TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS PODER JUDICIÁRIO BELO HORIZONTE 09ª UNIDADE JURISDICIONAL CÍVEL

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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS PODER JUDICIÁRIO BELO HORIZONTE 09ª UNIDADE JURISDICIONAL CÍVEL AVENIDA FRANCISCO SALES, 1446, SANTA EFIGÊNIA, BELO HORIZONTE - MG, FONE: (31) SENTENÇA PROCESSO: Procedimento do Juizado Especial Cível PROMOVENTE(S): XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX PROMOVIDO(S): TIM CELULAR S/A. Vistos etc. Dispensado o relatório conforme dispõe artigo 38 da lei 9.099/95. FUNDAMENTOS. Trata-se de ação ajuizada por XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX em desfavor de TIM CELULAR S.A. Narra a autora que possuí vínculo jurídico com a ré através do acesso (31) , habilitado no plano Tim Controle B Plus. Aduz que não contratou os serviços extras Tim Música, no valor de R$9,90 e Tim Banca Virtual de R$10,90, que estão sendo cobrados mensalmente em suas faturas. Informa que contestou diversas vezes tais serviços extrajudicialmente, no entanto, sem êxito. Assim requer: declaração de inexistência dos serviços extras a título de Tim Música, no valor de R$9,90 e Tim Banca Virtual no valor de R$10,90; declaração de inexigibilidade dos serviços supracitados cobrados indevidamente, totalizando o valor de R$258,90, e, de qualquer outro valor pago indevidamente até a decisão final da lide; restituição em dobro do valor de R$ 258,90, bem como de qualquer outro valor pago indevidamente até a decisão final; e que a requerida cumpra o plano contratado, sem os serviços extras.

2 Não foi possível o acordo entre as partes. A requerida apresentou contestação arguindo inépcia do pedido de restituição de danos materiais face a sua iliquidez. No mérito alega que a mudança de valores e conteúdo do seu plano foi devidamente enviada a autora por SMS, com antecedência de 30 dias, bem como veiculou o informativo no Jornal Valor Econômico. Informa que a alteração do referido plano passou por um aumento de R$4,90 e não pelo valor alegado pela autora. Por fim, pugna pela improcedência dos pedidos autorais. A autora impugnou a contestação em termos gerais. Esses os fatos. PRELIMINARMENTE. A requerida arguiu preliminar de inépcia da inicial, alegando ser o pedido da autora de restituição genérico, com ausência de planilha discriminada. Rejeito tal preliminar, uma vez que há nos autos, em evento-01, planilha juntada pela autora em atermação, constando os valores que entende com indevidos. Ademais, trouxe a autora, em evento-09, demais faturas que entende como indevidas, que serão apreciadas no mérito. Sem mais preliminares ou nulidades, passo a análise do mérito. MÉRITO. Na presente lide, há relação de consumo, envolvendo a parte autora, destinatária final dos serviços de telecomunicações prestados pela ré, mediante remuneração, enquadrando-se as partes nos conceitos de consumidor e fornecedor, constantes dos artigos 2º e 3º, da Lei 8.078/90, aplicáveis, por conseguinte, os preceitos de tal diploma.

3 O art. 4º da Lei 8.078/90 consagra o Princípio da Transparência nas relações de consumo e estabelece como objetivo à Política Nacional das Relações de Consumo o atendimento das necessidades dos consumidores, sob os seguintes alicerces: 1- a proteção de seus interesses econômicos; 2- o reconhecimento de sua vulnerabilidade no mercado de consumo; 3- a boafé e o equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; 4- o incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle da qualidade e segurança dos serviços. Garantiu-se, como direitos básicos ao consumidor, por força do artigo 6º, II, III, IV e VI, do CDC: a educação sobre o consumo adequado, asseguradas a liberdade de escolha e igualdade na contratação; a informação clara e adequada sobre a fruição, características e riscos dos produtos e serviços; a sua proteção contra as cláusulas abusivas impostas no seu fornecimento; bem como a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; impondo-se a responsabilidade objetiva aos fornecedores pelos danos causados àquele por defeito no produto ou prestação do serviço e/ou por informações insuficientes ou inadequadas sobre a fruição e riscos (arts.12 e 14 do CDC). Inicialmente, tenho que o ônus da prova deve ser invertido em favor da parte requerente, conforme permissivo do art. 6, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, em razão da hipossuficiência probatória da consumidora quanto ao fato de que os serviços não estão sendo prestados. Esclareço que procedo à inversão respaldado no entendimento doutrinário e jurisprudencial de que as normas de distribuição do ônus da prova são regras de julgamento e não de procedimento, devendo ser utilizadas pelo julgador para afastar a dúvida por ocasião da prolação da sentença. Com efeito, incumbia à ré comprovar os fatos impeditivos ou extintivos do direito do autor por força dos art. 373, II, do CPC/15 e art. 6º, VIII, do CDC, razão pela qual tenho como parcialmente verossímeis as alegações tecidas pelo consumidor em sua peça de ingresso. Narra a autora que a requerida está cobrando serviços extras em seu plano telefônico, nos valores de R$9,90 e R$10,90, respectivamente, o qual não concorda em pagar. A ré em sua contestação, afirma que houve mudança de plano, vez que o antigo deixou de existir, e tal mudança foi comunicada a todos os usuários por SMS, bem como em jornal de grande circulação.

4 A autora pediu a inexistência dos serviços TIM MÚSICA e TIM BANCA VIRTUAL. Por ter sido feita em atermação, sem a presença de advogado, entendo que o que deseja realmente a autora, é inexistência dos serviços supracitados para si, vez que alega que não os contratou, equiparando-se ao cancelamento destes. Em análise aos documentos juntados aos autos, verifica-se que as faturas da autora, no plano antigo, eram no valor de R$50,00, sendo que as das novas faturas, no novo plano, totalizam R$54,90. Ainda, verifica-se que a ré informou por SMS e através de jornal de grande circulação que haveria o aumento do valor do plano, passando para R$56,90 ou, caso quisesse, migraria para nova oferta, com mais benefícios, pelo valor de R$54,90, devendo, caso não quisesse mudar para o plano de R$54,90 deveria responder com a palavra não até 29/01/2017. A autora requer a inexigibilidade dos valores cobrados serviços extras, a restituição dos valores pagos a título desses serviços, bem como que a ré cumpra o plano contratado sem a cobrança desses serviços. Com a devida venia, vê-se que, ao ficar silente, a autora concordou com a mudança do plano, que trouxe, inclusive vantagens, vez que, caso não houvesse a migração para esse plano novo, pagaria R$56,90. Destarte, eliminar a cobrança desses serviços, que perfazem o valor de R$19,90, geraria enriquecimento ilícito da parte autora, que passaria a pagar R$35,00 pelo mesmo plano. Ademais, entender que a autora não aceitou mudar para a nova oferta, repita-se, acabaria por acarretar-lhe prejuízo, vez que, voltando a seu antigo plano passaria a pagar R$56,90.

5 Destarte, caso queira, a autora poderá cancelar o contrato administrativamente, caso não concorde no plano com o Tim Música e o Tim Banca Virtual. Improcede, ainda, o pedido de declaração de inexigibilidade dos serviços Tim Música e Tim Banca Virtual, uma vez que fazem parte do plano para o qual a autora foi migrada e, estavam disponíveis para utilização. Ainda, a autora faz pedido para restituição em dobro do valor de R$258,90. Conforme tabela juntada pela autora, esta cobra valores referentes aos serviços Tim Música e Tim Banca Virtual a partir do mês de julho de No entanto, em análise as faturas juntadas, tais serviços somente vieram a ser cobrados a partir da fatura com vencimento em março de 2017, quando houve a mudança do plano. Conforme já explanado acima, não faz jus a autora a devolução de tais valores, pois, ainda que não utilize os serviços, estes integram o plano o qual pertence. Portanto, não faz jus a autora a devolução desses valores. DISPOSITIVO. Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos iniciais, resolvendo o mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil/2015. Eventual pedido de assistência gratuita será analisado pela E. Turma Recursal, em caso de Recurso Inominado. Após o trânsito em julgado desta decisão, certifique-se e aguarde-se em secretaria o pedido de cumprimento da sentença, por 30 dias. Nada sendo requerido, remeta-se o processo ao arquivo.

6 Sem custas processuais e honorários advocatícios, nos termos do artigo 55, da Lei de Publique-se. Registre-se. Intimem-se. BELO HORIZONTE, 27 de Novembro de 2017 MARCELO PEREIRA DA SILVA Documento assinado eletronicamente pelo(a) juiz(íza)