DIREITOS REPRODUTIVOS. Profa. Adriana Galvão
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1 DIREITOS REPRODUTIVOS Profa. Adriana Galvão
2 Conceito Os direitos reprodutivos entendidos como um conjunto de direitos individuais e sociais que devem interagir entre si, com o objetivo de propiciar o pleno exercício da sexualidade e da reprodução humana vão além da simples proteção da reprodução e se insere numa perspectiva de igualdade e equidade nas relações pessoais, a partir de onde o Estado deve atuar na promoção, efetivação e implementação desses direitos.
3 DIREITOS REPRODUTIVOS são os direitos das mulheres de regular sua própria sexualidade e capacidade reprodutiva, bem como de exigir que os homens assumam responsabilidades pelas consequências do exercício de sua própria sexualidade. A abrangência desse conceito envolve a contracepção, esterilização, aborto, concepção e assistência à saúde. Além do mais é visto na perspectiva dos direitos humanos ampliando o seu sentido e retirando a função da reprodução da esfera privada, avançando para além do planejamento familiar, ou seja, saí do âmbito meramente familiar e passa a se localizar no espaço da sociedade como um todo.
4 Direito à vida Tem o direito aos melhores cuidados de saúde disponíveis durante a sua gravidez e parto. Tem o direito aos cuidados de saúde necessários. Direito à liberdade e à segurança da sua pessoa Pode controlar o seu próprio corpo e a sua vida sexual. Tem o direito de desfrutar a sua sexualidade e pode decidir livremente se, quando e quantos filhos quer ter. Implica também que a coerção, o comportamento sexualmente abusivo e a exploração são proibidos. Direito à igualdade Tem o direito de ser tratado em pé de igualdade e de não ser discriminado por motivo da sua origem étnica ou nacionalidade, da sua religião ou saúde, ou de ser homem ou mulher. Os homens e as mulheres têm direitos iguais.
5 Direito à privacidade Tem o direito de tomar as suas próprias decisões em relação à sexualidade, sem medo de reações negativas ou perseguição. Isto significa que os serviços sociais e de saúde têm de respeitar a sua privacidade. É proibido divulgar os resultados de um teste de HIV a outras pessoas se a pessoa envolvida não der o seu consentimento. Direito à liberdade de pensamento Tem o direito de ter a sua própria opinião sobre sexualidade e saúde sexual, e tem o direito a falar sobre estas. Direito à informação e à educação Tem o direito de receber toda a informação e educação do que precisa para cuidar da sua saúde sexual e reprodutiva. Por exemplo: informação sobre o funcionamento do corpo, métodos contraceptivos, infecções sexualmente transmissíveis, os seus direitos. Direito a casar-se ou não e a planear e iniciar uma família Ninguém tem o direito de forçá-lo ou de tomar estas decisões em seu nome. Direito a ter filhos ou não Tem o direito de obter métodos contraceptivos seguros, como a pílula ou preservativos.
6 Direito a cuidados de saúde Na Bélgica, todos têm o direito a cuidados de saúde, incluindo as pessoas sem estatuto de residência legal. Direito à liberdade de reunião e à participação política Tem o direito de reunir-se com outras pessoas para falarem sobre os direitos sexuais e reprodutivos e para tomarem medidas fazendo com que estes direitos sejam respeitados. Tem o direito de organizar campanhas de sensibilização ou de pedir a políticos que tomem decisões para garantir estes direitos. Direito de estar livre de atos de tortura ou maus tratos Tem o direito à proteção contra qualquer forma de violência em relação à sexualidade, como o assédio sexual, o atentado ao pudor ou violação, o tráfico de
7 Poder Judiciário Três importantes demandas pautadas no Supremo Tribunal Federal sobre o tema dos direitos reprodutivos: a ADPF n o 54 (2004), que debateu e autorizou da antecipação terapêutica do parto em casos de gravidez de fetos anencefálicos; a ADI n o (2014), que discute a constitucionalidade do artigo da lei de planejamento familiar que determina os requisitos para realização de esterilização voluntária que condiciona, na vigência da sociedade conjugal, o consentimento expresso do cônjuge; e a recente ADI n o (2016), ajuizada para questionar a constitucionalidade da legislação que dispõe sobre políticas públicas de saúde e assistência para mulheres infectadas pelos vírus da zika ( e que tenham tido sua gestação
8 Lei 9.263/96 Regula o 7º do art. 226 da Constituição Federal, que trata do planejamento familiar, estabelece penalidades e dá outras providências. Art. 1º O planejamento familiar é direito de todo cidadão, observado o disposto nesta Lei. Art. 2º Para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como o conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. Parágrafo único - É proibida a utilização das ações a que se refere o caput para qualquer tipo de controle demográfico. Art. 3º O planejamento familiar é parte integrante do conjunto de ações de atenção à mulher, ao homem ou ao casal, dentro de uma visão de atendimento global e integral à saúde.
9 A legislação federal estabelece, ainda, que em vigência de sociedade conjugal, a No Brasil, a esterilização cirúrgica está regulamentada por meio da Lei nº 9.263/96 que trata do planejamento familiar a qual estabelece no seu artigo 10 os critérios e as condições obrigatórias para a sua execução. De acordo com a referida Lei, somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações: I em homens ou mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce; II risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório e assinado por dois médicos A legislação federal impõe, como condição para a realização da esterilização cirúrgica, o registro da expressa manifestação da vontade em documento escrito e firmado, após a informação a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e opções de contracepção reversíveis existentes.
10 História de luta A história do movimento feminista pode ser dividida em três momentos: as reivindicações por direitos democráticos como o direito ao voto, divórcio, educação e trabalho, nos séculos XVIII e XIX; A liberação sexual, impulsionada pelo aumento dos métodos contraceptivos, fim da década de 60. A luta pela igualdade no trabalho, iniciada na década de 70. * atualidade: direitos reprodutivos, empoderamento, espaços na política, etc.
11 Marcos Internacionais Desde 1965, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu que era preciso regular por meio de Convenções Internacionais direitos de sujeitos tidos como minorias, portanto mais vulneráveis socialmente, que deveriam ser protegidos pelos Estados. A elaboração e adoção de tratados relacionados aos direitos humanos consolidam os direitos sociais e políticos e econômicos: o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1965), o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966), por entender que estes direitos estão na matriz do respeito à dignidade humana. É a partir de desdobramentos dos princípios reconhecidos nestes acordos que foi proclamada em 1979, a Convenção pela Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher CEDAW.
12 O movimento feminista organizado participou ativamente do processo de redemocratização do país nos anos 1980, ampliando as discussões sobre cidadania e igualdade feminina. Nos anos 1990, a agenda no combate às discriminações se amplia e vai assegurar às mulheres direitos nas mais variadas dimensões da vida social. Tratados internacionais de combate à violência da mulher passam a ser debatidos em todo o mundo e logo após a II Conferência Nacional de Direitos Humanos em Viena, na Áustria, em 1993, entidades internacionais de direitos humanos convocam com o apoio das Nações Unidas, a I Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento do Cairo, em 1994 e a IV Conferência Mundial das Mulheres, de Pequim, em 1995.
13 Na Conferência do Cairo, vozes feministas criticaram a visão da saúde da mulher baseada em conceitos demográficos e propuseram a noção de direitos sexuais. Esta noção abriu espaço para outras reflexões sobre a sexualidade, inclusive com propostas de recomendação de esforços para combater a discriminação por orientação sexual. Este fato controverso encontrou resistências ancoradas em valores religiosos, tendo como consequência a exclusão de referências diretas à orientação sexual no acordo firmado neste encontro. A Conferência ampliou o debate sobre a sexualidade no cenário global. Apesar de não haver ainda associação totalmente clara entre a noção de direitos sexuais e o princípio de liberdade sexual, a Convenção assegurava como compromisso a promoção da igualdade entre os gêneros. Consagrou os direitos reprodutivos pela primeira vez, ao assegurar a liberdade do casal e de qualquer indivíduo sobre a decisão de ter filhos direitos que nem sempre foram reconhecidos.
14 Marcos legais no Brasil No ano de 1993, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a Resolução 48/104, a Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres, um grande marco na doutrina jurídica internacional. O Brasil ratificou a Declaração e no ano seguinte, a Organização dos Estados Americanos (OEA) elaborou, dentre outras convenções, a Convenção de Belém do Pará que ratificou direitos da Convenção de Viena, definindo o combate às ações e condutas voltadas à violência contra a mulher. Os objetivos das Convenções além de definir a violência e a discriminação, consagravam direitos e conferiam aos Estados, a adoção de medidas eficazes capazes de erradicar as violações aos direitos humanos, por meio de políticas públicas que dessem visibilidade ao problema da violência de gênero.
15 A Convenção de Belém do Pará, como ficou conhecida a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher (1994) reconheceu como violência, qualquer ato ou conduta que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual, ou psicológico contra as mulheres, independente de condição social, sexo ou religião. A igualdade de remuneração entre trabalho masculino e feminino foi recomendada pela Organização Internacional do Trabalho, em Mas durante as décadas subsequentes prevaleceram posições desiguais no Brasil. A mulher continuava a ocupar postos mal remunerados. Até os anos 1930, o trabalho feminino no Brasil não encontrava nenhuma proteção legislativa. O Decreto nº , de 17 de maio de 1932, estabeleceu algumas novas condições para o trabalho feminino. Mas foi em 1962, com a promulgação do Estatuto da Mulher, Lei n.º4.121 de 27/08/1962, que a mulher foi considerada um sujeito político, conquistando a capacidade jurídica de mulher casada e deixando de ser pessoa relativamente incapaz, como eram até então classificadas, ao lado de indígenas e crianças. A Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, por sua vez, contemplou a isonomia salarial e assegurou à mulher normas de
16 A Carta de 1988 garantiu a proteção da mulher no mercado de trabalho, mediante incentivos específicos (art. 7o, XX), prevendo legislação própria. A equiparação aos salários e a proibição de distinção de critérios de admissão, por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil (art. 7o, XXX e CLT/1943, art. 5º), foi uma das novidades instituídas na nova Carta, pondo fim às discriminações e abusos cometidos contra as mulheres no mercado de trabalho. A Lei nº 9.029, de 1995, acompanhou a proibição de regras de discriminação, proibindo a exigência de atestados de gravidez, para efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho. A Lei 9.799, de 1999, inseriu regras sobre o acesso da mulher ao mercado de trabalho na Consolidação das Leis do Trabalho.
17 Igualdade entre os sexos na CF/88 Art. 5 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
18 Lei Maria da Penha Um dos maiores avanços na legislação brasileira de proteção à mulher e à família é a Lei Maria da Penha Lei nº , de 07 de agosto de Esta tipificou os crimes contra a mulher na esfera doméstica. A lei equipara a violência doméstica contra a mulher a crimes contra os direitos humanos. A Lei nº , de 07 de agosto de 2006, foi nomeada Maria da Penha em homenagem à cearense de mesmo nome, vítima de duas tentativas de homicídio por parte do ex-companheiro. Com a sua aplicação, a violência doméstica contra a mulher foi retirada da esfera privada e transferida para a esfera pública, seguindo recomendações da Convenção de Belém do Pará (ou Convenção Interamericana ), de 1994, voltada para a erradicação de toda forma de violência contra a mulher no mundo. A Convenção, além de definir termos como violência e discriminação, recomendava aos Estados a adoção de medidas eficazes para erradicar violações aos direitos humanos, por meio de políticas públicas que dessem visibilidade ao problema da violência do gênero, considerando as relações de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres. Um ponto importante nesta Convenção é a possibilidade de responsabilização do Estado em razão da omissão em erradicar a violência contra a mulher, seja na esfera pública, seja na esfera privada. Importante destacar que a existência desses tratados tem possibilitado a responsabilização de governos quando da omissão e ou negligência frente a casos de violência e discriminação a sujeitos mais vulneráveis da sociedade.
19 FEMINICÍDIO Feminicídio significa a perseguição e morte intencional de pessoas do sexo feminino, classificado como um crime hediondo no Brasil. O feminicídio se configura quando é comprovada as causas do assassinato, devendo este ser exclusivamente por questões de gênero, ou seja, quando uma mulher é morta simplesmente por ser mulher. De modo geral, o feminicídio pode ser considerado uma forma extrema de misoginia, ou seja, ódio e repulsa às mulheres ou contra tudo o que seja ligado ao feminino.
20 LEI /2015 Lei , em 9 de março de 2015, conhecida como a Lei do Feminicídio. A lei altera o Código Penal (art.121 do Decreto Lei nº 2.848/40), incluindo o feminicídio como uma modalidade de homicídio qualificado, entrando no rol dos crimes hediondos. A justificativa para a necessidade de uma lei especifica para os crimes relacionados ao gênero feminino, está no fato de 40% dos assassinatos de mulheres nos últimos anos serem cometidos dentro da própria casa das vítimas, muitas vezes por companheiros ou ex-companheiros. Segundo o Código Penal Brasileiro, os crimes classificados como de homicídio qualificado são punidos com reclusão que pode variar de doze a trinta anos. De acordo com o texto da lei do feminicídio, a pena do crime pode ser aumentada em 1/3 (um terço) até a metade caso tenha sido praticado sob algumas condições agravantes, como: Durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto; Contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; Na presença de descendente ou ascendente da vítima;
21 Lei nº /2006 Violência doméstica e familiar contra a mulher - Processo nº: (Juízo da Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher de São Gonçalo/RJ Juiz Titular: Dr. André Luiz Nicolitt 26/5/2017); - I Juizado Especial Criminal e de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca de Nilópolis/RJ Juiz Titular: Dr. Alberto Fraga 2 de junho de Conceito de mulher qualquer ato ou conduta baseada no gênero
22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORNIA, Josiane Pilau. Discriminação, Preconceito e Direito Penal. Curitiba: Juruá Editora, DIAS, Maria Berenice (coord.). Diversidade sexual e direito homoafetivo. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada. 4ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3. ed. São Paulo: Malheiros, NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Vol. 1. 7ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
23 RAMOS, Leandro Ferreira. A criminalização da homofobia: uma pauta atual. Brasília: Conteúdo Jurídico, ROXIN, Claus. A proteção dos bens jurídicos como função do direito penal. 2ª edição. Porto Alegre: Livraria do Advogado, SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais. 9. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012.
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