REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTE POR ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM DA FACULDADE NOVAFAPI
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- Luiz Eduardo Azeredo Borja
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1 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTE POR ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM DA FACULDADE NOVAFAPI Daniela Machado Bezerra - NOVAFAPI Jair Martins Falcão Neto - NOVAFAPI Anayne Cunha Soares - NOVAFAPI INTRODUÇÃO As primeiras experiências com transplantes de órgãos ocorreram nos EUA, na década de 1950, utilizando-se rins; entretanto outro fato impressionou o mundo - foi à realização do primeiro transplante de coração entre humanos, o médico Dr. Christian Barnard, em Capetown, África do Sul, transplantou, em 03 de dezembro de 1967, o coração de uma mulher negra para um homem branco, assim como na lenda dos santos Cosme e Damião. No entanto, tal fato não traz orgulho para civilização, ao revés, comprova a barbárie humana remontando às experiências nazistas, pois que naquela época vivia-se o apartheid na África do Sul e há fortes indícios que esse coração foi extraído de uma pessoa viva, mesmo porque não havia equipamentos precisos nem se trabalhava com o conceito de morte cerebral. No Brasil, o desenvolvimento na área dos transplantes se deu com a equipe do professor Euryclides Zerbini, do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que realizou em 26 de maio de 1968 o primeiro transplante de coração da América Latina (GRIESBACH, 2006). No Brasil, em Outubro de 1998 surge uma Medida Provisória n. 1718, a qual passa a exigir o consentimento familiar, revogando, portanto, o consentimento presumido, mas mantendo a negativa de doação em documento de identidade ou habilitação, onde em março de 2001 foi sancionada a lei nº que altera alguns dispositivos da lei nº 9434 como o artigo 2º que passa a vigorar com a seguinte redação: as manifestações de vontade relativas à retirada "post mortem de tecidos, órgãos e partes, constante da carteira de Identidade Civil e da Carteira Nacional de habilitação, perdem sua validade a partir de 22 de dezembro de 2000 (CNCDO-CE, 2006). Dessa forma, este estudo tem como objeto as Representações Sociais da Doação de Órgãos para transplante elaboradas por acadêmicos de enfermagem, para conhecer como representam a problemática das doações de órgãos para transplante. Para o desenvolvimento do estudo utilizaremos a Teoria das Representações Sociais, com finalidades práticas e reconstrutivas da realidade social, onde a representação social é uma modalidade de conhecimento socialmente construído e partilhado. Sá (1998, p.24) destaca que uma representação social é sempre de alguém (o sujeito) e de alguma coisa (o objeto), onde os fenômenos de representação social estão presentes nas práticas sociais, nos processos de comunicação (discursos) e na cultura (comportamentos), sendo difusos, multifacetados e em constante movimento e interação social; sendo considerado como forma de conhecimento socialmente elaborado e partilhado, tendo uma visão prática e concorrente para a construção de uma realidade comum a um conjunto social (JODELET, 2001). Considerando tais fatores, a enfermagem necessita obter um maior conhecimento sobre as doações de órgãos para transplante, sabendo identificar os requisitos primordiais, rotinas, comportamentos e a representação social, com o intuito
2 de obter dados necessários que sejam utilizados para a implementação de ações assistenciais, promoção e incentivos voltados para a real dimensão do problema. Elaboramos como objetivos a serem alcançados: descrever as Representações Sociais da Doação de Órgãos para Transplante por acadêmicos de enfermagem da faculdade Novafapi e discutir os aspectos psicossociais a partir das Representações Sociais da Doação de Órgãos para Transplante por acadêmicos de enfermagem da faculdade Novafapi. METODOLOGIA O presente estudo é de natureza qualitativa e quantitativa, de aspecto exploratório por proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a tornálo mais explícito e do tipo descritivo por procurar observar, registrar, analisar, classificar e interpretar os fatos ou fenômenos (variáveis), sem que o pesquisador interfira neles ou os manipule, pois esta abordagem é a que melhor se adequa para investigar a problemática em estudo, onde se buscar descrever fenômenos de representações sociais relacionados com a doação de órgãos para transplante, em que se almeja discutir os aspectos psicossociais a partir das representações sociais da doação de órgãos para transplante por acadêmicos de enfermagem. O estudo foi desenvolvido na Faculdade NOVAFAPI, Instituição de Ensino Superior (IES) privada, localizada em Teresina. Os sujeitos foram, os acadêmicos do curso de enfermagem desta instituição. Os dados foram produzidos a partir do Teste de Associação Livre de Palavras (TALP), e processados pelo software Tri-Deux Mots que deram origem a um conjunto de 840 palavras como respostas para os estímulos: transplante e doação de órgãos. Destas, 276 com significados diferentes. Uma vez organizados os dicionários e o banco de dados, os resultados do TALP foram processados no software Tri-Deux Mots; indicado para tratamento de questões abertas e fechadas, e interpretados através da Análise Fatorial de Correspondência (AFC). Assim sendo, configurou-se graficamente as representações psicossociais relativas aos estímulos indutores, revelando-se aproximações e afastamentos das palavras na construção dos fatores analisados através da AFC, definindo desse modo, a objetivação da doação de órgãos para transplante, onde os resultados dos dados analisados serão apresentados em gráficos, tabelas e quadros, com discussões específicas, tendo como referencial a Teoria das Representações Sociais. REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTE A relevância social e cientifica da doação de órgãos para transplante é um assunto que foi desenvolvido pela ótica das Representações Sociais por tratar de uma forma de conhecimento socialmente elaborada e partilhada, tendo uma orientação prática e concorrente para a construção de uma realidade comum a um conjunto social (JODELET, 2001). Seguindo esta abordagem, explicitada pela teoria, a realização deste estudo teve como elemento determinante as respostas dos acadêmicos de enfermagem que vivenciaram, vivenciam ou irão vivenciar no seu cotidiano, problemas relacionados com a doação de órgãos para transplante. No gráfico 1 disposto a seguir, observa-se o conteúdo das representações sobre a doação de órgãos para transplante, onde encontra-se configurado dois lados fatoriais F1 e F2, apresentados em cores diferenciadas para facilitar a visualização das modalidades pertencentes a cada um dos fatores, bem como as variáveis fixas que contribuíram para formação dos dois eixos. Destacam-se na cor vermelha as modalidades que compõe o fator F1; na cor azul as palavras que contribuíram com o fator F2 e em verde as
3 modalidades comuns aos dois fatores F1 e F2. E na cor amarela estão destacadas as variáveis fixas que contribuíram para a formação dos respectivos fatores GRÁFICO 1. Representação gráfica do plano fatorial sobre a doação de órgãos para transplante >30 ANOS F2 rim1 esperança2 medo1 medo2 rejeição2 NÃO DOADOR salvar1 morte1 doação1 espera1 < 20ANOS coração2 dificuldade1 F1 CASADO sobreviver1 rins2 rejeição1 cirurgia1 ajuda2 solidário1 coragem2 hospital1 amor1 vida2 humanidade2 DOADOR sofrimento1 alegria2 familia2 alegria1 Legenda Plano Fatorial Palavras Indutoras Variáveis Fixas Fator 1 (F1) = [eixo horizontal esquerda e direita] Fator 2 (F2) = [eixo vertical superior e inferior] Verde -modalidades que existem em ambos os fatores 1-Transplante 2-Doação de órgãos -Idade -Estado Civil -Doador ou não Percentual de contribuições no F1 = 41,6% e F2 = 30,9% Total de contribuições dos dois fatores = 72,5% Total de palavras = 840 Total de palavras diferentes = 276 Fator 1 lado esquerdo Destaca-se no gráfico 1 do lado esquerdo do fator 1 (eixo horizontal vermelho) um conjunto das representações sociais sobre transplante e doação de órgãos, elaboradas por acadêmicos de enfermagem que são casados e com idade superior a trinta anos. Segundo esse grupo de sujeitos, transplante é sinonímia de morte, dificuldade, rejeição, sobreviver (vida) e amor; já a representação da doação de órgãos, de acordo com o grupo já mencionado, descreve como modalidades: alegria, rins, esperança e medo. Fator 1 lado direito No lado oposto (direito) do mesmo fator (F1), observa-se a delimitação do agrupamento das representações sociais sobre os mesmos estímulos transplante e doação de órgãos, construídas por acadêmicos de enfermagem com faixa etária menores de vinte anos. Neste lado do eixo, o estímulo transplante é manifestado pelos sujeitos um campo representacional correspondente a solidário, cirurgia e hospital. No entanto o estímulo/indutor doação de órgãos é representado pelas palavras: ajuda, coragem, humanidade e coração.
4 Fator 2 lado inferior Com relação ao fator 2 (eixo vertical azul) no lado inferior do gráfico1, destacam-se as representações sobre transplante e doação de órgãos, elaboradas pelos acadêmicos de enfermagem que doariam seus órgãos para transplante. As palavras referentes às variáveis de opinião evocadas por esses acadêmicos, em resposta ao estímulo/indutor transplante, são representadas pelas modalidades: alegria, sofrimento e amor, já com relação ao estimulo indutor doação de órgãos, os sujeitos destacaram as palavras vida, alegria e família. Fator 2 lado superior No fator 2 (eixo vertical azul) no lado superior do gráfico 1, encontram-se as representações sobre transplante e doação de órgãos, construídas por acadêmicos de enfermagem que não doariam seus órgãos para transplante com idade superior a trinta anos. Para representar transplante, os acadêmicos destacam as palavras: rim, medo, espera, salvar, doação e morte; entretanto destacaram as palavras: esperança, medo e rejeição para o estímulo/indutor doação de órgãos. CONSIDERAÇÕES FINAIS No presente estudo procurou-se descrever as representações sociais da doação de órgãos para transplante, construídas por acadêmicos de enfermagem da faculdade Novafapi, discutir os aspectos psicossociais envolvidos nesse processo como favorável ou não para com a doação de órgãos para transplante. O processo da doação de órgãos para transplante revelou nas evocações dos sujeitos deste estudo representações complexas e ambíguas, nas quais se percebem contradições entre sentimentos positivos e negativos e posicionamentos favoráveis e desfavoráveis que se atribui aos aspectos psicossociais, culturais e sociais. Em relação aos achados da análise fatorial de correspondência, os acadêmicos de enfermagem reconhecem o transplante como um processo negativo ao evocarem palavras como: morte, dificuldade, rejeição, medo e sofrimento; onde o motivo de resistência, atribui-se a falta de conhecimento suficiente sobre o assunto, a falta de confiança na conduta profissional dos médicos e um incremento do narcisismo moderno, para o qual concorre um elevado investimento libidinal no próprio corpo graças à nova simbologia a ele associada, reforçando, dessa forma, o desejo de se manter inviolável sua integridade, demonstrando dessa forma interesses excludentes. Entretanto as concepções geradas sobre a doação de órgãos foram objetivadas através das expressões: alegria, ajuda, esperança, coragem, humanidade e vida, onde os acadêmicos de enfermagem reconhecem a doação de órgãos como um processo favorável, no qual o motivo de aceitabilidade, atribui-se a um comportamento altruísta. À medida que são objetivadas as representações sociais da doação de órgãos para transplante, fundadas nos aspectos psicológicos, sociais, sócio-culturais e biológicos, evidencia-se um conflito entre as propostas dos programas de incentivo a doação de órgãos que põem em evidência prevalentemente os aspectos técnicocientífico, epidemiológicos, econômicos e quase nunca do ponto de vista social e psicológico. Apoiando-se em Tura (2004), constata-se que os profissionais desconhecem a complexidade da comunicação humana, dificultando o alcance dos objetivos propostos e transformando-se em atividades rotineiras e estereotipadas.
5 Conclui-se neste estudo que as representações sociais da doação de órgãos para transplante encontradas expressam conflitos frente à doação, além da necessidade de humanização, pois os acadêmicos de enfermagem de hoje serão futuros enfermeiros de amanhã. REFERÊNCIAS CNCDO-CE, Disponível em: acesso em 07 de maio de GRIESBACH, C.F. Aspectos jurídicos e bioéticos da lei de transplantes. Disponível em: acesso em 20 de maio de JODELET, D. As representações sociais: um domínio de expansão. In: As representações sociais. Rio de Janeiro: Ed. VERJ, SÁ, C.P.de A construção do objeto de pesquisa em representações sociais. Rio de Janeiro: EDUERJ; TURA, L.F.R. A AIDS: repensando a prevenção. In: TURA, L.F.R; MOREIRA, A.S.P. Saúde e representações sociais, João Pessoa, Universitária, Acadêmica de Enfermagem da Faculdade Novafapi -danielamachadobezerra@hotmail.com
CONSIDERANDO a Constituição da República Federativa do Brasil, nos artigos 197 e 199;
Resolução COFEN 292 / 2004 O Conselho Federal de Enfermagem, no uso de suas atribuições a que alude a Lei nº 5.905/73 e a Lei 7.498/86, e tendo em vista deliberação do Plenário em sua reunião ordinária
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