relação do sujeito com o mundo em que está inserido. Necessidades distintas das pessoas irão naturalmente produzir conflitos entre elas. Teoria do Conflito Deve-se atentar, em cada caso concreto, qual o foco gerador do conflito Cada parte irá relatar os fatos de acordo com sua própria percepção, crenças e interesses (sejam eles de natureza consciente ou inconsciente), o que invariavelmente leva ao contraditório. Por sua vez, o Magistrado escuta de acordo com suas próprias percepções, crenças e interesses, que acrescentam às posições distintas. Trindade, Trindade & Molinari (2010) Psicologia Judiciária para a Carreira de Magistratura Teoria do Conflito Para a solução efetiva dos conflitos, é essencial que o magistrado possa perceber esses mecanismos, encontrando os verdadeiros interesses por trás do conflito. Para isso, é fundamental o próprio autoconhecimento. Tipos de Conflito Conflitos Latentes: Não declarados e não há consciência de sua existência. Não precisam ser trabalhados. Conflitos Percebidos: Há percepção da existência do conflito por pelo menos um dos atores, embora não existam manifestações abertas. Conflitos Sentidos: Já são percebidos por ambos os atores, de forma consciente mas não adversarial. Conflitos Manifestos: Aqueles já declarados, que podem ser percebidos por terceiros, e podem intererir na dinâmica de funcionamento dos atores. 2
3 Conflitos e a Justiça Uma vez que um conflito é jurisdicionalizado, pode haver uma transferência dos conflitos para a pessoa do magistrado ou para o objeto do processo. O Processo Jurídico é distinto do Processo Psicológico, e pode não dar fim ao conflito deste ponto de vista. Isso pode levar a condutas cada vez mais litigiosas. Conflitos e a Justiça Com a distinção processo jurídico/ psicológico, o fim do processo geralmente conduz a sentimentos de frustração, obstruindo a execução da sentença, gerando novas lides e criando um círculo vicioso. É nesse sentido que mecanismos alternativos que possam contribuir com a pacificação dos conflitos são buscados dentro da justiça. Mecanismos de Resolução de Conflitos Novas formas de resolução tem sido propostas, variando em um contínuo do grau de intervenção externa e autonomia da decisão pelas partes envolvidas no conflito. Mediação Conciliação Arbitragem Mediação São os próprios envolvidos que irão compor a resolução do conflito, assistidos por um terceiro imparcial As suas principais preocupações de (re)criar vínculos, estabelecer um diálogo e transformar e prevenir conflitos Baseia-se em uma perspectiva cooperativa, não adversarial 3
4 Características da Mediação Autonomia da Vontade Não Adversariedade Presença do Terceiro Interventor Neutro e Imparcial Autonomia das decisões e autocomposição Não competitividade e consensualidade na resolução do conflito Flexibilidade e informalidade do processo Autonomia da Vontade As partes têm o poder de estipular, como melhor convir, a partir do acordo entre elas, a resolução do conflito. Não Adversariedade Procura a cooperação entre as partes, de forma a evitar a idéia de ganhador e perdedor A busca é a de encontrar um acordo que vise garantir o interesse de ambas as partes Terceiro Interventor Neutro e Imparcial O terceiro neutro e imparcial (mediador) tem o papel de facilitar o processo de diálogo e construção do acordo Deverá ajudar as partes a identificar, discutir e resolver as questões do conflito Ele não deve emitir juízos de valor, influenciar ou persuadir as pessoas para atingir acordos 4
5 Características do Interventor Imparcialidade Credibilidade Competência Assertividade Neutralização das transferências Confidencialidade Diligência Autonomia das Decisões e Autocomposição A mediação não deve ser processo impositivo, e o mediador não possui poder de decisão. O papel do mediador não é oferecer soluções, mas permitir que as partes atinjam por si sós a resolução de seu problema e seus detalhes. Consensualidade e Não Competitividade A busca na mediação é a aproximação entre as partes A perspectiva da mediação é a de construção de um acordo que por natureza irá necessitar da concessões de ambas as partes Se ambos são responsáveis pelo acordo, não há vencedores e derrotados Flexibilidade e Informalidade do Processo Não há necessidade de seguir a formalidade e os passos do processo judicial normal Os passos serão construídos pelos indivíduos, respeitados os desejos e interesses das partes 5
6 Etapas do Processo de Mediação Via de regras, suas etapas são: Premediação Abertura Relatos (papel do mediador: neutralizar conteúdos emocionais e afetivos que possam impregnar a fala) Construção, ampliação e negociação de alternativas Fechamento do processo e construção do acordo final Características Facilitadoras do Processo de Mediação Audiência não punitiva Empatia Autenticidade Abordagens da Mediação (Riskin, 2005) Abordagens da Mediação (Riskin, 2005) Eixo de Intervenção: Abordagem Avaliadora o mediador ajuda as partes a perceber pontos fortes e fracos Abordagem Facilitadora o mediador ajuda as partes a identificar as propostas sem avaliar. Eixo de Análise: Abordagem Restrita Focada nos elementos em questão Abordagem Ampla Identifica os interesses e questões subjacentes aos elementos da lide Avaliadora Restrita Facilitadora Restrita Avaliadora Ampla Facilitadora Ampla 6
7 Conciliação Uma forma de hererocomposição que busca levar as partes a uma autocomposição Forma de resolução de controvérsias na relação de interesses administrada por um conciliador investido de autoridade ou indicado pelas partes, a quem compete aproximá-las, controlar as negociações, aparar as arestas, sugerir e formular propostas, apontar vantagens e desvantagens, objetivando sempre a composição do litígio pelas partes (Tribunal de Arbitragem do Estado de São Paulo) Conciliação Na conciliação, o terceiro imparcial tem a prerrogativa de sugerir acordos, trazendo alternativas e resoluções. Pode ocorrer de forma extraprocessual ou endoprocessual Apresenta maior responsabilidade e intervenção que no processo de mediação Arbitragem Diferente das anteriores, é um método compositivo no qual o terceiro imparcial (Árbitro) tem o poder de resolver o conflito. É um processo alternativo, voluntário e extrajudicial Características do Processo de Arbitragem Conciliação Ao escolherem a arbitragem, as partes já estão demonstrando a vontade de encontrar solução para o conflito Informalidade Confidencialidade Celeridade Resolução em até 6 meses Impossibilidade de Recurso contra a sentença arbitral 7
8 Mediação, Conciliação e Arbitragem Os três modos se diferem pelo grau de intervenção do terceiro imparcial e a autonomia na construção da resolução do conflito. Mediação Conciliação Arbitragem Negociação Em todos os três casos, além do processo jurídico, estamos diante de um processo de negociação Cabe ao magistrado auxiliar o processo, identificando os movimentos de negociação (esclarecimento, acordo, protelação) e intervindo na promoção do acordo final. Algumas Diretrizes para uma Negociação de Sucesso Seja claro no que diz respeito a suas necessidades e objetivos Pense a respeito das necessidades e desejos da outra parte Separe as pessoas do problema Concentre-se nos interesses, não nas posições Discuta as percepções de cada um Coloque seus argumentos de forma a sugerir benefícios à outra parte Foque nas questões e na resolução de problemas Seja flexível Discipline-se para responder às questões essenciais à preparação da negociação Mantenha o controle Reconheça o nível de autoridade Reconheça táticas hostis se e quando elas são utilizadas pela outra parte, evitando ser atraído a esse jogo Obrigado! Fonte: Trindade, Trindade & Molinari (2010) 8
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