Os nós da alteridade: diversidade na escola

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1 145 Os nós da alteridade: diversidade na escola Maria Antonieta Teixeira 1 Daiane Oliveira da Cruz 2 Elisama Pereira da Silva 3 Talita Graziela da Silva 4 INTRODUÇÃO O projeto Diversidade na escola teve como objetivo desenvolver atividades pedagógicas que possibilitaram o debate e a compreensão da alteridade, promovendo, assim, a formação inicial e continuada de professoras(es), com foco na diversidade. A discussão priorizou as diferenças étnico-raciais interseccionadas pelas desigualdades socioeconômicas, objetivadas pela condição social do negro. Considerar o outro na relação (de outra forma, não constitui relação) implica no exercício do respeito ao outro, principal eixo dos direitos humanos. As contribuições filosófica e antropológica que fundamentaram o estudo, apontam elementos para (re)orientar uma educação emancipatória, que reveja os currículos que silenciam vozes e negam culturas. A educação que tem a diversidade cultural como um desafio, deve enfrentar as questões alteritárias a partir de um debate qualificado em bases epistemológicas e políticas que desnaturalizem as relações sociais desiguais. A escola e seus professores não podem improvisar. Assim, torna-se inadiável trazer para o debate os princípios e as práticas de um processo de inclusão social, que garanta o acesso à educação e considere a diversidade humana, social, cultural, econômica dos grupos historicamente excluídos (BRASIL, 2013, p.8). 1 Mestra em Educação, Cultura e Organizações Sociais pela UEMG. Professora orientadora da UEMG Cláudio. maria.teixeira@uemg.br 2 Bolsista do PAEx/UEMG Acadêmica do Curso de Pedagogia da UEMG Cláudio. day.ane17hv@gmail.com 3 Bolsista do PAEx/UEMG Acadêmica do Curso de Pedagogia da UEMG Cláudio. elisamapereira@bol.com.br 4 Acadêmica voluntária do Curso de Serviço Social da UEMG Cláudio. talitagraziela98@outlook.com

2 146 METODOLOGIA As ações aconteceram a partir de uma relação dialógica que viabilizou a motivação, o engajamento, a crítica, a reflexão e o compartilhamento de saberes e práticas. A experiência vivenciada nas oficinas e minicurso constituiu um movimento dialético entre educador-educando, enquanto espaço de troca de conhecimentos, expectativas, dúvidas e do novo. Esperava-se que o próprio (des)envolver do projeto criasse uma ressonância nas atividades pedagógicas propostas, enquanto lócus de vínculo, de participação, de comunicação, de produção social de objetos, acontecimentos e conhecimentos (FIGUEIRÊDO et al, 2003). Um primeiro elemento pensado para a intervenção pedagógica foi o próprio espaço, aliado à produção de conhecimento. A sala e os materiais foram organizados de forma a estimular o ensino e a aprendizagem, dando oportunidade de visualizar e conhecer os novos objetos. O espaço propicia o convívio de forma que cada um possa modificá-lo, sentindo-se parte dele. Foram confeccionadas as Abayomis, bonecas negras feitas com retalhos de tecido e modeladas apenas com nós e tranças, sem cola ou costura, e que costumam não ter marcação de boca, nariz e olhos para poder representar melhor todas as etnias africanas. Boneca criada em 1987 pela artesã Lena Martins, participante ativa do movimento negro do Rio de Janeiro, com o objetivo de contribuir para o fortalecimento da autoestima da população afrodescendente. Após a criação da Abayomi, surgiram alguns mitos sobre a sua origem. O mais conhecido é o que a boneca foi criada pelas escravas que rasgavam as próprias roupas com as unhas para fazer as bonecas e amenizar o sofrimento das crianças, durante a diáspora dos negros que vieram para o Brasil. As Abayomis foram utilizadas tanto para exposição, quanto nas oficinas, sendo acolhida plenamente entre os participantes. Fica evidente que as Abayomi não podem ser compreendidas simplesmente em sua qualidade de objetos (objetalidade): elas são, também, processo de articulação e socialização [...] (GOMES et al.,2017, p. 256)

3 147 Figura 1: Abayomis confeccionadas e utilizadas nas atividades do projeto Figura 9 - Confecção de Abayomis e troca de conhecimento com participantes

4 148 RESULTADOS O projeto integrou a Jornada Pedagógica do Pedagogia com a proposição de um minicurso: Alteridade e as questões étnico-raciais. Foi priorizada a utilização de vídeos que possibilitaram discutir a condição histórica do negro na sociedade contemporânea. Embasada no conceito de alteridade, foi feita uma análise de reconhecimento do preconceito velado existente, estimulando a crítica e a mudança de atitude. O evento ocorreu na Unidade de Cláudio, e contou com a participação de vinte e dois alunos do curso de Pedagogia. Durante a oficina os participantes interagiram, participaram das dinâmicas e dos momentos de discussões. Figura 3 - Minicurso realizado na UEMG - Unidade Cláudio. A participação no 19 Seminário de Pesquisa e Extensão da UEMG, realizado nos dias 8, 9 e 10 de novembro de 2017, em Divinópolis, significou uma experiência positiva, tanto para as bolsistas, quanto para a aluna voluntária, que ressaltaram a possibilidade de conhecer novas pessoas e projetos diferentes que enriquecerem sua formação acadêmica.

5 149 Figura 5 - Apresentação do pôster no 19º Seminário de Pesquisa e Extensão na UEMG CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto de extensão representa uma forma complementar e diferenciada de formação. A compreensão do conceito de alteridade, como categoria relacional, em que o outro é o negro, revela possibilidades de aprofundamento do tema e das atividades. O estudo proposto aponta elementos para (re)orientar uma educação emancipatória, que reveja os currículos que silenciam vozes e negam culturas. A educação que tem a diversidade cultural como um desafio, deve enfrentaras questões alteritárias a partir de um debate qualificado em bases epistemológicas e políticas que desnaturalizem as relações sociais desiguais. A escola não pode improvisar. Assim, torna-se inadiável trazer para o debate os princípios e as práticas de um processo de inclusão social, que garanta o acesso à educação e considere a diversidade humana, social, cultural, econômica dos grupos historicamente excluídos (BRASIL, 2013, p.8). REFERÊNCIAS BRASIL. Lei /2003, de 9 de janeiro de Altera a Lei nº , de 20 de dezembro de Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília.. Ministério da Educação. Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana.

6 150, LDB. Lei 9394/96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em Acesso em: 3 Jun GOMES, Edlaine de Campos et al.a boneca Abayomi: entre retalhos, saberes e memórias. Porto Alegre: Iluminuras. 2017, p , v. 18. HIRATA, Helena.Gênero, classe e raça: Interseccionalidade e consubstancialidade dasrelações sociais. Tempo Social, revista de sociologia da USP. 2014, p , v. 26, n. 1. ORTIZ, Renato. Diversidade cultural e cosmopolitismo. Lua Nova [online]. 1999, n.47, p