PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE HANSENÍASE NA CIDADE DE SOBRAL 2010
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1 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE HANSENÍASE NA CIDADE DE SOBRAL 2010 CIRLIANE DE ARAÚJO MORAIS 1 PATRÍCIA SILVA DE SOUSA 2 FRANCISCA MARIA ALEUDINELIA MONTE CUNHA 3 INTRODUÇÃO Segundo Hansen e Dintzis (2007), a hanseníase é um processo destrutivo crônico, de evolução lenta envolvendo os nervos periféricos, pele e membranas mucosas. Ela é causada pelo Mycobacterium Leprae, que é um bastonete delgado, francamente ácido-resistente que não pode ser cultivado em meios artificiais ou em cultura de células e que cresce melhor sobre temperaturas abaixo da temperatura central corporal, por isso as lesões tendem a ocorrer nas mãos e na face. A hanseníase é uma das doenças reconhecidas há mais tempo, foi o médico norueguês Gerhard Armauer Hansen, notável pesquisador sobre o tema, que identificou, em 1873, este bacilo como o causador da lepra, a qual teve seu nome trocado para hanseníase em homenagem ao seu descobridor (FOSS, 1999) e (Gomes, 2000). Antes da identificação do M. leprae por Hansen a hanseníase era considerada uma doença herdada. Após essa descoberta, várias evidências deram suporte à teoria de que a doença dependia não só de fatores ambientais, mas também da susceptibilidade individual (ROTBERG, 1937). Desde 1953, foram apresentadas classificações da doença quanto às diferentes formas clínicas, aos achados histopatológicos e ao nível de resposta imune do paciente (RIDLEY E JOPLING, 1966). Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2002), a fim de estabelecer uma relação entre diagnóstico e tratamento, a OMS propôs uma classificação dos pacientes em paucibacilares (PB), dos quais possuem entre uma e cinco lesões cutâneas e baciloscopia negativa, e multibacilares (MB), do quais possuem mais de cinco lesões, independente da baciloscopia. 1.Acadêmica do Curso de Fisioterapia das Faculdades INTA araujocirliane@hotmail.com 2.Acadêmica do Curso de Fisioterapia das Faculdades INTA 3.Professora Orientadora das Faculdades INTA
2 Essas variações provavelmente estão relacionadas com as diferenças na reatividade imunológica, já que os indivíduos que tem uma alta imunidade (95%) desenvolvem a hanseníase turbeculoide e os que têm uma resposta imunológica baixa (5%) tendem a desenvolver a hanseníase lepromatosa. O diagnóstico da hanseníase consiste, principalmente, na avaliação clínica: aplicação de testes de sensibilidade, força motora e palpação dos nervos dos braços, pernas e olhos. Exames laboratoriais, como biópsia, podem ser necessários. A escolha do tema hanseníase surgiu de dúvidas que consideramos pertencentes a várias pessoas como: a hanseníase pode ocorrer em qualquer faixa etária? Essa doença afeta ambos os sexos feminino e masculino ou somente um é afetado? Também o fato de sermos acadêmicas de fisioterapia nos influenciou a escolher esse tema já que sabemos que pessoas portadoras de hanseníase podem perder os movimentos e a sensibilidade e irão precisar de fisioterapia para reabilitação. Essa pesquisa é importante, pois permitirá que as pessoas tenham conhecimento que a hanseníase pode ocorrer nas mais diversas faixas etárias e que tanto homens como mulheres podem adquiri - lá e principalmente conhecer a frequência dessa doença na cidade de Sobral. Tivemos como objetivo geral identificar o perfil epidemiológico de hanseníase na cidade de Sobral em 2010, e como objetivos específicos comparar o número de casos de hanseníase entre as faixas etárias: menores que 15 anos e maiores que 15 anos e determinar a prevalência; comparar o número de casos de hanseníase entre homens e mulheres e determinar a prevalência e determinar as frequência de acordo com a classe operacional (paucibacilar e multibacilar) METODOLOGIA O estudo realizado é do tipo descritivo, ou seja, tem como objetivo principal descrever características de determinada patologia em uma dada população, bem como estabelecer relação entre as diferentes variáveis (GIL, 2009). O local onde ocorreu esse estudo foi Sobral, município brasileiro do estado do Ceará, que fica localizado a 240 km da capital Fortaleza. Sobral tem um clima tipicamente tropical,
3 quente e seco, sua área é de 2.122,989 km² e a sua população é de habitantes (estatística do ano de 2006). Homens e mulheres, de 5 a 80 anos residentes na cidade de sobral que foram detectados com hanseníase no ano de 2010 foram os participantes do estudo. Os dados utilizados nesse estudo foram obtidos entre os meses de fevereiro e março de 2011, por meio do banco de dados da Vigilância Epidemiológica da cidade de Sobral-Ce e foram analisados por meio de gráficos, criados por meio do programa computacional Excel O nosso trabalho respeitará a resolução 196/96. Pesquisa que envolve seres humanos. Segue abaixo uma pequena descrição dessa resolução: Esta resolução incorpora, sob ótica do indivíduo e das coletividades, os quatro referenciais básicas da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, entre outros visa assegurados direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao estado. RESULTADOS Na cidade de Sobral- Ce no ano de 2010 foram registrados 96 casos de hanseníase. Foram avaliadas as seguintes faixas etárias de 0-14 anos, de anos, de anos, e de anos (gráfico 1). Sendo que a faixa etária que apresentou o menor índice (8 casos) foi a de 0-14 anos. As outras faixas etárias juntas apresentaram no total 88 casos. Dos 96 casos de hanseníase não houve diferença significativa entre homens e mulheres, com 51 casos e 45 respectivamente (gráfico 2). A distribuição segundo a classe operacional mostrou que na forma multibacilar ocorreram 57 casos enquanto na paucibacilar foram registrados somente 39 casos (gráfico 3). 4.1 A distribuição dos 96 casos de acordo com as faixas etárias 0-14 anos, de anos, de anos, e de anos está representada no gráfico abaixo: Gráfico 1- N de casos de hanseníase por faixa etária
4 Fonte: SINAN A distribuição desses 96 casos de acordo com sexo masculino e feminino são apresentados no gráfico abaixo: Gráfico 2- n de casos de hanseníase por sexo Fonte: SINAN A distribuição dos 96 casos de hanseníase de acordo com a classe operacional está representada no gráfico abaixo: Gráfico 3- N de casos de hanseníase por classe Operacional
5 Fonte: SINAN 2010 DISCUSSÃO Referindo-se a faixa etária, a hanseníase predomina na faixa etária economicamente ativa, causando assim grande impacto socioeconômica. O gráfico 1 revela a prevalência da doença na faixa etária de anos e isso pode demonstrar que a transmissão vem ocorrendo pela existência de um grupo de pacientes desconhecidos pelo serviço de saúde ou ainda pela a falta de controle nos comunicantes dos pacientes já inscritos. A ocorrência de hanseníase em pessoas menores de 15 anos de idade pode ser considerada um indicador de prevalência da doença na população geral e sua detecção é importante para determinar o nível de transmissão (NORMAN E JOSEPH, 2004). Estudos apontam que apesar da hanseníase continuar a incidir em maior proporção entre os homens, embora nos últimos anos a diferença entre os sexos tenha diminuído acometendo mulheres em plena capacidade de reprodução, entretanto a hanseníase não tem ocasionado grandes consequências nas mulheres, já que se sabe que as mulheres buscam mais serviços de saúde do que os homens (OLIVEIRA, HENNEMANN, FERREIRA, et.al, 1996). O predomínio da classificação operacional multibacilar leva admitir que atualmente exista uma estrutura mobilizada no combate a hanseníase com uma demanda de pacientes já antigos, e também essa prevalência dos casos MB sobre PB pode ser atribuída à diferente composição da população estudada (NORMAN E JOSEPH, 2004). CONCLUSÃO Nessa pesquisa verificou-se que em sobral no ano de 2010 tanto homens como mulheres foram acometidos pela hanseníase sendo que o nº de casos entre os homens foi maior do que
6 entre as mulheres. Verificou-se também que nas faixas etárias acima de 15 anos de idade o número de casos foi dominante, bem como a forma multibacilar da doença predominou sobre a paucibacilar. Essa pesquisa pode contribuir para construção de indicadores epidemiológicos para Sobral, bem como identificar a tendência dessa doença para os próximos anos. REFERÊNCIAS FOSS, N. T. Hanseníase: aspectos clínicos, imunológicos e terapêuticos. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, v. 74, n. 2, p , 1999 GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, GOMES, A. C. B. O processo de Armauer Hansen. Jornal do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul, p.13, fev BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Guia para o Controle da Hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde; p BRASIL, Ministério da Saúde: Informações Gerais sobre hanseníase. Acesso em 10 de março de NORMAN G, JOSEPH GA, UDAYASURIYAN P, et al. Leprosy case detection using schoolchildren. Lepr Rev. 2004; 75(1): OLIVEIRA S.N, HENNEMANN G.V, FERREIRA F.L, et al. Avaliação epidemiológica da hanseníase e dos serviços responsáveis por seu atendimento em Ribeirão Preto-SP no ano de Medicina (Ribeirão Preto) 1996; 29(1): RIDLEY.D.S, JOPLING. W.H. Classification of leprosy according to immunity: A five group system. Int J Lepr Other Mycobact Dis. 1966;34: ROTBERG, A. Some aspects of immunity in leprosy and their importance in epidemiology, pathogenesis, and classification of forms of the disease. Rev Bras Leprol. 1937;5: RUBIM. E, GORSTEIN. F, RUBIN. R, et.al. Patologia: Bases Clinico patológicas da Medicina. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2006.
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