O Direito à Saúde na Constituição Federal de 1988
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- Luiz Eduardo Bandeira Paixão
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1 O Direito à Saúde na Constituição Federal de 1988 INTEGRI/2010 Prefeitura de Votorantim, Médico Pediatra Plantonista: São medidas utilizadas na Saúde Pública que dizem respeito à promoção da saúde e à proteção específica, respectivamente: c) Educação sanitária e imunização; Resposta: Correta. EDUCA/2009 Prefeitura de Juarez Távora/PB, Enfermeiro: Considere os seguintes objetivos: 1. Incorporar e implementar ações de promoção da saúde, com ênfase na atenção básica. 2. Ampliar os processos de administração local, com ênfase na ação de gestores municipais e trabalhadores de saúde. 3. Favorecer a preservação do meio ambiente e a promoção de ambientes mais seguros e saudáveis. Para a implementação da política de promoção da saúde, são objetivos do Ministério da Saúde: c) 1 e 3 apenas. Obs.: A afirmativa 2 está errada porque a ampliação dos processos de administração local relaciona-se mais propriamente à descentralização da assistência à saúde, não ficando a promoção restrita às atividades dos gestores locais e trabalhadores de saúde. Art São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. 1. A explicitação, pelo texto constitucional, da relevância pública das ações e dos serviços de saúde demonstra o caráter indisponível do direito à saúde, uma vez que se encontra estreitamente vinculado com o direito à vida e a proteção da dignidade humana o que também reforça o argumento em favor de sua fundamentalidade material. É com respaldo na indisponibilidade do direito à saúde, tanto como direito de titularidade individual, quanto na condição de direito coletivo ou difuso, que a jurisprudência tem aceito, de forma praticamente unânime, a legitimidade ativa do Ministério Público, para atuar não apenas como fiscal da lei (custos legis), mas como autor de ações civis públicas, ainda que em benefício de uma única pessoa. 57
2 Mariana Filchtiner Figueiredo Jurisprudência: Em diversas oportunidades, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça têm afirmado a legitimidade ativa ad causam do Ministério Público para ajuizamento de ações em defesa do direito à saúde, mesmo que se trate de um único beneficiário, dado o caráter indisponível de que se reveste esse direito. Por exemplo: STF: A Constituição do Brasil, em seu artigo 127, confere expressamente ao Ministério Público poderes para agir em defesa de interesses sociais e individuais indisponíveis, como no caso de garantir o fornecimento de medicamentos a hipossuficiente (STF, AgRg-RE nº / SC, Rel. Min. Eros Grau, 2ª Turma, unânime, DJe 20/06/2008). STF: RE RG /MG (DJe n. 76, de ): possui repercussão geral a controvérsia sobre a legitimidade do Ministério Público para ajuizar ação civil pública com objetivo de compelir entes federados a entregar medicamentos a pessoas necessitadas. STJ: E, divergindo com relação ao enfoque dado ao direito tutelado, de que se trata de direito não homogêneo, motivo que implicaria a falta de legitimidade processual ao parquet, concluiu o Min. Herman Benjamin que o MP tem legitimidade para a defesa dos direitos indisponíveis, mesmo quando a ação vise à proteção de uma única pessoa. Diante disso, a Turma, por maioria, negou provimento ao recurso. Precedentes citados: REsp RS, DJ 17/8/2006; REsp RS, DJ 14/11/2005, e REsp RS, DJ 13/6/2005 (STJ, REsp nº MG, Rel. p/ acórdão Min. Herman Benjamin, julgado em 18/12/2008 Informativo nº 381) A Seção, por maioria, entendeu que o Ministério Público tem legitimidade para defesa de direitos individuais indisponíveis em favor de pessoa carente individualmente considerada, na tutela dos seus direitos à vida e à saúde (CF/1988, arts. 127 e 196). Precedentes citados: REsp RS, DJ 1º/2/2006; REsp RS, DJ 14/2/2007, e REsp MG, DJ 14/12/2006 (EREsp SP, Rel. p/ acórdão Min. Teori Albino Zavascki, julgados em 13/2/2008 Informativo STJ nº 344). STJ: Também sob o fundamento da relevância pública dos serviços de saúde, o STJ considera irregular a suspensão do fornecimento de energia elétrica a hospitais e postos de saúde: é ilegítima a interrupção de fornecimento de energia elétrica de município inadimplente, quando atingir unidades públicas provedoras de necessidades inadiáveis, i. e., referentes à sobrevivência, saúde ou segurança da coletividade, apli- 58
3 O Direito à Saúde na Constituição Federal de 1988 cando-se por analogia à Lei de Greve (art. 11, parágrafo único, da Lei n /1989). Precedentes citados: EREsp RS, DJ 10/9/2007; REsp SP, DJ 16/2/2004, e REsp SP, DJ 21/2/2005 (STJ, REsp nº RS, Rel. Min. Castro Meira, 2ª Turma, julgado em 26/8/2008 Informativo STJ nº 365). STJ: REsp nº /CE (DJe 1º ): recurso especial representativo da controvérsia (CPC, art. 543-C), a respeito da legitimidade ad causam do Ministério Público para pleitear medicamento necessário ao tratamento de paciente, bem como acerca da admissão da União Federal como litisconsorte passiva necessária, nesta modalidade de demanda. Aplicação em concurso: MP/SC/2007 Promotor de Justiça: Considere que a um portador de necessidades especiais foi prescrito o uso indispensável de medicação específica, mas que não se encontra padronizada pelo Sistema Único de Saúde. Deste modo, após provocação da instância administrativa, o requerimento do paciente foi indeferido pela Secretaria Municipal de Saúde. I. O direito em questão é individual homogêneo, eis que assemelhado aos direitos transindividuais porque demanda, da mesma forma, tutela coletiva. Assim, é homogêneo porque deriva da mesma situação, tem a mesma origem, decorrente da característica de massa da atual sociedade. II. O Ministério Público está legitimado para a propositura de ação em desfavor do Estado, posto versar primordialmente sobre direitos e interesses difusos e coletivos. III. A demanda diz respeito a interesse individual homogêneo, manifesto que é o interesse social da atuação ministerial, por tratar de tema ligado à saúde, cujo resguardo é obrigação do Estado e direito de todos. e) todos estão corretos. MP/SC/2005 Promotor de Justiça: O Ministério Público não tem legitimidade para ingressar com ação civil pública tendo como objeto a garantia de serviço de saúde para uma única pessoa, porque a saúde é direito individual disponível, não se incluindo nas suas atribuições. Resposta: Errado. Obs.: A afirmativa está errada, uma vez o direito à saúde tem caráter indisponível, o que tem justificado, segundo maciça jurisprudência, o reconhecimento de legitimidade ativa ad causam ao Ministério Público para o ajuizamento de ações civis públicas. 59
4 Mariana Filchtiner Figueiredo 60 UnB/CESPE/2009 Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo, Defensor Público: No que concerne à defesa judicial dos interesses transindividuais e à ação civil pública, julgue os itens seguintes: O Ministério Público é parte legítima para propor ação civil pública com o objetivo de tutelar direitos individuais indisponíveis, como o de recebimento de medicamento de uso contínuo por pessoa idosa. MPF, Concurso Público XXI: A Saúde e a Educação: a) são direitos de todos e deveres do Estado, cabendo ao Ministério Público zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços de relevância pública a tais direitos constitucionais, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; MP/MG/2007, Concurso XLVII: Nos termos da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) [...] a) é possível a tutela dos direitos e interesses inerentes à prestação dos serviços públicos de saúde, pelo Ministério Público, com fundamento na Lei da ação civil pública. MP/SC/2001 Promotor de Justiça: V. Cabe ao Ministério Público controlar e fiscalizar os atos emitidos pelo Poder Executivo referentes aos serviços de saúde, bem como daqueles emanados do Conselho de Saúde, avaliando a sua legalidade e acionando o Poder Judiciário sempre que necessário, podendo ainda realizar inquéritos civis e desencadear ações civis públicas. CESPE/2005 ANS, Especialista em Regulação de Saúde Suplementar: A Constituição, em seu art. 197, declara de relevância pública as ações e serviços de saúde e retira a competência da iniciativa privada na prestação desses serviços. Resposta: Errado. Obs.: A relevância pública e o caráter indisponível do direito à saúde não retiram a competência da iniciativa privada para a prestação desses serviços. 2. A relevância pública das ações e dos serviços de saúde também fundamenta a propositura dos pedidos de suspensão de segurança (ou, mais precisamente, de suspensão de liminares, antecipações de tutela e
5 O Direito à Saúde na Constituição Federal de 1988 sentenças dotadas de força executiva ou eficácia mandamental imediata, como aquelas proferidas em sede de ação civil pública), na forma do artigo 4º da Lei nº 8.437/92 e do artigo 15 da Lei nº /2009. São a relevância pública e o caráter indisponível do direito à saúde que pautam a decisão acerca da existência de interesse público na suspensão da execução de certas decisões judiciais, cabendo o deferimento da medida excepcional sempre que demonstrada a grave lesão à saúde pública. 3. O artigo 197 também atribui ao Poder Público o dever de dispor, por meio de lei, sobre a regulamentação, a fiscalização e o controle das ações e dos serviços de saúde, abrindo um leque de competências bastante largo. Em termos de regulação legislativa dessas competências, cabe lembrar, entre outras: da Lei nº 8.080/90, como norma de organização do SUS; da Lei nº 8.142/90, norma que regulamenta a participação da comunidade e o controle social sobre as ações e os serviços de saúde, além de disciplinar as transferências de recursos financeiros; da Lei nº 9.782/99 e todas as demais normas vinculadas ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária; bem como das Leis nºs 9.656/98 e 9.961/2000, voltadas à disciplina do setor da saúde suplementar, ou seja, a prestação dos serviços de saúde pela iniciativa privada, por meio dos planos de saúde. Como se vê, o artigo 197 estabelece, para o Estado, deveres que efetivam o direito à saúde nas funções de direito a organização e procedimento (inclusive como direito de participação, por meio dos Conselhos e Conferências de Saúde) e de direito à proteção, nas mais diversas áreas. Aplicação em concurso: UNIMONTES/2010 Prefeitura de Montes Claros/MG, Biólogo: A Constituição Federal: [...] II. classifica as ações e serviços de saúde como de relevância pública. CONSULPLAN/2009 Prefeitura de Guarapari/ES, Auditor em Saúde: De acordo com a atual Constituição Federal do Brasil [...] d) São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. 61
6 Mariana Filchtiner Figueiredo IPAD/2009 Prefeitura de Moreno/PE, Auditor Médico: Assinale a alternativa [...] a) Os serviços e ações de saúde são considerados de relevância pública, devendo ser fiscalizados pelo Ministério Público. b) É função do poder público para com a saúde: regulamentar, fiscalizar e controlar todas as ações de saúde no país, tanto de instituições públicas quanto privadas. Resposta: As duas alternativas estão corretas. Prefeitura Municipal de Florianópolis/2008, Médico: 12. Assinale a alternativa incorreta: b) São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo às pessoas jurídicas de direito privado a sua regulamentação. Resposta correta. Obs.: A alternativa b está errada porque cabe ao Poder Público, e não às pessoas jurídicas de direito privado, a regulamentação dos serviços e ações de saúde. Art As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III participação da comunidade. 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. 2º. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: I no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no 3º; II no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; III no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e 3º. 62
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