Palavras-chaves: Adulto Ostomia Enfermagem Educação em Saúde
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- Luiz Henrique Marcos Clementino Belo
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1 TÍTULO:REFLETINDO A ATUAÇÃO DOS ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM NO PROJETO DE EXTENSÃO JUNTO A ASSOCIAÇÃO PARANAENSE DOS OSTOMIZADOS AUTORES: Maria de Fátima Mantovani fatimant@onda.com.br; Carla Trentin carlatrentin@bol.com.br; Karyna Turra karynaturra@bol.com.br INSTITUIÇÃO:Universidade Federal do Paraná ÁREA TEMÁTICA- Saúde Trata-se de um relato de experiência de um Projeto de Extensão da Universidade Federal do Paraná, junto a Associação Paranaense dos Ostomizados, cujos objetivos são identificar, caracterizar e orientar os problemas apresentados pela clientela atendida. O projeto teve início em junho de 2001 com duração de sete meses e foram atendidos 224 clientes por meio de uma Consulta de Enfermagem elaborada pelas bolsistas, na qual eram questionados os hábitos de vida, histórico de saúde, localização e aparência do estoma, principais dificuldades na realização da troca de bolsa e orientações para o uso adequado dos dispositivos, esclarecendo as dúvidas do indivíduo portador de ostomia. A continuidade desse projeto inciou-se em junho de 2002, fato que prejudicou nossa atuação junto a Associação devido a ruptura do vínculo estabelecido entre a Universidade e a Intituição. Grande parte das pessoas atendidas procuram a Associação para aquisição de bolsas coletoras e para esclarecer dúvidas quanto a troca do equipamento e cuidados da pele periostomal. Durante o atendimento da clientela desenvolvemos atividades de educação em saúde à doenças crônicas e acompanhamento domiciliar. Identificamos a grande dificuldade dessa clientela em aceitar a nova condição de vida e a falta de orientação, por parte da equipe de saúde, para o auto-cuidado pós-alta hospitalar. Enquanto extensionistas encontramos obstáculos econômicos por ser uma Instituição de caráter filantrópico sem fins lucrativos e que não recebe apoio financeiro de nenhum orgão governamental, o que dificulta na qualidade da Assisência ao indivíduo uma vez que os dispositivos ofertados pelo Sistema Único de Saúde, são insuficientes em alguns casos, levando as pessoas a buscar na Associação um local somente de distribuição das bolsas coletoras, fazendo com que se perca o verdadeiro objetivo de orientar e apoiar o indivíduo portador de uma ostomia em sua reinserção na sociedade. Palavras-chaves: Adulto Ostomia Enfermagem Educação em Saúde Forma de Apresentação: Comunicação Oral *Professora Doutora do Departamento de Enfermagem da UFPR, coordenadora do GEMSA. ** Acadêmicas do Curso de Graduação em Graduação em Enfermagem da UFPR, bolsistas de Extensão do GEMSA.
2 1 INTRODUÇÃO As pessoas portadoras de ostomias, embora tenham características comuns que as unem em um grupo especial, que se auto denomina ostomizados possuem necessidades e reações próprias implícitas a sua identidade e subjetividade. Segundo Mantovani (2001), a mudança do trânsito intestinal, por meio de um ostoma exteriorizado no abdômen, substituindo o esfíncter anal, pressupõe alterações drásticas na representação do corpo, em suas práticas, suas experiências, nas relações sociais que sobre ele incidem em circunstâncias distintas: no lazer, no trabalho, no cotidiano familiar, no relacionamento sexual. Assim, a resposta a problemática causada pela abertura do ostoma, guarda relação com as condições pessoais ou internas de cada uma, bem como com as variações externas, como a qualidade dos suportes familiar, financeiro e assistencial em todas as fases do tratamento( Cesaretti et al 2000). A dor da perda relativiza-se ao conviver com o outro iniciante nas Associações de Ostomizados. Nesse sentido, o nosso investimento foi trabalhar a questão educativa na Associação que congrega estas pessoas por meio de um projeto de Extensão que teve como objetivos: - Identificar e caracterizar os problemas apresentados pela clientela. - Participar no atendimento de enfermagem à clientela. - Orientar à clientela atendida. - Participar em reuniões da Associação. - Realizar orientações à clientela via internet.
3 2- CAMINHOS PERCORRIDOS Trata-se de um projeto de extensão que teve início em maio de 2001 com a participação de duas bolsistas de extensão junto a Pró- reitoria de Extensão e Cultura e membros do Grupo de Estudo Multiprofissional de Saúde do Adulto (GEMSA) que passaram a atuar duas vezes por semana na Associação Paranaense dos Ostomizados (APO), realizando nas consultas de Enfermagem, e participando das Assembléias mensais da Associação e, quando necessário, realizando visitas domiciliares. A realização desse projeto foi possível devido ao contato da Universidade Federal do Paraná, por meio da Coordenação do Projeto de Extensão com a Associação Paranaense dos Ostomizados e a autorização dos associados para o início de nossas atividades, estabelecendo vínculo e prestando assistência à comunidade respeitando os preceitos éticos de participação voluntário, esclarecida e consentida. No decorrer do ano de 2001 atendemos 224 pessoas na faixa etária de 24 a 79 anos. Durante nossa atuação criamos um instrumento para consulta de Enfermagem contendo identificação, histórico e evolução que possibilitasse um acompanhamento clínico e psico emocional de nossa clientela. 3- DESCREVENDO NOSSA CAMINHADA E A SITUAÇÃO ENCONTRADA. Ao iniciarmos nossas atividades, buscamos conhecer a rotina do trabalho da Associação que é atender as pessoas que a procuram para solucionar os problemas relacionados com a nova condição de vida. Nesse contexto procurou-se verificar qual a condição sócio- econômica das pessoas, o grau de orientação que possuem referente à cirurgia que foram submetidas e aos cuidados pós operatórios; orientando-as para adaptação condição de ser um portador de ostomia a suas atividades cotidianas e ao convívio com a sociedade, esclarecendo todas as questões que envolviam seus relacionamentos.
4 Posteriormente, começamos a atuar e participar mais ativamente dos cuidados. A partir daí, desenvolvemos um instrumento para nos auxiliar na evolução não só do quadro clínico mais também dos aspectos psico emocionais dos indivíduos atendidos. Quanto ao aspecto clínico observou-se que 56% da clientela teve como doença de base o câncer de reto, seguido de 22% câncer de bexiga, sendo, consequentemente maior o índice de colostomias na clientela atendida (gráfico 1). Segundo o INCA 2001, a incidência desse tipo de câncer no Brasil é de 10,4 homens e 8,9 mulheres para cada habitantes. Gráfico 1 TIPOS DE OSTOMIAS 100% 50% 0% 67% 1 22% 11% Colostomia Urostomia Íleostomia Quanto aos aspectos psico emocionais, ficou evidente a dificuldade para os indivíduos aceitarem a nova condição de vida, havendo a exteriorização do sentimento de medo e angústia. Este fato pode ser verificado no gráfico 2, pois, 70% das pessoas relatam não trocarem a bolsa coletora sem auxílio por não terem coragem de encarar diante do espelho o seu corpo transformado. Esse aspecto da recuperação foi evidenciado por Mantovani( 2001), que constatou ser a alteração corporal algo que restringiu, isolou e modificou hábitos de seus entrevistados. Outro fator que prejudica a aceitação da realidade de ser um portador de ostomia é que as equipes de saúde não orientam, ou orientam inadequadamente, pois insistem em fornecer informações que não podem ser absorvidas pelos clientes ou por desinteresse, ou por desconsiderar a sua condição ( gráfico 3).
5 Para Mantovani (2001), investimentos prescritivos voltados às orientações para a alta [... ] visariam adequar não somente a melhor resposta biológica como também o estilo de sobrevivência menos desviante sob o prisma da funcionalidade...a permanência e insistência nessa performance evidencia, ainda, um sentido de onipotência profissional que recusa a condição do outro, impondo-lhe silêncio e obediência.., que não repercute no cuidado pós alta hospitalar. GRÁFICO 1 GRÁFICO 2 Realização da troca da bolsa coletora Orientações pós alta hospitalar 1 0% 20% 40% 60% 80% Sim Não 1 0% 20% 40% 60% 80% Não receberam orientações Orientações insuficientes 5- CONSIDERAÇÕES GERAIS Acreditamos que a realização desse projeto foi de grande importância, uma vez que procuramos deixar de assistir o local da construção da ostomia e passamos a intervir junto às necessidades do cotidiano social e emocional da pessoa portadora de uma ostomia. Durante nossa atuação junto as pessoas portadoras de ostomia pudemos perceber que participar do processo de reabilitação do ostomizado implica estar preparado para lidar com seus temores, fantasias, frustrações, bem como com o desconhecimento e preconceitos da sociedade com relação ao ostoma e, principalmente, assumir a responsabilidade de reconhecê-lo como um ser dotado de potencialidades, capaz de conviver com a nova realidade que lhe foi imposta (Santos, 2000). Assistir um indivíduo portador de uma ostomia pressupõe ter a pessoa como referência, ter suas necessidades, expectativas e possibilidades de reação como baliza, suas demandas como indicativos dos tempos e das ações de cuidar, o sentido da compreensão ampliado no espaço de interação e o acolhimento como mediador, ou seja, compreender
6 e atuar no cuidado a partir das condições e possibilidades de cada pessoa doente (Mantovani, 2001) 6 REFERÊNCIAS MINISTÉRIO DA SAÚDE. O câncer no Brasil. Disponível: Acesso em Fev MANTOVANI, Maria de Fátima. Sobrevivendo: O significado do adoecimento e o sentido da vida pós - ostomia. São Paulo p. Tese (Doutorado). Escola de Enfermagem. Universidade de São Paulo. SANTOS, Vera Lúcia C. G.; CESARETTI, Isabel U. R. Assistência em Estomaterapia Cuidando do Ostomizado. São Paulo: Atheneu, Carla Trentin. Av. Presidente Kennedy 1500 apto Água Verde Curitiba Pr. CEP carlatrentin@bol.com.br
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