Parcelamentos previstos na MP 449 são ampliados pela Lei nº /09

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Larissa di Castro Salgado
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1 Parcelamentos previstos na MP 449 são ampliados pela Lei nº /09 No dia 28 de maio, foi publicada a Lei nº /09, que converteu em lei a Medida Provisória nº 449, de O texto original da MP nº 449 sofreu diversas alterações durante o trâmite no Congresso Nacional, em especial nos programas de parcelamento, as quais foram, em sua quase totalidade, sancionadas pelo Presidente da República. Nos termos da Lei nº /09, os débitos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e para com a PGFN, vencidos até , que não foram objeto de parcelamentos anteriores, poderão ser pagos ou parcelados com sensíveis reduções nas multas de mora/ofício/isoladas, nos juros e no encargo legal. As reduções são maiores para o pagamento à vista (redução de 100% das multas de mora e de ofício, 40% das isoladas, 45% dos juros de mora e de 100% do encargo legal), e decrescem à medida que o número de parcelas (até 180) aumenta. Os benefícios da Lei nº /09 alcançam inclusive os débitos previdenciários devidos a título de substituição do empregado, por exemplo, bem como os débitos de contribuições devidas a terceiros (SESI, SENAC etc.). A lei apresenta regra específica para o caso do débito que esteja depositado. O caput do seu artigo 10 determina que o valor depositado seja convertido automaticamente em renda, após a inclusão do débito na sistemática da lei, sendo que somente o eventual saldo devedor será recalculado com as reduções previstas na Lei nº /09. Pela interpretação literal do caput, caso o contribuinte tenha depositado o valor integral do débito, a conversão será total, não produzindo efeitos as citadas reduções. Contudo, o seu parágrafo único determina a possibilidade de levantamento do

2 saldo de depósito apurado após a consolidação do débito nos termos da lei, indicando uma situação diferente da prevista no caput. A regulamentação da lei pode esclarecer a interpretação fiscal sobre a aplicação das reduções no caso de depósito judicial, mas de antemão consideramos discutível a legalidade de uma disposição que impeça que o débito depositado judicialmente possa ser beneficiado pelas reduções da lei. Deve-se destacar, também, a necessidade de reformulação do valor dos débitos previdenciários compostos de multa moratória ou de descumprimento de obrigação acessória que foram reduzidas pela própria Lei nº /09. Consoante expressa disposição do Código Tributário Nacional, a aplicação retroativa da norma mais benéfica com relação a penalidades é imediata. Assim, independentemente da regulamentação prevista no artigo 57 da lei, é bastante sólido o entendimento de que o valor reformulado com relação às multas é a base para a aplicação das reduções para parcelamento previsto na norma. A Lei nº /09 também ampliou o alcance do parcelamento para os saldos remanescentes do PAEX e dos parcelamentos previstos nas Leis 8.212/91 e /03 (a MP 449 previa o parcelamento apenas dos saldos do REFIS e do PAES), bem como passou a abranger, expressamente, os casos de cancelamento e exclusão dos parcelamentos anteriores. No caso de reparcelamento de débitos que já tenham sido objeto de parcelamentos anteriores (REFIS, PAES, PAEX e parcelamento normal), o valor a ser pago será obtido da seguinte forma:

3 i) O débito terá o seu valor reestabelecido, à data da solicitação do novo parcelamento, com a apuração do valor original e os respectivos acréscimos devidos na legislação; ii) Do valor apurado serão computadas as parcelas já pagas, corrigidas pelo mesmo critério adotado com relação aos débitos até a data da opção. Apesar de a norma ser silente, provavelmente o computo das parcelas será efetuada consoante a prática da Receita Federal do Brasil para a imputação de créditos. O saldo remanescente será liquidado na forma prevista na lei, com as seguintes reduções, conforme demonstrado abaixo: Para o parcelamento serão observados os seguintes limites de parcelas: i) valor equivalente a 85% da última parcela devida no mês anterior a edição da Medida Provisória nº 449/08; ii) no caso de REFIS, a parcela mínima equivalerá a 85% da média das 12 últimas parcelas anteriores à edição da Medida Provisória nº 449/08 (ou no caso de exclusão ou recisão do REFIS em um período menor do que 12 meses, a parcela equivalerá a 85% da média das parcelas devidas no programa antes da edição da Medida Provisória nº 449/08. A lei determina, também, que se os débitos já tiverem sido reparcelados anteriormente no REFIS, PAES ou PAEX, as regras serão aplicadas considerando o primeiro desses parcelamentos em que os débitos tiverem sido excluídos.

4 Como requisito legal, a opção pelo parcelamento da Lei nº /09 importa em confissão irretratável e irrevogável dos débitos, sendo que se o contribuinte estiver discutindo judicialmente o reestabelecimento de sua opção ou reinclusão em parcelamento anterior, deverá desistir da ação e renunciar ao direito nela discutido (nesse caso a norma dispensa o pagamento dos honorários decorrentes destas ações). Destaque-se, ainda, a possibilidade de o contribuinte antecipar o pagamento de parcelas devidas nos termos da lei, no mínimo de 12, com a aplicação das reduções previstas para o pagamento a vista. Também foi alterada a regra de inclusão de débitos nos parcelamentos. De acordo com a Lei nº /09, os débitos serão incluídos no parcelamento a critério do contribuinte (a MP previa a inclusão da totalidade dos débitos). Além disso, a lei foi omissa quanto aos débitos decorrentes de multas isoladas e por descumprimento de obrigações acessórias e por infrações à legislação penal e eleitoral, o que leva a entender que esses débitos também poderão ser pagos ou parcelados na anistia. Outra novidade trazida pela Lei nº /09 diz respeito à possibilidade de compensação das multas, de mora e de ofício, e dos juros moratórios dos débitos parcelados, com prejuízos fiscais e bases negativas de CSL do próprio contribuinte. Por fim, ressaltamos que o dispositivo introduzido pelo Congresso Nacional no projeto de lei de conversão da MP 449, que previa a atualização das parcelas pela TJLP ou 60% da SELIC, foi vetado pelo Presidente da República (art.1º, 5.º).

5 Os pedidos de pagamento à vista ou de parcelamento com as reduções previstas na Lei nº /09 deverão ser apresentados até o dia 30 de novembro de 2009 (segunda-feira), por outro lado, a matéria ainda depende de regulamentação pela PGFN e RFB, cujo ato deverá ocorrer no prazo máximo de 60 dias, contados a partir da publicação da referida Lei. O escritório ROLIM, GODOI, VIOTTI & LEITE CAMPOS ADVOGADOS se coloca à disposição para auxiliá-los na apresentação dos pedidos de pagamento à vista ou de parcelamentos, bem como orientá-los quanto às vantagens e desvantagens dos parcelamentos conferidos pela Lei nº /09.

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