Ilustríssimo Sr. Secretário Municipal de Educação de São Paulo - Professor Alexandre Alves Schneider

Transcrição

1 Ilustríssimo Sr. Secretário Municipal de Educação de São Paulo - Professor Alexandre Alves Schneider Ref. Pedido Administrativo e Requisição de Informações AÇÃO EDUCATIVA ASSESSORIA, PESQUISA E INFORMAÇÃO, associação civil sem fins lucrativos, inscrita no CNPJ sob nº / , com sede na Rua General Jardim, 660, São Paulo/SP, neste ato representada por seu Coordenador- Geral, Dr. Sérgio Haddad, brasileiro, casado, professor universitário, portador da Carteira de Identidade nº SSP-SP, inscrito no CPF sob o nº ; INSTITUTO DE CIDADANIA PADRE JOSIMO TAVARES, sociedade civil sem fins lucrativos, inscrita no CNPJ sob nº / , com sede na Rua José Tartini, 34, Parque Rondon, São Paulo-SP, neste ato representada por seu representante legal, Sr. Ailton Alves da Silva, brasileiro, solteiro, portador da Carteira de Identidade nº , inscrito no CPF sob o nº ; CASA DOS MENINOS, associação sem fins lucrativos, inscrita no CNPJ sob o nº / , com sede na rua Yoshimara Minamoto, 656, Jd. Fim de Semana, São Paulo-SP, neste ato representada por sua representante legal, Sra. Maria de Fátima Gomes Rodrigues, brasileira, solteira, portadora da Carteira de Identidade nº , inscrita no CPF sob o nº ; CENTRO DE DIREITOS HUMANOS E EDUCAÇÃO POPULAR DE CAMPO LIMPO (CDHEP), associação civil sem fins lucrativos, inscrita no CNPJ sob o nº / , com sede na rua Luis da Fonseca Galvão, 180, Capão Redondo, São Paulo-SP, neste ato representada por sua representante legal, Sra. Célia Cymbalista, brasileira, viúva, pedagoga, portadora da Carteira de Identidade nº e inscrita no CPF sob o nº ; FÓRUM DO JARDIM IRENE, representado por suas coordenadoras Lúcia Helena de Oliveira Paula, brasileira, casada, residente na rua Fábio Barbosa 1

2 Lima, 85, Jardim Irapiranga, São Paulo-SP, portadora da Carteira de Identidade nº e inscrita no CPF sob o nº e Elisabeth de Almeida, brasileira, solteira, residente na rua Antonio Nunes de Azevedo, 576, Jardim Irapiranga, São Paulo-SP, portadora da Carteira de Identidade nº e inscrita no CPF sob o nº e ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE INTERESSES À HUMANIDADE JD. EMÍLIO CARLOS E IRENE, entidade civil sem fins econômicos e apartidária, inscrita no CNPJ / , com sede na Avenida Rudge Ramos, 545 Jd. Emílio Carlos Embu das Artes, representada por João Marcolino de Menezes, brasileiro, casado, mecânico de autos, residente e domiciliado na Avenida Rudge Ramos, 40, Jardim Irapiranga II, município de Embu das Artes, portador da Carteira de identidade nº e inscrita no CPF (docs. Anexo 1); vêm, com respaldo na garantia constitucional do art. 5º, inciso XXXIV, alínea a; e inciso XXXIII, e art. 37, caput; e com fundamento no art.1 da Lei Federal n 9.051/1995 e art.8, caput, da Lei Federal n 7.347/1985 e nos artigos 2º, inciso I e 4º, parágrafo único da Lei Municipal nº /06, pedir que se atenda a demanda educacional abaixo exposta, bem como se disponibilize as informações solicitadas. FATOS Embora seja obrigação da Prefeitura de São Paulo atender a demanda por matrículas em creches e pré-escolas, cadastrar a demanda não atendida para que seja providenciado seu atendimento e disponibilizar informações no site referentes a tais demandas (arts. 2º, inciso I e 4º, único da Lei Municipal nº /06 e art. 6º. do Decreto Municipal n /06), tal dever não vem sendo integralmente cumprido. Desde junho de , a demanda por vagas em creches e escolas municipais não é divulgada no referido site, ou ainda no portal da Secretaria Municipal de Educação. Além disso, há evidências, com base nos dados divulgados àquela época, que a demanda registrada pela prefeitura de São Paulo por vagas em instituições de educação infantil não corresponde ao número efetivo de crianças que procuram por vagas. 1 Anexo 2 - última planilha de matrículas e demanda disponibilizada pelo site da Prefeitura, em 30/06/

3 Nesse contexto, e tendo em vista o dever de colaborar com a garantia do direito à educação (CF/88, art.205) e de assegurar os direitos da criança (Lei n 8.069/1990 Estatuto da Criança e do Adolescente, art.4, caput), as entidades signatárias realizaram a capacitação de agentes comunitários para o cadastramento da demanda de crianças que, dentro da faixa etária em que é garantido o direito à educação infantil, não estão matriculadas por falta de equipamento público, creches e pré-escolas. Nesse processo, foram identificadas e cadastradas 824 (oitocentas e vinte e quatro) crianças, sobretudo nas áreas das Sub-prefeituras de Campo Limpo, M Boi Mirim e Socorro (anexos 3 e 4), as quais se encontram atualmente cerceadas do exercício de seu direito à educação. DEVER DE ATENDIMENTO DA DEMANDA IDENTIFICADA O direito à educação infantil, ou seja, às creches e às pré-escolas, configurase como uma parte do direito à educação e este, por sua vez, como parte dos direitos humanos que todos possuem. A Constituição Federal estabelece em seu artigo 205, "A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho". É, assim, obrigação do Estado oferecer educação infantil a todas as crianças que a procurem. É importante lembrar que o direito à educação será sempre uma obrigação para o município (Constituição, art.208, IV). Além da Constituição Federal de 1988, o direito à educação infantil vem assegurado em outras normas nacionais, principalmente a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB (Lei n 9.394/1996), o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Lei n 8.069/1990) e o Plano Nacional de Educação - PNE (Lei n /2001). A LDB organiza a educação escolar em dois grandes níveis: educação básica e educação superior. A educação infantil, segundo os artigos 29 e 30 da referida lei, é a primeira etapa da educação básica, sendo oferecida em creches para as crianças de zero a 3 (três) anos e em pré-escolas para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade. A partir dos 6 (seis) anos, a criança deve ser encaminhada ao ensino 3

4 fundamental. A mesma LDB estabelece em seu art. 4º, inc. IV, a obrigação do Estado em oferecer atendimento gratuito a crianças de 0 a 5 anos de idade. O ECA também prevê o direito à educação infantil em seu art. 54, estabelecendo também o dever de garanti-la com prioridade absoluta em relação às outras políticas públicas promovidas pelos governos. Também em função do princípio da proteção integral à infância, previsto no ECA, cabe ao poder público e à sociedade incentivar o atendimento em benefício das crianças. Podemos mencionar diversos outros instrumentos normativos que estabelecem deveres e objetivos no tocante à educação infantil para os poderes públicos. São exemplos o Plano Nacional de Educação (Lei /2001), que em seus objetivos estabelece uma série de metas de atendimento de crianças entre 0 e 5 anos; a Constituição do Estado de São Paulo, em seu artigo 240; a Lei Orgânica do Município de São Paulo, que impõe como objetivo, em seu artigo 200, a universalização da educação infantil, e mais especificamente no parágrafo 6º do artigo 201, o dever de prover em todo o território do município, vagas para atendimento da demanda por esse tipo de educação; por fim, o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo, também estabelece entre suas diretrizes diversas ações estratégicas para ampliação do atendimento de crianças em creches e pré-escolas. Quanto ao dever de assegurar vagas aos que demandarem, já decidiu o Supremo Tribunal Federal em caso exemplar: A educação infantil representa prerrogativa constitucional indisponível, que, deferida às crianças, a estas assegura, para efeito de seu desenvolvimento integral, e como primeira etapa do processo de educação básica, o atendimento em creche e o acesso à pré-escola (CF, art. 208, IV). Essa prerrogativa jurídica, em conseqüência, impõe, ao Estado, por efeito da alta significação social de que se reveste a educação infantil, a obrigação constitucional de criar condições objetivas que possibilitem, de maneira concreta, em favor das crianças de zero a seis anos de idade (CF, art. 208, IV), o efetivo acesso e atendimento em creches e unidades de pré-escola, sob pena de configurar-se inaceitável omissão governamental, apta a frustrar, 4

5 injustamente, por inércia, o integral adimplemento, pelo Poder Público, de prestação estatal que lhe impôs o próprio texto da Constituição Federal. A educação infantil, por qualificar-se como direito fundamental de toda criança, não se expõe, em seu processo de concretização, a avaliações meramente discricionárias da Administração Pública, nem se subordina a razões de puro pragmatismo governamental. (RE AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em , DJ de No mesmo sentido: RE AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em , DJ de ; RE AgR, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em , DJ de ). Fica evidente, assim, quando considerado o direito fundamental à educação infantil, garantido constitucionalmente e em vasta legislação infraconstitucional, como se verificou acima, ser dever do município oferecer educação infantil para todos aqueles que a demandarem. Ora, identificadas as 824 crianças listadas em anexo, que têm direito e interesse em matricularem-se na educação infantil, faz-se necessário que a Prefeitura do Município de São Paulo, através de sua Secretaria Municipal de Educação, ofereça imediatamente vagas para que estas 824 crianças se matriculem em creches e pré-escolas, que, ademais, devem ser localizadas próximas de suas residências (Lei n 8.069/1990 ECA, art.53, V). DEVER DE PUBLICIZAÇÃO DOS DADOS SOBRE A DEMANDA OFICIAL A Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XXXIII, estabelece que todos têm direito de receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo, no prazo da lei. As únicas exceções a essa regra referem-se às informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Em âmbito federal, tal dispositivo foi regulamentado pelas Leis n 9.051/1995 (art.1º) e n 7.347/1985 (art.8 ), que estabelecem o prazo máximo de 15 (quinze) dias para o envio das informações requeridas. As informações sobre a demanda oficial por vagas na educação infantil (creches e pré-escolas) não são informações cujo sigilo se justifique. Ao contrário, tais 5

6 informações podem auxiliar o poder público, e a sociedade civil, a, com base nos dados, identificar quais são os locais onde a demanda por educação infantil não é atendida e organizar-se, no caso do poder público, e colaborar, no caso da sociedade civil, para que ela seja adequadamente atendida. Assim, há um evidente interesse público na publicidade dessas informações. Por isso, a Lei Municipal n /06, em seu artigo 4º. único, estabelece o dever de cadastramento e sistematização permanente da demanda (regulado no art. 2º. da mesma lei), determinando que os dados deverão ser disponibilizados publicamente na internet, em relatórios trimestrais. O Decreto Municipal n /06, em seu artigo 6º., é ainda mais específico: estabelece em qual endereço eletrônico as informações deverão ser disponibilizadas: No entanto, como mostra a data da última lista publicada no site da Secretaria Municipal de Educação, de 30/06/2007, há muito os relatórios trimestrais não são produzidos, ou ao menos não publicados no site. Assim, por disposição expressa de Lei Municipal plenamente vigente e regulamentada, há o dever da Prefeitura de São Paulo de prestar informações sobre a quantidade de demanda oficial por vagas na educação infantil, localizada em cada distrito, publicando-as na rede mundial de computadores e atualizando-as a cada três meses. PEDIDOS Conforme o acima exposto, REQUEREMOS: a) que seja imediatamente atendida a demanda por vagas já identificada, sendo 705 (setecentos e cinco) vagas para crianças com idade entre 0 (zero) e 3 (três) anos de idade e 119 (cento e dezenove) vagas para crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade, em creches e pré-escolas próximas às suas residências; b) que, no prazo legal de 15 (quinze) dias, nos sejam informadas as creches e pré-escolas nas quais será atendida a demanda acima apresentada, bem como todas as providências implementadas no sentido de assegurar o direito à educação de qualidade das crianças arroladas; 6

7 c) que, nos termos da Lei Municipal n /06, sejam publicizados os dados oficiais sobre a demanda educacional em toda a cidade de São Paulo, sobretudo por creches e pré-escolas, disponibilizando-se também os dados referentes a cada distrito, através do site da Secretaria Municipal de Educação; d) que, no prazo legal de 15 (quinze) dias, nos sejam informadas todas as providências implementadas no sentido de publicizar os dados oficiais mencionados no item anterior; e) que, no prazo das informações, seja agendada audiência pessoal com Ilmo. Secretário Municipal de Educação para tratar pessoalmente das questões aqui expostas; f) que as informações requeridas sejam encaminhadas aos cuidados de Salomão Ximenes, com endereço profissional na Rua General Jardim, 660, Vila Buarque, São Paulo/SP, Fone (11) , Ramal 146. Aguardamos pronto atendimento e reiteramos votos de estima e respeito. São Paulo, 10 de abril de Sérgio Haddad Ação Educativa Célia Cymbalista Centro de Direitos Humanos e Educação Popular (CDHEP) Ailton Alves da Silva Instituto de Cidadania Padre Josimo Tavares Maria de Fátima Gomes Rodrigues Casa dos Meninos 7

8 Lúcia Helena de Oliveira Paula Fórum do Jardim Irene Elisabeth de Almeida Fórum do Jardim Irene João Marcolino de Menezes Associação Internacional de Interesses à Humanidade Salomão Barros Ximenes Ação Educativa OAB/CE