Evolução Recente das Principais Aplicações Financeiras
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- Salvador Castilhos Vilalobos
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1 Evolução Recente das Principais Aplicações Financeiras As principais modalidades de aplicação financeira disponíveis no mercado doméstico caderneta de poupança, fundos de investimento e depósitos a prazo vêm apresentando, em conjunto, expansão significativa das captações nos últimos anos, movimento associado, em especial, à crescente estabilidade macroeconômica. A evolução destas aplicações, expressa em proporção do PIB, encontrase no Gráfico 1, que evidencia tanto o declínio registrado no segundo semestre de, em resposta à instabilidade relacionada à transição política, como o arrefecimento observado a partir de julho de 7, associado ao impacto da crise no mercado subprime dos EUA. Gráfico 1 Aplicações financeiras saldo/pib % Saldo/PIB IPCA Saldos/PIB IPCA A evolução dos saldos e das captações líquidas das três aplicações financeiras (Gráficos e 3) expressa nitidamente o impacto da instabilidade financeira, assim como fatores institucionais capazes de determinar movimentações expressivas por parte dos aplicadores. O evento mais relevante, nesse sentido, foi a instituição de recolhimentos compulsórios sobre depósitos interfinanceiros de sociedades de arrendamento mercantil em janeiro Junho Relatório de Inflação 9
2 de, por intermédio da Circular 3.375, que visou equiparar a captação de recursos por tais sociedades, via emissão de debêntures, aos depósitos a prazo, no que diz respeito à incidência de recolhimentos. Essa medida impulsionou a captação por meio de CDBs, a partir de março de, a qual acumulou expansão de 97,% no período de dois anos encerrado em maio de, somando R$3,9 bilhões. Gráfico Aplicações financeiras saldos Poupança, CDB Fundos Poupança CDB Fundos Gráfico 3 Aplicações financeiras captação líquida acumulada em 1 meses Mar Jul Set Mar Jul Set Mar CDB FI Poupança As necessidades de captação por parte do sistema bancário, em um cenário de maior escassez de recursos e, até setembro de, forte crescimento do crédito, exigiram a elevação das taxas de remuneração dos CDBs, que se aproximaram bastante da taxa dos CDIs, entre março de e fevereiro de. No entanto, as bem-sucedidas medidas adotadas pelo Banco Central a partir de setembro de, objetivando a provisão de liquidez aos mercados, possibilitaram o recuo do custo médio de captação para 9,5% a.a., em abril, patamar inferior ao verificado ao final de 7 (Gráfico ). Os depósitos em cadernetas de poupança cresceram 39,3% entre maio de 7 e maio de 5 Relatório de Inflação Junho
3 Gráfico CDBs taxa de remuneração % ao ano Jul Jul Taxa média CDBs CDI, período no qual a captação líquida totalizou R$5,1 bilhões (Gráficos e 3). Em, as saídas líquidas registradas em janeiro, março e abril foram compensadas por ingressos líquidos de R$1,9 bilhão em maio, o que resultou em captação líquida de R$357 milhões nos cinco primeiros meses do ano. A série com os fluxos líquidos mensais atesta a estabilidade do crescimento dos depósitos em poupança, apenas interrompida em abril e outubro de e, em virtude dos efeitos da desaceleração do nível de atividade econômica, no início de (Gráfico 5). Nesse sentido, a esperada recuperação da economia deverá traduzir-se em continuidade da trajetória de expansão dos depósitos, que, ademais, tende a ser estimulada pela rentabilidade favorável da poupança no contexto atual da política monetária. Diante do atual, inédito, patamar de taxas de juros, mudanças importantes nas captações dos diversos instrumentos podem ocorrer, e devem ser cuidadosamente monitoradas pelas autoridades. Gráfico 5 Poupança captação líquida mensal 1-7 Mar Jul Set Mar Jul Set Mar As aplicações em fundos de investimento, compreendendo fundos de renda fixa, de curto Junho Relatório de Inflação 51
4 prazo, cambiais, multimercado e referenciados, evoluíram em sentido oposto, acumulando saídas líquidas que somaram R$75, bilhões entre março de e fevereiro de, o que resultou em expansão de apenas 1,% em seu patrimônio líquido consolidado. A expansão do saldo, a despeito do fluxo líquido negativo, é explicada pela incorporação da rentabilidade aos valores aplicados. A captação líquida negativa decorreu da ampliação das incertezas percebidas nos mercados financeiros, as quais resultaram na busca por aplicações com maior previsibilidade quanto à sua remuneração. Ao longo de, as maiores perdas foram sofridas pelos fundos de renda fixa e pelos fundos multimercado, modalidade que tende a proporcionar maiores oscilações em sua rentabilidade, em conseqüência da maior diversidade dos ativos que compõem suas carteiras. A partir de janeiro de, porém, o fluxo líquido dos fundos de investimento tornouse positivo, impulsionado pelas recuperações dos fundos de renda fixa, de curto prazo e multimercado (Gráficos e 7). Gráfico Fundos de investimento captação líquida mensal Jul Renda fixa Multimercado Gráfico 7 Fundos de investimento captação líquida mensal Jul Referenciado Curto prazo 5 Relatório de Inflação Junho
5 O Gráfico, cujo intervalo de tempo abrange tanto o momento da euforia proporcionada pela atribuição do grau de investimento ao Brasil quanto o do acirramento da crise financeira internacional, mostra resgates líquidos nos fundos de renda fixa e multimercados em quase todos os meses de. No acumulado do ano, uma combinação de fatores, que envolve a atratividade relativa das demais aplicações financeiras, em particular dos depósitos a prazo, além de oscilações da preferência pela liquidez e das incertezas, contribuiu para a ocorrência de resgates líquidos de R$ bilhões e R$,7 bilhões, respectivamente, nestas duas classes de fundos. As demais classes de fundos não mantiveram comportamento tão uniforme durante o ano. No início de, as incertezas crescentes elevaram a demanda por cotas de fundos referenciados e de curto prazo. Esse quadro se reverteu nos últimos meses do ano, no período mais agudo da crise internacional, com a renovada ampliação da instabilidade nos mercados financeiros (Gráfico 7). Os fundos de ações acumularam captação líquida de R$, bilhões entre maio de 7 e maio de, atingindo saldo de R$19,5 bilhões. Essa forma de investimento recebeu grande influxo de recursos no primeiro semestre de, cabendo destaque à captação líquida mensal de R$,7 bilhões em junho, na seqüência do anúncio do grau de investimento para o Brasil (Gráfico ). No segundo semestre, a despeito do desempenho desfavorável do mercado acionário, não se verificou a ocorrência de retiradas maciças dessas aplicações, fato que demonstra a maturidade do investidor brasileiro ao evitar a tomada de decisões de investimento baseada exclusivamente em cenários de curtíssimo prazo. Gráfico Fundos de ações captação líquida mensal Jul Junho Relatório de Inflação 53
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