Nº COMARCA DE PELOTAS

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Gabriel Henrique Furtado Caiado
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1 AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA. RESPONSABILIDADE CIVIL. GRATUIDADE JUDICIÁRIA. PESSOA JURÍDICA COM CARÁTER FILANTRÓPICO, BENEFICENTE E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. PRESUNÇÃO DE NECESSIDADE. É possível a concessão do benefício da gratuidade judiciária à instituição com caráter filantrópico, beneficente e de assistência social, sem fins lucrativos, pois a presunção é de que não podem arcar com as custas do processo sem prejuízo de sua manutenção. Precedentes jurisprudenciais. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO, DE PLANO. AGRAVO DE INSTRUMENTO DÉCIMA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE PELOTAS SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PELOTAS MARIO GAUGER RADTKE LAURA CAMELATO DE FIGUEIREDO AGRAVANTE AGRAVADO INTERESSADA D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A Vistos. Trata-se de agravo de instrumento interposto por IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PELOTAS contra a decisão de fl. 08, que nos autos da ação indenizatória ajuizada por MÁRIO GAUGER RADTKE, indeferiu o benefício da gratuidade à ré. 1

2 A agravante requer a reforma da decisão, alegando, em síntese, que há nos autos prova da sua hipossuficiência financeira, demonstrada através de balancetes anuais da ré. Postula o provimento do recurso e a revogação da decisão hostilizada. É o relatório. DECIDO. O presente agravo merece ser provido, de plano, na forma do art. 557, 1º-A, do Código de Processo Civil. De acordo com a jurisprudência assentada em relação à temática debatida nos autos, é possível conceder o benefício da gratuidade às pessoas jurídicas, desde que observadas algumas condições. Caso se trate de entidade filantrópica, de assistência social ou que exerçam atividade similar, mostra-se suficiente o requerimento do benefício, incumbindo à parte contrária a prova em contrário. Já no caso de pessoas jurídicas com fins lucrativos, deverá o postulante comprovar a impossibilidade de pagamento dos encargos do processo, sem comprometer o exercício de suas atividades. Destaco os seguintes precedentes do Colendo Superior Tribunal de Justiça que ilustram tal entendimento: RECUO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. PESSOA JURÍDICA COM FINS LUCRATIVOS. COMPROVAÇÃO DA IMPOSSIBILIDADE DE ARCAR COM AS DESPESAS PROCESSUAIS. RECUO DESPROVIDO. 1. A Corte Especial deste Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos EREsp /, consolidou entendimento no sentido de que as pessoas jurídicas podem ser beneficiárias da assistência judiciária gratuita de que trata a Lei 1.060/50. Em se tratando de entidade filantrópica, de assistência social ou similares, basta o requerimento e a declaração do estado de pobreza, a qual goza de presunção juris 2

3 tantum, incumbindo, portanto, à parte ex adversa a prova em contrário. De outro turno, tratando-se de pessoas jurídicas com fins lucrativos, cabe ao requerente comprovar a impossibilidade de pagamento dos encargos do processo, sem comprometer a sua existência. 2. Na hipótese em exame, o Tribunal de origem entendeu que essa comprovação foi devidamente realizada pela empresa, na medida em que restou demonstrada a dificuldade de ela pagar as despesas processuais sem comprometer a sua própria subsistência. 3. Para se entender de modo diverso das conclusões constantes do acórdão recorrido, faz-se necessário o reexame do conjunto fático-probatório, o que, no entanto, é vedado em sede de recurso especial, nos termos da Súmula 7/STJ. 4. Recurso especial desprovido. (REsp /SP, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/05/2007, DJ 11/06/2007 p. 264) PROCESSUAL CIVIL ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA SINDICATO PESSOA JURÍDICA SEM FINS LUCRATIVOS POSSIBILIDADE. 1. Esta Corte tem entendido ser possível a concessão do benefício da assistência judiciária gratuita a pessoa jurídica, desde que comprovado que não tenha ela condições de suportar os encargos do processo. 2. Revisão do entendimento da relatora a partir do julgamento do REsp /. 3. Pessoas jurídicas com fins lucrativos fazem jus ao benefício da assistência judiciária gratuita desde que comprovem a dificuldade financeira porque a presunção é de que essas empresas podem arcar com as custas e honorários do processo. 4. Pessoas jurídicas sem fins lucrativos como entidades filantrópicas, sindicatos e associações fazem jus ao benefício da assistência judiciária gratuita porque a presunção é a de que não podem arcar com as custas e honorários do processo. Desnecessária a prova da dificuldade financeira para obter o benefício. 5. Recurso especial provido. (REsp /, Rel. Ministra 3

4 ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em , DJ p. 185) No caso em tela, trata-se da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, organização de direito privado sem fins lucrativos, a qual se insere no entendimento acima exposto (fl. 38). No mesmo sentido os precedentes desta Corte: AGRAVO DE INSTRUMENTO. LOCAÇÃO DE IMÓVEL. AÇÃO DE DESPEJO. Notória necessidade do benefício da gratuidade. A pessoa jurídica beneficente e assistencial, de cunho filantrópico, que atua em prol da comunidade, deve ser concedido o benefício da assistência judiciária gratuita. AGRAVO PROVIDO EM DECISÃO MONOCRÁTICA. (Agravo de Instrumento Nº , Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do, Relator: Ergio Roque Menine, Julgado em 30/03/2010) AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. PESSOA JURÍDICA. ENTIDADE FILANTRÓPICA. O deferimento do benefício da assistência gratuita à pessoa jurídica é admissível em casos excepcionalíssimos. Hipótese dos autos em que a pessoa jurídica - entidade filantrópica - exerce atividade sem fins lucrativos e dirigido à prestação de saúde à pessoas carentes cuja condição autoriza o deferimento do beneplácito perseguido. Precedentes desta Corte e do C. STJ. PROCESSUAL CIVIL. PERÍCIA. HONORÁRIOS. RESPONSABILIDADE PELO CUSTEIO. PARTES QUE LITIGAM SOB O PÁLIO DA AJG. Sendo ambos os litigantes beneficiários da assistência judiciária gratuita, cabe ao Estado suportar o pagamento dos honorários do perito. Precedentes jurisprudenciais. Pagamento da verba pelo Estado observados os limites impostos no Ato nº 042/2006-P. AGRAVO 4

5 PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº , Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do, Relator: Tasso Caubi Soares Delabary, Julgado em 08/07/2009) Dessa forma, entendo que restaram atendidos os requisitos para a concessão do benefício da gratuidade judiciária, razão pela qual a decisão recorrida merece ser reformada. Diante do exposto, DOU PROVIMENTO, de plano, ao agravo de instrumento, com fundamento no art. 557, 1º-A, do Código de Processo Civil, para conceder o benefício da gratuidade judiciária à agravante. Comunique-se. Intimem-se. Porto Alegre, 26 de outubro de DES. PAULO ROBERTO LESSA FRANZ, Relator. 5

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