PROPOSTA DE ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2011 CÓDIGO DOS REGIMES CONTRIBUTIVOS DO SISTEMA PREVIDENCIAL DE SEGURANÇA SOCIAL
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1 Nº PROPOSTA DE ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2011 CÓDIGO DOS REGIMES CONTRIBUTIVOS DO SISTEMA PREVIDENCIAL DE SEGURANÇA SOCIAL 1. INTRODUÇÃO Foi apresentada na última sexta-feira, dia 15 de Outubro, a Proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2011 onde se prevêem diversas alterações ao Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social 1 (Código Contributivo). Tal como previsto 2, a entrada em vigor do presente Código mantém-se para 1 de Janeiro de 2011, sendo que o Governo, juntamente com os parceiros sociais, promoveu um conjunto de alterações ao texto do diploma que passamos de seguida a apresentar. 2. REGIME GERAL 2.1 Regulamentação adicional Considerando a complexidade inerente a certos pontos do Código Contributivo, a proposta de Orçamento do Estado prevê que quer o regime da adequação da taxa contributiva à duração do contrato de trabalho bem como certas prestações até aqui incluídas na base de incidência fiquem suspensas até que seja aprovada regulamentação específica, o que nunca virá a ocorrer antes de 1 de Janeiro de Aprovado pela Lei n.º 110/2009, de 16 de Setembro. O diploma previa, originalmente, a entrada em vigor a 1 de Janeiro de 2010, contudo, com a publicação da Lei n.º 119/2009, de 30 de Dezembro, passou a ter como data para entrada em vigor o dia 1 de Janeiro de 2011.
2 2.2 Base de incidência contributiva Certas prestações deixam de ser consideradas na base de incidência contributiva até que seja aprovada regulamentação específica, o que se prevê não venha a ocorrer antes de 2014, nomeadamente: Participação nos lucros das empresas; Contribuições da entidade empregadora para seguros de vida, fundos de pensões ou planos de poupança reforma, bem como contribuições para qualquer outro regime complementar de protecção social; Prestações relacionadas com o desempenho obtido pela empresa que revistam um carácter estável. A inclusão na base de incidência de outras componentes sofre também algumas alterações, que passamos a destacar: Despesas de representação Incluem-se na base de incidência apenas os valores efectivamente devidos a título de despesas de representação desde que se encontrem pré-determinados e dos quais não tenham sido prestadas contas até ao termo do exercício Gratificações Propõe-se incluir na base de incidência apenas as gratificações, pelo valor total atribuído, devidas por força do contrato ou das normas que o regem, ainda que a sua atribuição esteja condicionada aos bons serviços dos trabalhadores, bem como as que pela sua importância e carácter regular e permanente, devam, segundo os usos, considerar-se como elemento integrante da remuneração. Esta redacção visa apenas aproximar o texto da redacção do Código do Trabalho Utilização pessoal de viatura automóvel Foi aditado um novo artigo ao Código Contributivo nos termos do qual se considera que a viatura é para uso pessoal sempre que tal se encontre previsto em acordo escrito entre o trabalhador e a entidade empregadora do qual conste: A afectação, em permanência, ao trabalhador, de uma viatura automóvel concreta; Que os encargos com a viatura e com a sua utilização sejam integralmente suportados pela entidade empregadora; 2
3 Menção expressa da possibilidade de utilização para fins pessoais ou da possibilidade de utilização durante 24 horas por dia e o trabalhador não se encontre sob o regime de isenção de horário de trabalho. Considera-se ainda que as despesas resultam do uso pessoal sempre que no acordo escrito seja afecta ao trabalhador, em permanência, uma viatura automóvel concreta, com expressa possibilidade de utilização nos dias de descanso semanal. Esta componente deixa de constituir base de incidência de contribuições nos meses em que o trabalhador preste trabalho suplementar em pelo menos dois dias de descanso semanal obrigatório ou em quatro dias de descanso semanal obrigatório ou complementar. O valor a considerar como base de incidência é de 0,75% do custo de aquisição da viatura Despesas de transporte As despesas de transporte suportadas pela entidade patronal para custear deslocações em benefício dos trabalhadores, que não pressuponham a utilização de meio de transporte disponibilizado pela empresa, passam a ser consideradas na base de incidência contributiva na medida em que excedam o limite do valor do passe social ou, na falta deste, do valor pago pela utilização de transportes colectivos, e desde que a respectiva atribuição tenha carácter geral Limites às retribuições Prevê-se que os limites de certas componentes da base de incidência contributiva 3 possam ser acrescidos até 50% desde que o acréscimo resulte de aplicação, de forma geral por parte da entidade empregadora, de Instrumento de Regulação Colectiva de Trabalho Carácter de regularidade Pretende-se alterar a letra do artigo 47.º de forma a clarificar o que se entende por regularidade. Passa a considerar-se que uma prestação reveste carácter de regularidade quando constitui direito do trabalhador, por se encontrar préestabelecida segundo critérios objectivos e gerais, ainda que condicionais, por forma a que este possa contar com o seu recebimento, independentemente da frequência da concessão. 3 Incluem-se aqui (i) as importâncias atribuídas a título de ajudas de custo, abonos de viagem, despesas de transporte e outras equivalentes; (ii) os abonos para falhas; (iii) a compensação por cessação do contrato de trabalho por acordo apenas nas situações com direito a prestações de desemprego; e (iv) as importâncias auferidas pela utilização de automóvel próprio em serviço da entidade empregadora (vulgarmente conhecidas por quilómetros). 3
4 2.2.7 Prestações excluídas da base de incidência Para além dos casos de despedimento colectivo, por extinção do posto de trabalho e por inadaptação, pretende-se excluir igualmente da base de incidência a compensação por cessação do contrato de trabalho por não concessão de aviso prévio, por caducidade e por resolução por parte do trabalhador. 2.3 Obrigações declarativas Propõe-se alterar o prazo para comunicação de admissão de novos trabalhadores a que as entidades patronais se encontram obrigadas. Assim, as entidades empregadoras devem proceder à comunicação de admissão de novos trabalhadores nas 24 horas anteriores ao início da produção de efeitos do contrato de trabalho. Caso, por motivos excepcionais (ligados à celebração de contratos de trabalho de muito curta duração ou à prestação de trabalho por turnos) a comunicação não possa ter lugar no prazo definido supra, esta deve ser efectuada impreterivelmente nas 24 horas seguintes ao início da actividade. 3. TRABALHADORES INDEPENDENTES 3.1 Entidades contratantes Pretende-se alterar a qualificação de entidade contratante de modo a que só sejam qualificadas como tal as pessoas colectivas e as pessoas singulares com actividade empresarial independente da sua natureza que beneficiem de pelo menos 80% do valor total da actividade do trabalhador independente. Notamos que, para estes efeitos, se considera prestado à mesma entidade contratante os serviços prestados a entidades do mesmo agrupamento empresarial. A obrigação de a entidade contratante efectuar contribuições só se constitui no momento em que os serviços de segurança social apurarem oficiosamente o valor dos serviços que lhe foram prestados, através do cruzamento de dados com os montantes declarados para efeitos fiscais. A existência de obrigação contributiva por parte das entidades contratantes, sendo de conhecimento oficioso do serviço de segurança social competente, é levada ao conhecimento dos serviços de fiscalização da Segurança Social ou da Autoridade para as Condições do Trabalho, que fiscalizam o cumprimento das obrigações respectivas. Por fim de notar que é proposta a exclusão da obrigação contributiva das entidades contratantes nos casos em que o trabalhador independente está excluído do âmbito pessoal do regime ou beneficia de isenção contributiva. 4
5 3.2 Obrigações declarativas Deixa de integrar a obrigação contributiva dos trabalhadores independentes que sejam exclusivamente produtores ou comerciantes e das entidades contratantes, a obrigação de apresentar uma declaração anual dos serviços prestados e adquiridos, respectivamente. Os restantes trabalhadores independentes prestadores de serviços encontram-se obrigados a apresentar uma declaração anual de serviços prestados, onde conste: 1. O valor total das vendas realizadas; 2. O valor total da prestação de serviços a pessoas singulares que não tenham actividade empresarial; 3. O valor total da prestação de serviços por entidade contratante. 3.3 Determinação do rendimento relevante Para efeitos da determinação do rendimento relevante mantêm-se os coeficientes anteriormente previstos 4, agora sem referência ao regime simplificado de IRS e propõese, relativamente aos trabalhadores independentes sujeitos ao regime de contabilidade organizada, que o respectivo rendimento relevante corresponda ao valor do lucro tributável sempre que este seja de valor inferior ao que resulta do critério estabelecido para os restantes trabalhadores independentes, com o limite mínimo de 150% do IAS. 3.4 Base de incidência para as entidades contratantes Pretende-se que constitua base de incidência contributiva para efeitos da determinação do montante de contribuições da entidade empregadora a totalidade do valor dos serviços que lhe foram prestados por trabalhador independente, contrariamente aos 70% até aqui previstos. 3.5 Taxas contributivas Pretende-se aplicar uma taxa única de 29,6% aos trabalhadores independentes, independentemente da sua actividade ser de comerciante, ou produtor ou prestador de serviços. 4 I.e. 70% do valor total de prestação de serviços no ano civil imediatamente anterior ao momento de fixação da base de incidência contributiva; ou 20 % dos rendimentos associados à produção e venda de bens no ano civil imediatamente anterior ao momento de fixação da base de incidência contributiva. 5
6 Certas actividades continuam a beneficiar de uma taxa especial de 28,3%, nomeadamente, produtores agrícolas, proprietários de embarcações e apanhadores de espécies marinhas e pescadores apeados. Quanto às entidades contratantes prevê-se que lhes seja aplicável, já a partir de 1 de Janeiro de 2011, a taxa de 5% sempre que contratem com qualquer trabalhador independente, nos termos e condições expostos, e não só quando adquiram serviços. Pretende-se que as contribuições das entidades contratantes sobre serviços prestados por trabalhadores independentes relevem sempre para efeitos de registo de remunerações do trabalhador. 4. SECTOR BANCÁRIO Prevê-se a inclusão dos trabalhadores bancários no activo no Regime Geral de Segurança Social dos trabalhadores por conta de outrem para efeitos de protecção na parentalidade, no âmbito da eventualidade maternidade, paternidade e adopção e na velhice. Os trabalhadores mantêm a protecção do regime de segurança social dos trabalhadores por conta de outrem nas eventualidades de doença profissional e desemprego, sendo que a taxa contributiva aplicável é de 26,6%, cabendo 23,6% à entidade empregadora e 3% ao trabalhador. No caso de entidades sem fins lucrativos a taxa contributiva é de 25,4%, cabendo 22,4% à entidade empregadora e 3% ao trabalhador. Outubro Garrigues Portugal, S.L.P. - Sucursal, encontra-se proibida a sua cópia ou circulação. A informação e as opiniões dela constantes têm carácter geral, não constituindo uma forma de aconselhamento jurídico. 6
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