Investigação qualitativa na promoção da saúde do idoso institucionalizado: a potência da conjugação de técnicas e de participantes
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1 Investigação qualitativa na promoção da saúde do idoso institucionalizado: a potência da conjugação de técnicas e de participantes Natália de Cássia Horta 1, Marina Celly Martins Ribeiro de Souza 2, Quesia Nayrane Ferreira 3, Tatiana Teixeira Barral de Lacerda 4 ; Maria Paula Andrade Rodrigues Machado 5 1 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Instituto de Ciências Biológicas e de Saúde, Departamento de Medicina, Belo Horizonte, MG, Brasil. nataliahorta@pucminas.br 2 The College of New Jersey, Department of Public Health, New Jersey, USA. marinacelly.souza@gmail.com 3 Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Enfermagem. Belo Horizonte, MG, Brasil. quesiaferreira20@gmail.com 4 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Instituto de Ciências Biológicas e de Saúde, Departamento de Fisioterapia, Belo Horizonte, MG, Brasil. tatiana.barral@yahoo.com.br 5 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil. mariapaularodriguesmachado@gmail.com Resumo. Nas últimas décadas, o Brasil tem vivenciado o fenômeno do envelhecimento populacional decorrente da redução na taxa de natalidade e diminuição da taxa geral de mortalidade, resultando no aumento da expectativa de vida (Camarano, et al., 2010). Essa transição demográfica, no entanto, acarreta um aumento na demanda por cuidados aos idosos expressos pelas mudanças e dilemas sociais. A partir dessa realidade, surge a necessidade de dispositivos que proporcionem cuidados de longa duração, sendo um desses as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI). Atualmente, o quantitativo desses dispositivos de cuidado de longa duração ao idoso tem aumentado consideravelmente, pois acompanha o aumento crescente no número de idosos (Camarano e Barbosa, 2016). Entretanto, no contexto brasileiro, há dificuldades no monitoramento, implementação e seguimento de regulamentações específicas que impactam na qualidade do cuidado prestado aos idosos institucionalizados. Frente a essa realidade surge a Pesquisa Qualidade de Vida do Idoso Institucionalizado: aspectos da promoção da saúde com o objetivo de analisar a qualidade de vida dos idosos institucionalizados pelo mapeamento e caracterização das ILPI, compreender a direcionalidade na formulação de políticas ao idoso e conhecer as atividades promotoras da saúde ofertadas nas instituições e avaliação dos idosos quanto a sua qualidade de vida. Para alcançar o objetivo proposto foram utilizadas distintas estratégias de investigação, em especial nas etapas da pesquisa de caráter qualitativo a partir dos diferentes participantes. Considerando-se os diversos objetivos e variedade de sujeitos: idosos, profissionais de saúde, gerentes das ILPI e gestores públicos, fez-se necessário a inclusão de diferentes técnicas de coletas de dados a fim de compreender de forma ampla o fenômeno. Desta forma, o objetivo do presente trabalho é apresentar a potência da conjugação de técnicas e de diferentes participantes em pesquisa qualitativa sobre a promoção da saúde do idoso institucionalizado, em especial, a utilização da oficina como técnica coletiva de coleta de dados. Metodologia: Trata-se de estudo descritivo-exploratório de abordagem quanti-qualitativa, pois o conjunto de dados quantitativos e qualitativos não se opõe, ao contrário, podem se complementar na abrangência da realidade. Esse aconteceu na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) no período de 2014 a 2017 com apoio e financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Na primeira fase foi realizado o mapeamento de 170 ILPI e caracterização de 156 delas, para a realização de inquerito telefônico ou visita in loco com roteiro estruturado. Na segunda fase, foram realizadas 46 entrevistas semi-estruturadas com 51 gestores públicos municipais e estaduais sobre a direcionalidade política para a atenção ao idoso. Na terceira fase, 62 profissionais e
2 gestores de 52 ILPI participaram de 10 grupos focais com o objetivo de conhecer as ações promotoras da saúde desenvolvidas. Na quarta, foram entrevistados 127 idosos institucionalizados para entender os sentidos atribuídos à ILPI e a percepção deles sobre sua qualidade de vida. A última fase constituise da interação dos participantes e validação dos resultados das fases anteriores, tendo a oficina como estratégia de coleta. Os dados quantitativos da primeira fase foram agrupados em banco de dados no Excel utilizando-se de gráficos e tabelas para a descrição dos resultados na análise. Nas demais etapas que se constituíram de estratégias qualitativas seguiram-se as etapas da análise de conteúdo propostas por Bardin (2009), organização do material empírico com a transcrição dos áudios, seguido pelas leituras exaustivas buscando apreender as ideias centrais e os conteúdos relevantes. Após o estabelecimento das ideias centrais, realizou-se a leitura vertical e horizontal. A aproximação das ideias centrais deu origem aos temas e do agrupamento dos temas, emergiram as categorias e subcategorias empíricas que apresentam as determinações e as especificidades que se expressam na realidade empírica a partir dos elementos dados pelos atores sociais (Minayo, 2007). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUC Minas (Parecer CAAE: ), e todos os participantes consentiram em participar com a assinatura de Termos de Consentimento Livre e Esclarecido e Cartas de Anuências pelas instituições. Resultados: Percebe-se que cada técnica tem sua peculiaridade que gera vantagens e desvantagens em relação as outras a depender dos objetivos propostos e do perfil do público. No caso das entrevistas semiestruturadas, elas aconteceram no local de trabalho dos participantes, pessoas-chave na proposição de políticas públicas aos idosos dos municípios e estado que requeriam maior formalidade. Essas permitiram captar a percepção dos sujeitos e a direcionalidade política na gestão e no cuidado ao idoso. Por outro lado, a entrevistas com os idosos ocorreram no espaço físico das instituições, local de moradia deles, e portanto, mais informal. De modo geral, permitiram captar a percepção quanto a morar em uma ILPI e os sentidos atribuídos como local de cuidado. Quanto ao grupo focal, ressalta-se que sua técnica é tida como uma possibilidade de pesquisar, bem como de intervir, na medida em que permite a geração de conhecimento a partir da discussão de temáticas específicas (Gatti, 2015). Esses trouxeram à tona desde a polissemia atribuída ao conceito de ILPI até a vivência da institucionalização e a promoção da saúde nesse contexto, englobando aspectos da subjetividade, do processo de trabalho, do isolamento profissional e de direitos. Com as oficinas pretendeu-se relacionar a direcionalidade política para o cuidado ao idoso com as ações e estratégias em níveis social e saúde, explicitadas pelos gestores e profissionais das ILPI, bem como os resultados referentes à qualidade de vida dos idosos institucionalizados participantes da pesquisa. A partir dessa relação e dos achados no grupo focal nos permitiu elaborar com os participantes o produto mais importante de toda a pesquisa. Ressalta-se a complementariedade dos resultados de cada etapa, demonstrando a potência das diferentes estrátegias utilizadas. Destaca-se, ainda, a importância da interação e discussão promovida nas técnicas coletivas em especial nas oficinas que promove a reflexão dos sujeitos de forma ética e política na criação de trocas simbólicas, potencializando as discussões e conflitos. Considerações: A utilização e aplicação de variadas técnicas para a coleta de dados qualitativos mostrou-se extremamente relevante tendo em vista a complexidade do objeto deste estudo. Somado a isso, permitiram acessar de diversos modos os diferentes participantes que apresentaram perfis extremamente variados. A partir da condução destes diferentes métodos, a oficina foi a abordagem que apresentou maior aproximação e interação com os participantes. Espera-se que o painel possa ampliar a discussão sobre as técnicas coletivas em pesquisa qualitativa, especialmente das oficinas, bem como a sua utilização como estratégia de intervenção em diferentes contextos. Referências Bardin, L. (2009). Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, LDA.
3 Camarano, A.A., Kanso, S., Mello, J.L., Carvalho, D.F. (2010). As instituições de longa permanência para idosos no Brasil. Camarano AA (org.). Cuidados de longa duração para a população idosa: um novo risco social a ser assumido? Rio de Janeiro: Ipea, p Camarano, A.A., & Barbosa, P. (2016). Instituições de Longa Permanência para Idosos no Brasil: Do que se está falando? In Alcântara, A.O., Camarano, A.A., & Giacomin, K.C. (orgs.). Política nacional do idoso: velhas e novas questões. Rio de Janeiro: IPEA, p Gatti, A.L., Witter, C., Gil, C.A., & Vitorino, S.S. (2015). Pesquisa Qualitativa: Grupo Focal e Intervenções Psicológicas com Idosos. Psicol. cienc. prof., 35(1), p Minayo M.C.S. (2010). O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. (07.Ed). São Paulo: Hucitec. Palavras-Chave: Oficinas, Grupo focal, Pesquisa qualitativa, Idoso, Instituição de Longa Permanência Para Idosos. Recursos Necessários: Sala com vídeo projetor (data show). Acesso à internet para conferencia via Skype. Carteiras/cadeias com apoio para escrever, a serem organizadas em círculos. Proposta de Organização do Painel de Discussão 1- Breve contextualização do tema As instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) aumentaram nos últimos anos em decorrência do envelhecimento populacional e da necessidade de dispositivos de cuidados para idosos seja por escolha deles, da familia ou ainda pela ausência de cuidador. Entretanto, no contexto brasileiro há dificuldades no monitoramento e a existência de poucas regulamentações, estudos e espaços de escuta e reflexão dos profissionais inseridos nas ILPI com impacto no cuidado prestado, tornando-se um importante campo de pesquisa. O presente trabalho emergiu da pesquisa Qualidade de Vida do Idoso Institucionalizado: Aspectos da promoção da saúde, desenvolvida na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), Minas Gerais, no período de 2014 a Foram realizadas cinco fases das quais três eram de abordagem qualitativa. Em cada uma dessas fases foram utilizadas estratégias diferentes de coleta, a partir do objetivo proposto e do perfil dos participantes sendo elas: 170 ILPI mapeadas, dessas 156 participantes por meio de roteiro estruturado aplicado por contato telefónico e/ou visita in loco que agregam 3572 idosos em 20 municípios da RMBH, com o objetivo de mapear e caracterizar as instituições nos aspectos administrativos e assistenciais. 46 entrevistas com roteiro semiestruturado envolvendo 51 gestores estaduais, municipais e/ou informantes-chaves, com o objetivo de compreender a direcionalidade política para a atenção à saúde e promoção da saúde do idoso. 10 Grupos focais com 62 profissionais e gestores de 48 ILPI, com objetivo de conhecer as características dos serviços existentes, a proposta de gestão, assistencial e de cuidado das instituições de idosos buscando identificar e analisar as ações de promoção da saúde ofertadas por esses serviços. 127 entrevistas com roteiro estruturado, contendo questões abertas e fechadas, realizadas com os idosos institucionalizados, juntamente com outros instrumentos validados, com o objetivo de avaliar a qualidade de vida dos idosos.
4 Cinco oficinas com 60 participantes dentre eles gestores municipais e estaduais, gestores e profissionais das ILPI, todos participantes das fases anteriores. Para esta etapa foram convidados idosos institucionalizados, não sendo possível a participação dos mesmos. O objetivo foi promover a interação com todos os participantes da pesquisa nas diferentes fases, na busca pelo aprofundamento nas práticas de promoção da saúde, idealizadas e realizadas, com os idosos institucionalizados. Buscou-se o olhar de cada participante, a partir das suas vivências nos diferentes contextos. 2- Objetivo(s) O objetivo deste painel é discutir a utilização de diferentes técnicas de investigação qualitativa, em pesquisa sobre promoção da saúde do idoso institucionalizado. 3- Dinâmica/estratégia: a. Apresentação (Dinâmica de Grupo) (Quesia) Realizaremos uma dinâmica de apresentação que tem por objetivo propiciar a interação dos participantes. Neste momento será feita uma breve apresentação da pesquisa. 15 min. b. Exposição Teórica do tema (definir o conteúdo e o tempo de intervenção de cada membro) Faremos a contextualização dos diferentes instrumentos utilizados bem como os resultados obtidos e vantagens e desvantagens da utilização delas em pesquisa qualitativa através de apresentação em ppt. 25 min (Natália Horta) Utilização de roteiro estruturado aplicado por contato telefônico para caracterização das instituições. Entrevistas semiestruturadas com gestores e/ou informantes chave na direcionalidade política na atenção a saúde do idoso. Grupo focal com gestores e trabalhadores de ILPI. Entrevista estruturada com idosos institucionalizados. Oficinas com gestores municipais e de ILPI e trabalhadores de ILPI. Em seguida simulação da oficina realizada no estudo. 15min (Quesia e Maria Paula) c. Aplicação em outros contextos (Natália Horta) As estratégias utilizadas neste estudo podem ser aplicadas em diferentes pesquisas com destaque para a potência das técnicas coletivas no processo de implicação e transformação da realidade. 10 min. d. Discussão (Marina Celly) Abrir para a discussão sobre as oficinas como foi sua utilização na pesquisa e como poderia ser em diferentes contextos. 25min. 4- Aplicação da proposta na realidade/exemplos práticos Serão apresentados os exemplos práticos trazidos pelos participantes da pesquisa sobre a temática do estudo, bem como as contribuições da interação propiciada no estudo para a qualificação do cuidado do idoso e da troca de experiências. 5- Resultados esperados
5 Espera-se que o painel possa ampliar a discussão sobre as técnicas coletivas em pesquisa qualitativa, especialmente das oficinas, bem como a sua utilização como estratégia de intervenção em diferentes contextos. Nota biográfica de todos os membros/dinamizadores do Painel de Discussão. Natália de Cássia Horta é graduada em Enfermagem pela Universidade Federal de Minas Gerais, mestre e doutora em Enfermagem pela UFMG. Professora Adjunta da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), coordenadora do Curso de Pós-graduação em Gerontológia da PUC Minas, líder do grupo de pesquisa Processos Heurísticos e Assistenciais em Saúde e Enfermagem (PHASE) e coordenadora da pesquisa Qualidade de Vida do Idoso Institucionalizado: aspectos da promoção da saúde. Marina Celly Martins Ribeiro de Souza é graduada, mestre e doutora em Enfermagem em pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atua como Assistant Professor no Departamento de Saúde Pública na The College of New Jersey (Estados Unidos da América), membro do grupo de pesquisa Processos Heurísticos e Assistenciais em Saúde e Enfermagem (PHASE) e da pesquisa Qualidade de Vida do Idoso Institucionalizado: aspectos da promoção da saúde. Quesia Nayrane Ferreira é mestranda em Enfermagem pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), graduada em Enfermagem pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), membro do grupo de pesquisa Processos Heurísticos e Assistenciais em Saúde e Enfermagem (PHASE) e da pesquisa Qualidade de Vida do Idoso Institucionalizado: aspectos da promoção da saúde. Apoio Técnico na pesquisa Avaliação dos aspectos econômicos e de efetividade em Esquizofrenia na Faculdade de Farmácia da UFMG. Tatiana Teixeira Barral de Lacerda é graduada em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), mestre em Ciências da Reabilitação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora Assistente do Curso de Fisioterapia da PUC Minas, membro do grupo de pesquisa Processos Heurísticos e Assistenciais em Saúde e Enfermagem (PHASE) e da pesquisa Qualidade de Vida do Idoso Institucionalizado: aspectos da promoção da saúde. Maria Paula Andrade Rodrigues Machado é acadêmica do 8º período de medicina da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), membro do grupo de pesquisa Processos Heurísticos e Assistenciais em Saúde e Enfermagem (PHASE) e da pesquisa Qualidade de Vida do Idoso Institucionalizado: aspectos da promoção da saúde.
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