A Uwê uptabi Marãiwatsédé buscam o bem viver no território tradicional. Palavras-Chaves: Território Sustentabilidade- Bem Viver.
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- Ágata Jardim Fartaria
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1 A Uwê uptabi Marãiwatsédé buscam o bem viver no território tradicional. Este trabalho tem o objetivo de discutir a sustentabilidade do território A uwe- Marãiwatsédé, mediada pelas relações econômicas, política, social e cultural, antes e depois da desintrução (2012/2013). A questão central é articular como a comunidade de A uwê-marãiwstsédé, vivia no seu território tradicional até meados de 1960, o contato com os não índios, o processo de desintrução, a luta para permanecer na terra, seu modo de vida tradicional e as novas formas de apropriação do território. O povo A uwê- Marãiwatsédé vivia de forma pacífica no ambiente natural. O território fornecia recursos para a alimentação e remédios medicinais que fortaleciam o corpo e a cultura. A natureza fornecia caça, pesca e frutas para a comunidade. A vida era saudável e preservada. Após a retomada de Marãiwatsédé, a região se encontra desmatada, com poucos córregos, uso intensivo da pecuária com o agronegócio. Atualmente faz-se uso de roças mecanizadas com produção coletiva no qual são plantados: milho xavante, banana, cara, pequi, abobora, babaçu etc. Para suprir os bichos do mato temos criação de gado, isso não dá conta da demanda por comida na aldeia. Após a desintrução encontramos frutas não originais das matas que servem de alimento. Alguns rios; ainda tem peixes, e servem para pescar. Os recursos naturais são para fazer os artesanatos. As mulheres trabalham na rede de sementes para adquirem uma renda e auxiliam na recuperação das áreas desmatadas. A criação da associação Bo u (associação das mulheres indígenas da aldeia) busca formas de sustentabilidade para a vida na aldeia. Palavras-Chaves: Território Sustentabilidade- Bem Viver. Introdução: Os espíritos dos nossos antepassados choram e pedem para a gente não desistir desta luta (C.R, professor da EEI Marãiwatsédé, InformativoMarãiwatsédé, 2011). Marãiwatsédé (que significa mata densa ), terra Indígena Xavante localizado nos município de Bom Jesus do Araguaia, estado de Mato Grosso. Terra com histórico recente de conflitos com posseiros e fazendeiros. Uma área de 166 mil hectares, que desde a década de 1960, vem sendo disputada por estes atores sociais. Fruto de projeto de colonização adquirida de forma irregular, e que a partir de 2012/2013, foi reintegrada a posse aos Xavantes de Marãiwatsédé. A comunidade Xavante de A uwe-marãiwatsédé vem passando por um processo de mudanças significas em seu território, mediado pelas relações produtivas, vivenciado pela coletividade. As formas tradicionais de sobrevivência já não existem mais,
2 principalmente, em função das limitações de seu território tradicionais e suas formas de ocupação desde a década de Atualmente convivem com grandes desafios para manter a sobrevivência de seu povo. A questão da sustentabilidade é vital para o povo Xavante desta localidade, estão sendo desenvolvidas ações que visam à melhoria na qualidade de vida deste povo. Hoje na aldeia existem ações da: OPAN, FUNAI, Aliança da Terra, Pastoral da Criança, com ações voltadas ao bem está da comunidade. E conta ainda com o bom trabalho da escola no processo de efetivar ações voltadas à melhoria da comunidade. 1. Como era a vida antes na aldeia? O modo de vida dos antepassados é muito diferente dos tempos de hoje. A sustentabilidade passa principalmente pela forma de se apropriar do território e retirar os bens necessários à sobrevivência, principalmente caça, pesca e agricultura. Preservando os lugares de vivencia do povo desta forma as matas os rios, são elementos essenciais à cultura do povo, que alem de retirar alimentos, utilizam utensílios para a manutenção dos rituais da cultura do povo xavante. Os valores na cultura Xavante estão ligados aos acontecimentos dos rituais, das festas que sempre estão ligados com a natureza, tudo passa pela cultura. A vida na comunidade era simples e vivida dentro das normas culturais, não havia preocupação com falta de alimento, nem com doenças, pois os curandeiros tratavam com os conhecimentos próprios da cultura. E através da espiritualidade, não deixava pegar doenças, se protegia individual e coletivamente seu povo. 2. Como garantir a sustentabilidade do povo Xavante de Marãiwatsédé? A luta pela terra no Brasil esteve sempre presente desde o processo de colonização. Os povos indígenas estiveram no centro desse debate, seja pelo processo de demarcação ou de desapropriação. Existe uma luta intensa para garantir a vida no território, pois segundo RAFESTIN (1993), os homens vivem, ao mesmo tempo, o processo territorial e o produto territorial por intermédio de um sistema de relações existenciais e/ou produtivistas. A maior parte do território Xavante de Marãiwatsédé foi destruída, onde existia uma extensa mata, hoje existem pastagem, os rios e córregos também foram comprometidos, estão poluídos e com pouca água. No território tradicional tem-se dificuldade de encontrar os recursos que são mais utilizados no ritual
3 do cotidiano da aldeia e para fazer os artesanatos. A comunidade Xavante de Marãiwatsédé tem buscado o apoio de instituições (ONGs) para contribuir no reflorestamento da área, conforme o desejo da comunidade. Pensando na sustentabilidade no que se refere a alimentos e plantas nativas do cerrado, decidimos reflorestar em volta e próximo à aldeia atual. A comunidade se organizar para fazer as expedições com os anciões, pois conhece o território, na busca de sementes que são importantes para a comunidade. 3. Como está a vida hoje na comunidade? Quais os desafios? A comunidade Indígena Xavante de Marãiwatsédé está estruturada na mesma aldeia desde o retorno do território tradicional, vivendo com a nova geração. A comunidade tem uma escola estadual, que foi conquistada no ano de 2006 e uma municipal, pertence ao município de Bom Jesus do Araguaia/MT. Existe um posto de saúde, porem não é construído de forma de tradicional, uma equipe de profissionais da saúde indígenas, sendo um indígena profissional da comunidade. Ainda conta com atendimento semanal de um medico e com a assistência direta de um dentista, que fica na comunidade para tratar doenças da comunidade. As medicações, mas não temos todos os tipos de doenças para combater. A energia elétrica constitui uma discussão na comunidade, alguns querem outros resistem pelos impactos que pode causa na cultura do povo. A energia consumida na comunidade são grupos de geradores; temos um na escola para uso pedagógico e no posto de saúde para atender as necessidades da comunidade. A comunidade conta com a parceria de instituições atuando para suprir as necessidades e melhorando a qualidade de vida. A aliança da terra e a OPAN são instituições não governamentais, sendo que a primeira atua na criação de bovinos, por falta de animais do mato na área da aldeia e suprir a carência de alimentos para a comunidade. Conta com ajuda de dois vaqueiros não indígenas, que cuida do gado visando aumenta a criação de bovino para manter a alimentação de carne mesmo não sendo nativa. O papel da OPAN é no fortalecimento dos alimentos tradicionais e a recuperação de áreas desmatadas no território Xavante. A FUNAI (Fundação Nacional do Índio), sendo um órgão federal, tem atuado de forma incisivo no processo de autonomia do território desenvolvendo políticas publicas,
4 principalmente na sustentabilidade da alimentação da comunidade, ajudando a trabalhar as roças mecanizadas, para garantir a autonomia alimentar da comunidade. E incentivando os plantios de alimentos tradicionais do Xavante. A comunidade busca melhoria para a aldeia; construção de uma escola com padrão de qualidade, estruturar o posto de saúde para ter bom atendimento ao público (do pacientes na aldeia), o carro que de assistência aos pacientes em estado grave de saúde. Estamos discutindo planos de recuperação do território, como reflorestamento, criação de associações, criação de uma aldeia nova. Sou professor e representante da comunidade Xavante de Marãiwatsédé, venho mostrar a luta do meu povo pela reconquista do seu território sagrado para nosso povo, pois foi neste território que nossos ancestrais viveram e como a comunidade vem trabalhando para sustentar a vida na aldeia, do ponto de vista econômico, social, cultural, político. As atividades desenvolvidas pela escola, instituições e a comunidade no sentido da práxis que movimenta a vida pra nós. Preservação dos recursos naturais, recuperação de matas ciliares, ampliação do conhecimento tradicional para as gerações mais jovens, roças coletivas, são ações que estamos desenvolvendo para manter viva nossa cultura e tradições.
5 Bibliografia: RAFFESTIN, Claude; Por uma geografia do Poder. Ed. Ática, São Paulo MARÃIWATSÉDÉ; lugar de luta, resistência e conquistas. Informativo Marãiwatsédé. Terra Indígena Marãiwatsédé, MT; v. I p.1, 2011.
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