INDICE ANTROPOMÉTRICO-NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DE BAIXA RENDA INCLUSAS EM PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS
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- Maria Luiza Aragão Alencar
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1 INDICE ANTROPOMÉTRICO-NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DE BAIXA RENDA INCLUSAS EM PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS Carla Andréa Metzner 1 Ana Paula Falcão 2 RESUMO No presente trabalho coletou-se dados referente ao Indicador Peso/Idade (P/I) de 357 crianças na faixa etária de 6 meses a 7 anos do município de Santa Helena Paraná. Os dados P/I foram comparados a variável Padrão de Referência NCHS (National Center for Health and Statistics) sendo a classificação percentilar avaliada. Para obtenção dos dados utilizou-se a metodologia recomendada pela Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde para vigilância nutricional. Os resultados em relação ao indicador avaliado no mês de agosto do ano corrente nas Unidades Básicas de Saúde do município obteve-se para avaliação nutricional que 16,2% dos meninos apresentaram vigilância para risco nutricional, 1,7% obtiveram peso baixo para a idade, 6,4% mostraram risco para sobrepeso e 30% estavam com o peso adequado para a idade sendo que os resultados obtidos para as meninas foram 9,2% indicando vigilância para risco nutricional, 0,8% obtiveram peso baixo para a idade, 4,8% mostraram risco para sobrepeso e 31% das meninas estavam com o peso adequado para a idade. Os dados obtidos neste trabalho fornecem subsídios para conhecer a realidade nutricional de crianças de baixa renda no município e fazer um monitoramento do crescimento e desenvolvimento das mesmas. Palavras-chave: Antropometria; Crianças; Indicador Nutricional. INTRODUÇÃO A infância e adolescência é uma fase da vida caracterizada por alterações morfológicas e fisiológicas complexas. Os elementos fundamentais para o processo de crescimento e desenvolvimento adequados são boa nutrição, atividade física e as condições sociais (ALVES, 2000). É neste período, que ocorrem o rápido crescimento e as transformações que requerem amplo fornecimento de energia e nutrientes, onde a nutrição desempenha papel fundamental (CAVADINI, 1995). 1 Nutricionista (UNIPAR)- Coordenadora Municipal do SISVAN (Sistema de vigilância alimentar e nutricional)- carlametzner@hotmail.com 2 Tecnóloga em Alimentos (UTFPR) com Mestrado em Ciência dos Alimentos (UFSC). 1
2 A desnutrição e obesidade são distúrbios nutricionais que modernamente acometem os seres humanos e estão sendo considerados os maiores problemas de saúde pública. A maior ou menor relevância epidemiológica destes distúrbios e a prioridade para o seu controle, dependerá essencialmente da magnitude que alcancem na população. Nos últimos anos, as pesquisas nacionais têm mostrado que o Brasil vem rapidamente substituindo o problema da desnutrição pela ascensão da obesidade, caracterizada pela transição nutricional, observadas em sociedades em desenvolvimento que experimentam rápidas e intensas transformações em seu padrão de crescimento econômico e estrutura demográfica. A obesidade e desnutrição estão envolvidas por uma série de fatores endócrinos, hábitos alimentares e fatores sociais e culturais que envolvem a dimensão simbólica dos alimentos, da alimentação e do corpo (MONDINI L & MONTEIRO, 2001 ; MONTEIRO, 2000). A alimentação e nutrição adequadas são direitos humanos fundamentais, uma vez que o direito à alimentação é próprio do direito à vida. A declaração universal dos direitos humanos coloca a condição do ser humano do desenvolvimento, onde afirma que "a alimentação e nutrição constituem requisitos básicos para a promoção e a proteção à saúde, possibilitando a afirmação plena do potencial de crescimento e desenvolvimento humano como qualidade de vida e cidadania (BRASIL, 2000). O presente trabalho teve como objetivo realizar um levantamento de dados a fim conhecer as condições nutricionais por meio de índice antropometrico de 357 crianças de baixa renda correlacionando a variável padrão de referência NCHS. OBJETIVOS Realizar levantamento de dados de índice antropométrico-nutricional durante um mês em crianças com faixa etária de 6 meses a 7 anos, pertencentes a famílias de baixa renda do município de Santa Helena e respectivas relações entre a classificação percentilar. METODOLOGIA O presente estudo foi desenvolvido nas Unidades Básicas de Saúde do 2
3 município de Santa Helena do estado do Paraná, durante o mês de agosto de 2009, com crianças de idade entre 6 meses a 7 anos, inseridos nos Programas Leite das Crianças (governo estadual) e Bolsa Família (governo federal). Os pais estão cientes do acompanhamento nutricional, sendo que os mesmos estavam com as crianças no momento do levantamento de dados. Para o conhecimento do índice antropometrico-nutricional das crianças realizouse tomada de medida de peso e idade. A metodologia utilizada na avaliação foi o padrão National Center for Health and Statistics (NCHS), Classificação Percentilar, através dos indicadores Peso/Idade empregadas no Cartão da Criança, sendo adotado e utilizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Ministério da Saúde. De acordo com a Classificação Percentilar, os níveis de corte indicam Vigilância para Risco Nutricional, Baixo Peso, Sobrepeso e Estado Nutricional Normal. (SILVA e MURA, 2007). As medidas de peso foram realizadas em balança mecânica (Filizola), com precisão até 100g. As crianças foram avaliadas com quantidade mínima de roupas (camiseta e calção), descalças, posicionado-as no centro da plataforma, com corpo ereto, sem se movimentar e com os braços estendidos ao longo do corpo. A cada coleta de dados a balança foi calibrada. Os dados de medida de peso foram obtidos para cada criança e correlacionados com a idade. Obteve-se através da Classificação Percentilar o conhecimento do índice antropometrico-nutricional das crianças. RESULTADOS Os índices antropométricos em crianças servem para avaliar o crescimento dessas crianças e indiretamente para caracterizar o estado nutricional da população, ao que se tem chamado de antropometria nutricional. Participaram do levantamento de dados 357 crianças de 6 meses a 7 anos sendo 194 meninos e 163 meninas. Observou-se baixo índice de desnutrição ou baixo peso, sendo 2,5% do total das crianças avaliadas. Porém nas regiões mais pobres como o Norte e Nordeste, a prevalência chega a 60%. Esses dados refletem o quadro grave da desigualdade social brasileira (MACHADO; VIEIRA, 2004). Já para o risco nutricional verificou-se 91 casos da amostra, sendo 58 16,2 % do gênero masculino e 33 9,2 % do gênero feminino. Ao comparar por gênero, verificou-se 217 casos dentro da normalidade, sendo % do gênero masculino e % do gênero feminino. Para sobrepeso foi observado 40 casos, sendo 23 3
4 6,4% do gênero masculino e 17 4,8% do gênero feminino. O indicador P/I revela que a maioria das crianças entre meninos e meninas, 61% está dentro da normalidade. Para os dados de risco nutricional e baixo peso obtivemos que 28% do total das crianças avaliadas apresentavam risco nutricional e 11% apresentaram risco para sobrepeso. Em suma, as crianças de baixa renda familiar do presente trabalho apresentaram dados antropométricos importantes em relação ao padrões internacionais sendo que o índice de risco nutricional, baixo peso e sobrepeso, alcançam 140 casos 39,2% do grupo. Sendo, portanto condizentes com a tendência atual da população brasileira na qual a obesidade vem se tornando um problema emergente e ao mesmo tempo a desnutrição permanece como elemento importante do perfil nutricional brasileiro. Tal situação poderia ser explicada por alterações de consumo alimentar da população brasileira, dos hábitos familiares, na escolha da quantidade e qualidade de alimentos consumidos, seja por aumento global nos níveis de consumo de produtos alimentícios, seja por introdução na dieta de alimentos supercalóricos e também por uma diminuição nos níveis de gasto energético, ou seja, vida sedentária, reduzindo as atividades físicas (ANGELIS, 2002). Ao avaliar a magnitude dos déficits nutricionais de acordo com a Organização Mundial da Saúde, o município de Santa Helena, classifica-se como baixa prevalência para desnutrição e sobrepeso, mas é necessário manter o alerta já que apresenta-se índices de risco nutricional e baixo peso. CONCLUSÃO A dependência da criança da estrutura familiar demonstra que a condição nutricional está associada normalmente aos recursos disponíveis e hábitos dos pais ou adultos que a cercam. A participação da criança e família em programas sociais como o Programa Leite das Crianças e Bolsa Família, se torna fundamental na melhoria do estado nutricional dessas crianças bem como a de suas respectivas famílias. Os dados obtidos neste trabalho fornecem subsídios para o conhecimento de uma realidade ainda não registrada, porém o monitoramento do crescimento e desenvolvimento das crianças deve ser contínuo. 4
5 REFERÊNCIAS ALVES, S. S. et al. Avaliação de atividade física, estado nutricional e condição social em adolescentes. A Folha Médica, São Paulo, v. 119, n , p , jan/fev/mar Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Formulação de Políticas de Saúde. Política de Alimentação e Nutrição. Brasília: Ministério da Saúde,2000. CAVADINI, C. Hábitos Alimentares durante a adolescência: contribuição dos lanches. Trigésimo Sétimo Seminário Nestlé Nutrition. A Alimentação da Idade Pré Escolar até a Adolescência, Espanha, p.14-16, maio MACHADO, M. F. A. S.; VIEIRA, N. F. C. Participação na perspectiva de mães de crianças desnutridas. Revista Latino-americana Enfermagem, v. 12, n. 1, p , jan./fev MONDINI, L. e MONTEIRO, C. A. Relevância epidemiológica da desnutrição e obesidade em distintas classes sociais: método de estudo e aplicação à população brasileira. O Mundo da Saúde, São Paulo, v.25, n.2, p , abr./jun MONTEIRO, C. A. O Panorama da Nutrição Infantil nos anos 90; Cadernos de Políticas Sociais, Série Documentos para Discussão, nº 1, maio, MONTEIRO, P. O. A. et al. Diagnóstico de sobrepeso em adolescentes: estudo do desempenho de diferentes critérios para o Índice de Massa Corporal. Revista de Saúde Pública, Pelotas, n.5, p , out SILVA e MURA. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia; São Paulo, Roca,
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