EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS: UMA ANÁLISE DOCUMENTAL
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- Benedicta Castanho
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1 EDUCAÇÃO INCLUSIVA PARA ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS: UMA ANÁLISE DOCUMENTAL Renata Toncovitch das Neves Universidade Tecnológica Federal do Paraná Jéssika Naves de Oliveira Universidade Tecnológica Federal do Paraná Jader Otávio Dalto Universidade Tecnológica Federal do Paraná Eliane Maria de Oliveira Araman Universidade Tecnológica Federal do Paraná Resumo: Esse trabalho apresenta uma pesquisa qualitativa bibliográfica em andamento, resultada de estudos do Programa de Extensão 1 da Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Cornélio Procópio. O objetivo é uma busca das relações entre documentos oficiais como a Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa e Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica a respeito da Educação Inclusiva, procurando relacionar esses documentos em alguns aspectos, como currículo e avaliação. É de grande importância que os docentes e equipe pedagógica da escola tenham conhecimento sobre esses documentos e capacitação, para amparo de alunos com necessidades especiais, já que é um direito dos mesmos. Palavras-chave: Educação Matemática. Educação Inclusiva. Documentos Oficiais. 1 Observatório de Políticas e Legislação Educacional - PROEXT 2014.
2 Introdução A inclusão de alunos com necessidades especiais no ensino regular é alvo de várias discussões atualmente. Dessa forma, há um sistema de cotas para alunos com necessidades especiais, bem como leis que amparam esses indivíduos seja na Educação Básica, ao trabalhar, em concursos públicos e em outras situações. Algumas dessas leis são a Constituição Federal /88, a LDBEN Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº9394/96 e a Declaração de Salamanca. Porém, ainda hoje, há escolas que não são adaptadas para acolher esses alunos e muitos professores ainda não tem capacitação necessária para ensinar os mesmos. Assim, é de suma importância que esse assunto se estenda para as várias áreas do ensino apesar de verificarmos que esta inclusão já existe em alguns setores da sociedade. Para isso serão apresentados o PNAIC Plano Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, caderno de informação Educação matemática inclusiva, LDBEN, Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica e Parâmetros Curriculares Nacionais- PCN, a fim de fazer uma comparação de alguns aspectos da educação inclusiva presentes nesses documentos. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Observado a LDBEN, no artigo 4º, III no título III: Do Direito à Educação e do Dever de Educar menciona claramente sobre garantir educação especializada e gratuita para os alunos com necessidade especiais independente do nível, etapa ou modalidade de ensino. Em seguida, dedica um capítulo inteiramente para a Educação Especial, sendo esta definida como: A modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação (BRASIL, 1996 artº 58) Os alunos que necessitem dessa educação têm direito a ela partir da faixa etária de zero a seis anos, como qualquer outro indivíduo e a educação pode acontecer em uma
3 escola regular, pois haverá serviços de apoio quando necessário. Entretanto, se não for possível a integração deste aluno com os demais nesse ambiente, o ensino pode se dar em classes e escolas especializadas. É direito desses alunos que haja profissionais especializados para atendê-los, bem como uma educação que os prepare para o trabalho, visando a efetiva integração na vida em sociedade como é mencionado no artº 59, IV da LDBEN. Cita ainda sobre as oportunidades que devem ser iguais para todos os alunos, considerando sobre os métodos, atividades, técnicas que poderão ser diferenciadas a fim de auxiliar no desenvolvimento desses alunos especiais, e ainda há a oportunidade de modificar o tempo de estudo dos mesmos. lei. Dessa forma, percebemos que a Educação Especial é lembrada e reconhecida nessa Plano Nacional pela Alfabetização na Idade Certa Sobre o PNAIC devemos primeiramente ressaltar que não se trata de uma lei em si, mas de uma ação que surgiu para auxiliar e complementar outros documentos, sendo bem mais amplo e complexo. Assim, começa trazendo uma evolução da Educação Especial, bem como alguns desafios reais. Apesar de tantas leis que visam a Educação Especial, um dos desafios apresentados é sobre dentro da escola surgir visões distorcidas sobre as leis, pois todas promovem a inclusão e muitas vezes ao tentar incluir, acabam separando os alunos se tornando uma exclusão. E ainda aponta sobre municípios, escolas e professores que desconhecem tais leis e os que conhecem alegam não colocá-las em prática por não terem condições. Contudo, é necessário viver a inclusão educacional como uma proposta da sociedade e da escola e não como imposta por uma pessoa ou por um governo. (BRASIL 2014, p. 13) Dessa forma, um ponto a ser considerado no PNAIC é sobre a Educação Especial ser considerada uma modalidade de ensino e não um nível, assim os alunos incluídos na Educação Especial devem estar regularmente matriculados e devem frequentar o ensino comum e receber uma complementação nos Atendimentos Educacionais Especializados AEE, que não é citado na LDBEN.
4 O PNAIC ainda traz muitas atividades destinadas a cada tipo de necessidade especial, além de mostrar como avaliar o desenvolvimento dos alunos. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica foram criadas a fim de assegurar escola para todos, norteando o ensino para educação especial, suprindo algumas dúvidas em relação à Educação Inclusiva baseadas em algumas pesquisas já elaboradas e principalmente na LDBEN. Dessa forma, o documento já se inicia mostrando vários trechos da Constituição Federal/88, bem como de outras leis já citadas nesse trabalho, que abordam esse tema e em seguida faz um reflexão histórica sobre as diferentes concepções sobre os portadores de necessidades especiais. Trata de um documento bem completo que busca a preservação da dignidade humana, a busca da identidade e o exercício da cidadania, considerados como seus princípios. E não apresenta as dificuldades e planejamentos somente para o âmbito educacional, trás ainda para o âmbito político, técnico-científico, pedagógico, administrativo. Além disso, aponta sobre a organização do ambiente, currículo e etapas de escolarização destes alunos. Paralelo entre documentos Para atingir os objetivos de buscar relações entre documentos oficiais como as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa e Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica à respeito da Educação Inclusiva, fizemos uma análise qualitativa (BOGDAN; BIKLEN, 1994; LUDKE, ANDRÉ, 1986) bibliográfica. A seguir, será considerado o que os documentos mencionados dizem em relação ao currículo e avaliação, selecionamos tais aspectos por serem considerados relevantes para a educação em geral. Para isso, é necessário entender cada um isoladamente. O currículo é uma ferramenta muito importante no processo de ensino e aprendizagem, pois é a partir dele que se faz a organização didática desse processo,
5 selecionando conhecimentos. Entretanto, há várias visões sobre o currículo. Bernstein (1996) acredita que é o currículo que definirá um conhecimento e o considerará válido, além de definir as formas pedagógicas de transmissão. Outra visão de currículo é que se trata de um ponto central de referência na melhoria da qualidade do ensino, na mudança das condições da prática, no geral e nos projetos de inovação dos centros escolares (SACRISTÁN, 2000, p.32). Contudo, pensar na elaboração de currículos para a Educação Especial é acreditar principalmente na perspectiva de acolhimento além do respeito à diversidade. Sobre a avaliação, trata-se de um processo flexível, contínuo e permanente que são feitas observações sobre os desenvolvimentos dos alunos, além de ser uma ferramenta valiosa para os professores, apesar de não ser uma tarefa fácil para os mesmos (DALTO, 2010), auxilia e orienta seu trabalho. Vygotsky (1997), propõe sobre o processo de avaliação que não se deve olhar aquilo que falta, mas buscar compreender aquilo que foi feito dentro das capacidades do indivíduo. Sendo assim, as avaliações para estudantes com necessidades especiais deve se basear nesse critério, entendendo como o aluno domina sua deficiência, e não enfatizando aquilo que não obteve sucesso. A partir disso, foi elaborado um quadro a fim de identificar as semelhanças e diferenças destacadas em cada documento oficial.
6 Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica PNAIC LDBEN Currículo Avaliação Os currículos devem ter uma base nacional comum, conforme determinam os Artigos 26, 27e 32 da LDBEN, a ser suplementada ou complementada por uma parte diversificada, exigida, inclusive, pelas características dos alunos (p. 57). Deve se realizada uma avaliação pedagógica dos alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, objetivando identificar barreiras que estejam impedindo ou dificultando o processo educativo em suas múltiplas dimensões (p.34). Devemos pensar, inventar e promover um currículo no qual a diferença seja considerada um ponto de partida para a elaboração de propostas pedagógicas que contemplem as necessidades dos alunos que temos (p. 12). Adoção de parâmetros individualizados e flexíveis de avaliação pedagógica, valorizando os pequenos progressos de cada estudante em relação a si mesmo e ao grupo em que está inserido (p.50). Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; [...] Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: [...] II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; [...] Quadro 1: Comparação dos documentos em relação ao currículo e avaliação.
7 Por meio do Quadro 1 podemos perceber que os documentos nele apresentados visam um currículo que leve em consideração a necessidade de cada aluno, garantindo seus direitos, assim como a avaliação também deve ser elaborada atentando-se ao fato de se adaptar à necessidade de cada aluno. Considerações Finais As leis vigentes amparam alunos com necessidades especiais e norteiam a escola e os professores quanto à inclusão dos alunos com necessidades especiais no ensino regular. Porém é necessário também capacitar todos os professores, tanto em formação, quanto já formados para o ensino para esses alunos e adequar as escolas para a inserção dos mesmos nesse ambiente. É de suma importância professores e equipe pedagógica terem conhecimento das leis que amparam os alunos da educação especial, para que desenvolvam seu currículo e suas práticas de avaliação, respeitando a diferença de cada um. Incluir alunos com necessidades especiais no ensino regular, segundo Borges e Costa (2010) [...] é um processo de transformação permanente, que depende da tomada de medidas que sejam fecundas, por parte dos gestores do sistema de ensino (p.582). Assim, não são ações imediatas. Agradecimentos O Programa de Extensão Observatório de Políticas e Legislação Educacional é realizado com o apoio do PROEXT - MEC/SESu. Referências BERNSTEIN, B. A estruturação do discurso pedagógico: classe, códigos e controle. Petrópolis: Vozes, BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Portugal: Porto, 1994.
8 BORGES, F. A. COSTA, L.G. Um estudo de possíveis correlações entre representações docentes e o ensino de ciências e matemática para surdos. Ciência e Educação. v 16. n 3. p BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica / Secretaria de Educação Especial. Brasília: MEC; SEESP, BRASIL. Ministério da Educação. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Educação Inclusiva / Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Brasília: MEC, SEB, 2014 BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDBEN nº Brasília, DALTO, J. O. Estudo da Produção escrita em matemática: um instrumento de avaliação. X Encontro Nacional de Educação Matemática. Salvador LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Abordagens qualitativas de pesquisa: a pesquisa etnográfica e o estudo de caso. São Paulo: EPU, SACRISTÁN J. G. O currículo: os conteúdos do ensino ou uma análise prática. In: PÉREZ GÓMEZ, A. I. Compreender e transformar o ensino. 4.ed. Porto Alegre: ArtMed, Cap. 6, p VYGOTSKY, L.S. Obras Escolhidas. Fundamentos da Defectologia, Tomo V, Madrid: Visor, 1997
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