Dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá outras providências.
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- Ruth Ferreira Castilho
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1 Lei n de 04 de fevereiro de 1997 Dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá outras providências.
2 A disposição de tecidos, órgãos e partes do corpo humano, em vida ou post mortem deve ser gratuita.
3 Art. 199 da Constituição Federal: A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização.
4 O direito às partes separadas do corpo vivo ou morto integra a personalidade humana.
5 Enunciado VI Jornada de Direito Civil É permitida a disposição gratuita do próprio corpo com objetivos exclusivamente científicos, nos termos dos artigos 11 e 13 do Código Civil.
6 ATENÇÃO Não estão compreendidos na lei a doação de sangue, esperma e óvulo.
7 Apenas hospitais públicos e particulares são autorizados a realizarem os transplantes.
8 A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo destinados a transplante deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante.
9 Será admitida a presença de médico de confiança da família do falecido no ato da comprovação e atestação da morte encefálica.
10 A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte.
11 A remoção post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoa juridicamente incapaz poderá ser feita desde que permitida expressamente por ambos os pais, ou por seus responsáveis legais.
12 É vedada a remoção post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoas não identificadas.
13 É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes em cônjuge ou parentes consanguíneos até o quarto grau, ou em qualquer outra pessoa, mediante autorização judicial, dispensada esta em relação à medula óssea.
14 Só é permitida a doação quando se tratar de órgãos duplos, de partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não impeça o organismo do doador de continuar vivendo sem risco para a sua integridade e não represente grave comprometimento de suas aptidões vitais e saúde mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável, e corresponda a uma necessidade terapêutica comprovadamente indispensável à pessoa receptora.
15 O doador deverá autorizar, preferencialmente por escrito e diante de testemunhas, especificamente o tecido, órgão ou parte do corpo objeto da retirada.
16 A doação poderá ser revogada pelo doador ou pelos responsáveis legais a qualquer momento antes de sua concretização.
17 O indivíduo juridicamente incapaz, com compatibilidade imunológica comprovada, poderá fazer doação nos casos de transplante de medula óssea, desde que haja consentimento de ambos os pais ou seus responsáveis legais e autorização judicial e o ato não oferecer risco para a sua saúde.
18 É vedado à gestante dispor de tecidos, órgãos ou partes de seu corpo vivo, exceto quando se tratar de doação de tecido para ser utilizado em transplante de medula óssea e o ato não oferecer risco à sua saúde ou ao feto.
19 O autotransplante depende apenas do consentimento do próprio indivíduo, registrado em seu prontuário médico ou, se ele for juridicamente incapaz, de um de seus pais ou responsáveis legais
20 É garantido a toda mulher o acesso a informações sobre as possibilidades e os benefícios da doação voluntária de sangue do cordão umbilical e placentário durante o período de consultas pré-natais e no momento da realização do parto.
21 O transplante ou enxerto só se fará com o consentimento expresso do receptor, assim inscrito em lista única de espera, após aconselhamento sobre a excepcionalidade e os riscos do procedimento.
22 Nos casos em que o receptor seja juridicamente incapaz ou cujas condições de saúde impeçam ou comprometam a manifestação válida da sua vontade, o consentimento de que trata este artigo será dado por um de seus pais ou responsáveis legais.
23 A inscrição em lista única de espera não confere ao pretenso receptor ou à sua família direito subjetivo a indenização, se o transplante não se realizar em decorrência de alteração do estado de órgãos, tecidos e partes, que lhe seriam destinados, provocado por acidente ou incidente em seu transporte
24 É proibida a veiculação, através de qualquer meio de comunicação social de anúncio que configure: a) Publicidade de estabelecimentos autorizados a realizar transplantes e enxertos, relativa a estas atividades.
25 b) Apelo público no sentido da doação de tecido, órgão ou parte do corpo humano para pessoa determinada identificada ou não.
26 c) Apelo público para a arrecadação de fundos para o financiamento de transplante ou enxerto em beneficio de particulares.
27 Art. 13. É obrigatório, para todos os estabelecimentos de saúde notificar, às centrais de notificação, captação e distribuição de órgãos da unidade federada onde ocorrer, o diagnóstico de morte encefálica feito em pacientes por eles atendidos.
28 Artigo 13 do Código Civil Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
29 Artigo 13, parágrafo único, do Código Civil O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei.
30 Artigo 14 do Código Civil É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
31 Artigo 14, parágrafo único, do Código Civil O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
32 AÇÃO JUDICIAL EM FACE DO SECRETÁRIO DA SAÚDE (ESTADUAL OU MUNICIPAL)
33 Há verdadeira responsabilidade solidária entre os entes federados no atendimento da saúde, como se depreende do texto constitucional (art. 196) e especialmente, com plena aplicação ao caso aqui sob exame, da Constituição Estadual (art. 219), que expressamente atribui ao Estado de São Paulo e aos municípios o dever de garantir o acesso universal e o atendimento integral nas questões relacionadas à saúde.
34 No plano infraconstitucional, o art. 4º da Lei n /90 vem explicitar esse dever, ao anunciar que o Sistema único de Saúde constitui-se pelo conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público.
35 A jurisprudência, como se vê, é torrencial,tanto que ensejou, na esfera da Seção de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, a edição da súmula nº 37, com o seguinte texto: A ação para fornecimento de medicamentos e afins pode ser proposta em face de qualquer pessoa jurídica de direito público interno.
36 O artigo 196, "caput", da Constituição Federal de 1988 dispõe que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
37 Art A saúde é direito de todos e dever do Estado. Parágrafo único. O Poder Público estadual e municipal garantirão o direito à saúde mediante: (...) 2 acesso universal e igualitário às ações e ao serviço de saúde, em todos os níveis (...) 4. atendimento integral do indivíduo,abrangendo a promoção, preservação e recuperação de sua saúde.
38 Referidas normas constitucionais criaram direito público subjetivo do cidadão e dever do Estado de acesso a serviços que promovam a recuperação daqueles acometidos por doença.
39 Lei n /90. É o que se infere especialmente dos seus artigos 2º, 1º, 6º, inc. I, e 7º, inc. IV.
40 Como anota o eminente Ministro Celso de Mello, (...) Entre proteger a inviolabilidade do direito à vida e à saúde, que se qualifica como direito subjetivo inalienável assegurado a todos pela própria Constituição da República (art. 5º, caput, e art. 196), ou fazer prevalecer, contra essa prerrogativa fundamental, um interesse financeiro e secundário do Estado, entendo uma vez configurado esse dilema que razões de ordem ético-jurídica impõem ao julgador uma só e possível opção:aquela que privilegia o respeito indeclinável à vida e à saúde humanas (RE-AgR nº RS)
41 Alvará Judicial para Transplante de Órgãos de Pessoas Conhecidas O pedido de alvará deve obedecer ao procedimento da jurisdição voluntária, de acordo com os arts. 719 a 725 do CPC.
42 -Petição inicial (arts. 300, 319 e 320 do CPC) - Requerimento de intimação do representante do Ministério Público para acompanhar o feito - Citação dos interessados pelo correio (art. 247 do CPC) - Contestação no prazo de 15 (quinze) dias - Sentença.
43 FORO COMPETENTE - Por se tratar de jurisdição voluntária, o pedido de alvará judicial deve ser ajuizado no domicílio do próprio requerente.
44 ENDEREÇAMENTO: JUÍZO CÍVEL QUALIFICAÇÃO DAS PARTES: Artigo 319, inciso I, do CPC
45 MARIA (nome da doadora), brasileira, casada, empregada doméstica, portadora do RG nº, devidamente inscrita no CPF/MF, endereço eletrônico, residente e domiciliada na Rua, no bairro, CEP, nesta Capital, por meio de seu advogado e bastante procurador infra-assinado (instrumento de mandato em anexo), vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 199, 4ª da Constituição Federal combinado com o art. 9º da Lei n /97, requerer pedido de ALVARÁ JUDICIAL PARA TRANSPLANTE DE ÓRGÃO a favor de FULANO DE TAL (estado civil, existência de união estável, profissão, número de inscrição no CPF/MF, endereço eletrônico, domicílio e a residência), pelos motivos abaixo articulados:
46 I - DOS FATOS Expor o fato e os fundamentos do pedido (artigo 319, inciso III, do CPC.
47 ATENÇÃO É importante ressaltar na petição inicial que Fulano de Tal está inscrito no Sistema Nacional de Transplante (SNT), contudo a declaração médica explicita que ele está profundamente enfermo e não poderá aguardar a ordem cronológica da lista emitida pelo órgão supramencionado.
48 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL Artigo 199, 4º, da CF Lei n /97 - Artigo 9º Art. 199, 4º, da Constituição Federal e da Lei n /97
49 Por fim, a autora requer que lhe seja concedida a tutela de urgência, de forma liminar, a fim de concederlhe o competente alvará, autorizando a retirada do rim da autora em favor de Fulano de Tal, de acordo com a fundamentação apresentada, visto que o pedido de tutela preenche os requisitos do artigo 300 do CPC.
50 Isto posto, requer a Vossa Excelência que se digne de conceder-lhe a tutela de urgência, de forma liminar, a fim de conceder-lhe o competente alvará para o transplante em favor de Fulano de Tal, para que se faça a costumeira Justiça.
51 No final, requer o julgamento procedente do pedido, confirmando-se, portanto, a tutela provisória de urgência concedida anteriormente.
52 Requer a intimação do membro do Ministério Público, em conformidade com a lei.
53 Por se tratar de jurisdição administrativa, os autores informam que não optam pela realização da audiência de tentativa de conciliação, nos termos do artigo 319, inciso VII, do CPC.
54 Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito.
55 Dá-se à causa o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) para efeitos de alçada. Nestes termos, pede deferimento. Local e data. Assinatura, nome e OAB.
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